Convocada para terça-feira uma reunião de emergência dos ministros das Finanças da zona euro após subida recorde dos juros das dívidas soberanas da Grécia, Irlanda e Portugal. Standard & Poor's baixou a notação de Atenas para CCC. Em Dublin, a banca corre risco de falência.
Segunda-feira foi um dia de pânico em torno das dívidas soberanas dos países periféricos europeus, com as probabilidades de default (falência) para a Grécia, Portugal e Irlanda a atingirem níveis recorde: 73,55%, 47,27% e 46,05% respectivamente. Em resultado, a agência de notação financeira Standard & Poor's cortou o rating da dívida de longo prazo da Grécia de "B" para "CCC", tirando-o de perspectiva negativa, mas considerando que o país apresenta um risco "ainda mais elevado" de incumprimento.
"A perspectiva de longo prazo é negativa. A degradação [do rating] reflecte a nossa opinião de que há um risco ainda mais elevado de um ou mais defaults", sublinhou a agência em comunicado.
Um default significa, em termos gerais, que uma entidade ou um Estado não consegue pagar as suas dívidas ou os seus compromissos no prazo acordado.
A descida do rating grego e o nervosismo dos mercados é atribuído às recentes declarações do Governo alemão e do presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, que têm vindo a defender uma reestruturação parcial ou "suave" da dívida de Atenas.
A solução é recusada pelo presidente do Banco Central Europeu. Jean-Claude Trichet reafirmou hoje que qualquer reestruturação da dívida grega deverá ser "voluntária" - não unilateral - e não desencadear um default nos pagamentos, o que teria consequências "muito nefastas".
"Temos uma posição muito simples, e é um conselho aos Estados porque o BCE não decide nada: as reestruturações de dívida devem ser voluntárias" e "é preciso evitar tudo o que possa desencadear um default de pagamento", declarou Trichet em Londres.
A reunião de urgência dos ministros das Finanças da zona euro, amanhã, visa conciliar duas visões antagónicas face ao problema grego e encontrar uma solução célere perante o receio dos mercados.
Também a Irlanda deverá estar no centro da discussão de amanhã, depois de um comité de Credit Derivatives Determinations da ISDA (International Swaps and Derivatives Association), uma associação do mercado de derivados, ter declarado que o plano de reestruturação da dívida junior do banco irlandês AIB se assemelha a um "evento de crédito" - ou seja, um default bancário.
SOL com Lusa
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