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sábado, 5 de dezembro de 2015
A 05 de Dezembro de 2012 - Morreu Papiniano Manuel Carlos de Vasconcelos Rodrigues
Papiniano Manuel Carlos de Vasconcelos Rodrigues nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique, a 9 de novembro de 1918.
Aos 10 anos de idade veio com a mãe para o Porto. Nesta cidade, frequentou os estudos secundários no Liceu Alexandre Herculano e ingressou na universidade. Fez os Preparatórios da Escola Militar no ano letivo de 1936/1937 e frequentou os cursos de Engenharia Eletrotécnica (ano 1941/1942), de Engenharia Mecânica (1948/1949), da Faculdade de Engenharia, e o de Ciências Geofísicas (1951/1952 e 1955/1956 e 1956/1957) da Faculdade de Ciências.
Publicou o seu primeiro livro em 1942, um volume de poesias intitulado Esboço. Volvidos quatro anos deu à estampa Estrada Nova – Caderno de Poemas, com capa de Júlio Pomar, uma obra bem acolhida pelo público, mas rapidamente apreendida pela PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), pouco sensível à inspiração social e democrática do autor. Naquele ano foi, também, publicadaTerra com sede, que marca a sua estreia na ficção e que reúne alguns dos mais belos contos do neo-realismo português, como Nana, Tocador de Harmónica.
No final dos anos 40, Papiniano fixou-se no Porto, lugar onde lutou clandestinamente contra o regime fascista de Salazar, usando o pseudónimo Garcia, em homenagem ao poeta andaluz Federico Garcia Lorca, fuzilado pelos Franquistas em 1936. Foi preso três vezes pela PIDE. Na qualidade de membro do Conselho Português para a Paz e Cooperação, fez várias viagens ao estrangeiro. Numa delas conheceu e tornou-se amigo do poeta Pablo Neruda, então embaixador do Chile em Paris.
A par da escrita e do ativismo político dedicou-se também, afincadamente, à atividade cultural. A partir dos anos 50, com Egito Gonçalves, Luís Veiga Leitão, António Rebordão Navarro e Daniel Filipe, dirigiu a revista Notícias de Bloqueio. De igual modo, colaborou nas revistas "Seara Nova" e "Vértice", nesta última tendo sido responsável pelas secções de crítica e de poesia. Integrou os corpos dirigentes do Círculo de Cultura Teatral do Teatro Experimental do Porto.
Nos anos 60, publicou A Menina Gotinha de Água, uma obra de literatura infantil que constitui um dos seus maiores êxitos editoriais e é considerada um título responsável pela renovação deste género literário, nomeadamente no que respeita à sua função na educação das crianças. Livro repetidamente reeditado ao longo dos anos, contou com ilustrações de João Câmara Leme, João Nunes e Joana Quental.
Entre outros livros, distribuídos pela Poesia, pela Dramaturgia e pela Ficção, publicou: Mãe Terra(poemas, 1948); "As Florestas e os Ventos – contos e poemas" (1952); A rosa nocturna (crónicas, 1961); A ave sobre a cidade (poemas, 1973) e O rio na Treva (romance, 1975). Para a infância e juventude escreveu: Luisinho e as andorinhas (1977), O grande lagarto da pedra azul (1989). Está representado nas Antologias Líricas Portuguesas, Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa,Nueva Poesia Portuguesa, La Poésie Ibérique de Combat. Intelectual incansável, espera ainda reunir toda a sua obra poética num volume só.
Durante os anos 80 lançou mais um livro infantil – "A Viagem de Alexandra" –, que conta a história da circulação do sangue através do corpo de uma menina, ilustrado por Manuela Bacelar e editado pela Porto Editora, reeditado em 2008 pela Arca das Letras, com novas ilustrações da autoria de Elsa Lé.
Alguns poemas da sua autoria foram musicados por Luís Cília, Manuel Teixeira Ruela, Fernando Lopes Graça, Joaquim Fernandes e Carlos Mendes, como a "Canção de Catarina", de Lopes Graça, dedicada à memória da resistente alentejana Catarina Eufémia.
Dividiu a sua vida entre a escrita e a luta pela liberdade. Foi um dos últimos representantes da segunda geração neo-realista, um divulgador da poesia africana de expressão portuguesa, um grande humanista e militante cultural.
Vivia na Maia com Olívia Vasconcelos, a companheira de sempre, onde veio a falecer a 5 de dezembro de 2012 com 94 anos de idade.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)
A 05 de Dezembro de 1905 - Nasceu Ruy Luís Gomes
Ruy Luís Gomes nasceu no Porto a 5 de Dezembro de 1905 e faleceu nesta cidade a 27 de Outubro de 1984, foi um matemático português, um dos fundadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, um resistente anti-fascista, e um destacado apoiante do PCP até à sua morte!
Ruy Luís Gomes era filho de Maria José Medeiros de Oliveira e de António Luís Gomes.
O pai (1863-1961) formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1890, foi o primeiro presidente da Associação Académica de Coimbra, durante quatro anos, e foi, também, Reitor da mesma Universidade em 1921-1924.
