Previsão do Tempo

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O mal maior

Archive - Fuck you


Enquanto, seria para ontem, parar já, a actual filosofia política, que não é menos do que, empurrar para a frente, navegação à vista e sem rumo, o governo actual de Portugal está perdido, por entre galifões sequiosos de dinheiro fresco, quais vampiros e o zé povinho em suas múltiplas catarses hipnóticas.

De facto, os astros, não estão com esta equipa governativa, que há uns meses se lançou por um périplo no norte de áfrica e médio oriente em busca de financiadores para a dívida nacional e compradores de produtos provindos da “inteligentsia” lusa. Não que o azar seja sempre fortuito, mas, despontou no mundo árabe revoltas, que põem em causa, horas e horas de investimento exportador e tremendas dores de cabeça pela enorme dependência do país em petróleo e gás natural oriundos daquelas zonas do planeta.

Enquanto o mal maior é a inacção, ou seja, continuar neste vazio decisório de endividar-se cada vez mais e preços cada vez mais incomportáveis, todo um mundo à sua volta descamba e além de não dar grande importância ao país, não lhe dá, crédito, em variadíssimos sentidos.
Os clusters; turismo e galos de barcelos, já estão quase esgotados.
Fica mais fácil, torcionar um povinho, cada vez mais pobrete mas alegrete, reduzindo-lhe o rendimento e hipotecando as suas gerações futuras em engenharias financeiras que não irão compreender no curto prazo.
Apesar de ser um povo engraçado e mesmo que a gasolina aumente, continue a dizer ingenuamente – Eu ponho sempre dez euros!

Enquanto a insensibilidade dos números se espalham, onde se transmite a ideia, que há pessoas que são lixo, onde são calculadas pela quantidade e por fim pela rentabilidade.
O imposto do zé povinho, que acorda cedo para trabalhar, que se fosse administrado com justiça, deveria garantir a justeza dos serviços.

É raro encontrar uma mulher que não tenha comido no focinho, ou que não tenha sido stressada sexualmente.
Este país, no plano financeiro já vendeu a soberania, no plano político é um desastre tremendo e no plano social somos uns desgraçadinhos.

Por outro lado, a lenga-lenga de que há pessoas boas e que há portugueses bons, sapiência q.b., gente muito esperta, solidária e ditos modernos. Só que a realidade é merda camuflada de “Bom dia, Sr. Doutor”, é quase tudo feito em cima do joelho, na política, nas empresas, nos serviços do estado e nas famílias. Está-se tudo a cagar.
Quanto menos fizer melhor, é o lema. Por isso Portugal esteve sempre em crise e claro que se deve ver tudo pelo lado positivo.
Na verdade, neste país é só filha de putagem e a pobreza não justifica tudo, mas na pobreza de espírito, a conversa já é outra…

Palhaço da merda, você é concorrente! Ganhou o direito de ser pessoa!


EXTRAFÍSICO

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Stuttgart-0-Benfica-2-

Salvio - Stuttgart 0-2 Benfica [24-02-2011]

Golaço Cardozo - Stuttgart 0-2 Benfica [24-02-2011]

Notícias de Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2011

Jornais do Dia enviado para Abaciente
Jornais do Dia


Bom dia Abaciente,

Enviamos-lhe as capas dos jornais e as principais notícias de Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2011.

Capa do Correio da Manhã Correio da Manhã

Tavira: Fogo desaloja família
Portimão: Colisão em cadeia
Porto: Fogo desaloja mãe e filho
P. Ferreira: Choque fere dois
FC Porto-Sevilha Confrontos

Capa do Público Público

Fenprof reúne com ministério para negociar quotas para avaliação dos professores
Estudantes do Secundário em protesto hoje por todo o país
Mulher ferida em assalto e sequestro em banco do Porto
Obama deixa de defender lei que não reconhece casamentos gay a nível federal
Milhares de mercenários a caminho de Trípoli

Capa do Diário de Notícias Diário de Notícias

Ministro da Justiça trava formação de magistrados
Autarcas do Algarve deixam Macário Correia Sozinho
Planos na Net para travar avaliação
"É preciso indicar testemunhas para justificar actos menos lícitos"
Suspeitas que envolvem 16 milhões

Capa do Jornal de Notícias Jornal de Notícias

Embarcação para resgate de brasileiros da Líbia já saiu de Atenas
ONU anula nomeação da filha de Kadafi como Embaixadora de Boa Vontade
Homens poluem mais que as mulheres
Localização de 52 pórticos das SCUT decidida até Março
Hospital de Braga multado em meio milhão de euros

Capa do i i

Pinto de Abreu: "Violência é sinónimo de falta de inteligência"
Taser: Demissão de director-geral das prisões em cima da mesa
José Alberto Carvalho vai ser o novo director de informação da TVI
Colheita de sangue a condutores ainda pode ser inconstitucional
Vila Real: condutor simula carjacking para receber seguro do carro

Capa do Diário Económico Diário Económico

PT vai pagar dois dividendos por ano
PT lucra 5,672 mil milhões
Petróleo nos 114 dólares
Media Capital regressa hoje negociação
Portugal quase sem alternativas para emitir abaixo de 7%

Capa do Jornal Negócios Jornal Negócios

Filha de Kadhafi desmente ter deixado o país e diz que "resiste"
Sindicatos da banca querem aumentos de salários de 2,2%
Petróleo dispara para perto de 117 dólares em Londres
"Pagaria para que as redes sociais fossem obrigatórias nos serviços públicos"
PT confirma dividendos de 1,30 euros por acção

Capa do Oje Oje

Brisa estuda entrada na Turquia
Pais do Amaral compra 10% da Media Capital
Petróleo supera os 111 dólares
Commerzbank supera metas de 2010
HP revê previsões de resultados em baixa

