História perde mestre
Vitorino Magalhães Godinho, um dos historiadores portugueses que mais se dedicaram ao estudo dos Descobrimentos, morreu na noite de terça-feira, aos 92 anos, na sua casa de Lisboa.
Numa mensagem de condolências que dirigiu ontem à família, o Presidente da República escreveu que Vitorino Magalhães Godinho "foi um dos mais notáveis historiadores do século XX" e "marcou sucessivas gerações de historiadores e cientistas sociais pelo carácter inovador, pela erudição e pelo rigor da sua investigação".
Entre as muitas reflexões do professor catedrático jubilado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa - ex-director da Biblioteca Nacional e ministro da Educação e Cultura no segundo e terceiro governos provisórios após o 25 de Abril -, distinguiu-se a utilização do conceito de complexo histórico-geográfico para contextualizar a expansão portuguesa.
O seu livro ‘A Expansão Quatrocentista Portuguesa’, lançado em 1945 e reeditado em 1962 (com o novo título ‘A Economia dos Descobrimentos Henriquinos’), é ainda hoje considerado uma obra essencial para entender a razão que levou os portugueses a avançarem para o Atlântico.
Nascido em Lisboa, a 9 de Junho de 1918, filho de um oficial e político republicano, Magalhães Godinho licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Lisboa em 1940. Ainda deu aulas nesse estabelecimento, mas a oposição ao Estado Novo levou-o para França, onde fez investigação e ensinou ao longo de quase três décadas.
O corpo do historiador sairá hoje da igreja de S. João de Deus, em Lisboa, para o cemitério do Alto de São João, onde será realizada a cerimónia de cremação.
In "Correio da Manhã"
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