António Luís Gomes, que teve ainda vários cargos oficiais como o de embaixador de Portugal no Brasil, foi membro do directório do Partido Republicano e fez parte do Governo Provisório como Ministro do Fomento até 24 de Novembro de 1910.
O pai exerceu certamente uma influência grande sobre o filho, visto que este, no seu notável ensaio político “A revolução republicana de 31 de Janeiro”, datado de 1956, lhe faz a seguinte dedicatória: «A meu Pai, Ministro do Governo Provisório, que, na grandiosa sessão comemorativa da implantação da República, realizada no Porto, na noite de 5 de Outubro de 1955, afirmou a sua confiança inabalável na capacidade política do Povo Português».
Ruy Luís Gomes doutorou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra em 1928, entrou como Assistente na Faculdade de Ciências do Porto em 1929 e foi Professor Catedrático de 1933 a 1947, na mesma Faculdade, ano em que foi afastado do ensino oficial pelo fascismo.
Manteve-se em Portugal até ser contratado pela Universidade Nacional del Sur, Bahía Blanca, Argentina, de 1958 a 1961, no Instituto de Matemática. Foi depois contratado pela Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, para «ensinar no Curso de Matemática, preparar pessoal docente e fazer investigação no Instituto de Matemática», aí se mantendo de 1962 a 1974.
Regressou a Portugal, reintegrado como Professor Catedrático da Faculdade de Ciências do Porto, logo após a Revolução do 25 de Abril.
Ruy Luís Gomes tinha, há mais de sessenta anos atrás, nas duras condições do fascismo, sem as comodidades que hoje temos com novas tecnologias da informação e com meios de transporte mais rápidos, uma visão científica mais avançada do que aquela que tem muitos dos cientistas portugueses na actualidade. Uma visão revolucionária, na medida em que a sua actividade se diversificou em várias direcções, indo longe, com eficácia, em todas elas.
Ruy Luís Gomes, para além de ser um professor competente, dedicado e admirado pelos seus alunos, foi um investigador de nível internacional. Publicou dezenas de trabalhos científicos de alta qualidade, que vão da Física à Matemática, da Mecânica Clássica à Teoria da Relatividade, da Física-Matemática à Análise Funcional, Teoria da Medida e Teoria da Integração.
Correspondeu-se com cientistas de renome internacional como o Académico soviético Nicolai M. Krylov, o Académico francês Louis de Broglie ou o grande cientista italiano Tullio Levi-Civita.
Na prestigiada revista Rendiconti Della Accademia Nationale Dei Lincei, no caminho aberto por Aureliano de Mira Fernandes, e com o patrocínio de Levi-Civita, publicou, entre 1930 e 1937, doze artigos e no Journal de Physique et Le Radium, com o apoio de Louis de Broglie, publicou um artigo em 1935 o que, só por si, mostra a intensa produtividade de Ruy Luís Gomes na juventude, que o torna um caso único para a época e para o país. Publicou livros científicos de ponta como O Integral de Riemann (1949) e O Integral de Lebesgue-Stieltjes (1952), para elaborar os quais manteve contactos com matemáticos franceses da escola Nicolas Bourbaki.
Ruy Luís Gomes foi um divulgador da Ciência, através de palestras e de artigos. Na Gazeta de Matemática (com contribuições regulares desde 1945), na Seara Nova (A relatividade – origem, evolução e tendências actuais, 1938 e 1943), no Diário de Lisboa (Investigação científica, cinco artigos de 23 de Março a 22 de Novembro de 1945), aos microfones da Rádio Club Lusitânia (O valor social da investigação científica, 6 de Maio de 1944).
De 1955 é o artigo pacifista, publicado em separata pela revista Lusíada, Albert Einstein – E=mc2: o mais urgente problema do nosso tempo.
Ruy Luís Gomes foi um cientista de acção, não se tendo limitado ao trabalho de gabinete e da sala de aula.
Foi co-fundador da Casa-Museu Abel Salazar, de Artes Plásticas, situada no Porto (em 1946), co-fundador do Observatório Astronómico da Universidade do Porto, fundador do Centro de Estudos Matemáticos do Porto, de que foi director até 1947, fundador da Junta de Investigação Matemática, em colaboração com Mira Fernandes e António Monteiro, co-fundador da Sociedade Portuguesa de Matemática, co-fundador da Tipografia Matemática de Lisboa, e, finalmente, foi co-fundador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, do Porto, tendo sido Presidente da sua Comissão Instaladora (em 1975, já com 70 anos de idade!).
Entre o fim dos anos da juventude e a sua ida para o exílio há que reter três momentos assinaláveis na vida científica e política de Ruy Luís Gomes.
O primeiro desses momentos situa-se à volta do ano de 1940 e diz respeito à aproximação entre Ruy Luís Gomes e o matemático António Aniceto Monteiro. Na verdade eles já se haviam encontrado antes – pelo menos, em 1937, altura em que Ruy Luís Gomes se deslocou a Lisboa para fazer, de 19 a 28 de Abril, um curso sobre Teoria da Relatividade, no âmbito das actividades do Núcleo de Matemática, Física e Química, que havia sido fundado um ano antes.
