Irei falar de tudo e do nada. Histórias e estórias. Coisas pensantes e desconcertantes. Fundado a 30 de Novembro de 2009 numa 2ª Feira
Previsão do Tempo
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Amália da Piedade Rebordão Rodrigues, morreu a 6 de Outubro de 1999
Amália da Piedade Rebordão Rodrigues (Lisboa, 23 de Julho ou 1 de Julho de 1920 — Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi uma fadista,monárquica, cantora e actriz portuguesa, considerada o exemplo máximo do fado. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa, americana, espanhola, etc.). Marcante contribuição sua para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados Teve ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Melo, etc.
Amália da Piedade Rodrigues nasce numa família pobre e numerosa, que, vinda da Beira Baixa, tentava a sorte na capital. Passado pouco tempo, os pais voltam para a província, e deixam Amália com quatorze meses a viver com os avós maternos.
Amália inicia a escola primária em Lisboa. É durante a escolaridade primária que canta pela primeira vez em público, numa festa da Escola Primária da Tapada da Ajuda.
Aos 14 anos, Amália, vai viver com os pais e os irmãos, que entretanto regressam a Lisboa. Em condicões de grande pobreza, Amália, que mal conhece a família, sente dificuldade em se integrar, nunca deixando de se considerar uma intrusa.
Aos 15 anos, Amália -- acompanhada da mãe e da irmã -- vai vender fruta para o Cais da Rocha, em Alcântara. Anda dois anos pelo cais. É então que se torna notada no bairro pelo timbre especial da sua voz, o que a leva a ser escolhida para solista da Marcha de Alcântara, estreando-se em 1936 pelas ruas de Lisboa. As marchas populares, ficarão para sempre no reportório de Amália.
É o ensaiador da Marcha quem insiste para que Amália se apresente no Concurso da Primavera, organizado para descobrir uma nova cantadeira. E se Amália acaba por não concorrer, pois as outras participantes recusam-se a competir com ela, é nesse concurso que Amália conhece Francisco da Cruz , um guitarrista amador com quem casa em 1940. O casamento, porém, não dura mais de dois anos. É também durante esses ensaios que é notada por um assistente que a recomenda a Jorge Soriano, director da casa de fados mais famosa da época, Retiro da Severa. A audição é um sucesso, mas, com a família contrariada, Amália acaba por não aceitar o convite.
Estreia-se finalmente no Retiro da Severa, em 1939, acompanhada por Armandinho, Jaime Santos, José Marques, Santos Moreira, Abel Negrão e Alberto Correia, interpretando três fados.
O êxito no Retiro da Severa pega como um rastilho e espalha-se por Lisboa -- todos querem ouvir esta nova cantadeira, todas as casas de fado a querem contratar. Amália torna-se rapidamente cabeça de cartaz. Num espaço de poucos meses, Amália passa também a actuar no Solar da Alegria e no Café Luso. Até essa altura, Ercília Costa, Berta Cardoso, Hermínia Silva e Alfredo Marceneiro eram os ídolos máximos do fado, mas com a aparição de Amália tudo se vai modificar.
Amália torna-se rapidamente o nome mais famoso de todos os ídolos do fado. Por onde actua faz esgotar lotações; os preços dos bilhetes sobem mal é anunciada. Em poucos meses atinge uma popularidade tal que o seu cachet é de longe o maior até então pago a uma fadista.
Tão rápido é o êxito de Amália nos retiros fadistas que logo a chamam para o teatro. Estreia-se em 1940, como atracção da revista "Ora Vai Tu", no Teatro Maria Vitória.
Amália transfere-se para o Solar da Alegria, como artista exclusiva e já com repertório próprio. É no Solar da Alegria que é abordada por José de Melo que passa a ser seu empresário, e que evita que grave discos, com o argumento de que a possibilidade de ouvir a voz da cantora em casa iria afastar o público das casas de fado. Amália torna-se rapidamente o nome mais famoso de todos os ídolos do fado. Por onde actua faz esgotar lotações; os preços dos bilhetes sobem mal é anunciada. Em poucos meses atinge uma popularidade tal que o seu cachet é de longe o maior até então pago a uma fadista.
