Manuel Teixeira Gomes
Manuel Teixeira Comes nasceu em Vila Nova de Portimão, em 27 de Maio de 1862, filho de José Líbano Gomes e Maria da Glória Teixeira Comes. Nasceu num meio burguês e rico, numa casa espaçosa e cheia de conforto. Foi educado pelos pais até entrar no colégio de São Luís Gonzaga, em Portimão. Aos 10 anos, os pais mandam-no para um seminário de Coimbra. Depois passa para a Universidade, onde frequenta medicina, mas perde-se na boémia da Lusa Atenas. O pai convenceu-se então que era melhor continuar a dar-lhe a mesada e deixá-lo viver a sua vida de rapaz, já com forte tendência para as artes: literatura, pintura e escultura Seguiu a literatura, mas não deixou de admirar as outras artes, tornando-se amigo de grandes mestres, como Columbano.
Viveu depois uns tempos no Porto, onde conheceu Sampaio Bruno. Ia à padaria do pai dele comer uns bolinhos. É neste período que começa a colaborar em revistas e jornais, entre eles "O Primeiro de Janeiro" e "A Luta" (este de Lisboa). Admirava Fialho de Almeida. O pai era produtor de figos secos e é nessa qualidade que Manuel viaja por países do Mediterrâneo e quase toda a Europa O seu gosto pela arte e cultura literária fazem-no travar conhecimento com nomes importantes da cultura europeia.
Aos 39 anos, Manuel Teixeira Gomes vai amar uma bela jovem algarvia de quem terá duas filhas. Chamava-se Belmira das Neves e nasceu numa família de pescadores, o que, dado o Teixeira Gomes serem uma família importante de Portimão, terá impedido o casamento. Hoje levantam-se vozes sobre as suas orientações afectivas.
Como Teófilo, também Teixeira Gomes marcou mais a literatura do que a política. Em 1899 publica "Inventário de Junho", em 1904 "Agosto Azul" e em 1909 "Gente Singular". Aos 23 anos sente-se mais social-democrata. A sua vida política ao serviço da República começa em 1911 e prolonga-se até 1918, no espinhoso cargo de Ministro dos Estrangeiros em Londres. Em circunstâncias adversas, visto as verbas disponíveis para o seu cargo serem escassas, Manuel Teixeira Gomes paga do seu bolso a um secretário inglês para o ajudar nas tarefas quotidianas.
Fazer com que a nossa velha aliada reconhecesse a jovem e ainda pouco estável República não era tarefa fácil, mesmo para um homem de grande cultura como Manuel Teixeira Comes.
Isto porque a família real britânica se encontrava ligada por laços familiares e amizade à última rainha portuguesa. Amélia, e o último rei, seu filho, D. Manuel II, então exilados no palácio de Richmond. Mas a simpatia e "charme" de Teixeira Gomes eram tais que, ao fim de muitos anos em Londres, já a família real o convidava para o palácio com toda a naturalidade. Esteve no Palácio de Balmoral, na Escócia, e sabe-se que a rainha Alexandra o convidou para lhe decorar o gabinete oriental do Palácio de Buckingham. Quando Sidónio Pais ocupa a Presidência, chama-o a Portugal e de demite-o do cargo, no início de 1918. Então Teixeira Gomes fixa-se novamente no Algarve, como administrador de propriedades. Toda a sua obra literária está repassada de figuras algarvias (é considerado o escritor do Algarve). A primeira namorada era de Ferragudo, personagens suas são de Aljezur ou Bensafrim, "Sabina Freire" é uma viúva de Portimão. De 1919 a 1923 voltará a ocupar o cargo de diplomata em Madrid e Londres.
Manuel Teixeira Comes é uma excepção no panorama dos presidentes da 1ª República. Todas as noites, jogava às cartas com o seu secretário. Resigna ao cargo em 1925 e parte para Bougie, na Argélia, que ele considerava "uma Sintra à beira-mar. Continuou a escrever para a "Seara Nova", para os amigos, talvez para as filhas. Morreu em 1941 e só em Maio de 1950 os seus restos mortais voltaram à pátria. As filhas Ana Rosa Teixeira Comes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo estiveram presentes na cerimónia de "regresso".
Eleito presidente da república a 6 de Agosto de 1923, viria a demitir-se das suas funções a 11 de Dezembro de 1925, num contexto de grande perturbação política e social. A sua vontade em dedicar-se exclusivamente à obra literária, foi a sua justificação oficial para a renúncia. A 17 de Dezembro, embarca no paquete holandês "Zeus" rumo a Oran (Argélia) num auto exílio voluntário, sempre em oposição ao regime de Salazar, nunca regressando em vida a Portugal.
Morre em 1941 e só em Outubro de 1950 os seus restos mortais voltaram a Portugal, numa cerimónia que veio a tornar-se provavelmente na mais controversa manifestação popular ocorrida na já então cidade de Portimão nos tempos da ditadura de Salazar, onde estiveram presentes as suas duas filhas, Ana Rosa Teixeira Gomes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo.
Deixou uma importante obra literária, integrada na corrente nefelibata e uranista.
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