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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A história da Base Naval de Guantánamo, em Cuba

Na final do século XIX, os Estados Unidos começaram a demonstrar um forte interesse no Golfo do México. A proximidade com o Panamá, onde já existia a possibilidade de construção de uma passagem transoceânica, e a colônia de Cuba, uma das principais produtoras mundiais de açúcar, despertavam a cobiça norte-americana.
Em abril de 1898, o navio militar norte-americano USS Maine foi destruído em Havana, capital de Cuba, então uma colónia espanhola. 
Vendo uma oportunidade de conciliar o incidente com seus desejos, o governo americano acusou a Espanha de ter sabotado o navio, e ordenou que a Espanha declarasse a independência cubana. A recusa espanhola provocou a Guerra Hispano-Americana, que terminou em Agosto do mesmo ano com a assinatura do Tratado de Paris, onde a Espanha cedia aos Estados Unidos as colónias de Porto Rico, Guam e Filipinas, e declarava a independência de Cuba. 
Os cubanos, que consideraram a atitude americana um gesto de apoio à democracia, logo perceberam que o preço a pagar seria bem alto...
Em 1903, Estados Unidos e Cuba assinaram um Tratado onde Cuba cedia aos norte-americanos por tempo indeterminado uma área de aproximadamente 120 km2 de terras e águas ao largo da Baía de Guantánamo, no sudeste cubano. Estava criada a primeira das muitas bases militares norte-americanas em solo estrangeiro.  

Localização da Baía de Guantánamo em território cubano

Em 1934, outro tratado transformou a concessão do local em um "leasing", onde os Estados Unidos teriam que pagar cerca de US$ 4.085 anualmente pelo uso irrestrito da área, que só seria devolvida a Cuba caso os Estados Unidos concordassem unilateralmente em fazê-lo.

Mapa da base americana de Guantánamo
120 km2 de território americano em plena "Ilha de Fidel"

Com a Revolução cubana de 1953-1958, que colocou Fidel Castro no poder, Guantánamo passou a ser a mais incómoda lembrança "capitalista" na ilha, e muitas foram as tentativas castristas de retirar a base de seu território, sempre negadas pelas cortes internacionais.
Depois da Revolução, apenas um cheque americano pelo uso da baía de Guantánamo foi descontado (Em 1959, por engano, conforme informações cubanas). Várias décadas depois, os demais cheques foram mostrados sobre a mesa da sala de Fidel Castro.
Junto com a Revolução, todos os cubanos que trabalhavam na base foram impedidos de fazê-lo, transformando a Baía de Guantánamo  num pedaço do território americano, totalmente isolado do resto da ilha.
O momento mais tenso vivido por Guantánamo até hoje aconteceu durante a Crise dos Mísseis Cubanos em 1962, quando o mundo esteve mais próximo de uma Guerra Nuclear em toda a história. Foi feita uma evacuação emergencial de todos os civis na base, deixando todos os seus pertences, roupas, comida e casas abertas. Isto mostra o quanto estivemos próximos de uma Hecatombe Nuclear. 
Este pequeno "microcosmos" do "american way of life" num dos países mais fechados ao capitalismo provoca algumas situações inusitadas: Na base, há várias lojas de fast-food, como McDonald's, KFC e Pizza Hut. Pistas de Boliche e Cinemas também funcionam no local. Há relatos de que prisioneiros que colaboram durante seus interrogatórios com informações relevantes são presenteados com um "Mc Lanche Feliz", numa atitude "maquiavelicamente" humilhante. 
Foi em 2002, durante o governo de George Bush que a Baía de Guantánamo tornou-se um Campo de Prisioneiros acusados de ações terroristas contra os Estados Unidos, principalmente de origem Afegã e Iraquiana. Os primeiros detentos foram transferidos depois que o Departamento de Justiça declarou que os Campos de Detenção de Guantánamo não estariam dentro da jurisdição legal norte-americana, e a resolução de que os terroristas, por não serem militares, não seriam beneficiários das resoluções da Convenção de Genebra.
Estas decisões transformaram Guantánamo na mais tenebrosa prisão do planeta, onde a tortura física e psicológica de seus prisioneiros não teria qualquer limite. O problema é que dezenas de prisioneiros da Baía de Guantánamo eram jornalistas ou pessoas que apenas estavam no local na hora errados, com a nacionalidade errada.

Prisioneiro é levado por guardas em Guantánamo

As histórias de sofrimento interminável de pessoas que permaneceram anos nos Campos sem nenhuma prova concreta e foram libertadas como se nada tivesse acontecido já foram contadas em livros e documentários. São histórias de tortura, privação de sentidos, humilhação religiosa e sexual que deixariam os Inquisidores Espanhóis interessadíssimos.

Prisioneiros vendados e encapuzados sob o Sol cubano
Torturas físicas e psicológicas

Em 2009, Barack Obama acenou com a possibilidade de desativação da Base de Guantánamo, mais até o momento esta possibilidade não se concretizou. Há muito mais interesses envolvidos em Guantánamo do que boas intenções. Em Janeiro de 2011, ainda havia 171 prisioneiros nos Campos de Guantánamo


2 comentários:

  1. Uma vergonha para um país que insiste em ser chamado de democracia e cristão, aliás a palavra cristão ultimamente só serve como indicativo de maldades humanas das mais abjetas, pois o único pais que se atreveu jogar uma bomba atômica em uma população civil foi este pais "cristão" EEUU. Corja de hipócritas !

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