Otto von Bismarck
(Schönhausen, 1815 - Friedrichsruh, 1898)
Militar e político alemão. Pertence a uma típica família de junkern e o seu pai é capitão de cavalaria. Estuda em Berlim e Göttingen, e em 1835 ingressa na administração prussiana. Em 1846 é eleito membro da dieta prussiana, onde se opõe energicamente a qualquer medida política de tipo liberal. Em 1848 preconiza a repressão enérgica do movimento revolucionário e, quando a Áustria impõe à Prússia a renúncia à unidade alemã, mostra-se realista e calculador. Em 1851 é nomeado conselheiro da Embaixada da Prússia na dieta de Frankfurt, posto que conserva até 1859. Neste período aperfeiçoa os seus conhecimentos políticos. O junker conservador, devoto do império dos Habsburgo e inimigo do liberalismo, converte-se num hábil diplomata entregue à causa da Prússia e à unidade alemã contra a hegemonia austríaca, disposto a aliar-se com a Rússia e com a França de Napoleão III. Em 1859 é nomeado embaixador em Sampetersburgo, e em 1862 em Paris, onde trava boas relações com Napoleão III.
Em 1862 é nomeado primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros de Guilherme I da Prússia. Durante os primeiros anos do seu governo, Bismarck entrega-se à sua obra política: a unidade alemã e o estabelecimento do Império Alemão (o Segundo Reich). Quando da morte do rei da Dinamarca, Frederico VII (1863), a questão da sucessão dos ducados de Schleswig-Holstein coloca-se na dieta de Frankfurt. Bismarck maquina para levar a Áustria a uma guerra contra a Dinamarca, que é vencida. Em 1865, a Convenção de Gastein organiza uma administração austro-prussiana em Schleswig e Lolstein. Lauenburg é anexado à Prússia. No mesmo ano, Bismarck recebe o título de conde. Aproveitando as discórdias surgidas entre Viena e Berlim, Bismarck leva as conversações ao campo de batalha. Após conseguir isolar diplomaticamente a Áustria (consegue que a França e a Itália se ponham do lado da Prússia), as tropas prussianas sob o comando de Moltke vencem a Áustria na Batalha de Sadowa (1866). A Prússia anexa diversos territórios (os ducados do Elba, Hannover, Hesse e Nassau) e forma a Confederação da Alemanha do Norte. Pouco depois, aproveitando a atitude da França nas negociações referentes à candidatura do príncipe Leopoldo de Hohenzollern ao trono de Espanha, Bismarck combate a França. Os exércitos de Napoleão III, vencidos em Metz e Sedan, capitulam (1870). Em Janeiro de 1871 é proclamado no salão dos espelhos de Versalhes o Segundo Império Alemão. Bismarck é nomeado chanceler e recebe o título de príncipe. Alguns meses mais tarde, a Alemanha, em virtude da Paz de Frankfurt, anexa a Alsácia e a Lorena.
Entre 1870 e 1890, Bismarck domina a política internacional europeia. O seu sistema, a «paz armada», baseia-se no isolamento da França e na aliança com as potências orientais: a chamada aliança dos três imperadores, o alemão, o austríaco e o russo. Em 1878, e com o motivo das rivalidades austro-russas nos Balcãs, Bismarck preside ao Congresso de Berlim; outro tanto faz por causa das rivalidades coloniais entre a França, a Itália e a Grã-Bretanha. Em 1883 forma-se a tripla aliança, que une a Alemanha, a Áustria e a Itália. Em 1884, os três imperadores, receosos dos movimentos revolucionários, renovam a sua aliança, e em 1877 a Alemanha assina um pacto de amizade com a Rússia. Deste modo, a França fica isolada. Após o breve reinado de Frederico III, o poder fica nas mãos do novo imperador, Guilherme II. Ao princípio parece que este confirma Bismarck no poder, mas não é assim. O chanceler tenta em vão opor-se aos projectos de legislação social e, tendo por motivo a abertura de uma conferência operária em Berlim, Bismarck, em desacordo com as orientações básicas do novo imperador, demite-se. O imperador aceita imediatamente esta demissão, fá-lo duque de Lauenburg e promove-o a coronel-general da cavalaria. Nos tempos seguintes, as suas relações são tensas, apesar de uma aparente reconciliação pública em 1894.
Em política interna, o êxito não acompanha as iniciativas do «chanceler de ferro», como Bismarck é conhecido. As suas teorias proteccionistas não são totalmente admitidas pelo Reichstag. Entre 1872 e 1880, Bismarck desencadeia a Kulturkampf (luta pela cultura) com oposição da igreja católica, considerando os católicos adversários da unidade alemã e partindo do ponto de vista do protestantismo prussiano. A partir de 1881, Bismarck, que há alguns anos mantém contactos com Ferdinand Lassalle, impulsiona uma legislação social, convencido de que apenas a acção do Estado pode fazer oposição e neutralizar as ideias revolucionárias. As leis que propugna são a lei de acidentes de trabalho, o reconhecimento dos sindicatos, o seguro de doença, acidente ou invalidez e outras. O «chanceler de ferro» governa a Alemanha ditatorialmente, mas mantém as formas parlamentares da Constituição do Império. Ao serviço do objectivo de consolidar a unidade alemã, primeiro obtém o apoio dos nacionalistas liberais contra os católicos, de seguida o dos grupos do centro contra os socialistas e, finalmente, o dos conservadores contra os do centro; outros elementos em que se apoia são a ajuda de um exército nacional e a unificação económica, jurídica e financeira.
O campeão da unificação alemã morre com a idade de oitenta e três anos, retirado nas suas terras de Friedrichsruh e após ter escrito as suas memórias.
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