Tão rápido é o êxito de Amália nos retiros fadistas que logo a chamam para o teatro. Estreia-se em 1940, como atracção da revista "Ora Vai Tu", no Teatro Maria Vitória. Até 1947, Amália aparece em várias revistas e operetas criando no Teatro fados e canções de grande sucesso, e conquistando assim um público muito mais vasto. É no Teatro ainda, que encontra o compositor Frederico Valério. Valério compreende que a melodia do fado é demasiado estreita para uma voz com tal extensão e compõe para Amália músicas que ficariam para sempre no seu reportório.
Amália é convidada pelo realizador António Lopes Ribeiro para integrar o elenco do filme “O pátio das cantigas”, mas o maquilhador António Vilar aponta-a como pouco fotogénica e o seu papel acaba por ser atribuído a Maria Paula. Surge na revista do teatro Variedades “Espera de Toiros”, ao lado de Mirita Casimiro, Vasco Santana e Santos Carvalho.
Cria Maria da Cruz na revista “Essa é que é essa”.
Amália actua pela primeira vez no estrangeiro, em Madrid, a convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira. É a esta viagem que Amália diz dever o seu prazer em canções espanholas e flamengo.
Amália tem já um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta “Rosa Cantadeira”, onde cria o “Fado do Ciúme” de Frederico Valério. Estreada no Teatro Apolo em Abril, a opereta fica dois meses em cartaz.
Em Setembro de 1944, Amália chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no mais famoso casino da América do Sul: o Casino Copacabana. Com 24 anos Amália estreia já um espectáculo inteiramente concebido para ela. A recepção é tal que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses.
O êxito é tão grande que, seis meses mais tarde, o Casino Copacabana convida Amália para mais uma temporada. Desta vez pedem-lhe que leve com ela uma companhia que inclua, para além dos músicos, algumas bailarinas, com intenções de montar um espectáculo para levar por todo o Brasil.
Nesta longa estadia no Brasil, Amália leva como director de orquestra o maestro Frederico Valério. É então no Rio de Janeiro que nasce um dos seus maiores sucesso de sempre, "Ai, Mouraria" que Amália estreia no teatro República do Rio em 1945.
Amália grava pela primeira vez no Rio de Janeiro uma série de discos de 78 rotações. São estas gravações que vão levar a sua voz por toda a parte dando início a uma das mais excepcionais carreiras discográficas. De regresso a Lisboa em 1946 fala-se muito dum convite que a 20th Century Fox faz a Amália para filmar em Hollywood. No entanto, a sua estreia no cinema será em Portugal.
Em Maio de 1947, estreia-se o filme “Capas Negras”, que marca a estreia no cinema de Amália e bate todos os recordes de exibição até então. A seu lado está Alberto Ribeiro.
"Capas Negras" fica 22 semanas em cartaz, tornando-se no maior sucesso do cinema português. Amália atingirá em breve, uma popularidade até então nunca conhecida. Em 1947, Amália é já um nome indispensável no fado, no teatro no disco e no cinema.
Novembro traz a estreia no Coliseu do Porto do segundo filme de Amália: “Fado – História de uma cantadeira”, fortemente publicitado como inspirado pela vida de Amália (o que não corresponde à verdade), e que é um novo êxito comercial.
Em poucos anos, Amália torna-se num símbolo do sucesso nacional: a rapariga pobre que com o poder do seu canto passa da noite para o dia a ser rica e famosa, despertando todas as paixões. Tudo sobre ela se diz, tudo sobre ela se quer saber, todos os amores lhe são atribuídos. À sua volta gera-se uma curiosidade sem precedentes, sendo discutida, criticada, copiada, e seguida com ilimitado fervor.
Amália canta pela primeira vez em Paris, no Chez Carrère e em Londres no Ritz, em festas do departamento de Turismo organizadas por António Ferro.
Em 1949 estreia-se o filme "Vendaval Maravilhoso", uma co-produção Luso-Brasileira, baseada na vida do poeta baiano Castro Alves. Amália interpreta o papel de Eugénia da Câmara, a amante do jovem poeta, criando uma personagem totalmente diferente daquelas que lhe eram normalmente atribuídas. Neste filme histórico de Leitão de Barros, o mais prestigiado realizador da época, Amália atinge uma espantosa força dramática, comparável às grandes trágicas do cinema. Mas o filme é um fracasso comercial.
