Previsão do Tempo

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Dar de beber à dor ou a Casa da Mariquinhas



Foi no domingo passado que passei
À casa onde vivia a Mariquinhas
Mas está tudo tão mudado
Que não vi em nenhum lado
As tais janelas que tinham tabuínhas
Do rés-do-chão ao telhado
Não vi nada , nada, nada
Que pudesse recordar-me a Mariquinhas
E há um vidro pegado e azulado
Onde via as tabuínhas
Entrei e onde era a sala agora está
Á secretária um sujeito que é lingrinhas
Mas não vi colchas com barra
Nem viola nem guitarra
Nem espreitadelas furtivas das vizinhas
O tempo cravou a garra
Na alma daquela casa
Onde às vezes petiscávamos sardinhas
Quando em noites de guitarra e de farra
Estava alegre a Mariquinhas
As janelas tão garridas que ficavam
Com cortinados de chita as pintinhas
Perderam de todo a graça
Porque é hoje uma vidraça
Com cercaduras de lata às voltinhas
E lá p´ra dentro quem passa
Hoje é p´ra ir aos penhores
Entregar ao usurário umas coisinhas
Pois chega a esta desgraça toda a graça
Da casa da Mariquinhas
Para terem feito da casa o que fizeram
Melhor fora que a mandassem p´rás alminhas
Pois ser casa de penhor
O que foi viver de amor
É idéia que não cabe cá nas minhas
Recordações do calor
E das saudades o gosto
Eu vou procurar esquecer
Numa ginginhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas


NOVA VERSÃO

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