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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

4 de Fevereiro de 1961 deu-se a revolta de Cassange





4 de fevereiro: O início do fim

Enquanto ainda duravam as operações de contenção da revolta de Cassange, chegava a madrugada de 4 de Fevereiro. Um foguete, accionado num bairro vizinho da Cadeia de São Paulo, rebentava às quatro horas da manhã, dando sinal para que mais de 250 nacionalistas, divididos em 10 grupos, e vestidos de camisolas e calções pretos e de catanas em punho, largassem os bairros a caminho das cadeias.
Atacam simultaneamente a Casa de Reclusão Militar, em Luanda, a Cadeia da 7ª esquadra da polícia, a cadeia da PIDE no bairro de São Paulo e tentam ocupar a sede dos Correios e a Emissora Nacional de Angola. Dentro da prisão, os grupos de presos que, há meses, preparavam a fuga, resolviam avançar, preparados com todos objectos que fossem cortantes. Com o objectivo de libertar alguns detidos e sem armamento adequado à situação real, o ataque foi um fracasso. 40 assaltantes perderam a vida, juntamente com cinco polícias, um cabo e sete guardas prisionais.
O MPLA reivindicou os assaltos e os líderes dos grupos Paiva da Silva e Imperial Santana ficaram conhecidos como os autores desse dia. É precisamente neste parte que a história tropeça. Fontes ligadas ao partido afirmam que o MPLA não teve peso suficiente nos acontecimentos e que muitos dos seus militantes estavam na Guiné Conacry, na altura confrontados com as difíceis condições políticas impostas pela vigilância policial e militar. A fonte revela que um dos intervenientes principais desse dia foi o cónego Manuel Mendes das Neves, “Neves Mendinha” que na altura tinha ligações à UPA juntamente com Raul Deão.
O Comité Director do MPLA concebeu um comunicado na altura, onde assume a autoria do assalto, liderado à distância em articulação com a ala interna do movimento. O comunicado foi divulgado em todas as rádios da época, tendo mobilizado a comunidade internacional, os países africanos já independentes, os Estados Unidos e alguns países do então bloco socialista do Leste Europeu. Desta mobilização conseguiu-se obter meios financeiros e materiais, tais como armamento e outros equipamentos, bem como meios referentes à assistência médica e medicamentosa.
O ataque coincidiu com a presença de jornalistas estrangeiros que aguardavam por notícias do navio Santa Maria, que tinha sido desviado pelo capitão Henrique Galvão e outros oposicionistas ao regime português, e que, supostamente, iria atracar em Luanda. Desta forma, o evento foi de conhecimento público.
O ataque, ao combinar o “timing” certo com uma estratégia política nacionalista à altura do poder colonial, dá passos sucessivos para afirmação do poder de guerrilha e não-conformismo dos nacionais.
A 6 de Fevereiro, durante as cerimónias fúnebres dos polícias, mais de 20 angolanos foram mortos devido a uma suposta provocação. No mesmo dia, segundo um missionário Metodista, as autoridades portuguesas e cidadãos brancos atacam cidadãos angolanos que viviam nos musseques, matando cerca de 300 pessoas.

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