Pelo menos 25 mil pessoas, maioritariamente jovens, permanecem na Puerta del Sol em Madrid, enquanto vários milhares manifestam-se em Valência, Barcelona, Sevilha e Bilbau. Ao todo, são mais de 60 mil manifestantes, afirma a agência EFE. Muitos espanhóis de outras gerações juntaram-se entretanto à massa juvenil.
A continuação da vaga de protestos desafia a proibição decretada pelas autoridades eleitorais, já que Espanha assinala este sábado um dia de reflexão antes das municipais de domingo. Muitos manifestantes envergam t-shirts ou apresentam folhas A4 coladas ao peito onde ridicularizam a ameaça de acção legal. «Estou em reflexão» ou «Já reflecti» são algumas das frases exibidas.
O elevado desemprego juvenil (acima dos 45%), o fracasso das políticas económicas do Governo e esgotamento do sistema político espanhol são três dos principais motivos que movem milhares de pessoas há seis dias. Na Puerta del Sol, a manifestação evoluiu entretanto para um gigantesco acampamento comunitário e nada indicia que o protesto possa estar perto do fim. Os voluntários tentam garantir condições mínimas de higiene, segurança e alimentação e têm tentado evitar o consumo de álcool na manifestação, para que esta não se transforme num 'botellón'.
O acto inédito, afirmam os organizadores, encontrou inspiração na vaga de contestação nos países árabes mas também nos protestos do movimento Geração à Rasca em Portugal.
As autoridades espanholas decidiram não agir contra os manifestantes. «Não resolveremos nenhum problema criando outro», declarou o ministro do Interior Alfredo Perez Rubalcaba. O Governo socialista encara com nervosismo a perspectiva de um braço de ferro a menos de 24 da ida às urnas. As eleições municipais de domingo são vistas como um referendo ao primeiro-ministro Zapatero e as sondagens antecipam uma derrota para o PSOE. O chefe de Governo expressou compreensão face aos protestos, recusando hostilizar os jovens.
Mas a direita espanhola também não escapa à fúria - para já pacífica - dos manifestantes. Uma das ideias mais repetidas em Madrid e noutras praças espanholas é a de um voto em massa em qualquer um dos muitos partidos que não o PSOE ou o Partido Popular. Os auto-denominados jovens 'indignados' apelam a uma reforma do sistema eleitoral, acusando os dois principais partidos espanhóis de manipularem o sistema político em seu proveito. As duas forças políticas são ainda acusadas de serem igualmente responsáveis pela actual situação económica e social que o país vive.
Além-fronteiras, registam-se protestos 'à espanhola' em Bruxelas, Paris, Edimburgo, Berlim, Amesterdão e outras cidades europeias. Em Lisboa, alguns manifestantes, sobretudo estudantes espanhóis, concentraram-se no Rossio na noite de sexta para sábado, tendo planeada nova concentração para as 22h de hoje.
SOL
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