Em Coimbra realizam-se as Cortes. Há grande divergência de opiniões e vários pretendentes ao trono: D. Beatriz, D. João e D. Dinis, filhos de D. Pedro e Inês de Castro, e os inevitáveis D. João de Castela e o Mestre de Avis. João das Regras, jurisconsulto, rebate uma por uma as pretensões e declara o trono vago. Faz o elogio do Mestre: "merece esta honra e estado de Rei". E como tal é aclamado a 6 de Abril de 1385, dando início à segunda dinastia, dita "de Avis".
D. João nomeia Nuno Álvares seu Condestável. Cria uma espécie de exército permanente e de serviço militar obrigatório, um arsenal em Lisboa e condições para a compra e manutenção de cavalos e material de guerra. Aprofunda as relações com a Inglaterra, que já o ajudara nalgumas batalhas. Entrevista-se com o Duque de Lencastre, que conquistara todo o Norte da Galiza e pretende o trono castelhano. Reforça-se a aliança entre as duas Nações. A 2 de Fevereiro de 1387, no Porto, realiza-se a união do Rei de Portugal com a filha do Duque, D. Filipa de Lencastre. Do casamento irão nascer homens de vulto, como D. Duarte (herdeiro do trono) e os infantes D. Pedro, D. Henrique, D. João e D. Fernando. Camões chamar-lhes-á a ínclita geração, a ilustre geração. E realmente ilustre, porque todos serão príncipes de conhecimentos muito alargados. Influência da mãe? Talvez, mas certamente do pai. Este, quando apenas Mestre de Avis, já traduzira do latim um Livro de Horas, e continua a praticar a arte caligráfica. Domina o direito canónico, administra a "coisa" pública, preocupa-se com o registo histórico. E irá escrever, no fim da vida, obra notável, O Livro da Montaria.
D. Filipa é, sem dúvida, a esposa que faltava a D. João pois deste, após o casamento, não serão conhecidos nem bastardos nem amásias, nem dele há notícia com uma ou outra barregã, contrariamente à devassidão em voga.
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