O Japão rende-se
Tóquio queria três garantias: a manutenção do imperador e do regime imperial, a não ocupação do país e a recusa de julgamento de criminosos de guerra. Entretanto, há um novo e pesado facto: no dia 8, a União Soviética declara a guerra ao Japão e lança logo uma ofensiva na Manchúria.
A 15, a rádio anuncia que o imperador Hirohito vai falar aos súbditos. È a primeira vez que ouvirão a sua voz. Era uma gravação feita na véspera. Alguns pensaram que ele ia dar a ordem de resistir e morrer. Ao contrário, o soberano, numa linguagem arcaica e cheia de eufemismos, a chorar, diz-lhes que o Japão perdeu a guerra e que é preciso "aceitar o inaceitável", a rendição sem condições. No dia 12, Truman havia comunicado a Tóquio, via Suíça, que aceitava a manutenção do imperador.
A rendição é assinada a 2 de Setembro, a bordo do cruzador Missouri, perante o general Douglas MacArthur, comandante americano no Pacífico e novo procônsul no Japão.
Os contemporâneos não podiam ter a percepção global da nova era que se abria. Mas não subestimaram Hiroxima. No dia 7, o Chicago Tribune escrevia em editorial: "Já não é impossível que cidades inteiras e os seus habitantes sejam aniquilados numa fracção de segundo por uma só bomba."
O Kansas City Star ia mais longe: "Temos nas mãos uma invenção que pode varrer a civilização." Anotou o almirante William Leahy, chefe do estado-maior interarmas: "As potencialidades letais do bombardeamento atómico são assustadoras. De momento, somos o único detentor da arma. Mas eventuais inimigos vão adquiri-la e provavelmente utilizá-la contra nós."
Na França, Le Monde escolheu uma abordagem optimista e titulou: "Uma revolução científica - Os americanos lançam a sua primeira bomba atómica sobre o Japão."
Hiroxima deixou um legado à humanidade: um tabu, que a defendeu durante o "equilíbrio do terror" e que se prolonga hoje ainda, na era da ameaça de proliferação nuclear.
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