Um marco decisivo na internacionalização de Amália é a sua participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall; um programa de apoio Americano à Europa do pós-guerra onde participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna, Dublin e Paris. Amália começa a dar que falar pela Europa. Em Roma, Amália actua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espectáculo em que figuram os mais famosos cantores clássicos do momento.
Durante um espectáculo em Dublin, Amália canta “Coimbra”, que fica no ouvido da cantora francesa Yvette Giraud que a populariza em França como “Avril au Portugal”.
Quando Amália regressa a Lisboa, dá-se o encontro com Alberto Janes, um desconhecido que faz de propósito para ela a música e a letra de um fado que haveria de dar a volta ao mundo.
A partir de 1950, Amália não pára de viajar. Sucessivas tournées levam-na a África, e às Américas. No México obtém um grande sucesso, aí permanecendo longas temporadas. Amália que sempre cantou em espanhol, descobre então a canção popular Mexicana, a ranchera, que passa a acrescentar ao seu reportório. No entanto, será com o fado que Amália conquista o México.
Deixando o México rendido ao seu fascínio, Amália parte para actuar num dos lugares mais célebres à face da terra. Após as suas actuações no Mocambo de Hollywood, ponto de encontro das grandes estrelas do cinema Amália recebe propostas para filmes bem como os mais rasgados elogios da crítica.
Em 1952 Amália actua pela primeira vez em Nova Iorque, no La Vie en Rose, onde ficará 14 semanas em cartaz. Torna-se na primeira artista portuguesa a actuar na televisão americana no famoso programa “Coke Time with Eddie Fisher”, onde interpreta “Coimbra”.
Assina contrato com a casa Valentim de Carvalho, fazendo as suas primeiras gravações para a companhia discográfica nos estúdios da EMI inglesa, em Londres. A relação discográfica de Amália com a Valentim de Carvalho só será interrompida brevemente, nos final dos anos 50, por uma passagem pela editora francesa Ducretet-Thomson, após a qual Amália regressará à Valentim de Carvalho de vez.
Amália é convidada para um pequeno papel no filme de Henri Verneuil “Os Amantes do Tejo", produção francesa parcialmente rodada em Portugal, com Daniel Gélin e Trevor Howard. No filme Amália interpreta “Canção do Mar” e “Barco Negro”, que correm mundo arrastadas pelo sucesso do filme.
Edita o seu primeiro LP: “Amália Rodrigues sings Fado from Portugal and Flamenco from Spain”, publicado nos EUA pela Angel Records. Este álbum nunca será editado em Portugal com este alinhamento, mas conhecerá edições em Inglaterra e, em 1957, também em França.
omo no palco, também em estúdio, Amália só canta quando gosta de se ouvir. O ambiente familiar que se veio a criar nos estúdios Valentim de Carvalho onde Amália se rodeava de amigos, gravando pela noite dentro, tornou-se indispensável para transformar essas sessões em momentos únicos. E foi assim, que vida fora, Amália gravou os seus grandes discos sempre acompanhada pelo técnico de som Hugo Ribeiro.
Em 1955, no meio de grande expectativa, Amália estreia-se como actriz dramática na célebre peça de Júlio Dantas "A Severa". Levada à cena no teatro Monumental, este drama criado em 1901 é uma versão romantizada da vida da mítica fadista Maria Severa. Esta produção de Vasco Morgado contava com Amália Rodrigues no papel de Severa e Paulo Renato como Marialva.
Também em 1955, filma “April in Portugal”, filme inteiramente dedicado a Portugal e ás suas belezas naturais, em Technicolor e Cinemascope. Estreado em Londres em 1955, este filme, em que Amália interpreta “Coimbra” e “Canção do Mar” foi premiado nos festivais de Berlin e Mar del Plata.
Em nova deslocação ao México, filma “Musica de Siempre” com Edith Piaf.
Em Abril de 1956, Amália, actua pela primeira vez no Olympia de Paris, numa das festas de despedida de Josephine Baker. Dias mais tarde, estreia-se no Olympia como “vedeta americana”, encerrando a primeira parte do espectáculo. O sucesso é tal que, terminadas as três semanas do contrato, Amália é convidada para o prolongar mais três semanas. No ano seguinte, estreia-se como primeira vedeta no Olympia de Paris.
