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domingo, 14 de abril de 2013

Em 14 de Abril de 1986 - Faleceu Simone Beauvoir, escritora, filosofa francesa esposa do professor Jean Paul Sartre.





Cinebiografia do casal Simone Beauvoir e Jean Paul Sartre.



Simone-Ernestine-Lucie-Marie Bertrand de Beauvoir, nascida em Paris, em 9 de Janeiro de 1908, apelidada de Castor pelos colegas da academia, ingressa do Instituo Católico Santa Maria, foi a mais jovem estudante a ser aprovada nos rigorosos exames da Faculdade de Filosofia da Universidade de Sorbone, o aggrégation.

Graduou-se obtendo o diploma com uma tese sobre Leibniz. Não tardou a ligar-se a Jean-Paul Sartre, três anos mais velho do que ela, tido como uma das maiores promessas da filosofia francesa, com quem fez um pacto, ao redor do ano de 1929. Comprometeram-se os dois a ter uma relação aberta e dedicarem-se integralmente à literatura e à filosofia, abdicando de terem um lar e filhos. Tornaram-se para sempre devotos da palavra escrita, ao sacerdócio das letras e do pensamento.

Naquela época tal atitude assumida por pessoas da classe média, ainda que intelectualizada e culta, era vista simplesmente como um escândalo, quase uma abominação. Como uma jovem mulher que descendia do patriciado parisiense, cujo pai tinha veleidades de nobreza, podia simplesmente abdicar de vir a ser esposa e mãe?

Nomeada professora, Simone exerceu por pouco tempo o magistério em Marselha e depois em Ruão, onde ficou mais próxima de Sartre que assumira classes no porto atlântico do Le Havre. Não tardou para que ela conseguisse dedicar-se exclusivamente às letras, fazendo seu primeiro sucesso com o livro L´invitée (A Convidada), publicado em 1943, em plena França ocupada pelos nazistas. Desde aquele primeiro livro ela pautou sua ficção no sentido de expor o mundo que a cercava. As histórias que narrou ou tinham sido vividas por ela e por Sartre, evidentemente como nomes fictícios, ou por casos que os mais próximos lhe contavam.

A vida livre e um tanto boémia que o reduzido grupo de intelectuais e escritores levava exerceu uma enorme atracção junto ao público em geral, condenado a uma rotina apagada, anónima ou medíocre. Parecia que eles, os personagens de Simone, não se encontravam sujeitos às convenções, muito menos inclinados a seguir o rebanho. Viviam de acordo com regras muito próprias, tal como Simone e Sartre estabeleceram para si.

Encontravam-se a toda hora em reuniões fortuitas nos cafés da moda do Boulevard Saint-Germain – no Deux Magots e no Fiore - com romancistas, poetas, pintores, atores e actrizes, directores de cinema e gente de teatro, entretendo-se horas ao lado de Pablo Picasso, Pierre Brasseur ou de Jean Cocteau.

Tão férteis eram tais encontros que Simone testemunhou que o começo do interesse de Jean-Paul Sartre pela fenomenologia, que mais tarde gerou o livro famoso dele intituladoO Ser e o Nada, deu-se num desses cafés de Paris quando Raymond Aron (que bem mais tarde tornou-se ideologicamente contrário a Sartre), recém voltando de Berlim, em 1931, disse-lhe que, segundo Husserl, era possível filosofar sobre um copo e o seu conteúdo. Era o estalo que ele precisava para ir em frente no seu estudo da unidade indivisa de mente-e-corpo e o mundo que a cerca, na busca da superação da dualidade entre a aparência(fenômeno) e a essência(nômeno), entre o Materialismo versus Idealismo.(*)

Esse planeta incomum dos intelectuais, artistas e boémios, movido a livros, licores e vinhos, foi profundamente abalado pela eclosão da guerra em 1939, pela ocupação da França entre 1940-44, pela Resistência e, depois, pela Libertação. Quando então Paris, apesar das enormes dificuldades materiais do pós-guerra, voltou a ser uma festa.

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