Capa do Destak Destak

Man. United empata em Marselha (0-0), Bayern ganha fora ao Inter (1-0)
CP sem margem para negociações e que perturbações vão continuar
Paulo Sérgio espera que eleições consigam "dar uma volta de vez" à situação do clube
Inácio é o 'vice' para o futebol na lista de Bruno de Carvalho, e quer o título
O passado é o único tempo da escrita

Capa do A Bola A Bola

Façam lá a vossa parte
«Não acredito que Kadhafi caía» - Djamal
Ulisses Morais quer a estreia que nunca teve
Nélson Évora em risco, Naide salta em Pombal
Uma vitória para Paulo Sérgio

Capa do Record Record

Minha querida Europa
Encontro com a história
Nem o trio dourado quebrou a malapata
Futre procura um campeão
Alarme por Maxi

Capa do O Jogo O Jogo

FC Porto goleia Cambra (9-3)
Alex Ferguson: "Não aconteceu nada neste jogo, foi muito fraco"
Van Gaal recusa festa antecipada
Luís Fabiano: "Depois desta eliminação muita coisa vai acontecer"
Pizzi é o jovem jogador do mês de Janeiro



Cumprimentos,

Jornais do Dia


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Mega descoberta

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Saudade

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País de Leste


"Era uma vez .....

Uma rapariga vinda de um país de leste, casou com um moçoilo português, vivendo os dois em Lisboa.

A pobre rapariga não sabia falar português, nem mesmo algumas palavras, mas lá se ia entendendo com o marido.

O pior era quando tinha que ir às compras...

Um dia foi ao talho para comprar pés de porco. Não sabendo como os pedir não teve outro remédio senão descalçar-se, mostrar os pés e roncar ao mesmo tempo. Lá conseguiu levar os pés de porco para casa.

No dia seguinte foi comprar peito de galinha. Mais uma vez as coisas não correram bem e não teve outro remédio senão desabotoar a camisa e mostrar o peito enquanto cacarejava. Lá conseguiu levar os peitos de galinha para casa.

No terceiro dia pretendia comprar umas grandes salsichas pelo que resolveu levar o seu marido consigo....

(ver abaixo)

 

 

 

 

 

 

.estão a pensar no quê?

 

 

 

 

 

 

 

.suas mentes perversas!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O marido fala português, porra!!!




--
João J. C.Couto

CURTA MAS BOA!


CURTA MAS BOA!
 

Três pretos vão á praia pela primeira vez.

Diz o primeiro:

- Ehs patrão..., tantas água!

Diz o segundo:

- Ehs pá..., tantaa areia!

Diz o terceiro:

- Esvamos embora antes que aspareça os cimento...


--
João J. C.Couto

A saudosa Ivone Silva - Sempre actual


Relembrar uma excelente representação   da saudosa Ivone Silva.
É curioso como o texto continua actual! LOL

Assessor e coveiro - MEDITEMOS, a verdade é mesmo esta.....:)



E é exactamente assim o estado das coisas...

Concurso para Assessor e coveiro...

MEDITEMOS & REPASSEMOS, pois isto (PRT) está a saque...!!!

Assessor Vs. coveiro


EXEMPLO 1


Ora atentem lá nesta coisa vinda no Diário da República nº 255 de 6 de Novembro:

No aviso nº 11 466/2008 (2ª Série), declara-se aberto concurso no I.P.J.

Para um cargo de "ASSESSOR", cujo vencimento anda à roda de 3500 € (700 contos).

Na alínea 7:... "Método de selecção a utilizar é o concurso de prova pública que consiste na

"... Apreciação e discussão do currículo profissional do candidato."



EXEMPLO 2

Já no aviso simples da pág. 26922, a Câmara Municipal de Lisboa lança concurso externo de ingresso para COVEIRO, cujo vencimento anda à roda de 450 EUR (90 contos) mensais.

Método de selecção:

Prova de conhecimentos globais de natureza teórica e escrita com a duração de 90 minutos.

A prova consiste no seguinte:

1. - Direitos e Deveres da Função Pública e Deontologia Profissional;

2. - Regime de Férias, Faltas e Licenças;

3. - Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.

4. - Depois vem a prova de conhecimentos técnicos: Inumações, cremações, exumações, trasladações, ossários, jazigos, columbários ou cendrários.

5. - Por fim, o homem tem que perceber de transporte e remoção de restos mortais.

6. - Os cemitérios fornecem documentação para estudo.

Para rematar, se o candidato tiver:

- A escolaridade obrigatória somará + 16 valores;

- O 11º ano de escolaridade somará + 18 valores;

- O 12º ano de escolaridade somará + 20 valores.

7. - No final haverá um exame médico para aferimento das capacidades físicas e psíquicas do candidato.


ISTO TUDO PARA UM VENCIMENTO DE 450 € MENSAIS!

Enquanto o outro, com 3.500€ só precisa de uma cunha...!!!

Vale a pena dizer mais alguma coisa...?!

DIVULGUEM!!!

Urge que se mostre indignação. Basta de cinismo e de hipocrisia!

Moralidade... precisa-se com urgência !


Por estas e por outras, é que em Portugal existem Coveiros Cultos e Assessores de merda...





--

João J. C.Couto

Para um dia bem disposto


Um homem todo contente á porta da maternidade por a mulher ter dado á luz 5 gémeos, diz:

- Tenho cá um canhão!

Responde o médico:

- Veja lá se o limpa, porque saíram todos pretos...