Em menos de três anos, Amália atinge em França o máximo do prestígio e da popularidade. As actuações sucedem-se, os discos multiplicam-se e o público cada vez se mostra mais delirante. Também os artistas a adoram, muitos escrevendo canções especialmente para ela, como foi o caso de Charles Aznavour que inspirando-se no Ai, Mouraria escreveu para Amália: Ay, Mourir Pour Toi.
Amália assina contrato com a editora francesa Ducretet-Thomson, para a qual gravará material publicado em dois álbuns e cinco Eps antes de regressar à Valentim de Carvalho.
Actua no filme de Augusto França “Sangue Toureiro”, o primeiro filme português colorido, onde tem um dos papéis principais e interpreta cinco canções de Frederico Valério. Estreia-se na televisão portuguesa, no papel principal da peça “O céu da minha rua” adaptada de uma peça de Romeu Correia. Durante a exibição desta peça as ruas das principais cidades portuguesas ficam desertas. Todos querem ver e ouvir Amália.
Nessa altura o sucesso internacional de Amália leva a que se organizem em Lisboa grandes festas em sua homenagem. Na Feira Internacional de Bruxelas, Amália recebe do governo português a primeira das suas muitas condecorações. A sua popularidade não pára de aumentar. Em 1959, a revista Variety elege-a como uma das 4 melhores cantoras do mundo.
Em 1961, confirmam-se os boatos que desde há muito andam no ar. Amália casa-se no Rio de Janeiro com o engenheiro César Seabra e anuncia que vai abandonar a carreira artística passando a viver no Brasil. Um ano depois Amália regressa a Lisboa.
Em 1962, Amália inicia aquela que será a grande viragem da sua carreira: o encontro com a música de Alain Oulman. Este compositor, ligando uma melodia carregada de ambiente a uma forma definida mas ampla faz música que permite a Amália cantar poetas que até então não cabiam no fado clássico.
Tão intensa é a compreensão que entre eles se estabelece que, até ao fim da sua vida, Alain Oulman nunca mais deixa de escrever música para Amália.
É editado o célebre LP “Amália Rodrigues”, mais conhecido como “Busto” ou “Asas fechadas”. Trata-se do primeiro álbum de Amália pensado como um álbum, e é igualmente o seu primeiro disco com músicas de Alain Oulman. Os doze temas do álbum (pensado inicialmente para o mercado inglês) serão publicados no início de 1963, espalhados por três EP´s.
Este trabalho representa uma grande viragem na sua vida artística e aí canta temas como “Estranha forma de vida” e “Povo que lavas no rio”, de Pedro Homem de Melo.
De triunfo em triunfo Amália faz vibrar os públicos mais diversos. Em 1962 no festival de Edimburgo mais uma vez a consideram à altura dos grandes artistas clássicos. Em 1963, em Beirute, é tal o seu prestígio, que a convidam a acompanhar com os seus fados uma Missa de Acção de Graças pela independência do Líbano. E continua sempre a voltar aos países que não se cansam de a reclamar. Em Paris, o acolhimento do público é sempre delirante, não só no Olympia, como participando nos mais sensacionais acontecimentos artísticos.
Em 1964 Amália regressa ao Cinema com "Fado Corrido", um Filme de Brum do Canto baseado num conto de David Mourão Ferreira, onde mais uma vez lhe dão um papel de fadista. Na estreia do filme em Lisboa confirmou-se mais uma vez que Amália continuava a ser a artista preferida do público português. Onde quer que aparecesse era sempre uma sensação.
Em 1965, Amália atinge a sua melhor interpretação no cinema em "As Ilhas Encantadas" do estreante Carlos Vilardebó, baseado numa novela de Herman Melville. Neste filme, diferente de todos os outros da sua carreira, Amália pela primeira vez não canta. Amália volta a receber o prémio de melhor actriz com "As Ilhas Encantadas" e no ano seguinte aparece no filme francês "Via Macau".
É durante as filmagens nos Açores que conhece Augusto Cabrita, que se transformará até à sua morte, no seu fotógrafo oficial.
Estas interpretações no cinema, confirmam Amália como uma grande actriz dramática. Em 1967 em Cannes, Anthony Quinn, com enorme entusiasmo, anuncia oficialmente que prepara dois filmes para Amália, sendo o primeiro Bodas de Sangue de García Lorca. Mas Amália prefere exprimir-se no canto.