O Núcleo foi a primeira tentativa da formação de uma Escola de Ciência, em moldes modernos, em Portugal, e um dos seus mais activos elementos foi precisamente António Aniceto Monteiro. Este matemático, doutorado em Paris e regressado havia pouco tempo, foi o primeiro investigador em matemática em Portugal, no sentido em que ainda hoje entendemos a palavra «investigador». Era um grande organizador e teve uma influência dirigente em todas as iniciativas que envolviam a promoção da divulgação, do ensino e da investigação, no que diz respeito à matemática, realizadas naquela época. O epicentro dessa actividade estava localizado em Lisboa e movimentava também matemáticos como Bento de Jesus Caraça – figura cimeira da matemática, da cultura e da política – e ainda Hugo Ribeiro, Silva Paulo, Zaluar Nunes, Mira Fernandes, Beirão da Veiga, entre outros. Ruy Luís Gomes vivia e trabalhava no Porto e o contacto que nessa época desenvolveu com o grupo de Lisboa e, em particular, com António Aniceto Monteiro, deu um novo alento aos seus projectos de desenvolvimento da matemática como ele próprio o confirma anos mais tarde: «(...) foi decisiva a colaboração e a extraordinária capacidade de formar discípulos do matemático António Aniceto Monteiro» e, mais adiante, «Estas realizações [de António Monteiro] e os contactos directos que já havíamos tido com António Monteiro traduziram-se em novos estímulos para a nossa própria actividade, sempre dominada pelo desejo de criar no Porto uma Escola de Matemática» .
António Monteiro, que tinha fundado a revista Portugaliae Mathematica em 1937, o Seminário de Análise Geral em 1939, o Centro de Estudos Matemáticos de Lisboa em 1940, contribuído para a fundação da Gazeta de Matemática em 1939-1940 e da Sociedade Portuguesa de Matemática em 1940, não tinha qualquer posto académico e nunca chegou a ser expulso da Universidade Portuguesa, como os outros, porque nunca chegou sequer a ser admitido em virtude das suas posições políticas! Vivia de trabalhos que não eram a sua actividade principal...
Inspirado pelo exemplo de Lisboa, Ruy Luís Gomes funda, em 1941-1942, o Centro de Estudos Matemáticos do Porto (CEMP). Em 1943, funda, com António Monteiro e Mira Fernades, a Junta de Investigação Matemática (JIM), inteiramente com fundos privados angariados pelo irmão, António Luís Gomes. No fim desse ano, Ruy Luís Gomes consegue instalar António Monteiro no Porto, pago pela JIM, o único salário que o notável matemático teve em Portugal, como investigador, antes do 25 de Abril. Este episódio ilustra bem o carácter e a visão que caracterizam a vida de Ruy Luís Gomes.
No Porto, Ruy Luís Gomes e António Monteiro trabalham intensamente em colaboração no CEMP e na JIM, organizando e publicando palestras, orientando estudantes, subsidiando pessoas, revistas e viagens, comprando livros. Apenas dois exemplos: Monteiro orientou o doutoramento de Alfredo Pereira Gomes, irmão de Soeiro Pereira Gomes, o primeiro realizado no CEMP; a JIM realizou dez palestras aos microfones da Rádio Club Lusitânia, sobre investigação científica, sendo uma delas a de Ruy Luís Gomes, já referida, e outra a de António Monteiro intitulada Os Objectivos da Junta de Investigação Matemática. Esta palestra teve tal repercussão que o governo decidiu encerrar todos os clubes de matemática, dirigidos a jovens, que Monteiro tinha fundado em Lisboa! A fúria do governo contra Monteiro «compreende-se» perfeitamente pois ele afirma, nomeadamente, que «ser investigador é um dever de todo o cidadão consciente das suas responsabilidades perante a sociedade, porque ser investigador é adoptar uma atitude crítica, perante a vida e o conhecimento, para chegar a novas conclusões».
Pressionado pela perseguição que lhe era movida, em 1945 António Monteiro teve que seguir para o Brasil, com um contrato de quatro anos, o qual não foi renovado por influência das autoridades portuguesas, o que o obrigou a ir para a Argentina onde, anos mais tarde (1958), recebeu, exilado, o seu amigo Ruy Luís Gomes.
O segundo dos momentos assinaláveis na vida de Ruy Luís Gomes que queremos referir situa-se em 1945, que é o ano da sua entrada na actividade política intensa, quase quotidiana, paralela à sua actividade como cientista. Ruy Luís Gomes «apoiou o Movimento de Unidade Democrática (MUD) desde o seu início, tendo assistido à sessão histórica da sua fundação, no Centro Republicano Almirante Reis, em Outubro de 1945».
