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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Eles não sabem que o sonho...



Eles não sabem que o sonho...


Após várias mensagens inócuas, tais como as do presidente da república portuguesa, em que temos de nos empenhar em fazer o trabalho de casa, de que não nos devemos resignar e que não podemos desistir lutando contra a resignação. Na verdade, são afirmações que valem o que valem, ou seja, em termos práticos valem zero.
Esta tem sido a "regimenta" seguida pela classe política dominante, pelos media e os comentadores avençados. Uma espécie de politicamente correcto, um discurso podre fantasiado de positivista, o discurso da formiga e da cigarra, que temos de ser muito poupadinhos, para viver um futuro melhor.
Na verdade esse discurso já tem barbas e o tal futuro nunca mais chega. O futuro que se vai tornando presente, não é terra prometida, mas sim, o pior, de tal forma que parece que quanto pior melhor.

Tudo isto está ao contrário e à qualquer coisa de errado nesta história, porque afinal são as cigarras que governam sobre as formiguinhas trabalhadoras, têm o displante de fazer parecer que a culpa são das formigas que comem muito, trabalham pouco e só choram direitos. Mas afinal, são as formigas que trabalham e dão os lucros às cigarras. Agora fazem passar a ideia às formigas que têm de trabalhar ainda mais, comer menos e com menos condições, tudo isto num lema de fundo de esforço patriótico.
Só que as formigas perguntam:
- Porque é que além de trabalharmos ainda temos de pagar os desvarios das cigarras?
- E porque é que para as cigarras não há crise?
Agora andam-se por aí a levantar algumas vozes que dizem, atenção; se as formigas se revoltarem vão levar no focinho.

Enquanto isso os líderes europeus, continuam numa roda viva de reuniões e cimeiras, propondo mais medidas de austeridade, o paupérrimo discurso de reduzir e reduzir. Na realidade, eles não sabem o que fazer, estão a acabar com a europa, adiando o inevitável com medidas avulsas aqui e ali.
Estão a secar tudo à sua volta e aumentando os índices de pobreza e escravidão dos povos.
A Grécia vão afundá-la ainda mais, com mais empréstimos, quando já mataram a economia grega que era fundamental para o país recuperar. De tal forma, que mesmo se a economia grega crescesse a 8% ao ano, demoraria décadas para recuperar e pagar os seus compromissos, algo que é completamente impossível nas circunstâncias actuais.
O efeito dominó que o colapso grego originará, irá tornar "inglório" todas as medidas de austeridade que os outros países têm tomado. Dessa forma, no caso português, que será um dos primeiros a tombar por arrasto grego, caem por terra todos estes cortes do subsídio de natal, o aumento do I.V.A. e por adiante.
Estes colapsos sucessivos que irão decorrer, vão também arrastar os seus credores, tal como já vemos o primeiro a vislumbrar-se, o banco franco-belga Dexia, um dos maiores da europa, mostrando afinal, que os testes de stress que fizeram à uns meses atrás não têm qualquer relevância.
Esta espiral negativa vai arrastar quase tudo e muito poucos se ficarão a rir.

Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida e que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança...


In "Extrafísico"
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João J. C.Couto

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