No meio de grande polémica é editado o “infame” EP “Amália canta Luís de Camões”, que inclui “Lianor”, “Erros meus” e “Dura memória” musicados em fado, e o célebre álbum “Fado Português”.
“As ilhas encantadas” estreia em Portugal; o filme é mal recebido pela critica e pelo público e Amália não voltará a aceitar um papel principal no cinema, apesar da insistência de amigos como Anthony Quinn.
Amália actua no Lincoln Center em Nova Iorque, em 1966, com o maestro André Kostelanetz, num concerto de temas folclóricos portugueses acompanhados a orquestra. O concerto será posteriormente repetido no Hollywood Bowl e inspirada pelos concertos, grava nos estúdios da Valentim de Carvalho temas do folclore português com orquestra, com arranjos dos maestros Joaquim Luís Gomes e Jorge Costa Pinto. Lançado em Portugal em três EP´s, o material será recolhido em álbum em França.
Faz uma temporada no Olympia como primeira figura de um espectáculo denominado “Grand Gala du Music-Hall Portugais”, inteiramente composto por um elenco português do qual fazem parte Simone de Oliveira , o Duo Ouro Negro e Carlos Paredes, entre outros. Grava o “Concerto de Arranjuez” de Joaquin Rodrigo com uma letra em francês, “Arranjuez, mon amour”, acompanhada pela orquestra de Joaquim Luís Gomes e edita o álbum “Fados ´67” (que virá a ser mais conhecido por “Maldição”).
Em 1967, Amália recebe o prémio MIDEM atribuído ao cantor que mais vendas teve no seu país com o disco "Vou Dar de Beber à Dor". O prémio MIDEM de 68 e 69 é-lhe de novo atribuído, uma proeza excepcional só igualada pelos Beatles.
Amália edita “Vou dar de beber à dor”, uma composição do estreante Alberto Janes que se tornará num dos seus maiores êxitos de vendas, vendendo para cima de cem mil cópias entre singles e EP´s.
A RTP transmite a peça de Frederico Garcia Lorca “A sapateira prodigiosa”, com Amália no papel principal.
Actua pela primeira vez na União Soviética.
Lança o álbum “Marchas de Lisboa”, que reúne uma selecção das melhores marchas gravadas entre 1963 e 1968, e “Vou dar de beber à dor”, a primeira de uma série de compilações reunindo material publicado anteriormente em singles e EP´s avulsos.
É convidada de honra no Festival du Marais, em Paris e das Olimpíadas da Canção, em Atenas.
Em 1970, Amália atinge o auge da sua carreira discográfica em "Com que Voz" onde, sempre com música de Alain Oulman, canta alguns dos maiores poetas da língua portuguesa. Este disco conquista para Amália os mais importantes prémios da indústria discográfica: IX Prémio da Critica Discográfica Italiana (1971), o Grande Prémio da Cidade de Paris e o Grande Prémio do Disco de Paris (1975).
É dos discos que eu mais gosto. Desde que eu o fiz, e não fui só eu, fui eu e foram os músicos, os poetas... os músicos é o Alain, os poetas e depois também o acompanhamento, que está muito bem acompanhado pelo Fontes Rocha e pelo Pedro Leal.
Em Janeiro de 1970, Amália parte para Roma para actuar no Teatro Sistina em Roma. O sucesso foi tal que o fenómeno "Amália" se espalha por Itália. Começava então "La Folia per La Rodrigues".
Comecei a frequentar a Itália, a Itália, a Itália toda. Corri a Itália toda de ponta a ponta. Inclusive aquela história da Sicília e da Calábria e da Sardenha, por todo o lado. Até Triestre, ... não houve uma terra quase onde eu não cantasse, só se não houvesse um teatro, e foi um sucesso muito grande.
Sem se limitar às grandes cidades, Amália percorre toda a Itália, triunfando em locais onde habitualmente muitos cantores italianos não actuam. Nestas longas tournées, Amália chega a dar mais de 80 espectáculos por temporada.
Sempre com grande sucesso, Amália actua nos mais prestigiosos palcos italianos como o Teatro Lírico de Milão.
Esta loucura está longe de ficar por Itália.
Recebe do presidente da República, Américo Thomaz, a Ordem Militar de Santiago de Espada, grau de oficial. O estado francês concede-lhe a Ordem das Artes e das Letras, grau de cavaleiro.
