Casa Pia de Lisboa
As oficinas da Casa Pia, consideradas importantes centros de produção e formação profissional, forneciam os materiais e vestuário necessários à marinha e ao exército nacional, ao mesmo tempo que os mestres que dela saíam, para voltar às suas terras natal, contribuíam para a divulgação da sua arte. Este tipo de aprendizagem era suportado por um ensino-base onde a leitura, a escrita, o cálculo, a literatura e a religião eram constantes. Os melhores alunos podiam ainda optar por um ensino complementar nas áreas como línguas, desenho, física e farmacologia, em cujos laboratórios foram desenvolvidas experiências ligadas à metalurgia, à agricultura e à farmácia, que produziu, por exemplo, medicamentos necessários aos regimentos portugueses.
Para além daquelas funções, a Casa Pia servia também como um local onde se lecionavam aulas de Anatomia, que permitiram a preparação das primeiras parteiras com formação científica. Alguns dos seus alunos seguiam cursos superiores administrados em Portugal e no estrangeiro, que eram suportados por bolsas concedidas aos candidatos e por colégios.
Quando, em 1805, Pina Manique morreu, a Casa Pia entrou em declínio. Em 1807, o Castelo de S. Jorge foi ocupado pelas tropas francesas de Junot, dando-se início ao encerramento da instituição. No entanto, em 1812, as suas portas voltariam a reabrir-se, desta feita no Convento do Desterro, mas apenas com o carácter de asilo de infância.
Em 1833, com o advento do governo liberal, a Casa Pia mudou-se para o Mosteiro dos Jerónimos. A sua faceta sociocultural inicial, porém, seria afetada pela criação de instituições de ensino médio e superior público típicas desta época das Luzes. Com o regime republicano foram acrescentadas às funções desta instituição os ensinos agrícola, comercial e industrial. Posteriormente, começaria a trabalhar em colaboração com todos os estabelecimentos oficiais de assistência à segunda infância (deficientes mentais recuperáveis).
No que diz respeito ao ensino e à formação, a Casa Pia de Lisboa oferece todos os níveis de ensino regular existentes, incluindo uma diversidade de atividades lúdicas como o desporto, a música e as expressões dramática, artística e visual. É considerada o primeiro estabelecimento de educação popular em Portugal e uma das instituições mais relevantes na assistência a menores. A sua atividade é desenvolvida em dez estabelecimentos distintos, distribuídos pelas cidades de Lisboa, Almada e Santarém, contando já com alguns polos nos concelhos de Sintra, Torres Vedras e Viseu.
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