As verdades têm de ser ditas. E a verdade é que a hipocrisia da Junta Metropolitana do Porto, de algumas forças vivas e dos órgãos de comunicação social da cidade em todo este processo de introdução de portagens nas SCUT do Interior tem sido gritante.
Do poder central do eixo Terreiro do Paço-São Bento já nada me surpreende, e portanto não vale a pena surgirem desculpas de que "em Lisboa também se defende isto". Pois defende. Mas o Porto peleja por marcar a diferença, e não se cansa de repetir que é diferente de Lisboa e que tudo seria diferente se houvesse algum poder na cidade de onde houve nome Portugal.
A Junta Metropolitana do Porto veio a público manifestar o seu júbilo com a introdução de portagens nas SCUT do Interior- A23, A24 e A25-, congratulando-se com o "tratamento igual" dado a todas as regiões, e culminando um processo em que o referido órgão político tudo fez para que o Interior fosse massacrado com esta espécie de "imposto de interioridade" que são as portagens nas únicas vias de acesso ao litoral.
"Tratamento igual"? Eu também quero tratamento igual para todas as regiões. Quero um hospital igual ao de São João ou Santo António na Guarda ou em Bragança. Quero um porto igual ao de Leixões em Vila Real ou em Castelo Branco. Quero uma Loja do Cidadão igual à do Porto, em Chaves ou na Covilhã, e um aeroporto igual ao Sá Carneiro no Fundão ou em Mirandela. Sei que isso é impossível... Mas sei também que era por isso ser impossível que o Interior dispunha de auto-estradas sem portagens! Precisamente para ligar o Interior aos serviços que só se encontram no litoral e que são essenciais ao desenvolvimento.
Quem é hipócrita ao ponto de clamar "justiça" num processo destes nunca terá a noção daquilo que separa o litoral do interior.
É esta a "elite" que quer um dia governar a tal "região norte"? A elite que tem a lata de dizer que "o norte é discriminado" esquecendo-se que Trás-os-Montes também entra nessa suposta região e tem ainda uma auto-estrada que não era paga para combater os custos da interioridade (A24)?
Parece que Trás-os-Montes só é "norte" quando interessa. Quando toca a argumentar que o "norte" é uma região pobre, aí sim já se fala de Trás-os-Montes, porque é mais dinheiro para a "coesão" que vem da UE para que Trás-os-Montes se desenvolva e que acaba a ser gerido a partir do Porto.
O que é certo é que a população do Interior continua em queda livre e a migração para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto continua como se não houvesse amanhã. Somos o único país da Europa Ocidental em que isso ainda acontece, mas aparentemente ninguém se preocupa com isso.
O que também é certo é que as mesmas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto que se estão a recusar a ajudar a pagar as auto-estradas do Interior clamando "universalidade" são as responsáveis por empresas e infra-estruturas altamente deficitárias, como a CP Lisboa, CP Porto, Metro de Lisboa, Metro do Porto, Carris, STCP, CCB ou Casa da Música, que continuam a ser pagas por todos os cidadãos, mesmo que vivam em aldeias isoladas de Trás-os-Montes ou da Beira Interior e que nem sequer tenham transporte para onde quer que seja.
Aí já não há "universalidade" nem "utilizador-pagador". Aí já tem de haver "solidariedade nacional", um princípio que foi tão subvertido que cada vez mais são as regiões pobres que são "solidárias" com as regiões mais desenvolvidas, pagando-lhe o desenvolvimento!
Era bom que ninguém no Interior se esquecesse quem foram, e onde estão, os políticos que exigiram o "princípio da universalidade" nas negociações da introdução de portagens.
E era também muito bom que todos os que vivem no Interior dissessem a partir de 8 de Dezembro, por exemplo, ao presidente da Junta Metropolitana do Porto: "Parabéns, dr. Rui Rio. Cumpriu o seu objectivo. A partir de hoje ir do Porto à Guarda é mais caro do que ir do Porto a Londres. Parabéns por este enorme sucesso."
