A 31 de Julho de 2001, morre, no Hospital Militar de Lisboa, Francisco da Costa Gomes. Desempenhou altos cargos nas Forças Armadas e foi Presidente da República portuguesa de 30 de Setembro de 1974 a 27 de Junho de 1976.
O marechal Costa Gomes nasceu em Trás-os-Montes, tendo optado pela carreira militar após obter sólida formação matemática universitária. Integrou a primeira geração de oficiais que, no início dos anos cinquenta, recebeu formação na NATO, parte dos quais irão adoptar posições críticas quanto ao regime ou até conspirar contra ele. A sua carreira pública e mais notória coincide com a sua nomeação, por Oliveira Salazar, para subsecretário de Estado do Exército, lugar que ocupou de 1958 - na remodelação ministerial que se seguiu às eleições presidenciais a que se candidata Humberto Delgado - até 1961. A sua exoneração deveu-se ao seu profundo envolvimento na «Abrilada», tentativa de golpe militar para derrubar Salazar dirigido pelo ministro da Defesa, Júlio Botelho Moniz e que envolvia também, entre outros, o general Albuquerque de Freitas, chefe do Estado-Maior da Força Aérea e o coronel Almeida Fernandes, ministro do Exército.
Após esta exoneração foi chefiar um Distrito de Recrutamento e Mobilização. As suas qualidades militares aliadas a uma inteligência profunda a que não faltava um grande sentido de equilíbrio político, conduziram a que fosse nomeado comandante da Região Militar de Moçambique, cargo que ocupou entre 1967 e 1969. As dificuldades experimentadas por Marcelo Caetano no teatro de operações de Angola levaram à sua nomeação como comandante-chefe da R.M. de Angola, entre 1970 e 1972, cargo que exerceu de tal modo que conseguiu reduzir significativamente a actividade guerrilheira, mormente na frente leste, então dominada pelo MPLA.
Nomeado, após o seu regresso de Angola, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, foi exonerado em Março de 1974 por se ter recusado comandar os oficiais-generais que foram prestar vassalagem ao então chefe do Governo, Marcelo Caetano.
As posições de Costa Gomes foram sempre favoráveis a uma negociação política para solucionar o problema das guerras coloniais - como escreveu em artigo do Diário Popular, logo em 1961 e como demonstra a habilidade com que manobrou para que o livro do general António de Spínola, Portugal e o Futuro, fosse publicado, em Fevereiro de 1974.
Em 30 de Setembro de 1974 - após ter sido um dos grandes apoios do movimento dos capitães substitui (#) chefia do Estado. Com a primeira eleição presidencial por sufrágio directo, em Junho de 1976, passou à reserva nesse mesmo ano. A sua participação no Conselho Mundial da Paz, claramente subsidiário da URSS e as suas hesitações aparentes no denominado «Verão Quente de 1975» projectaram uma imagem negativa do general Costa Gomes em certos sectores da opinião pública. A verdade é que a NATO nunca deixou de ouvi-lo e hoje muitos autores pensam ter sido este oficial-general decisivo para evitar enfrentamentos violentos em 1974 e 1975. O Conselho da Revolução, extinto com a revisão constitucional de 1982, promoveu-o a marechal.
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