Edita o álbum “Amália e Vinícius”, gravado ao vivo em sua casa e composto por fados interpretados por Amália, acompanhados à guitarra e à viola, e poemas declamados pelo poeta brasileiro da bossa nova, Vinícius de Moraes, e por José Carlos Ary dos Santos, David Mourão-Ferreira e Natália Correia.
Em inícios da década de 1970, Amália canta pela primeira vez em Tokyo, e também o Japão, apesar de tão longínquo e com uma cultura tão diferente, se rende ao fascínio de Amália . Desde então sucedem-se as tournées pelo Japão abrangendo várias cidades. Todos os seus discos são editados nesse país, que com ela tanto se identifica. É frequente, quando Amália parte para o Japão todos os seus espectáculos estarem já esgotados, lançando assim Amália, uma verdadeira ponte cultural entre Portugal e o Japão.
A loucura deu-se, porque já estavam ... quando eu cheguei ao Japão, já estavam loucos por mim. Fiz um disco ao vivo que se vê perfeitamente como aquela gente me recebeu. * Aliás o Japão, vê-se perfeitamente, o primeiro vídeo que eu tive foi do Japão, o primeiro CD foi do Japão, o primeiro disco Laser foi do Japão, quer dizer o Japão faz sempre as coisas primeiro do que cá, * Mas, os japoneses gostam muito de mim.
Edita o segundo álbum de folclore com orquestra, “Amália canta Portugal II”; é também o ano de “Oiça lá ó senhor Vinho” e do LP “Cantigas de Amigos” onde Ary dos Santos e Natália Correia participam declamando poesia medieval portuguesa acompanhada à guitarra e à viola.
Lança “Amália canta Portugal III”, também conhecido por “Folclore à Guitarra e à Viola”, folclore português com acompanhamento de guitarra e viola, e grava nos estúdios da Valentim de Carvalho, 12 fados com o saxofonista de jazz Don Byas.
Em 1972 no Brasil, estreia-se no Canecão do Rio de Janeiro "Um Amor de Amália", onde pela primeira vez, num espectáculo organizado, Amália canta e conta histórias da sua vida. Tanto é o sucesso que, o show é repetido no ano seguinte. Esse espectáculo, onde Amália é acompanhada para além da guitarra e da viola, por uma orquestra e um coro, foi gravado em disco.
É finalmente editado o álbum “Encontro – Amália e Don Byas”. Sai também a lume o duplo-álbum “Amália no café Luso”, com o registo até aqui inédito de uma apresentação ao vivo de Amália naquele recinto lisboeta nos anos 50.
No dia 25 de Abril de 1974 dá-se a revolução que derrubou o regime fascista que há 48 anos governava Portugal. Amália, devido a um contrato que tinha para actuar na televisão espanhola, partiu para Madrid no dia seguinte. Em Lisboa, a grande popularidade internacional de Amália fez que de imediato circulassem boatos que a ligavam ao regime deposto. Embora só ligeiramente prejudicando a sua carreira, estes boatos afectaram gravemente a sensibilidade de Amália.
Apesar destes boatos, Amália aparece logo no Coliseu onde 5 mil pessoas a aplaudem de pé, provando que o seu público nunca a abandonou. A partir dessa altura, faz as mais longas tournées por Portugal, e o seu sucesso internacional continuou a aumentar fazendo tournées por todo mundo.
Em 1976 são editados “Amália no Canecão”, álbum ao vivo que regista parte do show de Amália naquele palco brasileiro em 1973, e “Cantigas da Boa Gente”, compilação de material lançado anteriormente em singles e Eps. Também neste ano canta no Théâtre de Champs Elysées, em Paris. É publicado pela UNESCO o disco “Le cadeau de la vie”, onde figura ao lado de Maria Callas, John Lennon, Yehudin Menuhim, Aldo Ciccolini, Gyorgy Cziffra e Daniel Barenboim.
No ano de 1977 editadas mais duas compilações – “Fandangueiro” e “Anda o Sol na Minha Rua” – de um novo single de Alberto Janes, “Caldeirada”, e de “Cantigas numa língua antiga”, primeiro álbum de material original de Amália em três anos, embora dele façam parte alguns temas já anteriormente registados pela fadista, aqui gravados em novas versões. Neste ano volta ao Carnegie Hall de Nova York.