Ainda nesse ano, realizou-se um comício do MUD, no Olímpia, no Porto. Segundo Virgínia Moura, foi uma jornada «extraordinária» do MUD com «uma adesão popular espantosa», para a qual foi convidado «o professor Ruy Luís Gomes, até ali apenas conhecido como matemático, para presidir». Foi o encontro histórico entre Ruy Luís Gomes, Virgínia Moura, Lobão Vital e José Morgado de que resultaria uma amizade empenhada e duradoura.
Na realidade, se até aí tinha dedicado o essencial da sua vida à actividade científica, dois episódios mostram que as preocupações políticas de Ruy Luís Gomes já eram anteriores àquela data.
Em 13 de Maio de 1935 é publicado o famigerado decreto n.º 25 317, que visa intensificar a perseguição aos funcionários públicos, ao abrigo do qual, ainda nesse mês, são expulsos 33 professores da Universidade, entre os quais está Abel Salazar que é demitido de professor catedrático de Histologia da Faculdade de Medicina do Porto, sob pretexto de «influência deletéria da sua acção pedagógica-didáctica sobre a mocidade universitária». É-lhe recusada a autorização de sair do país e mesmo de frequentar a biblioteca da Faculdade.
Como refere Luís Neves Real, «o Professor Ruy Luís Gomes, profundamente impressionado por toda a campanha que precedera o afastamento do Mestre Abel Salazar da Faculdade de Medicina do Porto, dele determinou aproximar-se para lhe exprimir a sua admiração e manifestar-lhe a sua solidariedade.». Foi o início de uma sólida amizade e cumplicidade que perdurou até hoje. Bem se pode dizer «até hoje» porque, para lá da morte de ambos, as sementes ficaram e produziram o seus frutos de que o exemplo mais vivo é o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar fundado por iniciativa do matemático já depois do 25 de Abril.
O terceiro dos momentos assinaláveis na vida de Ruy Luís Gomes é referido por duas testemunhas irrefutavelmente fidedignas – Virgínia Moura e José Morgado: «A nossa convivência com o professor Ruy Luís Gomes data de há cerca de quarenta anos, mas foi, sobretudo, nos anos que seguiram imediatamente à candidatura do general Norton de Matos à Presidência da República, em Janeiro-Fevereiro de 1949, que a nossa convivência se intensificou e a nossa amizade se tornou indestrutível».
Os anos que se seguiram significaram, sem dúvida, um seu maior comprometimento político a que o fascismo respondeu com mais perseguições e prisões. Há dois acontecimentos maiores nessa época que são a sua candidatura à Presidência da República, apresentada pelo Movimento Nacional Democrático (MND), em 1951, e a sua tomada de posição relativamente à questão colonial, conjuntamente com Virgínia Moura, Lobão Vital, José Morgado e Albertino Macedo, em 1954, que lhes valeu, a cada um deles, um total de cerca de dois anos de cadeia.
Em fins de Julho de 1954, forças da União Indiana assaltam e ocupam definitivamente os dois pequenos enclaves «portugueses» de Dadrá e Nagar-Avely. Foi o início de um ano de crise política entre os dois países e o princípio da tensão, que só terminaria com o 25 de Abril (mais concretamente, em 1975), e que teve o seu momento culminante com a expulsão total dos portugueses de Goa, Damão e Diu em 19 de Dezembro de 1961.
Nesse ano de 1954, a 11 de Agosto, o MND enviou aos jornais uma «nota oficiosa» sobre o que se estava a passar na Índia, condenando a política colonial do governo e defendendo a autodeterminação dos povos. Foi o suficiente para Ruy Luís Gomes e os seus companheiros serem presos a 19 de Agosto, acusados de traição à pátria, ameaçados com cinquenta anos de prisão mais medidas de segurança, passarem por vários julgamentos até serem finalmente libertados em 1957.
No ano de 1956 escreve Ruy Luís Gomes «A revolução republicana de 31 de Janeiro» um texto de matriz claramente marxista que é mais um documento que mostra – se tal ainda era necessário – que o matemático era um político com um pensamento ideológico firmemente consolidado.
Em 1958, parte para o exílio, primeiro na Argentina, seguindo em 1962 para o Brasil. Conseguiram realizar no estrangeiro, ele e os seus companheiros – Monteiro, Pereira Gomes, José Morgado, Zaluar Nunes – o trabalho científico que lhes foi negado em Portugal! A palavra «negado» é aqui um eufemismo porque a eles – a tantos outros! – e ao povo português foi roubada violentamente pelo fascismo a possibilidade do desenvolvimento científico, tecnológico e cultural, sentido-se ainda hoje as consequências.
No estrangeiro e, em particular, no Brasil, o seu trabalho foi e é reconhecido existindo hoje, na Universidade Federal de Pernambuco, um «Auditório Ruy Luís Gomes» e uma «Biblioteca Ruy Luís Gomes».
Em Portugal, logo após o 25 de Abril foi primeiro aclamado e em seguida nomeado Reitor da Universidade do Porto, para, aquando da sua jubilação, lhe ser outorgada a distinção de Reitor honorário e vitalício. Em efectividade de funções tratou de ajudar a reparar as injustiças cometidas pelo fascismo integrando na Universidade como professores catedráticos José Morgado e Óscar Lopes, entre outros.