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João J. C.Couto

Rábula sobre a vida de deputados

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Do Choupal Até Á Lapa - Zeca Afonso

Amor de Estudante ( Coimbra ) Zeca Afonso

Jose afonso-saudades de Coimbra

Zeca Afonso - Canção de Embalar

José Afonso - Os Vampiros (ao vivo no Coliseu) Sempre actual

Nos 24 anos da morte de Zeca Afonso




José Afonso
Quando a música portuguesa perdeu a inocência
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Zeca Afonso foi um notável compositor de música de intervenção, durante um dos mais conturbados períodos da história recente portuguesa. Como compositor, soube conciliar de forma notável a música popular e os temas tradicionais com a palavra de protesto.
José Afonso, de nome completo José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, nasceu em Aveiro, a 2 de Agosto de 1929, filho de José Nepomuceno Afonso, magistrado, e de Maria das Dores, professora primária.

Em 1930 os pais vão para Silva Porto (actual Cuíto), Angola, onde o pai havia sido colocado como Delegado do Ministério Público. Por razões de saúde, José Afonso permanece em Aveiro, na casa da Fonte das Cinco Bicas, confiado à tia Gigé e ao tio Xico, um "republicano anticlerical e anti-sidonista". Por insistência da mãe, em 1932, e já com três anos e meio de idade, segue para Angola, no vapor Mouzinho, acompanhado por um primo que ia em lua-de-mel, e que o deixa ao abandono vindo a agarrar-se a um sacerdote, a única pessoa que lhe presta atenção.
Permanece três anos na antiga colónia portuguesa, e aí inicia a instrução primária. José Afonso diz que esta permanência em África deixou uma marca profunda na sua vida: «a África era uma coisa imensa, uma natureza inacessível que não tinha fim, contactos com fenómenos da natureza extremamente prepotentes como eram as grandes trovoadas, os gafanhotos, florestas, travessias de rios em barcaças, etc., etc. (...) A África como entidade física é uma coisa que pesou muito na minha vida e nas minhas recordações». Em 1936 regressa a Aveiro, passando a viver na casa de uma tia materna. No ano seguinte, com 8 anos de idade, vai de novo ao encontro dos pais e dos irmãos, agora em Moçambique, mais concretamente na cidade de Lourenço Marques (actual Maputo). Os irmãos serão uma presença forte na vida de José Afonso: João, mais velho, é uma figura próxima da estrutura do clã, que o apoiará em ocasiões difíceis um pouco ao longo de toda a sua vida; Mariazinha, mais nova, concitará os seus afectos, bem patentes nas cartas que lhe escreve. Regressa a Portugal, passados dois anos, desta vez para casa do tio Filomeno, presidente da Câmara Municipal de Belmonte. É nesta vila da Beira Baixa que Zeca conclui a quarta classe e prepara o exame de admissão ao liceu. O tio, salazarista convicto e comandante da Legião Portuguesa, fá-lo envergar a farda da Mocidade Portuguesa. «Foi o ano mais desgraçado da minha vida», confessaria Zeca mais tarde. Não obstante, é neste período que José Afonso toma contacto com as canções tradicionais que virão a ter uma grande importância na sua obra.

Em 1940, com 11 anos de idade, vai para Coimbra para prosseguir os estudos ficando instalado em casa da tia Avrilete. É matriculado no Liceu D. João III (hoje Escola Secundária José Falcão) e aí conhece António Portugal e Luiz Goes, ambos mais novos do que ele. A família deixa Moçambique e parte para Timor, onde o pai vai exercer as funções de juiz. A irmã Mariazinha vai com os pais, enquanto seu irmão João vem para Portugal. Com a ocupação de Timor pelos Japoneses, no âmbito da Segunda Guerra Mundial, José Afonso fica sem notícias dos pais durante três anos, até ao final da guerra, em 1945.

Nesse mesmo ano (andava no 5.º ano do liceu) começa a cantar serenatas, o que lhe dá não só estatuto mas também privilégios praxistas. José Afonso, a quem chamavam "bicho-cantor" ("bicho" era a designação praxística para os estudantes liceais), gozava, por exemplo, do privilégio de não ser "rapado" pelas trupes que, depois do pôr-do-sol, saíam para as ruas da cidade à procura de "bichos" e caloiros. Em acumulação, Zeca beneficiava também desse tratamento especial, por jogar futebol nos juniores da Académica. Em 1948, após dois chumbos, completa o curso dos liceus. Conhece Maria Amália de Oliveira, uma costureira de origem humilde, com quem vem a casar em segredo, por oposição dos pais, e para grande escândalo das tias. Faz viagens com o Orfeão e com a Tuna Académica.
Em 1949 inscreve-se no curso de Ciências Histórico-Filosóficas, da Faculdade de Letras. Vai a Angola e Moçambique integrado numa comitiva do Orfeão Académico da Universidade de Coimbra. Em Janeiro de 1953 nasce-lhe o primeiro filho, José Manuel. Dá explicações e trabalha como revisor no Diário de Coimbra. A condição de estudante e de trabalhador fá-lo tomar consciência dos problemas sociais que o marcariam de forma decisiva: «Havia uma sociedade de indivíduos que viviam na Alta ou na Baixa economicamente depauperados: barbeiros, merceeiros, profissões dependentes do estudante. Recordo-me que as criadas viviam num estado de fome permanente nas férias grandes e começavam a comer quando os estudantes regressavam. (...) Lembro-me do estatuto de estudante que era, apesar de tudo, compatível com uma certa compreensão humana da situação dessa gente. Esta visão sentimental do que eram as desigualdades sociais motivou uma certa transformação em mim. A visão poético-estudantil em que eu me considerava um herói de capa e batina, um cavaleiro andante, desapareceu ou foi desaparecendo com o tempo e à medida que fui vivendo numa situação económica extremamente difícil com os meus dois filhos no Beco da Carqueja».

São editados os seus primeiros trabalhos discográficos – dois discos de 78 rotações com fados de Coimbra, com chancela da Alvorada, e gravados na delegação regional de Coimbra da Emissora Nacional. Cada disco inclui dois fados, sendo "Fado das Águias", com letra e música de José Afonso, a sua primeira composição gravada.