Em 1980, Amália edita “Gostava de ser quem era”, o seu primeiro álbum de material inédito em três anos, composto por dez fados originais com letras da própria Amália, escritas em sua casa durante a convalescência de uma doença.
Durante anos, o sentimento fatalista de Amália leva-a considerar como mortal uma doença que de todos esconde. Nesse período de profunda tristeza, Amália grava dois discos inteiramente com versos seus, "Gostava de Ser Quem Era" e "Lágrima".
Esse é um disco que eu gosto muito. Sabe porquê? Foi um disco que me apanhou numa altura muito triste da minha vida que ali nota-se uma voz com uma tristeza, que é uma tristeza só, sem voltinhas sem nada, é uma tristeza cá de dentro, que é, Gostava de Ser Quem Era. Gosto muito do Grito (pausa), isso é outra coisa que eu fiz tristíssima ....
Estava doente aqui dum tumor e estava convencida que ia morrer ou que me ia matar ... mas não deu resultado porque eu não fui capaz de me matar ...
Também em 1980 recebeu do Presidente da Republica a condecoração de grande oficial da ordem do infante D. Henrique. Logo em seguida é homenageada pela Câmara de Lisboa.
Amália edita, em 1982, com poucos meses de intervalo, “O senhor extra-terrestre”, um maxi-single com duas canções de Carlos Paião, e “Fado”, um novo álbum de estúdio composto exclusivamente por novas gravações de composições de Frederico Valério, muitas delas criadas por Amália. O álbum atinge o 5º lugar do top de vendas de álbuns compilado pela revista Música & Som.
Em 1983, é editado o álbum “Lágrima”, composto por 12 originais gravados durante 1982 e 1983, de novo com letras suas. Será o seu último disco de material inédito até à edição de “Obsessão”, em 1990.
É editado, em 1984, “Amália na Broadway”, que reúne oito standards de musicais americanos gravados por Amália em 1965 nos estúdios de Paço de Arcos com o maestro inglês Norrie Paramor, mas nunca antes editados em disco. As gravações haviam sido pensadas para um álbum de standards americanos que nunca veria a luz do dia. O álbum atinge o 17º lugar do top oficial de vendas de álbuns.
A 19 de Abril de 1985, Amália dá o seu primeiro grande concerto a solo no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
Foi meu primeiro recital sozinha, a primeira vez em Portugal, o que eu tenho feito há anos e anos lá fora, no estrangeiro. E na minha terra nunca tinha feito nenhum. O primeiro espectáculo foi uma maravilha dum estrondo! E nunca vi aplausos como aqueles! Que aqueles eram de calor humano. * Duraram tempo e tempo e tempo, até com os pés. Era um coisa que parece que o Coliseu vinha abaixo. * Havia uma comunhão total comigo e com o público era uma coisa extraordinária. Aquilo ... eu nunca mais vejo aquilo!
O sucesso do Coliseu repete-se em Paris onde Amália é condecorada pelo Ministro da Cultura Jack Lang, com o mais alto grau da Ordem das Artes e das Letras. E de Paris de novo parte para o mundo.
Em Julho é editado o duplo álbum “O melhor de Amália – Estranha forma de vida”, que reúne 24 dos mais populares e aclamados fados de Amália e atinge o 1º lugar do top de vendas, mantendo-se oito meses no top e vendendo para cima de 100 mil exemplares. Na sequência do êxito, é editado um segundo álbum compilação, “O melhor de Amália volume II – Tudo isto é Fado”, que ultrapassa as 50 mil cópias vendidas e atinge o 2º lugar do top.
A partir de 1985, o dia 6 de Outubro, em Toronto, no Canadá, passa a ser o dia oficial de Amália Rodrigues.
Em 1987, é editada a biografia oficial de Amália, “Amália – Uma biografia”, por Vítor Pavão dos Santos, director do Museu Nacional do Teatro, jornalista e talvez o maior admirador de Amália em território português. Este livro tornou-se numa imprescindível referência para quem queira conhecer melhor a artista e tem sido a base de muito do trabalho jornalístico sobre Amália, inclusivamente deste site. O primeiro CD de Amália é editado em Portugal: “Sucessos”, uma compilação concebida originalmente para o mercado internacional, e que apenas ficará em catálogo até se iniciar a transferência para CD dos vários álbuns de Amália.
