Xanana Gusmão
Poeta, artista e guerrilheiro da Resistência Timorense, tornou-se no símbolo da luta do povo de Timor-Leste.
Nasceu em Laleia Manatutu, em 1946, com o nome de José Alexandre Gusmão, mudando-o depois para Kay Rala Xanana Gusmão. Filho de um professor catequista e proveniente de uma família de origem humilde, a sua formação foi confiada à Igreja, mas a estadia no seminário viria a durar apenas quatro anos, tendo sido expulso por não demonstrar grande inclinação religiosa. Tornou-se funcionário da administração pública portuguesa, ao mesmo tempo que fazia trabalhos de pedreiro. Mais tarde, foi fotógrafo do Departamento de Informação e adjunto do Comissário político. Em 1974, pensava emigrar para a Austrália com a família, mas quando estalou o conflito desistiu do projecto, porque considerou que tinha o dever de participar na construção de Timor-Leste independente. Ainda nesse ano, tomou parte na sua primeira reunião da FRETILIN, tornando-se, em 1975, um dos quadros do partido.
Quando a Indonésia anexou o território, fazendo de Timor-Leste uma das suas províncias, já o ideal nacionalista se apoderara de Xanana, levando-o a combater ao lado da guerrilha das forças da FALINTIL. Durante seis anos, assistiu aos repetidos ataques das tropas indonésias, que provocaram a morte de toda a direcção da Resistência, incluindo o seu líder, Nicolau Lobato. Xanana Gusmão, como único sobrevivente da cúpula do movimento, tornou-se o seu chefe em 1981, conseguindo reorganizar os guerrilheiros exilados nas montanhas e conquistar o apoio das populações, o que permitiu a sobrevivência da guerrilha face às investidas sucessivas dos 40 mil homens enviados pela Indonésia. Em 1983, propôs conversações da paz com a Indonésia (aliás, uma das suas determinações desde sempre foi a busca da paz e do diálogo), sem obter, no entanto, resultados positivos.
Em 1988, criou o CNRM, passando a encabeçar as FALINTIL. A 20 de Outubro de 1992 foi detido numa emboscada em Díli, sendo condenado a prisão perpétua e levado para o estabelecimento de Cipinang. Devido às pressões internacionais, os tribunais indonésios viriam a comutar a pena para uma sentença de 20 anos de cadeia.
A comemoração do seu quinquagésimo aniversário, a 20 de Junho de 1996, serviu para os dirigentes dos partidos políticos portugueses e de algumas organizações humanitárias, nacionais e internacionais, exortarem publicamente a luta do povo maubere pela observância dos direitos humanos, por parte da Indonésia e pela autodeterminação do território.
Sem comentários:
Enviar um comentário