Sem sombra de dúvida que relativamente à vida de Ruy Luís Gomes se pode dizer que foi uma afirmação constante da sua «confiança inabalável» na capacidade científica e política do Povo Português, o que faz dele o mais completo homem de ciência do século XX português, um cientista revolucionário!
( parte importante do texto de Jorge Rezende, Professor da Universidade de Lisboa, em «O Militante» - N.º 279 Novembro/Dezembro 2005)
A 05 de Dezembro de 1949 - Morreu Joaquim Soeiro Pereira Gomes
Joaquim Soeiro Pereira Gomes nasceu em Gestaçô, Porto, em 1910. Frequentou a Escola Agrícola de Coimbra, onde tirou o curso de regente agrícola, e mais tarde emigrou para Angola, onde exerceu a sua profissão durante cerca de um ano, na Companhia do Catumbela. Voltou para Portugal e fixou-se em Alhandra, em 1932, onde trabalhou como empregado de escritório na Fábrica de Cimentos Tejo. Aqui desenvolveu uma intensa actividade de dinamização cultural junto do operariado. Mas foi como escritor que Soeiro Pereira Gomes se notabilizou, sendo um dos mais coerentes e claros exemplos da ficção neo-realista em Portugal. "É nas páginas de O Diabo, semanário fundamental no processo de elaboração de uma poética e de uma consciência geracional neo-realistas, que publica, a partir de 1939, os seus primeiros textos." (Osvaldo Silvestre) Da sua obra constam dois romances, onde a crítica social é profunda, e vários contos, que são uma exaltação do comunismo e dos seus militantes. Militante comunista, Soeiro Pereira Gomes foi membro do Comité Central do PCP, o que o levou a entrar na clandestinidade em 1943, condição em que viria a morrer seis anos depois, vítima de tuberculose, impossibilitado de receber o tratamento médico de que necessitava. A sua obra maior é Esteiros, publicado em 1941, com ilustração de Álvaro Cunhal. "Dedicado aos "filhos dos homens que nunca foram meninos" o romance acompanha (...) as deambulações de um grupo de míudos (...), cuja condição social lhes impõe, em vez da escola, o trabalho numa rudimentar fábrica de tijolos à beira-Tejo. É certo que algum primarismo de processos construtivos, bem como algum esquematismo, são reconhecíveis no romance (...). Tudo isso, porém, Esteiros transcende pela terrível verdade humana de um grupo de crianças que responde à violência do sistema social através de uma solidariedade alimentada por uma permanente derrogação à moral social dominante (...)"(idem) Engrenagem "é igualmente uma obra central do nosso neo-realismo, antes de mais por ser uma das muito poucas abordagens do universo do capitalismo industrial, de facto quase ausente da produção neo-realista" portuguesa.(idem) Engrenagem, romance publicado em 1951, já depois da sua morte, foi escrito na clandestinidade, assim como os Contos Vermelhos, Última Carta e Refúgio Perdido, também publicados postumamente. |
A 05 de Dezembro de 1830 - Nasceu Christina Georgina Rossetti
Christina Georgina Rossetti, poetisa inglesa de origem italiana, nasceu em Londres no dia 5 de Dezembro de 1830. Morreu na mesma cidade em 29 de Dezembro de 1894. Foi educada em casa pela mãe e recusou dois casamentos por razões religiosas.
O pai, Gabriele Rossetti, era um poeta italiano e refugiado político do Reino das Duas Sicílias. A mãe, Frances Polidori, era irmã de John William Polidori, amigo e médico do poeta Byron. Um dos seus avôs, Gaetano Polidori, era proprietário de “private press“ e publicou-lhe os primeiros poemas.
A recolha de poesias que obteve maior sucesso quando da sua publicação (1862) continua a ser a mais conhecida na actualidade (“Goblin Market”). São ali evocadas personagens fantásticas da mitologia feérica anglo-saxónica, que simbolizam – nos seus poemas – a tentação do Mal.
Christina Rossetti ficou igualmente conhecida pelas suas posições engajadas e vanguardistas, como: o pacifismo, a oposição à crueldade para com os animais e a defesa do direito de voto das mulheres.
Morreu vítima de cancro. É considerada uma grande poetisa da época vitoriana, sobretudo depois de vários artigos que lhe consagrou a romancista e ensaísta britânica Virginia Woolf.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
A 04 de Dezembro de 1711 - Nasceu D. Maria Bárbara de Bragança
D. Maria Bárbara desempenhou um papel fundamental nas boas relações que o seu marido manteve com Portugal. Um exemplo da influência exercida por ela foi o Tratado de Madrid de 1750, que terminou com a discórdia sobre a pertença dos territórios da América do Sul a Portugal ou a Espanha.
Muito querida no seu país de adopção, era, segundo os cronistas, não muito bela, mas possuía um carácter encantador. O dispendioso palácio de Vendas Novas foi construído por D. João V de propósito para o séquito de D. Maria Bárbara aquando do seu casamento, tão sumptuoso era o seu enxoval. Dona de grande cultura e inteligência e promotora de caridade, foi compositora, aluna de cravo de Domenico Scarlatti, protectora e incentivadora de cantores e da música, favorecedora dos jesuítas. Em 1750, criou o convento das Salésias Reais.