De 1953 a 1955, cumpre o serviço militar obrigatório em Mafra. Recebe guia de marcha para Macau, mas não chega a ser mobilizado por motivos de saúde, vindo a ser colocado num quartel de Coimbra. Da sua vida militar recorda: «Eu fui o menos classificado de todo o curso por falta de aprumo militar».
No ano lectivo 1955/56, e para assegurar o sustento da família, e embora não tendo ainda concluído o curso, começa a dar aulas num colégio privado em Mangualde. Inicia-se o processo de separação e posterior divórcio de Amália (a 1 de Junho de 1963). José Afonso manterá uma névoa de silêncio em redor desta sua experiência conjugal.

Em 1956 é editado, pela Alvorada, o seu primeiro EP intitulado "Fados de Coimbra", em que tem como acompanhadores António Portugal e Jorge Godinho (guitarras) e Manuel Pepe e Levy Baptista (violas). Em 1956/57 é professor em Aljustrel, seguindo-se nos anos subsequentes Lagos, Faro, Alcobaça e de novo Faro. José Afonso fala assim da sua experiência enquanto docente: «A minha acção como professor era mais de carácter existencial, na medida em que queria pôr os alunos a funcionar como pessoas, incutir-lhes um espírito crítico, fazer com que exercitassem a sua imaginação à margem dos programas oficiais».
Por dificuldades económicas, em 1958 envia os dois filhos (José Manuel e Helena) para Moçambique, para junto dos avós. Neste ano fica impressionado com a campanha eleitoral de Humberto Delgado. Durante um mês integra a digressão da Tuna Académica em Angola, mas não canta apenas fados de Coimbra. «O Zeca era um dos vocalistas do Conjunto Ligeiro da Tuna e cantava canções como "Adeus Mouraria", o seu maior sucesso, acompanhado ao piano, baixo, bateria, acordeão e guitarra eléctrica. Actuávamos vestidos com umas largas blusas de cetim, cada uma de sua cor, imitando a orquestra de mambos de Perez Prado, o máximo da altura. Acabada esta cena de 'show-biz', vestíamos rapidamente a capa e batina e íamos para a serenata, mutantes do sol para a lua» conta José Niza. Na viagem de regresso, no Paquete Pátria, convive com a poetisa Natália Correia, que mais tarde lhe dedicará um poema (transcrito em epígrafe). «Sob o luar quente dos trópicos, íamos à noite para a ré do navio, com violas, vinho e poesia: o Zeca cantava; e a Natália – cabelos ao vento, deusa grega, nessa altura e sem exagero, uma das mulheres mais belas do planeta – dizia poemas» recorda José Niza.

Em 1959 começa a frequentar colectividades e a cantar regularmente em meios populares. Em 1960, e depois de quatro anos sem gravar, é editado o EP intitulado "Balada do Outono", com chancela da Rapsódia, disco que inaugura o movimento da balada coimbrã e um marco na História da música portuguesa. A propósito da "Balada do Outono" (Águas das fontes calai / Ó ribeiras chorai / Que eu não volto a cantar) escreve Manuel Alegre: «A canção de Coimbra não voltaria a ser a mesma, a música ligeira portuguesa também não. Aquela balada era nova e ao mesmo tempo muito antiga. Tudo estava nela: a tradição trovadoresca, os cantares de amigo, os romances populares. E também o espírito de um tempo de mudança». Faz nova digressão a Angola, com o Orfeão Académico, durante a qual toma verdadeira consciência da realidade colonial. José Niza recorda: «Fomos encontrar uma Angola diferente. Tinha-se dado a independência do Congo Belga e todo o território estava cheio de retornados belgas. A PIDE tinha-se instalado em Luanda e noutras cidades. E sentiam-se no ar, nas entrelinhas das conversas, nos olhares, os sinais de que alguma coisa iria acontecer». No ano seguinte rebentava a Guerra Colonial.

José Afonso segue atentamente a crise estudantil de 1962. Em Faro convive com Luiza Neto Jorge, António Barahona, António Ramos Rosa e Manuel Pité, e namora com Zélia, natural da Fuzeta, que será a sua segunda mulher e com quem terá mais dois filhos, Joana e Pedro. É José Afonso quem nos diz: «O conhecimento da Zélia, num lugar do Algarve, reconciliou-me com a água fresca e com os tons maiores. Passei a fazer canções maiores». Para o álbum colectivo "Coimbra Orfeon of Portugal", editado pela Monitor (dos Estados Unidos), José Afonso grava dois temas – "Minha Mãe" e "Balada Aleixo" – em que rompe definitivamente com o acompanhamento das guitarras. Nestas duas baladas é acompanhado exclusivamente à viola por José Niza e Durval Moreirinhas. Realiza digressões pela Suíça, Alemanha e Suécia, integrado num grupo de fados e guitarras, na companhia de Adriano Correia de Oliveira, José Niza, Jorge Godinho, Durval Moreirinhas e ainda da fadista lisboeta Esmeralda Amoedo. Em 1963, conclui a licenciatura na Faculdade de Letras de Coimbra com uma tese sobre Jean-Paul Sartre: "Implicações Substancialistas na Filosofia Sartriana". Em 1962 e 1963 são editados dois EP intitulados "Baladas de Coimbra", com Rui Pato à viola, dos quais fazem parte as belíssimas "Menino d'Oiro", "No Lago do Breu", "Canção do Vai... e Vem" e "Menino do Bairro Negro", esta última inspirada nos meios sociais miseráveis do Porto, no Bairro do Barredo. A balada "Os Vampiros", incluída no EP de 1963, tornar-se-á, juntamente com a "Trova do Vento que Passa" (gravada no mesmo ano por Adriano Correia de Oliveira), um dos símbolos maiores da resistência antifascista até ao advento da liberdade.