É também lançado neste ano, o triplo-álbum de luxo “Coliseu 3 de Abril de 1987”, que regista na íntegra o concerto de Amália no Coliseu de Lisboa naquela data. Obtém o Disco de Ouro e atinge o 13º lugar dos tops.
Em 1989, comemorando os 50 anos de carreira de Amália, a EMI-Valentim de Carvalho edita “Amália 50 anos”, uma colecção de oito duplos-álbuns ou CD´s temáticos agrupando muitas das gravações de Amália para a companhia, entre os quais várias raridades e gravações inéditas.
Em Portugal sobre o patrocínio do Presidente da Republica Mário Soares, de quem recebe a Ordem Militar de Santiago de Espada, as comemorações são um verdadeiro acontecimento a nível nacional. Festas, condecorações, exposições, tudo para Amália não é demais. Estas festividades, prolongam-se numa grande tournée mundial. - LISBOA, MADRID, PARIS, ROMA, TEL AVIV, MACAU, TOKIO, RIO DE JANEIRO, NOVA IORQUE
A importância das palmas é o que me mantém viva, um bocadinho viva, a maior alegria que eu tenho é quase sempre no palco.
Agora, há uma coisa que eu tenho; é um grande respeito pelo público, e podem ficar ... já o pressentiram, porque não há um artista que tenha uma amor tão grande do público, se não sente que ele é honesto! Já tinha envelhecido muito mais, não só na cara mas como em tudo ... na cara eu não tenho culpa nenhuma, isto acontece a toda a gente! Portanto é natural. Não é dos meus erros. Agora nunca cantei a enganar ninguém, fazendo uma coisa agora aqui forçada. Sou uma pessoa autêntica, que se deu completamente ao público e é por isso é que o público se dá completamente a mim.
Também nesse ano é recebida pelo Papa, no Vaticano, em audiência privada.
1990 vê ser editado “Obsessão”, o primeiro álbum de material original e inédito de Amália em sete anos, composto por temas gravados durante o interregno.
É editada, em 1991, a cassete de vídeo “Amália live in New York City” registo do concerto no Town Hall de Novembro de 1990. Recebe do presidente francês, François Miterrand, a Legião de Honra.
Em 1992 é editado o CD “Abbey Road 1952”, que reúne a totalidade das primeiras gravações realizadas por Amália para a Valentim de Carvalho nos estúdios de Abbey Road em Londres.
Em 1995, é editada pela primeira vez em CD a compilação “Estranha forma de Vida – O melhor de Amália” e a RTP transmite, ao longo de uma semana, a série documental “Amália – uma estranha forma de vida”, cinco episódios de uma hora dirigidos por Bruno de Almeida incluindo muitas imagens de arquivo provenientes dos cinco cantos do mundo e nunca antes exibidas em Portugal. Neste ano é ainda editado “Pela primeira vez – Rio de Janeiro”, CD que reúne as 16 gravações que Amália realizou no Rio de Janeiro em 1945 para a editora Continental. É a primeira edição oficial em CD destas gravações, há muitos anos indisponíveis em Portugal, restauradas digitalmente em Londres, nos estúdios de Abbey Road.
“Segredo”, um álbum com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975, é editado em 1997.
Falecimento do seu marido, César Seabra, após 36 anos de casamento.
Publica um livro de poemas “Versos” na editora Cotovia.
Nova homenagem nacional na Feira Mundial de Lisboa Expo98.
Foi uma estranha forma de vida porque eu não fiz nada por ela, foi por vontade de Deus, não é? "Que eu vivo nesta ansiedade, que todos os ais são meus que é tudo minha a saudade, foi por vontade de Deus". Já isto fiz com trinta anos! Quer dizer já eu pressentía que tinha sido Deus que me tinha feito o destino, que me tinha marcado o destino, que me deu uma natureza para a qual eu nasci, ... nasci com esta obrigação de cantar fado! Ou foi o fado que fez isto! O fado é destino, portanto deu-me este destino a mim!
Quando eu morrer váo inventar muitas histórias sobre mim, se inventaram sobre a severa e não se sabe se ela existiu, e de mim sabem concerteza que eu existi.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário