Previsão do Tempo

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Será o vento o ar em movimento?



Um dia, numa aula, a nossa professora
Ensinou-nos que o vento é simples massa de ar.
E eu acreditei, se a professora o diz...
Mas não compreendi,
E pus-me a cogitar...
De volta para a minha aldeia, onde ninguém estudou,
Resolvi perguntar.
E disse o Zé Moleiro: -O vento é pó de trigo,
São velas a rodar. O vento é um amigo.
O Luís Pescador gritou, sem se conter:
- O vento faz as ondas e fez meu pai morrer!
O vento é assassino, o vento faz doer.
- Nem sempre – lembrei eu. – Levanta os papagaios
E fá-los ser estrelas num céu azul de sol.
E gemeu a velhinha, num canto do portal:
- O vento é dor nos ossos...
- É roupa no varal sequinha num instante!
Afirmou a minha mãe
Correndo atarefada, entre casa e quintal.
Mas logo replicou um velho jardineiro:
- O vento, meus amigos, destruiu-me as roseiras
E fez cair as flores das minhas trepadeiras.
O vento é muito mau.
Um poeta sorriu:
- O vento é a beleza, as searas são o mar.
Se o vento as faz mover, no vento a ondular.

Então sentei-me à mesa e estudei a lição.
Já sei o que é o vento.
É dor. É medo. É pão.
É beleza e canção.
É a morte no mar.
E por trás disso tudo
É uma massa de ar...
E eu disse cá p’ra mim que a minha professora
Com tudo o que estudou,
Não me soube ensinar
Porque nunca escutou.

(Guida-Coimbra, Março de 1989)

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