Em Maio de 1964, José Afonso actua na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, onde se inspira para fazer a canção "Grândola, Vila Morena", que viria a ser no dia 25 de Abril de 1974 a senha do Movimento das Forças Armadas (MFA) para o derrube do regime ditatorial. É editado o EP "Cantares de José Afonso", o único para a Valentim de Carvalho, que inclui "Coro dos Caídos", "Canção do Mar", "Maria" (dedicada a Zélia) e "Ó Vila de Olhão", com Rui Pato à viola, excepto na última que é acompanhada pelo conjunto de guitarras de Jorge Fontes. As três primeiras viriam a ser depois incluídas num álbum colectivo com Carlos Paredes e Luiz Goes (reeditado em CD pela EMI-VC em 1992). Ainda em 1964, muda-se com Zélia para Lourenço Marques, onde reencontra os seus filhos e os pais. Durante dois anos dá aulas na cidade da Beira. Em Moçambique desenvolve intensa actividade anticolonialista e relaciona-se, entre outros, com Malangatana e António Quadros (João Pedro Grabato Dias), que vem a contribuir com algumas letras para o repertório do cantor. Aí compõe a música para a peça de Bertolt Brecht "A Excepção e a Regra", traduzida e encenada por Luiz Francisco Rebello, cujos temas virá posteriormente a gravar.

Em 1967, esgotado pelo sistema colonial, regressa a Lisboa, deixando o filho mais velho, José Manuel, confiado aos avós. José Afonso recorda assim a sua última fase africana: «Se houve alguma coisa em África que me marcou definitivamente foi a realidade colonial. Quando eu parti ia preparado para enfrentá-la: sabia quais os seus contornos e o papel que me cabia como professor, quais os alunos que ia ensinar. Sabia também que ia ser um veículo de transmissão ideológica de uma classe dominante. (...) Fiquei terrivelmente ligado àquela realidade física que é a África, aquilo tem de facto qualquer coisa de estranho, uma força muito grande que nos seduz. O meu baptismo político começa em África. Estava a dois passos do oprimido».

É colocado como professor em Setúbal, e a par das funções lectivas começa a aceitar convites para cantar em colectividades da Margem Sul. Fica sob a mira da PIDE que o passa a chamar com relativa assiduidade para prestar declarações no posto de Setúbal. É editado, pela Discoteca Santo António, através da etiqueta Ofir, o LP "Baladas e Canções", gravado nos Estúdios da RTP em Vila Nova de Gaia (reeditado em CD pela EMI-VC em 1997). É o primeiro álbum a sério de José Afonso, com 12 temas, entre os quais "Canção Longe", "Os Bravos", "Balada Aleixo", "Balada do Outono" (em versão instrumental), "Na Fonte Está Lianor" (com poema de Luís de Camões), "Minha Mãe", "Altos Castelos", "O Pastor de Bensafrim" e "A Ronda dos Paisanos". Sofre uma grave depressão que o leva a ser internado durante 20 dias na Casa de Saúde de Belas. Quando sai da clínica, recebe a notícia de que tinha sido demitido do ensino oficial. É publicado o livro "Cantares de José Afonso", pela Nova Realidade. O PCP convida-o a aderir ao partido, mas José Afonso recusa invocando a sua condição de classe. «Nunca fui um indivíduo com certezas dogmáticas acerca de grupos ou partidos preferenciais. Comecei por me relacionar, sobretudo na Margem Sul, a associações de estudantes fortemente politizadas, por um lado, e a determinadas organizações políticas, como por exemplo os Católicos Progressistas, por outro. Achava que todos aqueles grupos eram necessários para formar um movimento que conduzisse ao derrube do poder. Qual seria depois o partido ou organização que surgiria após o derrube do poder, não sabia.»

Mais uma vez confrontado com necessidades de subsistência, é obrigado a dar explicações e a encarar mais seriamente a carreira musical, designadamente através da gravação de discos. Cientes da situação, Rui Pato e António Portugal contactam várias editoras, incluindo aquelas para as quais Zeca já gravara antes, mas todas lhes fecham as portas, com medo da PIDE. Então, em desespero de causa, vão ao Porto falar com Arnaldo Trindade, da Orfeu, para a qual Adriano Correia de Oliveira, já gravava há anos. A proposta era nem mais nem menos que a gravação de "Cantares do Andarilho". Arnaldo Trindade aceita a ideia, assume os riscos e propõe um contrato sui generis: José Afonso passaria a receber, mensalmente, 15 mil escudos (quantia nada desprezível na altura) e em troca comprometia-se a gravar um álbum por ano. Foi através deste vínculo à Orfeu, para a qual gravou mais de 70 por cento da sua obra, que Zeca alcançou a estabilidade económica que nunca tivera, e de que tanto precisava em face dos seus encargos familiares. No Natal de 1968, sai o sugestivamente intitulado "Cantares do Andarilho", com Rui Pato à viola, sem dúvida alguma, um dos melhores álbuns da sua discografia. Deste disco fazem parte, entre outros, temas como "Natal dos Simples", "Balada do Sino", "Canção de Embalar", "Endechas a Bárbara Escrava (com poema de Luís de Camões), "Chamaram-me Cigano" e "Vejam Bem".

