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quinta-feira, 20 de maio de 2010

A 21 de Maio de 1991, é assassinado Rajiv Gandhi


A política é sempre a mesma em qualquer lugar do mundo: o poder não respeita sentimentos. E foi assim que Rajiv, que jamais tivera ambição pelo poder político, deixou de ser piloto da Indian Airlines, para substituir sua mãe, Indira Gandhi.
Rajiv, ainda traumatizado com a morte da mãe, redigiu a seguinte instrução:
“No caso da minha morte, ou da minha mulher Sonia em acidente, dentro ou fora da Índia, nossos corpos devem ser repatriados a Delhi e queimados juntos, segundo o ritual hindu, em um lugar a céu aberto. Sob nenhuma circunstância nossos corpos serão queimados  num crematório eléctrico. Segundo nosso costume, nosso filho Rahul deverá acender a pira… É meu desejo que nossas cinzas sejam jogadas no Ganges, em Allahabade, onde foram jogadas as cinzas dos meus antepassados”.
Durante uma visita que fazia pelo país, quando focava um de seus temas prediletos, a separação completa entre religião e política, Rajiv recebeu uma guirlanda de madeira de sândalo no seu pescoço, colocada por Dhanu, durante um comício. Ela fingiu ajoelhar-se, para lhe tocar os pés numa saudação, quando puxou uma corda, que activou o detonador. Junto com Rajiv morreram 17 pessoas.
Dhanu carregava junto a seu corpo uma bateria de nove volts, um detonador e seis granadas com metralha envolvidas  num material explosivo plástico.
Segundo a tradição hindu, o filho mais velho é o responsável por acender a pira funerária do pai, responsabilidade que coube a Rahul.
Antes de ser cremado, houve o ritual purificador da alma:
1- Rahul traz nas mãos uma jarra de água sagrada do Ganges. Descalço, dá três voltas em torno da pira, enquanto vai espalhando gotas daquela água sobre seu pai.
2- Depois, ajoelha-se diante dos restos mortais de Rajiv e chora por dentro.
3- Membros da família dirigem-se à pira, onde colocam, com muito cuidado e acerto, troncos de madeira de sândalo e contas de rosário sobre o corpo.
4- A esposa, Sonia, usando um sári branco imaculado, marca das viúvas, deposita sobre o corpo do marido, à altura do coração, uma oferenda que é feita de cânfora, cardamo, cravo e açúcar, com a finalidade de ajudar a erradicar as imperfeições da alma, segundo a crença hinduísta.
5- Logo a seguir, toca os pés do marido, em sinal de veneração, ajunta suas mãos à altura do peito e inclina-se, pela última vez, diante de Rajiv, retirando-se depois.
6- Rahul, com uma tocha acesa na mão, dá três voltas em torno da pira, antes de depositá-la entre os troncos de madeira e sândalo.
7- Cabe a ele, como filho mais velho, ajudar a alma de seu pai a liberta-ser do envoltório terreno e alcançar o céu.
8- Milhares e milhares de pessoas cantam cânticos védicos.
Não faz parte do costume do hindu que a viúva participe da cerimônia de cremação, principalmente se for de outra religião (Sonia era católica). Os sacerdotes  negam-se a dar-lhe tal permissão.
Contudo, Sonia não se deixa vencer pelos preconceitos e pelos costumes retrógrados. Ela fica perto da pira funerária, durante toda a cerimônia, sem desmaiar ou mostrar qualquer tipo de fraqueza.

9- Tendo às mãos um pau de bambu de três metros, Rahul dá um golpe na cabeça de seu pai, cuja simbologia representa a subida da alma ao céu, à espera de sua próxima reencarnação.
10- Ouve-se um estouro seco. É a cabeça que estoura sob o efeito da pressão do calor. Após tal som, o ritual acaba, pois a alma do falecido já se encontra livre.
11- As pessoas jogam pétalas de flores às chamas.
12- As mãos de Rajiv ficam expostas e mostram uns dedos pretos, que se mexem como se fizessem a sua última despedida.
13- As cinzas foram jogadas no Ganges, tendo o mesmo destino que as de seu bisavô Motilal, as do avô Nehuru e as de seu irmão Sanjay.
Embora, na época, não ostentasse nenhum cargo oficial, Rajiv Gandhi era muito querido.
“Conduze-me das trevas à luz, da morte à imortalidade.”
(Oração védica)
Rajiv Gandhi (Bombaim, 20 de agosto de 1944 — Sriperumbudur, Tamil Nadu, 21 de maio de 1991)foi primeiro-ministro Índia entre 1984 e 1989 e líder do Partido do Congresso Nacional Indiano.
Filho mais velho de Indira Gandhi, a quem sucedeu no governo indiano após o assassinato por  guarda-costas sikhs. Rajiv, por sua vez, tal como a mãe, foi assassinado, só que por extremistas tamils, durante a campanha eleitoral de 1991.

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