Toda a vida teve uma saúde frágil, acabando por falecer em Madrid a 27 de Agosto de 1758, o que desesperou o marido e o levou à reclusão e demência evolutiva.
A princesa, com "dezassete anos feitos", prepara-se para se casar com Fernando de Castela.
Tem "cara de lua cheia" e a pele "bexigosa", mas é "boa rapariga" e "... musical a quanto pode chegar uma princesa..."
A 04 de Dezembro de 1982 - Morreu Louis Aragon
Louis Aragon nasceu em Paris a 3 de outubro de 1897 e morreu em Paris a 4 de dezembro de 1982, foi um poeta e escritor francês.
Em 1957 foi-lhe atribuído o Prémio Lenin da Paz.Louis Aragon, nascido Louis Andrieux, poeta e romancista francês, nasceu numa família proprietária de uma pensão num bairro abastado da capital francesa.
Após concluir os estudos no Liceu Carnot, em 1916, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Paris.
Convocado para o serviço militar, serviu como médico auxiliar durante a I Guerra Mundial.
Após o conflito, retomou os estudos e conheceu André Breton, que o apresentou ao surrealismo. Nos anos seguintes, dirigiu, juntamente com Philippe Soupault e Breton, a revista Littérature.
Aragon estreou-se como poeta em 1920, com o livro “Feu de joie”, ao qual seguiram outras publicações, como o romance “Anicet ou Le Panorama” (1921), a compilação de contos “Le libertinage” (1924) e a narrativa satírica “Le paysan de Paris” (1926), entre outras obras.
Em 1928 conheceu Elsa Triolet, escritora russa, cunhada de Maiakovski, que foi o seu grande amor e com quem se casou.
Filiou-se ao Partido Comunista Francês (PCF) e realizou, em 1930, uma visita à União Soviética.
De volta a Paris, distanciou-se dos surrealistas e publicou “Le front rouge” (1930), poema de temática revolucionária, escrito sob a influência de Maiakovski.
Nos anos seguintes, Aragon publica poemas, artigos de jornal, ensaios e romances de nítida influência marxista.
Durante a Guerra Civil Espanhola, alistou-se como voluntário e combateu ao lado dos republicanos.
Quando a França foi ocupada pelas tropas nazis, em 1940, participou da Resistência, assim como Paul Éluard, também militante do PCF.
Entre os seus livros publicados nesse período destacam-se “Le crève cour” (1941) e “Les yeux d’Elsa” (1942), a sua obra mais conhecida, em que celebra o amor absoluto.
Após a II Guerra Mundial, colabora em jornais e revistas como Ce soir e Les lettres françaises e publica outros livros importantes, como “Elsa” (1958) e “Le Fou d'Elsa” (1963).
Entre os seus últimos títulos publicados destacam-se os romances “La mise à mort” (1965) e “Blancheou l’oubli” (1967).
Louis Aragon, um dos maiores poetas franceses do século XX e um dos fundadores do surrealismo, faleceu em Paris em 1982.
A 04 de Dezembro de 1986 - Nasceu Maria Gadú
Desde a sua estreia, Maria chamou a atenção de público e crítica, sendo indicada duas vezes ao Grammy Latino.
Paulista, filha de mãe brasileira e pai francês , iniciou a prática musical ainda na infância. Aos 7 anos de idade, já gravava músicas em fitas cassetes. Fez poucos meses de aulas de violão, longe do suficiente para ler partituras, mas o necessário para criar as suas próprias canções. Fez, desde os 13 anos, shows em bares e festas de família na sua cidade de São Paulo.
Mudou-se para o Rio de Janeiro no início de 2008, quando começou a tocar em bares da Barra da Tijuca e da Zona Sul.
A sua carreira passou a ter ascensão ao despertar atenção de famosos ligados ao meio musical, como Caetano Veloso, Milton Nascimento, João Donato, dentre outros.
Maria Gadu ganhou destaque ao interpretar "Ne me quitte pas", de Jacques Brel, para o diretor Jayme Monjardim, que estava em fase de pré-produção da mini-série Maysa: Quando Fala o Coração.
Maysa Matarazzo, cantora e mãe do diretor, fez muito sucesso nas décadas de 1950 e 60 cantando, dentre outras, esta canção. A versão de Gadú foi logo incluída na banda sonora da mini-série que estreara em janeiro 2009, na qual a cantora, ainda teve uma participação especial como actriz.
No início de 2009, aos 22 anos de idade, Maria Gadú preparou o seu primeiro álbum, homónimo, lançado pelo selo SLAP, da gravadora Som Livre e produzido por Rodrigo Vidal.
Além disso, iniciou uma temporada de shows no Cinemathèque, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Após o lançamento do álbum em meados de 2009, a cantora rapidamente ganhou espaço na mídia brasileira.