Em 1969, a Primavera marcelista abre perspectivas de organização ao movimento sindical. José Afonso participa activamente neste movimento, assim como nas acções dos estudantes em Coimbra. Em 1969 , participa no 1º Encontro da "Chanson Portugaise de Combat", em Paris. Edita o álbum "Contos Velhos, Rumos Novos" e o single "Menina dos Olhos Tristes" que contém a canção popular "Canta Camarada". Em "Contos Velhos, Rumos Novos", e fazendo jus ao título, continua e aprofunda a exploração do repertório da tradição popular ("Oh! Que Calma Vai Caindo", "S. Macaio", "Deus Te Salve, Rosa", "Lá Vai Jeremias"), ao mesmo tempo que põe em música uma plêiade de escritores eruditos: Airas Nunes ("Bailia"), F. Miguel Bernardes ("Qualquer Dia"), Lope de Vega ("No Vale de Fuenteovejuna"), Luís Andrade Pignatelli ("Era de Noite e Levaram") e Ary dos Santos ("A Cidade"). Pela primeira vez num disco de José Afonso, aparecem outros instrumentos que não a viola ou a guitarra, como a trompa, as marimbas, o cavaquinho e a harmónica. Recebe o prémio da Casa da Imprensa para o melhor disco, distinção que repete em 1970 e 1971.

Em 1970 é editado o álbum "Traz Outro Amigo Também", gravado em Londres, nos estúdios da Pye Records, o primeiro sem Rui Pato, impedido pela PIDE de viajar, por causa do seu envolvimento na crise académica de 1969. Será substituído por Carlos Correia (Bóris), antigo músico de rock, dos Álamos e do Conjunto Universitário Hi-Fi. Além do tema-título, o alinhamento inclui temas como "Maria Faia", "Canto Moço", "Epígrafe para a Arte de Furtar" (com poema de Jorge de Sena), "Moda do Entrudo", "Canção do Desterro" e "Verdes São os Campos" (com poema de Luís de Camões). Na capital britânica, José Afonso conhece os brasileiros Gilberto Gil e Caetano Veloso, que aí se encontravam exilados por motivos políticos. Em Março de 1970, a Casa de Imprensa atribui a José Afonso, por unanimidade, o Prémio de Honra pela «alta qualidade da sua obra artística como autor e intérprete e pela decisiva influência que exerce em todo o movimento de renovação da música ligeira portuguesa». Participa em Cuba num Festival Internacional de Música Popular.

No Natal de 1971, é lançado o LP "Cantigas do Maio", com direcção musical de José Mário Branco, gravado em Herouville (perto de Paris), no Strawberry Studio, um dos mais caros e afamados da Europa. O álbum conta ainda com a participação de Carlos Correia (Bóris), Francisco Fanhais e vários músicos franceses, entre os quais, o percussionista Michel Delaporte. Além de "Grândola, Vila Morena", o disco inclui temas tão emblemáticos como "Cantigas do Maio", "Cantar Alentejano" (em homenagem a Catarina Eufémia, assassinada pela GNR), "Maio, Maduro Maio" e "Mulher da Erva". É geralmente considerado o melhor álbum de José Afonso e representa o momento de viragem para formas de acompanhamento instrumental mais enriquecidas e elaboradas. A editora Nova Realidade publica o livro "Cantar de Novo".

No ano de 1972 sai o LP "Eu Vou Ser Como a Toupeira", gravado em Madrid, nos Estúdios Cellada, sob a direcção musical de José Niza e com a participação de Benedicto, um cantor galego amigo de Zeca, e com o apoio dos Aguaviva, de Manolo Diaz. Deste álbum fazem parte, entre outros, os temas "A Morte Saiu à Rua" (em homenagem ao pintor José Dias Coelho, assassinado pela PIDE numa rua de Alcântara), "Ó Minha Amora Madura", "No Comboio Descendente" (com poema de Fernando Pessoa) e o belíssimo "Fui à Beira do Mar" (vide letra abaixo). Em 1973, José Afonso continua a sua "peregrinação", cantando um pouco por todo o lado. Muitas sessões foram proibidas pela PIDE/DGS. Em Abril é preso e fica 20 dias em Caxias até finais de Maio. Na prisão política, escreve o poema "Era Um Redondo Vocábulo", um dos temas mais belos do álbum seguinte, "Venham Mais Cinco", gravado em Paris, no Studio Aquarium, e que conta de novo com a direcção musical de José Mário Branco e com a participação de uma miríade de músicos estrangeiros, sendo de destacar Michel Delaporte nas percussões. O tema-título tem a participação vocal de Janine de Waleyne, solista dos Swingle Singers, o melhor grupo vocal de jazz cantado da altura, na opinião de José Niza. Além do conhecido tema que dá nome ao álbum, merecem ainda destaque três 
outros temas, autênticas pérolas do repertório de José Afonso: o citado "Era Um Redondo Vocábulo", "Adeus ó Serra da Lapa" e "Que Amor Não me Engana".

