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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Eça de Queirós, morreu a 16 de Agosto de 1900



José Maria Eça de Queirós, nasceu na Póvoa do Varzim, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde se ligou espiritual e sentimentalmente a homens como Antero de Quental e Teófilo Braga, a chamada “Escola Coimbrã” ou “Geração de 70”. Imbuído de novas ideias, este grupo académico alvoraçou não só Coimbra mas também o País – o País literato, diga-se – na célebre polémica contra Castilho, as ideias e a forma como as expressava. Na “Questão Coimbrã” Eça foi, no entanto, um simples espectador, o que não aconteceu mais tarde, quando, nas suas não menos polémicas “Conferências do Casino Lisbonense”, expressou em 1871, a sua opinião sobre “O Realismo como nova expressão de Arte.. Entretanto, porém, Eça acabava o curso, exercera fugazmente a advocacia em Lisboa, dirigira o jornal político Distrito de Évora, em 1867, e assistira à inauguração do Canal de Suez, em 1869, durante uma viagem ao Oriente, cujas impressões viriam a fazer parte da sua obra. De volta a Portugal, decidiu ingressar no Corpo Diplomático, para o que lhe foi necessário exercer as funções de administrador de Concelho durante seis meses. Leiria, onde foi então colocado, e a sua vida provinciana feita de lassidão e beatice iriam ficar registadas em O Crime do Padre Amaro obra saída a público em 1875 e considerada o seu primeiro livro importante sob o ponto de vista do expresso na sua conferência sobre o Realismo. Depois de Leiria é nomeado cônsul em Cuba, em Inglaterra de 1974 a 1878 e, por fim, em Paris, onde morre em 16 de Agosto de 1900. Os seus primeiros textos, publicado na Gazeta de Portugal, a partir de 1866, influenciados por Baudelaire e pela fase inicial do Simbolismo, são publicados em volume, em 1903, sob a designação de Prosas Bárbaras. Ainda sob influência do Simbolismo, foi também por esta mesma época que, juntamente com Antero de Quental, criou a figura de Fradique Mendes. Já a colaboração com Ramalho Ortigão, nas Farpas data da época das Conferências do Casino e denota um outro tipo de preocupação crítica pelo humor. Tem-se afirmado ser Eça o Zola português, mas o naturalismo expresso pelo escritor francês nunca foi presença absoluta na sua escrita, antes elemento subalternizado, do qual se libertou pelo pessoalismo da sua arte. Segundo Ernesto Guerra da Cal, “a sua evolução foi lenta, harmoniosa, intensa. A disciplina férrea de observação aquietara a sua fantasia e serenava a sua forma. Conquista então a sua “maneira” inconfundível, sugestiva e irónica, síntese consciente dos dois pendores contraditórios da sua psique: o impulso atávico do seu temperamento para a livre imaginação, o lirismo e a eloquência, dum lado; e do outro a tendência, adquirida mercês da educação positivista, para uma percepção clara e imediata dos elementos objectivos da realidade e o desejo de exacta expressão deles, sem desdenhar, ou mesmo procurando-lhe, os aspectos prosaicos, feios ou baixos”. Necessitando por outro lado de um instrumento verbal dúctil, viu-se obrigado a submeter a Língua Portuguesa a uma profunda mutação, tão profunda como nunca antes acontecera, criando assim a sua obra numa estética nova, através de uma linguagem revivificada.
Ao morrer em Paris, na sua casa de Neuilly, Eça de Queirós tinha-se tornado um dos nossos mais brilhantes escritores, sendo a ironia a marca constante da sua obra literária.
Os seus romances são portadores de um realismo corrosivo, impregnado de uma espectacular, e para a época, inovadora arte narrativa, revelando um humor caricatural que se mantém sempre actual
Obra literária de Eça de Queirós:
A Capital; A Cidade e as Serras; A Ilustre Casa de Ramires; A Relíquia; A Tragédia da Rua das Flores; As Farpas; As Minas de Salomão; Adão e Eva no Paraíso; Alves & C.a; Cartas de Inglaterra; Cartas Familiares e Bilhetes de Paris; Contos; A Aia, O Tesouro ...; Correspondência de Fradique Mendes; Ecos de Paris; Notas Contemporâneas; O Conde d'Abranhos; O Crime do Padre Amaro; O Egipto; O Mandarim; O Tesouro; O Mistério da Estrada de Sintra; O Primo Basílio; Os Maias; Prosas Bárbaras; Últimas Páginas; Uma Campanha Alegre.

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