A canção "Shimbalaiê", a sua primeira composição aos 10 anos de idade, foi incluída na banda sonora de mais uma produção da TV Globo, desta vez em horário nobre, a novela “Viver a Vida”.
“Ne me quitte pas” foi regravada e, juntamente com "A história de Lilly Braun", está na banda sonora da mini-série Cinquentinha, de Aguinaldo Silva.
Gadú participou num show do cantor e compositor sueco-americano Eagle-Eye Cherry realizado na Via Funchal, em São Paulo, em 21 de janeiro de 2010.
O show foi registado para o DVD ao vivo do cantor.
Também participou do CD e do DVD do álbum Nove, da cantora e compositora Ana Carolina, cantando a música inédita "Mais que a mim".
A banda sonora do filme “Sonhos Roubados” tem a participação de Maria Gadú na faixa principal. A faixa homónima ao longa saiu na internet em abril e foi lançada para promover o filme.
Também em 2010, a cantora teve uma participação com Xuxa em seu XSPB 10, cantando a música "O Leãozinho", de Caetano Veloso.
No mesmo ano, recebeu duas indicações ao Grammy Latino nas categorias Melhor Artista Revelação e Melhor Álbum de Cantor/Compositor.
Em agosto de 2011, Maria Gadú participou no show de gravação do DVD de Chitãozinho e Xororó, em comemoração aos 40 anos de carreira da dupla.
O evento foi realizado na Sala São Paulo, na capital paulista, e contou com a participação da Orquestra Sinfônica Bachiana, do maestro João Carlos Martins. Além de Gadú, participaram do evento Caetano Veloso, Alexandre Pires, Fafá de Belém, Jair Rodrigues, Fábio Jr. e os filhos de Xororó, Sandy e Júnior.
A cantora também teve participação especial no álbum “Umbigobunker!?”,
do cantor e compositor carioca Jay Vaquer, na sexta canção do álbum, intitulada "Do Nada, me Jogaram aos Leões".
Em dezembro de 2011, Maria Gadú lançou seu segundo álbum de estudio, "Mais Uma Página", cuja primeira música, "Axé Acappella", de Dani Black e Luísa Maita, foi lançada como single e disponibilizada para download gratuito no site da cantora.
O disco também traz a regravação de "Amor de índio", música já interpretada pelo grupo Roupa Nova, e conta com a participação de Lenine e do cantor português Marco Rodrigues no tema "A Valsa".
Em junho de 2014 voltou a dar dois concertos em Portugal, nos coliseus de Lisboa e Porto, que tiveram como sempre casa cheia. Gadú cantou os seus principais êxitos.
Em 27 de março de 2015, a cantora publica em seu Facebook oficial uma imagem confirmando o lançamento de seu terceiro álbum em estúdio.
No final de abril do mesmo ano, a cantora confirmou o lançamento de seu novo disco, "Guelã", ainda durante o ano de 2015. O primeiro single do disco foi lançado em 06 de maio de 2015 pela cantora e se chama "Obloco".
A 04 de Dezembro de 1963 - Nasceu Serguei Bubka
É considerado por muitos o maior saltador com vara de todos os tempos, cujos destaques na carreira são as seis vitórias consecutivas no Campeonato Mundial de Atletismo, a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1988 e 35 recordes mundiais de salto com vara batidos (17 ao ar livre e 18 em recintos fechados).
Nas mãos do treinador Vitaly Petrov, começou a destacar-se nas competições locais, primeiro com o mencionado salto de 2,70 metros aos 11 anos e logo superando os cinco metros com 16 anos.
Em 1981 o seu nome saiu do anonimato internacional quando foi o sétimo do Campeonato Europeu Júnior.
Nesta altura, o seu potencial causava admiração. De facto, apesar de se ter classificado em oitavo lugar no campeonato nacional, o treinador da equipa soviética, Igor Ter-Ovanessian, incluiu-o na selecção que participaria no primeiro Campeonato Mundial de Atletismo, em Helsinquia, em 1983.
Lá saltou para a fama. Com uma altura de 5,70 m, conseguiu o campeonato mundial na primeira edição dessas competições.
A partir daí empenhou-se para mostrar queo seu título não tinha sido conseguido por acaso.
Melhorou ano após ano. Em 1984 conseguiu os seus primeiros recordes mundiais. O primeiro em competições em ambientes fechados estabelecendo uma marca de 5,81 metros, que bateu posteriormente em três ocasiões. Logo, ao ar livre, marcou outro com 5,85 m, que ele mesmo superou quatro vezes. Naquele ano bateu nove recordes mundiais, no total.
Nos Jogos Olímpicos de Seul ganhou a medalha de ouro. Sucederam-se os campeonatos mundiais. Até ao de Sevilha, ganhou todos: Roma 87, Tóquio 91, Estugarda 93, Gotemburgo 95 e Atenas 97.
A hegemonia de Bubka parecia inabalável.