Do poder central do eixo Terreiro do Paço-São Bento já nada me surpreende, e portanto não vale a pena surgirem desculpas de que "em Lisboa também se defende isto". Pois defende. Mas o Porto peleja por marcar a diferença, e não se cansa de repetir que é diferente de Lisboa e que tudo seria diferente se houvesse algum poder na cidade de onde houve nome Portugal.
A Junta Metropolitana do Porto veio a público manifestar o seu júbilo com a introdução de portagens nas SCUT do Interior- A23, A24 e A25-, congratulando-se com o "tratamento igual" dado a todas as regiões, e culminando um processo em que o referido órgão político tudo fez para que o Interior fosse massacrado com esta espécie de "imposto de interioridade" que são as portagens nas únicas vias de acesso ao litoral.
"Tratamento igual"? Eu também quero tratamento igual para todas as regiões. Quero um hospital igual ao de São João ou Santo António na Guarda ou em Bragança. Quero um porto igual ao de Leixões em Vila Real ou em Castelo Branco. Quero uma Loja do Cidadão igual à do Porto, em Chaves ou na Covilhã, e um aeroporto igual ao Sá Carneiro no Fundão ou em Mirandela. Sei que isso é impossível... Mas sei também que era por isso ser impossível que o Interior dispunha de auto-estradas sem portagens! Precisamente para ligar o Interior aos serviços que só se encontram no litoral e que são essenciais ao desenvolvimento.
Quem é hipócrita ao ponto de clamar "justiça" num processo destes nunca terá a noção daquilo que separa o litoral do interior.
É esta a "elite" que quer um dia governar a tal "região norte"? A elite que tem a lata de dizer que "o norte é discriminado" esquecendo-se que Trás-os-Montes também entra nessa suposta região e tem ainda uma auto-estrada que não era paga para combater os custos da interioridade (A24)?
Parece que Trás-os-Montes só é "norte" quando interessa. Quando toca a argumentar que o "norte" é uma região pobre, aí sim já se fala de Trás-os-Montes, porque é mais dinheiro para a "coesão" que vem da UE para que Trás-os-Montes se desenvolva e que acaba a ser gerido a partir do Porto.
O que é certo é que a população do Interior continua em queda livre e a migração para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto continua como se não houvesse amanhã. Somos o único país da Europa Ocidental em que isso ainda acontece, mas aparentemente ninguém se preocupa com isso.
O que também é certo é que as mesmas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto que se estão a recusar a ajudar a pagar as auto-estradas do Interior clamando "universalidade" são as responsáveis por empresas e infra-estruturas altamente deficitárias, como a CP Lisboa, CP Porto, Metro de Lisboa, Metro do Porto, Carris, STCP, CCB ou Casa da Música, que continuam a ser pagas por todos os cidadãos, mesmo que vivam em aldeias isoladas de Trás-os-Montes ou da Beira Interior e que nem sequer tenham transporte para onde quer que seja.
Aí já não há "universalidade" nem "utilizador-pagador". Aí já tem de haver "solidariedade nacional", um princípio que foi tão subvertido que cada vez mais são as regiões pobres que são "solidárias" com as regiões mais desenvolvidas, pagando-lhe o desenvolvimento!
Era bom que ninguém no Interior se esquecesse quem foram, e onde estão, os políticos que exigiram o "princípio da universalidade" nas negociações da introdução de portagens.
E era também muito bom que todos os que vivem no Interior dissessem a partir de 8 de Dezembro, por exemplo, ao presidente da Junta Metropolitana do Porto: "Parabéns, dr. Rui Rio. Cumpriu o seu objectivo. A partir de hoje ir do Porto à Guarda é mais caro do que ir do Porto a Londres. Parabéns por este enorme sucesso."
PS: Já agora, podem aproveitar para perguntar às "forças vivas" da Junta Metropolitana do Porto o que é que a Área Metropolitana portuense ganha com as portagens na A23, A24 e A25... Deve ser o facto de terem que pagar portagens escandalosamente altas para escoar os produtos aí produzidos para o estrangeiro via Vilar Formoso ou Chaves que os deixa tão satisfeitos...
João P. Marques Ribeiro
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