2 de Dezembro de 1923, nasceu Maria Callas

Calogeropoulous, filha de imigrantes gregos, nasce em Nova York no dia 2 de Dezembro de 1923 durante uma grande tempestade que,segundo sua mãe, influenciaria o temperamento da criança. Evangelia, sua mãe, desejava um filho homem. Callas cresce tímida e insegura, gorda e feia, ao lado de sua irmã, Jackie, loura, linda e mimada por todos. Seu amor pela música surge muito cedo.Aos 4 anos extasia-se ao som de uma pianola mecânica; aos 8 já interpreta melodias ao piano e aos 10 canta árias de “Carmem”, uma canção chamada “The Earth is Free” e “La Paloma”.
Evangelia incentivava o talento de Maria com o clássico e excessivo zelo das mães de artistas, sua ambição passando por cima das objeções do marido que julga estar se exigindo demais da menina. Mas quando Maria canta, escapa da realidade e refugia-se num mundo de sonho e perfeição, onde é amada e festejada por todos e, bela, triunfa.
Em 1.943, Mary Ann, como se chama então, ganha um relógio de pulso em um concurso nacional de canto para amadores. Essa rotina de competições perdura até 1977 quando sua mãe resolve voltar à Grécia, de onde poderia dirigir e educar a voz da filha sem as interferências do
marido. Em Atenas, após ter a idade falsificada pela mãe, Maria é admitida no Conservatório Nacional. Aos 15 anos faz sua estréia no papel de Santuzza da “Cavalleria Rusticana” no Teatro Olympia. Dois anos mais tarde é aceita experimentalmente no conservatório de Atenas,
estudando com Elvira de Hidalgo, que logo se torna a pessoa de maior influência em sua carreira.Sua grande oportunidade surge em 1942,
quando substitui uma soprano da ópera Real, no papel de Tosca, num teatro ao ar livre.
Durante a ocupação ítalo-germânica, Callas dá alguns recitais a soldados em troca de comida e continua sua carreira na Ópera Real.Em 1945 decide regressar aos EUA para libertar-se da influência dominadora da mãe. Em Nova York conhece Giovanni Zenatello que procura cantores para a segunda temporada pós-guerra da Arena de Verona, e consegue o papel principal em “La Gioconda”. Em Verona conhece os dois homens que mudariam sua vida: o famoso maestro Túlio Serafin, seu mentor artístico, e Giovanni Batista Meneghini, rico industrial, 30 anos mais velho do que ela, com quem se casaria. Enquanto Meneghini oferece segurança emotiva e financeira, Serafin consegue-lhe inúmeros contratos nos Teatros Italianos; começando por “Tristão e Isolda”, no Teatro La Fenice de Veneza em 1947, seguido por “As Valquírias” e “I Puritani”. Após um trabalho exaustivo nos Teatros de Ópera Italianos, Callas estreia em 1950 no La Scala de Milão, substituindo Renata Tebaldi em duas apresentações de “Aida”. Logo se torna a maior estrela da companhia, estreando a Temporada de 1951 com a ópera de Verdi “I Vespri Siciliani” e depois com
“Macbeth, “La Vestale”, “Norma”, “Ballo in Maschera”, “Poliuto”, etc. etc…
No La Scala, seu lar artístico por 10 anos, conhece Luchino Visconti que a dirige em cinco óperas entre elas “La Sonnambula”, e a inesquecível “La Traviata”, chamada “A Traviata do Século”, espetáculo insuperado até hoje em todos os seus aspectos.Callas sempre reconhece a extraordinária influência de Visconti sobre sua carreira,dizendo que o diretor ensinou-lhe a arte de representar.
Em 1953 Callas perde 35 quilos em meses,tornando-se elegante,linda e atraente. É o regime mais famoso de todos os tempos, cercado de mistério e polémica. Seguem- se uma série de escândalos, discussões e brigas que dão à Maria Callas a fama de temperamental: “A Tigresa”. Na realidade Callas só exige profissionalismo, qualidade, criatividade e honestidade. Suas brigas com o Scala de Milão e o Metropolitan de Nova York são amplamente exploradas por seus inimigos.
Em 1959, mais um escândalo: Maria separa-se de Meneghini e torna-se pública sua relação amorosa com o armador grego Aristóteles Onassis, um dos homens mais ricos do mundo.
Totalmente apaixonada, Callas dedica grande parte do seu tempo à intensa vida social, festas, iates, viagens, afastando-se do canto, do estudo e dos teatros, sempre do lado de Onassis, que não gosta de ópera e quer que ela pare de cantar. Callas traz assim classe e dignidade a Onassis, prejudicando sua própria carreira e voz. Em 1966 obtém o divórcio de Meneghini, mas seu sonho de casar com Onassis é destruído por uma violenta discussão entre ambos duas horas antes da cerimónia. Tempos depois, Onassis casa-se com Jacqueline, viúva de John Kennedy.
Seu único consolo diante dessa terrível e pública rejeição seria retornar ao canto, mas além de alguns problemas vocais, perdera a coragem necessária para fazer sua aparição em cena. Quando finalmente assina contrato é para um filme, uma interpretação não cantada de “Medea”, sob a direção de Píer Paolo Pasolini. Desiludida com essa experiência, e não se sentindo disposta a voltar à ópera, Callas sente necessidade de participar de alguma atividade artística, de se manter atuante. Aceita então um convite do Curtis Institute of Music de Filadélfia para dirigir uma série de aulas, mas abandona a escola dois dias depois quando percebe que os alunos não estavam suficientemente preparados. Peter Mennin, da Julliard School of Music de Nova York, convence-a a voltar ao ensino dando outra Máster Class. Como resultado, em 1971 examina 300 profissionais, reduzidos a 25 no ano seguinte.
Em suas aulas transmite toda sua experiência teatral e seus profundos conhecimentos musicais e artísticos. Nelas pode cantar sem compromisso, recuperando assim a auto-confiança, aceitando a gravação de um disco com duetos de Verdi e Donizetti em companhia de Giuseppe di
Stefano. Em 1973 Maria Callas retorna aos palcos em companhia de Di Stefano numa turnê mundial de concertos que se inicia na Alemanha e termina no Japão.Mesmo assim, Callas não recupera a paixão e a vontade de viver, lutar e criar. Apesar de continuar sendo a artista mais carismática, digna e profissional Maria isola-se em seu apartamento em Paris, onde morre de parada cardíaca em 16 de setembro de 1977, pouco depois da morte de Onassis, seu grande amor e última esperança.