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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A 25 de Dezembro de 1991, renúncia de Mikhail Gorbatchov à Presidência da URSS



Discurso de renúncia de Mikhail Serguéievitch Gorbatchov à Presidência da URSS, televisionado a 25 de dezembro de 1991, que marcou na prática a dissolução definitiva da União e o fim do "socialismo real" na Europa Oriental.
Cabe lembrar que o cargo de Presidente da URSS fora criado por ele mesmo, que foi seu primeiro e último ocupante, pois, ao abolir o monopartidarismo, queria dissociar a Secretaria-Geral do Partido Comunista da União Soviética do comando do país. Também acabaria renunciando à Secretaria-Geral em agosto de 1991, logo após o fracassado golpe de Estado da linha dura.
No discurso, Gorbatchov lamenta a tendência predominante que levou à dissolução da URSS e defende a justeza de suas próprias decisões e o alcance de inúmeras conquistas que o país teria alcançado desde 1985, como a liberalização económica, o respeito às liberdades individuais e o fim da "guerra fria" e da "corrida armamentista". Mesmo assim, não deixa de apontar os inúmeros tormentos e crises por que os soviéticos estavam passando, justificando-os como "necessários" para a efetivação das mudanças e atribuindo seu agravamento às resistências conservadoras no aparelho estatal e económico, bem como na cultura política local. Ao final, agradece a todos os que o apoiaram na promoção das reformas e manifesta sua preocupação com a situação que deixará para trás, mas reafirma sua fé na grandeza nacional e na capacidade do povo de superar as dificuldades, e vaticina um futuro de prosperidade e paz àquela que havia deixado de ser a segunda superpotência mundial.
A beleza e a confiança das palavras disfarçavam uma situação de caos e falência que iriam marcar a Rússia e outros países do antigo "bloco socialista" após 1991. Embora, na maior parte dos casos, a "glásnost" (abertura política) fosse uma realidade, a "perestroika" (reconstrução económica) havia esbarrado na precariedade da indústria, do comércio e dos serviços, já muito mal desenvolvidos e em estado precário desde a estagnação do início dos anos 1980. Isso resultou em aumento da pobreza, desemprego, encarecimento dos bens materiais e as consequentes criminalidade, diminuição da população e agravamento do problema das drogas, tornados ainda mais escancarados com o fim da censura à imprensa e à televisão. Já no período Gorbatchov, a desestatização das empresas, longe de gerar aumento da produtividade e distribuição de riqueza, apenas as entregara nas mãos de máfias e oligopólios que se beneficiaram de uma privatização corrupta e pouco transparente, a agravar-se ainda mais sob o comando de Boris Iéltsin.

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