Insustentável
Por João Paulo Guerra
POR ESTES tempos que correm como sabemos, mais dia, menos dia, mais semana, menos semana, mais mês, menos mês, os portugueses acordam com a notícia de que a Segurança Social acabou. Acabou, morreu, expirou, extinguiu-se, secou, deu o berro. Social está cada vez menos na moda, nesta onda de neoliberalismo serôdio que varre o Mundo; Segurança remete de imediato para paranóia securitária; a junção de Segurança com Social tresanda a velharias como sejam a solidariedade, a fraternidade e outras tralhas ligadas aos valores de uma civilização que distinguiu os homens das bestas de carga. E, para além disso, aqueles a quem a Segurança Social causa azia e engulhos têm a faca e o queijo na mão.
E é assim que, por vontade dessa entidade supranacional e sobrenatural que dá pelo nome de Troika, as cobranças da Segurança Social passam a reverter para as Finanças. Ao mesmo tempo, está na ordem do dia a redução da Taxa Social Única que o patronato desconta para a Segurança Social, mais uma mezinha da Troika, que aliás Portugal antecipou e propôs.
Tudo isto, a mais curto ou mesmo curtíssimo prazo - pois não há tempo a perder não vá a onda passar -, acabará por suscitar de novo a velha e relha questão da sustentabilidade da Segurança Social. Isto porque, com desvios de cobranças e respectivos juros, mais reduções de taxas patronais, vai acentuar-se a insustentável leveza da Segurança e de todo o Estado Social. Em tal situação, que fazer? Corta.
E depois? Depois, nada. Há os bancos, as companhias de seguros, para quem possa. E para quem não possa há as Misericórdias, a sopa dos pobres e, em última instância, a vala comum. Mas que ninguém fique com problemas de consciência. Os pobres têm lugar reservado, com ou sem lista de espera, no reino dos céus.
«DE» de 8 Julho 11
POR ESTES tempos que correm como sabemos, mais dia, menos dia, mais semana, menos semana, mais mês, menos mês, os portugueses acordam com a notícia de que a Segurança Social acabou. Acabou, morreu, expirou, extinguiu-se, secou, deu o berro. Social está cada vez menos na moda, nesta onda de neoliberalismo serôdio que varre o Mundo; Segurança remete de imediato para paranóia securitária; a junção de Segurança com Social tresanda a velharias como sejam a solidariedade, a fraternidade e outras tralhas ligadas aos valores de uma civilização que distinguiu os homens das bestas de carga. E, para além disso, aqueles a quem a Segurança Social causa azia e engulhos têm a faca e o queijo na mão.
E é assim que, por vontade dessa entidade supranacional e sobrenatural que dá pelo nome de Troika, as cobranças da Segurança Social passam a reverter para as Finanças. Ao mesmo tempo, está na ordem do dia a redução da Taxa Social Única que o patronato desconta para a Segurança Social, mais uma mezinha da Troika, que aliás Portugal antecipou e propôs.
Tudo isto, a mais curto ou mesmo curtíssimo prazo - pois não há tempo a perder não vá a onda passar -, acabará por suscitar de novo a velha e relha questão da sustentabilidade da Segurança Social. Isto porque, com desvios de cobranças e respectivos juros, mais reduções de taxas patronais, vai acentuar-se a insustentável leveza da Segurança e de todo o Estado Social. Em tal situação, que fazer? Corta.
E depois? Depois, nada. Há os bancos, as companhias de seguros, para quem possa. E para quem não possa há as Misericórdias, a sopa dos pobres e, em última instância, a vala comum. Mas que ninguém fique com problemas de consciência. Os pobres têm lugar reservado, com ou sem lista de espera, no reino dos céus.
«DE» de 8 Julho 11
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