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quinta-feira, 28 de maio de 2015

A 28 de Maio de 1903 – É inaugurada a iluminação elétrica de Lisboa.


A FÁBRICA QUE ELETRIFICOU LISBOA


A Central Tejo foi uma central termoelétrica, propriedade das Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade (CRGE), que abasteceu de eletricidade, toda a cidade e região de Lisboa. Está situada em Belém, Lisboa, e o seu período de atividade produtiva está compreendido entre 1909 e 1972, se bem que a partir de 1951 tenha sido utilizada como central de reserva, produzindo apenas para completar a oferta de energia das centrais hídricas.

Em 1975 foi desclassificada, saindo do sistema produtivo. Ao longo do tempo sofreu diversas modificações e ampliações, tendo passado por contínuas fases de construção e alteração dos sistemas produtivos.

CRGE

A CRGE foi constituída em 1891 e resultou da fusão entre a Companhia Lisbonense de Iluminação a Gás (1848) e a Companhia Gás de Lisboa (1887), com a finalidade de produzir e distribuir gás e eletricidade e obter contratos de exclusividade de fornecimento de energia à cidade de Lisboa. A Companhia Gás de Lisboa era detida por capital financeiro de origem belga enquanto a CLIG era dominada por capitais portugueses. Na nova empresa, os capitais belgas dominavam a administração. Além do negócio principal do gás, a empresa detinha a pequena central elétrica da Avenida (1889). Em 1903, com a criação da Central da Boavista (local da futura sede da EDP), a empresa inicia a expansão na área da eletricidade.
A partir de 1898, com a criação da Sofina, sociedade financeira da iniciativa do grupo AEG-UEG, os interesses belgas são conjugados com os interesses industriais alemães e os interesses dos grupos americanos Thomson-Houston e General Electric. Sob o impulso de Dannie Heineman, que viria a constituir e a liderar o principal conglomerado energético mundial, a partir de 1913 a Sofina passa a dominar o capital da CRGE. Em Portugal, na gestão da CRGE, notabilizou-se nesta primeira fase a figura do eng. António Centeno.

Central Tejo I (Central da Junqueira)

A primitiva Central Tejo, popularmente conhecida como Central da Junqueira, cujos edifícios já não existem, foi construída em 1908, iniciou a laboração em 1909 e funcionou até 1921. Foi projetada pelo engenheiro Lucien Neu e a sua construção ficou a cargo da firma Vieillard & Touzet (Fernand Touzet).
A partir de 1921 até 1938, o edifício foi utilizado principalmente como espaço oficinal e de armazém. Em 1938 foi demolido para dar lugar à construção da Central Tejo III (Edifício da Alta Pressão).
No apogeu da sua capacidade, a primitiva Central Tejo dispunha de quinze pequenas caldeiras Belleville e cinco grupos geradores que forneciam a rede elétrica da cidade de Lisboa. O edifício apresentava um tipo de arquitetura característica das pequenas centrais elétricas dos finais do século XIX, as então denominadas “fábricas de eletricidade”. A sua planta correspondia a uma nave longitudinal coberta a duas vertentes e três pavilhões contíguos transversalmente do lado ocidental; entre eles, duas esbeltas chaminés dobravam a altura do corpo da fábrica e “vigiavam” o espaço. Nas suas fachadas Norte – Sul podia-se apreciar a inscrição: “1909 / Cªs Reunidas Gás e Eletricidade / Estação
 Elétrica Central Tejo”.
Esta primitiva Central Tejo foi programada para laborar durante um período de seis anos (1909-1914), até as CRGE conseguirem os meios necessários para a construção de um central de maiores dimensões e capacidade. Contudo, devido a dificuldades de financiamento e à eclosão da Primeira Guerra Mundial nesse último ano, levou a que esta fase primitiva da Central Tejo se prolongasse e continuasse operativa até 1921.

Central Tejo II (Baixa Pressão)

Em 1914, a 10 metros de distância da Central Tejo I, foram iniciadas as obras de novos edifícios que viriam a ser ampliados várias vezes. O projeto incluía diversos corpos da fábrica: sala para seis caldeiras, uma sala de máquinas com capacidade para dois turboalternadores alemães AEG de 8MW de potência; e um edifício de comando e subestação de menor dimensão.
Pouco tempo depois do início das obras, estalou a Primeira Grande Guerra, provocando atrasos em prazos estabelecidos e problemas na receção dos turboalternadores encomendados à Alemanha, que permaneceram retidos até ao fim do conflito. Só em 1921 o plano estaria concluído. Mas em 1922, em função do aumento dos consumos, foi de novo indispensável efetuar novos e importantes trabalhos na Central para aumentar a sala das caldeiras de baixa pressão.
O programa elaborado pelas CRGE consistia na ampliação de uma nave industrial que alojaria três novas caldeiras de baixa pressão e a aquisição de um novo grupo gerador. Mais uma vez, no fim dos trabalhos em 1928 e pelas mesmas razões, decidiu-se optar por nova ampliação. Assim, no final dos anos trinta, existiam onze caldeiras em funcionamento e cinco turbo-grupos alternadores. Dez caldeiras Babcock & Wilcox (tecnologia britânica) e uma da marca Humboldt (origem alemã). A sala de máquinas alojava cinco grupos geradores de várias potências e diversas marcas: Escher & Wiss, AEG, Stal-Asea y Escher Wiss/Thompson.
Ao longo deste período de 15 anos, também foram construídos os canais e dois sifões nas novas docas do circuito de refrigeração, o qual conduzia a água desde o rio até ao interior da Central.

Central Tejo III (Alta Pressão)

Finalmente, em 1941 teve lugar a construção do edifício das caldeiras de alta pressão, o corpo de maior envergadura da central, o qual foi ampliado em 1951 com a inclusão de mais uma caldeira.

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