Teve os seus altos e baixos, mas se recuperava quase de imediato. Em competições em recinto fechado, o seu recorde foi batido pelo francês Thierry Vigneron (5,85 m em 1984) e pelo americano Billy Olson (5,86 m em 1985). Vigneron superou ao ar livre a marca de Bubka, impondo a sua própria, de 5,91 m, superior em um centímetro. Mas dez minutos depois Serguei mostrou sua garra ao chegar três centímetros mais alto e deixar em segundo o francês.
Bubka tem sido incansável até para o próprio Bubka. Nem ele mesmo conseguiu bater o seu recorde de 6,15 m em local fechado, conquistado em 21 de fevereiro de 1993. Aproximou-se, com outro recorde mundial, num salto de 6,14 m ao ar livre, em 31 de julho de 1994. Ambos seguem valendo e parecem difíceis de serem batidos. O melhor saltador do momento, o russo Maksim Tarasov, tem a marca de 6,05 m.
As lesões começaram prejudicar o grande saltador. Na última competição seu tendão de Aquiles foi seu principal obstáculo.
Alguns feitos da carreira de Sergei Bubka:
1983 – Ganhou o Mundial de Helsinquia aos 19 anos
1984 - Bateu o recorde mundial pela primeira vez, saltando 5,85 m
1985 - Tornou-se o primeiro homem a ultrapassar a marca dos 6 m
1988 - Conquistou a sua única medalha olímpica, ouro, em Seul
1994 - Bateu pela 35ª vez o recorde mundial, saltando 6,14 m
1995 - Bate o recorde mundial indoor, saltando 6,15 m
2001 - Abandona o atletismo aos 37 anos.
A 04 de Dezembro de 2011 - Morreu Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira
Única unanimidade em uma pesquisa realizada, em 2006, pela Revista Placar para escolher o "time de todos os tempos" do Corinthians. Novamente, a única unanimidade, em uma pesquisa com especialistas, para escolher os dez maiores ídolos da história do Corinthians. Eleito em 1983 o melhor jogador sulámericano do ano. Escolhido pela FIFA em 2004 como um dos 125 melhores jogadores vivos da história e considerado por muitas pubicações especializadas, como CNN, World Soccer e Placar, como um dos grandes jogadores de todos os tempos, foi um atleta reconhecido por seu estilo elegante. Uma característa do jogador que marcou sua passagem pelo futebol foi a sua habilidade e uso inteligente do calcanhar. Mas era um jogador completo, marcava gols de falta, de cabeça e fora-da-área com frequência. Dava assistências perfeitas para seus companheiros marcarem muitos gols.
Foi revelado pelo Botafogo, clube de Ribeirão Preto, onde foi considerado um fenômeno desde o início, pois quase não treinava em função de frequentar o curso de medicina na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). Nesse time ele foi campeão do 1º Turno do Campeonato Paulista de 1977 e artilheiro do campeonato. Também se destacou no Campeonato Brasileiro, autor de um célebre gol de calcanhar contra o Santos em plena Vila Belmiro.
Socrátes se firmaria no Corinthians em 1978, refazendo a dupla com seu ex-companheiro Geraldo Manteiga. Mas seus grandes companheiros de ataque nesse time seriam Palhinha e o amigo Casagrande. Sócrates só aceitou jogar para valer depois que se formou na faculdade de medicina. Na Seleção Brasileira estrearia em 1979.
Foi uma das estrelas de dois dos maiores esquadrões do futebol mundial: a Seleção Brasileira de Futebol da Copa do mundo de 1982 e o Corinthians da década de 80. Teve ótimas atuações, marcou dois belíssimos gols nos jogos dificílimos contra URSS e Itália, e mostrou toda sua categoria. Mas não foi o suficiente para o Brasil se sagrar campeão.
Na Copa do Mundo de 1986 estaria novamente em ação, mas já fora de forma ideal. Ficaria ainda marcado pelo penâlti desperdiçado contra a França, na decisão que desclassificou o Brasil.
Depois de uma rápida e decepcionante passagem pelo Fiorentina, prejudicado pelos companheiros de quem suspeitava que manipulassem resultados, Sócrates retornou ao Brasil para encerrar a carreira aonde atuaria ainda no Flamengo, no Santos e no Botafogo de Ribeirão Preto. Em 2004, atendendo a um convite de um amigo, ele participou de uma partida com a camisa do Garfoth Town, equipe da oitava divisão da Inglaterra.
Fora do futebol, Sócrates sempre manteve uma ativa participação política, tanto em assuntos relacionados ao bem-estar dos jogadores quanto aos temas correntes do país. Participou da campanha Diretas Já, em 1984 e foi um dos principais idealizadores do movimento Democracia Corintiana, que reivindicava para os jogadores mais liberdade e mais influência nas decisões administrativas do clube.
Em agosto de 2011, Sócrates foi internado na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein devido a uma hemorragia digestiva alta causada por hipertensão portal. Ainda em 2011, Sócrates seria internado mais uma vez devido a uma suposta intoxicação alimentar, que acabou por se transformar em um grave quadro de choque séptico em razão de sua condição de saúde já debilitada. O jogador morreu às 4:30 da manhã de 4 de dezembro de 2011, em decorrência do choque séptico.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
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