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domingo, 16 de dezembro de 2012

16 de Dezembro de 1972 deu-se o massacre de Wiriamu






O massacre de Wiriyamu, perpetrado no dia 16 de dezembro de 1972 por tropas especiais portuguesas em três aldeias da província moçambicana de Tete, terá resultado na morte de mais de 400 civis, suspeitos de pertencerem ou ajudarem a Frelimo.
Mas, ainda hoje, o episódio, "dos mais terríveis da guerra colonial", continua pouco conhecido dos portugueses, apesar do grande impacto internacional que teve na época e de ser frequentemente comparado à "chacina de My Lay", que envolveu militares norte-americanos no Vietname.
"Em Portugal, nunca se realizou um apuramento dos factos e das responsabilidades equiparável àquele que, apesar de tudo, foi feito nos EUA, embora conduzindo a apenas uma condenação", recorda o investigador da Universidade Nova de Lisboa.
Para além de pôr em causa o caráter alegadamente mais benigno do colonialismo português, os acontecimentos de 16 de dezembro de 1972 terão, segundo diversas interpretações, apressado a democratização de Portugal e o fim das guerras coloniais em África.
Pedro Oliveira considera que Wiriyamu consolidou "uma tendência de fundo que se estava a desenhar" nas frentes de guerra: a dos militares temerem expiar por este tipo de atrocidades, "que tinham tendência para se suceder", e a denúncia internacional e de figuras ligadas à Igreja Católica.
"Era um desenvolvimento muito preocupante para um regime com o perfil do Estado Novo e seu historial de colaboração com a Igreja", considera o historiador.
"O facto de Moçambique entre finais de 73 e inícios de 74 ter sido palco de uma série de episódios que puseram a nu todas essas tensões (estado colonial/setores da Igreja, Exército/população branca, etc.), ajuda a esclarecer a vontade dos militares portugueses em porem fim à guerra - em última análise, era a sua honra que estava em causa", acrescentou Pedro Oliveira.
Kaúlza de Arriaga
Faleceu com 89 anos de idade, o general Kaúlza de Arriaga. O seu nome fica associado ao massacre de Wiriamu, ocorrido em 16 de Dezembro de 1972, quando era comandante-chefe das Forças Armadas de Moçambique. Considerado o maior crime de guerra cometido nas antigas colónias, Wiriamu foi denunciado pelo jornal "Times", na véspera da visita de Marcelo Caetano a Londres. Ainda hoje se ignora o número de vítimas civis, causadas pela 6ª Companhia de Comandos. Um relatório da Cruz Vermelha calculou-as em cerca de centena e meia. Os três inquéritos instaurados pelas autoridades portuguesas concluíram por números muitíssimos inferiores. Mas uma investigação feita pelo EXPRESSO, em 1992, apontou para quatro centenas. No rescaldo de Wiriamu, Caetano perdeu a confiança em Kaúlza, que, assim, terminou a sua carreira.

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