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segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Campo de Concentração do Tarrafal foi criado a 23 de Abril de 1936





O Campo de Concentração do Tarrafal foi formalmente instituído pelo regime fascista português, no Tarrafal da Ilha de Santiago, em 23 de Abril de 1936, sob o nome de Colónia Penal de Cabo Verde.
Criado à imagem dos campos de concentração nazis, a “ColóniaPenal” do Tarrafal ou “campo da morte lenta”, nome por que ficou conhecido por aqueles que por lá passaram, visava então aniquilar física e psicologicamente os opositores portugueses à ditadura fascista de Salazar, colocando-os longe dos olhares do Mundo em condições infra-humanas de cativeiro, maus tratos e insalubridade.
Durante os cerca de 18 anos que durou o seu funcionamento, estiveram detidos no campo, arbitrariamente e sem qualquer direito de defesa, um total de mais de 360 prisioneiros antifascistas portugueses. Sob uma vigilância impiedosa e submetidos a um regime cruel de torturas, de fome e de doenças, muitas vidas ficaram irremediavelmente destroçadas e houve cerca de três dezenas de vítimas mortais.
Em Janeiro de 1954, o campo foi encerrado graças à luta das forças antifascistas em Portugal e à pressão internacional, na esteira da vitória aliada na II Guerra Mundial.
Mas, com o despertar das consciências nacionalistas e o dealbar das independências no continente africano, o regime repressivo em Portugal vê-se constrangido a ter de enfrentar não só a resistência interna dos antifascistas portugueses, como também o ímpeto vigoroso dos movimentos de libertação das suas colónias em África.
A luta contra as forças nacionalistas impele o poder colonial fascista a reutilizar o Campo de Concentração do Tarrafal a partir de 1961, com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, destinado desta vez a encerrar no seu isolamento os militantes da luta anticolonial de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Durante 13 anos, até à data do seu encerramento definitivo, no dia 1 de Maio de 1974, esse vergonhoso instrumento de repressão do sistema colonial português manteve presos, nos seus enormes muros, mais de 220 combatentes da luta pela independência das colónias portuguesas.
Nos cerca de 31 anos do seu funcionamento, o Campo de Concentração do Tarrafal encarcerou antifascistas, intelectuais progressistas, patriotas, nacionalistas ou revolucionários anticolonialistas, de Portugal, Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Pagaram com sofrimento e privações desumanas a audácia de querer almejar um melhor futuro para as gerações vindouras. Foram eles que, com o sacrifício de suas vidas desbravaram o caminho para a instauração nos nossos países dos valores de democracia e direitos humanos que hoje guiam as nossas sociedades na construção do progresso e do bem-estar para os seus respectivos povos.
O Campo de Concentração do Tarrafal é, por isso, um marco inesquecível na vida dos nossos países e um monumento à memória histórica dos seus povos que continuam unidos pelo simbolismo dos seus muros, numa mesma dádiva de humanismo, solidariedade e justiça.
Lembrar o Tarrafal é portanto uma necessidade imprescindível e uma responsabilidade incontornável que nos obriga a reafirmar constantemente os valores de justiça, humanismo e solidariedade que alicerçam hoje o caminho partilhado pelos nossos povos, rumo a um futuro que queremos ser mais próspero e feliz para todos.

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