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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carlos Lopes nasceu a 18 de Fevereiro de 1947

 

Foi o expoente máximo do atletismo português - e um dos mais aguerridos a nível mundial. Carlos Lopes foi um dos poucos portugueses a ganhar medalhas olímpicas e títulos de campeão do mundo. Elevou às nuvens a alma dos Portugueses e obrigou o País a olhar com respeito para o atletismo. Como atleta, era muito forte psicologicamente: não tinha medo de si próprio. Provou que, na sua profissão, a mente precisa tanto de exercício quanto o corpo. “Carlos Lopes foi assombroso. Representou-se a si próprio como fora de série que é”, diz a jornalista Leonor Pinhão. Nasceu para conquistar e vencer.
Destino, fatalidade, sorte, horóscopo, fado. Tudo isto se pode aplicar à história de Carlos Lopes. Numa corrida com amigos, à noite, ao voltar de um baile, Carlos Lopes foi o primeiro a chegar a Vildemoinhos. Todos os amigos já treinavam atletismo, mas acabaram por ficar para trás. Surgiu, então, a ideia de criar um núcleo de atletismo no Lusitano de Valdemoinhos, clube da aldeia onde nasceu em 18 de Fevereiro de 1947. O desporto entrava na sua vida por acaso.
A biografia de um homem como Carlos Lopes não é propensa à imparcialidade das opiniões. Ele uniu um país inteiro - com uma força até aí nunca vista. Acima de tudo, representou uma estrondosa conquista. Portugal não era propriamente um terreno fértil para grandes feitos desportivos. De vez em quando, contudo, a genialidade rompe barreiras e faz história. Foi o que aconteceu com Carlos Lopes. A estreia como atleta deu-se em Dezembro de 1966, na corrida de São Silvestre de Viseu. Regressou a casa com um segundo lugar e uma medalha ao peito, para alegria da família. Duas semanas depois foi campeão de “cross” no distrital de Viseu e, logo a seguir, ficou em 3.º lugar no Campeonato Nacional de Corta-Mato para Juniores. A classificação levou-o ao Cross das Nações, em Rabat, Marrocos. “Um exemplo para todos os desportistas”, diz o atleta Dionísio Castro. Foi o melhor português, em 25.º lugar. Tinha então 17 anos. Foi também nesse ano marcante que Carlos Lopes viu o mar pela primeira vez.
De origens modestas, Lopes começou a trabalhar aos 11 anos, como servente de pedreiro, para ajudar nas despesas da família. Mais tarde foi empregado de mercearia, relojoeiro e serralheiro, profissão que mantinha quando veio para Lisboa, em 1967, depois de um emissário do Sporting Clube de Portugal lhe ter batido à porta. “Como eu, Lopes vinha da província, era humilde mas trabalhador e muito profissional, amigo do seu amigo. Reunia todas as condições para ser um verdadeiro campeão”, diz, por sua vez, Domingos Castro.
É no Sporting que encontra Mário Moniz Pereira, seu grande e único treinador, que consegue o apoio do Estado para o atletismo de alta competição. Carlos Lopes é dispensado do trabalho e passa a treinar duas vezes por dia. Os desafios aproximavam-se. No Campeonato do Mundo de Corta-Mato em Chepstown, País de Gales, em 1976, faz uma corrida com enorme autoconfiança, resistência e sentido táctico. Ganha o campeonato e chega à terra natal como um herói. “Senti, pela primeira vez na minha vida, orgulho nacional, e isso aconteceu com Carlos Lopes”, lembra Bernardo Sassetti, pianista e compositor. “É fantástico como o desporto, actividade tão viva e visceral, aproxima as pessoas.”
A segunda grande vitória é nos Jogos Olímpicos de Montreal, no Verão de 1976, onde tem a honra de ser o porta-bandeira da equipa portuguesa durante a cerimónia inaugural. Perde o primeiro lugar para Lasse Viren, atleta finlandês, mas leva para casa a medalha de prata. É a primeira vez que Portugal conquista uma medalha olímpica. Carlos Lopes “era um atleta completo, corria lindamente na pista, desde o corta-mato à maratona”, recorda Dionísio Castro. “Era dos poucos atletas europeus que conseguia fazer frente aos africanos.”
Um ano depois Carlos Lopes defende o título no Campeonato do Mundo de Corta-Mato, em Düsseldorf, mas é apenas vice-campeão. Depois da Alemanha, e até 1982, Lopes passa por momentos difíceis, com lesões a interferirem no seu caminho. Muitos davam a sua carreira por acabada. O mestre Koboyashy e a acupunctura fizeram-no, no entanto, voltar às corridas. Carlos Lopes personifica a ideia de que a vida nos passa rasteiras inesperadas, mas se lhes dermos a volta, a rasteira transforma-se numa pirueta e acabamos sempre por aprender.
Como num passe de mágica. Carlos Lopes chega aos 37 anos sem perder nada do seu fôlego. Em 1984, disputa a maratona da Olimpíada de Los Angeles e surpreende todos com uma vitória que ficou para a história. No alento dos sonhos, marca o recorde olímpico - duas horas, nove minutos e vinte e um segundos. “Uma semana antes de partir para os jogos olímpicos, Lopes foi atropelado por um carro na segunda circular, em Lisboa, mas não fez caso disso. Foi ao hospital e, no dia seguinte, estava a voar para Los Angeles”, lembra a jornalista Leonor Pinhão. “Noutros casos, o atropelamento seria boa desculpa para não ir. Só que Lopes não voltou atrás.” Também por isso Portugal inteiro sofreu de admiração por ele - e foi ao delírio quando ganhou a medalha olímpica e deu a volta ao estádio com a bandeira nacional. Nesse mesmo ano foi considerado pelos Espanhóis o “Melhor Desportista Mundial” e recebe o prémio pela mão do rei D. Juan Carlos, em Madrid. A chegada a Portugal foi apoteótica.
Um ano depois conquistou a medalha de ouro ao bater o recorde do mundo na Maratona de Roterdão. Duas horas, sete minutos e onze segundos. Carlos Lopes mostrou que a idade não era uma inultrapassável adversidade. Com enorme espírito de sacrifício e coragem, é dos poucos atletas portugueses que é, e sempre será, uma referência mundial no atletismo de fundo. “Um português raro. Um vencedor”, remata Leonor Pinhão.





Talvez o momento mais extraordinario do desporto português. O impacto desta vitoria foi enorme em Portugal e fez levantar a moral de um pais saido ha pouco de uma longa ditadura. Continua a ser a maratona olimpica mais dificil de sempre em termos climatéricos e eu tive o orgulho de ver em directo este momento unico.

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