Em 1990 divorcia-se de Fabrice e o destino fá-la regressar à Colômbia para empreender uma carreira política, baseada na luta contra a máquina de corrupção movida pelo dinheiro do narcotráfico. Na Colômbia os cartéis da droga, que movimentam milhares de milhões de dólares, compram, literalmente, Deputados, Senadores e até, o Presidente da República.
“Sabem como são poderosos, na Colômbia, os cartéis da droga, esta droga que mina a vida dos nossos jovens. Certamente que têm ouvido falar das matanças e dos escândalos políticos que eles causam. Mas, por trás destas organizações mafiosas, está o meu povo – um povo corajoso e orgulhoso que deseja libertar-se desta engrenagem infernal. É por ele que luto." (Com Raiva no Coração, Terramar, Março 2002).
Quando decidiu seguir a carreira política, dois acontecimentos, moldaram-lhe o carácter: Por um lado, o assassinato em 1989, (por ordem de Pablo Escobar, o líder do cartel de Medellín) de Luis Carlos Galan, candidato à presidência da república colombiana, amigo da sua família e que era a favor da extradição dos narcotraficantes para os Estados Unidos e por outro lado a sua luta pessoal, contra o presidente Ernesto Samper, cuja campanha presidencial foi financiada com o dinheiro do narcotráfico.
Em 1994 é eleita Deputada, com a maior votação de sempre e nesse mesmo ano, casa-se com o publicitário Juan Carlos Lecompte. Em Junho de 1996, sofreu um atentado, a mando dos narcotraficantes. O carro em que seguia recebeu uma rajada de metralhadora que por mera casualidade não a matou. Em Dezembro desse mesmo ano, recebeu no seu gabinete um mensageiro (que se tinha introduzido no Parlamento com a conivência de algum Deputado ou Senador), que lhe transmitiu secamente um aviso: ” É preciso que saiba que corre perigo, que a sua família corre perigo. Parta enquanto pode, pois as pessoas que represento já fizeram um contrato para a abater. Para ser absolutamente exacto, doutora: já pagamos aos sicários.” (Com Raiva no Coração).
Mas, Ingrid Betancourt não se deixa intimidar: “Estou consciente dos perigos, mas estes não me farão recuar. É nisso que reside a minha esperança.”
Paladina da cruzada anti corrupção, foi também conquistada pela defesa do ambiente, tendo criado em 1998, o Oxigénio, um pequeno partido ecologista, e logo de seguida consegue eleger-se Senadora, outra vez com a maior votação de sempre na eleição para o Senado.
Em 2001 candidata-se à presidência da República colombiana. Em 20 de Fevereiro de 2002, o governo rompe as negociações de paz com asFARC, próximo de San Vicente del Caguán, numa vasta zona desmilitarizada. Conduzindo uma violenta ofensiva, as forças governamentais reocupam a vila e as suas imediações. As autoridades recusam a solicitação de Betancourt que pede, enquanto candidata à presidência, para viajar de avião com os jornalistas que acompanham o Presidente Andrés Pastrana ao local. Apesar dos conselhos dos que tentam dissuadi-la, ela decide ir assim mesmo, por terra. Em 23 de Fevereiro, em companhia de sua assessora de imprensa, Clara Rojas, e de dois jornalistas, ela penetra na zona onde há combates intensos entre o exército e a organização terrorista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Foi raptada nesse dia pelas FARC, mantendo-se ainda em cativeiro.
Desde então, a sua família, com o apoio de intelectuais e políticos franceses e colombianos, tem lutado para que Ingrid Betancourt não seja esquecida e para que o governo consiga negociar a sua libertação. Ingrid Betancourt também conta com dezenas de comités de apoio na França e em outros países europeus, todos mobilizados pela sua libertação.
Ingrid Betancourt, é uma mulher de coragem, pela luta solitária que trava contra a poderosíssima força mafiosa do narcotráfico e contra a corrupção nas altas esferas da política colombiana, mas é também a voz renovadora da esperança no triunfo da democracia na Colômbia.
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