A 29 de Março de 1974, o Coliseu de Lisboa enche-se para ouvir José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Manuel Freire, José Barata Moura, Fernando Tordo e outros, que terminam a sessão com "Grândola, Vila Morena". Militares do MFA estão entre a assistência e escolhem "Grândola" para senha do golpe militar que está em congeminação e que se concretizará, daí a menos de um mês, no 25 de Abril. No dia daquele espectáculo, a censura avisara a Casa de Imprensa, organizadora do evento, de que eram proibidas as representações dos temas "Venham Mais Cinco", "Menina dos Olhos Tristes", "A Morte Saiu à Rua" e "Gastão Era Perfeito". Curiosamente, a "Grândola, Vila Morena" era autorizada. É editado o álbum "Coro dos Tribunais", gravado em Londres, novamente na Pye Records, com arranjos e direcção musical, pela primeira vez, de Fausto Bordalo Dias e com a participação musical do próprio Fausto e ainda de Michel Delaporte, Vitorino, Carlos Alberto Moniz, Yório Gonçalves, Adriano Correia de Oliveira e José Niza. São incluídas as canções brechtianas compostas em Moçambique no período entre 1964 e 1967, "Coro dos Tribunais" e "Eu Marchava de Dia e de Noite (Canta o Comerciante)". Em 1974/75 Zeca envolve-se directamente nos movimentos populares e no PREC (Processo Revolucionário Em Curso), mas faz questão de não se filiar em qualquer dos sectarismos partidários existentes. Canta no dia 11 de Março de 1975 no RALIS para os soldados e estabelece uma colaboração estreita com a LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária), através do seu amigo Camilo Mortágua, dirigente da organização. A LUAR edita o single "Viva o Poder Popular", com "Foi na Cidade do Sado" no lado B. Em Itália, as organizações revolucionárias Lotta Continua, Il Manifesto e Vanguardia Operaria editam o álbum "República", gravado em Roma nos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro de 1975, nos estúdios das Santini Edizioni. As receitas do disco destinavam-se a apoiar a Comissão de Trabalhadores do jornal "República" ou, caso o jornal fosse extinto, como foi, o Secretariado Provisório das Cooperativas Agrícolas de Alcoentre. Desconhecido em Portugal, este álbum inclui "Para Não Dizer Que Não Falei de Flores" (versão de Francisco Fanhais da célebre canção de Geraldo Vandré), "Se os Teus Olhos se Vendessem", "Foi no Sábado Passado", "Canta Camarada", "Eu Hei-de Ir Colher Macela", "O Pão Que Sobra à Riqueza", "Os Vampiros", "Senhora do Almortão", "Letra para Um Hino" e "Ladainha do Arcebispo". Além de Francisco Fanhais, este disco teve o contributo de diversos músicos italianos.

Em 1976, Zeca apoia a candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho, estratega do 25 de Abril e ex-comandante do COPCON (Comando Operacional do Continente), apoio que reedita em 1980. Ainda em 1976, publica o álbum "Com as Minhas Tamanquinhas", com a surpreendente participação de Quim Barreiros. É, na opinião de José Niza, «um disco de combate e de denúncia, um grito de alma, um murro na mesa, sincero e exaltado, talvez exagerado se ouvido e lido ao fim de 30 anos, isto é, hoje». É a "ressaca" do PREC. O próprio José Afonso dirá mais tarde: «Eu sempre disse que a música é comprometida quando o músico, como cidadão é um homem comprometido. Não é o produto saído desse cantor que define o compromisso mas o conjunto de circunstâncias que o envolve com o momento histórico e político que se vive e as pessoas com quem ele priva e com quem ele canta». E acrescenta: «Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for». O álbum "Enquanto Há Força", editado em 1978, com o apoio de Fausto Bordalo Dias na direcção musical, representa mais um exemplo da fase cronista e panfletária do cantor, ligada às suas preocupações anti-colonialistas e anti-imperialistas, a que não escapa uma crítica mordaz à Igreja Católica (no tema "Arcebispíada"). Conta com a participação de excelentes músicos e cantores, como Guilherme Inês, Carlos Zíngaro, Pedro Caldeira Cabral, Rão Kyao, Luís Duarte, Adriano Correia de Oliveira e Sérgio Godinho. Em 1979 é editado o álbum "Fura Fura", com a colaboração musical de Júlio Pereira e dos Trovante. Dos doze temas do alinhamento, oito são de música para teatro, compostos para as peças "Zé do Telhado" e "Guerras de Alecrim e Manjerona", levadas à cena na Barraca e na Comuna, respectivamente.

Actua em Bruxelas no Festival da Contra-Eurovisão. Em 1981, e após dois anos sem discos, reconcilia-se com a canção de Coimbra e com a guitarra ao gravar o álbum "Fados de Coimbra e Outras Canções", no qual reinterpreta três temas já anteriormente gravados: "Senhora do Almortão", "Vira de Coimbra" e "Balada do Outono". Trata-se da mais bela versão do fado de Coimbra, interpretada por Zeca Afonso em homenagem a seu pai e a Edmundo Bettencourt, dedicatários do álbum. Actua em Paris, no Théatre de la Ville. Em 1982 começam a conhecer-se os primeiros sintomas de esclerose lateral amiotrófica, doença que se caracteriza por uma progressiva atrofia muscular de que resulta geralmente a morte, por asfixia. Actua em Bruges, Bélgica, no Festival de Printemps.

Em 29 de Janeiro de 1983 realiza-se o espectáculo no Coliseu dos Recreios, com José Afonso já em dificuldades. Participam Octávio Sérgio, António Sérgio, Lopes de Almeida, Durval Moreirinhas, Rui Pato, Fausto Bordalo Dias, Júlio Pereira, Guilherme Inês, Rui Castro, Rui Júnior, Sérgio Mestre e Janita Salomé. É publicado o duplo álbum "Ao Vivo no Coliseu".

No Natal desse ano, sai o álbum "Como Se Fora Seu Filho", o seu testamento estético-político. Neste trabalho colaboram Júlio Pereira, Janita Salomé, Fausto Bordalo Dias e José Mário Branco. Algumas das canções do alinhamento foram escritas para a peça "Fernão Mentes?" do grupo de teatro A Barraca. É publicado o livro "Textos e Canções", com a chancela da Assírio e Alvim, que inclui muitos poemas que José Afonso não chegou a musicar. Contra a sua vontade, é publicado pelo Foto Sonoro um maxi-single, "Zeca em Coimbra", com um espectáculo dado pelo cantor no Parque de Santa Cruz, na Lusa Atenas, a 27 de Maio, em que também participaram António Bernardino ("Tenho Barcos, Tenho Remos"), Luís Marinho ("Traz Outro Amigo Também") e ainda António Portugal e António Brojo (guitarras) e Aurélio Reis, Luís Filipe e Rui Pato (violas). A cidade de Coimbra atribui a José Afonso a Medalha de Ouro da cidade. «Obrigado Zeca, volta sempre, a casa é tua», disse-lhe o presidente da Câmara, Fernando Mendes Silva. «Não quero converter-me numa instituição, embora me sinta muito comovido e grato pela homenagem», respondeu José Afonso. O Presidente da República, general Ramalho Eanes, atribui a José Afonso a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa-se a preencher o formulário. Mário Soares tentará de novo condecorá-lo, a título póstumo, em 1994, com a Ordem da Liberdade, mas a mulher, Zélia, recusa, alegando que se José Afonso não desejou a distinção em vida, também não seria após a sua morte que seria condecorado.

Em 1983 José Afonso é reintegrado no ensino oficial (fora expulso em 1968), tendo sido destacado para dar aulas de História e de Português na Escola Preparatória de Azeitão. Em 1985 é editado o último álbum, "Galinhas do Mato", com arranjos e direcção musical de Júlio Pereira e José Mário Branco. Zeca já não consegue cantar todos os temas, sendo substituído por Luís Represas ("Agora"), Helena Vieira ("Tu Gitana"), Janita Salomé ("Moda do Entrudo", "Tarkovsky" e "Alegria da Criação"), José Mário Branco ("Década de Salomé", em dueto com Zeca), Né Ladeiras ("Benditos") e Catarina e Marta Salomé ("Galinhas do Mato"). Em 1986 apoia a candidatura presidencial de Maria de Lourdes Pintassilgo, católica progressista.

José Afonso vem a falecer no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica, com 57 anos de idade. O funeral realiza-se no dia seguinte, com mais de 30 mil pessoas, da Escola Secundária de S. Julião para o Cemitério da Senhora da Piedade, em Setúbal. O funeral demorou duas horas a percorrer 1300 metros. Envolvida por um pano vermelho sem qualquer símbolo, como pedira, a urna foi transportada, entre outros, por Sérgio Godinho, Júlio Pereira, José Mário Branco, Luís Cília e Francisco Fanhais.

A 18 de Novembro é criada, por iniciativa de Alípio de Freitas (homenageado no tema homónimo do álbum "Com as Minhas Tamanquinhas"), a Associação José Afonso com o objectivo de ajudar a realizar as ideias do compositor e intérprete no campo das Artes. No ano seguinte a Câmara Municipal da Amadora institui o Prémio José Afonso destinado a galardoar um álbum inédito de música portuguesa, cujos temas tenham como referência a cultura e História portuguesas, tal como a obra do patrono. Fausto Bordalo Dias, Vitorino, Sérgio Godinho, Júlio Pereira, José Mário Branco, Né ladeiras, Amélia Muge, João Afonso, Vai de Roda, Gaiteiros de Lisboa, Dulce Pontes, Vozes do Sul/Janita Salomé, Jorge Palma, Carlos do Carmo, Filipa Pais e José Medeiros, contam-se entre os já contemplados.

Duas semanas depois da morte do cantor, a Transmédia edita "Agora e Sempre", o primeiro triplo álbum da história discográfica portuguesa. A edição é constituída pelos álbuns "Como Se Fora Seu Filho" (1983), "Galinhas do Mato" (1985) e "Ao Vivo no Coliseu" (1983), este com um alinhamento diferente. Nesse mesmo ano, a Movieplay lança em CD os 11 álbuns gravados para a Orfeu (até 1981), tendo também sido editado pela Edisco o CD "Os Vampiros", com as baladas dos três EP da Rapsódia (1960-63), tais como "Os Vampiros", "Menino d'Oiro", "Canção do Vai... e Vem", "Menino do Bairro Negro", "No Largo do Breu" e "Balada do Outono". Em 1996, a Movieplay reúne finalmente em CD os fados de Coimbra dos três primeiros discos (1953-56) e ainda os temas "Menina dos Olhos Tristes" e "Canta Camarada", do single editado pela Orfeu em 1969. Em 1997, no décimo aniversário da morte de José Afonso, a EMI-VC lança em CD o álbum "Baladas e Canções", originalmente editado pela Ofir em 1964.

José Afonso, como pioneiro de uma estética musical alternativa ao "nacional cançonetismo" (como lhe chamou João Paulo Guerra) e pelo contributo inovador que deu na redescoberta e valorização da música de raiz tradicional, será sempre recordado como um dos nomes maiores da História da música portuguesa. Testemunham-no as homenagens e tributos de quem sido alvo ao longo dos anos, com novas versões de temas seus, sendo de destacar os projectos "Ousadias" (1986 - Naná Sousa Dias), "Filhos da Madrugada Cantam José Afonso" (1994 - Madredeus, Frei Fado d'El-Rei, Brigada Victor Jara, Opus Ensemble, Diva, Delfins, Sétima Legião, Resistência, UHF, Tubarões, etc.), "Maio, Maduro Maio" (1995 - Amélia Muge, José Mário Branco e João Afonso, gravado no S. Luiz em 1994), "Utopia" (2004 – Vitorino e Janita Salomé, gravado no CCB em 1998), "A Jazzar no Zeca" (2004 - Zé Eduardo Unit) e "Que Viva o Zeca" (2007 - Ervas de Cheiro).

Art for Progress (Concurso Internacional)



Caros Amigos
É com muita satisfação que vos estou a convidar para visitarem o sítio www.artforprogress.org. De facto um dos nossos amigos, tendo concorrido hà algum tempo atrás soube este fim de semana que tinha sido um dos 110 pintores de todo o mundo selecionado, sendo aliàs o único português. É com orgulho, portanto, que vos convido a verem alguns dos seus trabalhos e a votarem no mesmo de forma a  divulgarem este evento. Vamos votar em João Rebelo

Abraços
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João J. C.Couto