Previsão do Tempo

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Como é uma professora de português?

 


Como é uma professora de português?

Professora de português não nasce; deriva-se.
Professora de português não cresce; vive gradações.
Professora de português não se movimenta; flexiona-se.
Professora de português não é filha de mãe solteira; resulta de uma derivação imprópria.
Professora de português não tem família; tem parênteses.
Professora de português não envelhece; sofre anacronismo.
Professora de português não vê televisão; analisa o enredo de uma novela.
Professora de português não tem dor aguda; tem crônica.
Professora de português não anda; transita.
Professora de português não conversa; produz texto oral.
Professora de português não fala palavrão; profere verbos defectivos.
Professora de português não se corta; faz hiato.
Professora de português não grita; usa vocativos.
Professora de português não dramatiza; declama com emotividade.
Professora de português não se opõe; tem problemas de concordância.
Professora de português não discute; recorre a proposições adversativas.
Professora de português não exagera; usa hipérboles.
Professora de português não compra supérfluos; adquire termos acessórios e artigos indefinidos.
Professora de português não fofoca; pratica discurso indireto.
Professora de português não é antiecológica; compra superlativos sintéticos.
Professora de português não é frágil; é átona.
Professora de português não fala demais; usa pleonasmos.
Professora de português não se apaixona; cria coesão contextual.
Professora de português não tem casos de amor; faz romances.
Professora de português não se casa; conjuga-se.
Professora de português não depende de ninguém; relaciona-se a períodos por subordinação.
Professora de português não tem filhos; gera cognatos.
Professora de português não tem passado; tem pretérito mais-que-perfeito.
Professora de português não rompe um relacionamento; abrevia-o.
(Autor desconhecido)

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

A riqueza da Língua Portuguesa


Pecados do Alentejo

Entende o vocabulário Alentejano??? Aqui vai

No Alentejo d'antigamente
Se usava muito o calão
Era uso frequente
No Alentejo d'então
Ir de lado D'ATRAVESSO
Um doido um DESTREMBELHADO
Ao lábio chamavam BEIÇO
E ao estúpido APARVATADO
Barrar era BESUNTAR
Maluca era ESGROVIADA
Gemer se dizia IMPAR
E jeitosa BEM ESGALHADA
Lamaçal era ATASQUEIRO
Imitar ARREMEDAR
Mentiroso PANTEMINEIRO
À dança chamavam BAILHAR
Ao soco chamavam BANANO
Estar nú estar D'EMPELÃO
Ao homem velhaco MAGANO
E o testículo era um BALÃO
Havia se dizia ÓVERA
Borrado era estar CAGADO
À budeira chamavam PIELA
E levar porrada ser MALHADO
Homem forte MANGANÃO
Ir de pressa ir GASPEADO
Brincadeira MANGAÇÃO
Estar tonto estar AZOADO
Pontapé era um BIQUEIRO
Enganar ENDROMINAR
Um guloso um GARGANÊRO
E tropeçar era EMBICAR
Zangado era ENCHORIÇADO
Ser mole era ser LANGÃO
Espantado era ESCALMORRADO
E vento Sueste era SUÃO
Colocar era PRANTAR
E fugir DAR AO CHINELO
Comer era MANDUCAR
E um tráque era um MARMELO
Passear ANDAR NO LARÉ
Uma chatice era um RALO
Espirrar JESUS MARIZÉ
Um hematoma era um GALO
Epidemia era ANDAÇO
Um mendigo era um MALTÊZ
Desacato era ARRUAÇO
Homem traído CHAROLÊZ
Conversa longa LENGA LENGA
Ao ódio chamavam RINHA
Doença era MALAZENGA
Dor de cabeça MOINHA
Uma pedra era um BAJOLO
Coisa sem valor BALHANA
Ao vesga chamavam ZAROLHO
E dormir BATER UMA SORNA
Uma bolha uma BORREGA
O pobre era um ZÉ NINGUÉM
A cigarra era CEGA REGA
E a virgindade TRÊS VINTÉM
E um susto era um CAGAÇO
O magrinho era ENFEZADO
Ao pescoço chamavam CACHAÇO
E ao maluco CHANFRADO
À tagarela DESLEMBIDA
Ir embora DESANDAR
À prisão chamavam PILDRA
Parar de chover DESCAMPAR
Desordem era ZARAGATA
Desacatos ARRUAÇAS
A rédea era uma ARREATA
E sesta PASSAR P'LAS BRASAS
Uma confusão um ENRREDO
Um erro era uma ASNEIRA
Estar quieto PRANTAR-SE QUÊDO
E soltura era CAGANEIRA
Muito mais há p'ra dizer
Mas já chega de LENGA LENGA
A todos quero agradecer
Pois já vai longa a MOENGA
António Correia Ramos..

sábado, 24 de setembro de 2022

As Minas da Borralha (Portugal na 2ª Guerra Mundial)


As Minas da Borralha, Montalegre, guardam a história de uma aldeia que nasceu e cresceu com a exploração de volfrâmio, que chegou a mobilizar 2.000 trabalhadores e deixou memórias de um trabalho difícil a 210 metros de profundidade.

O volfrâmio nazi (Portugal na 2ª Guerra Mundial)

A BATALHA DE CAMBEDO DA RAIA, TRÁS-OS-MONTES (20 DE DEZEMBRO DE 1946)


Na conjuntura da guerra de Espanha, a aldeia de Cambedo da Raia, no concelho português de Chaves, integrou um corredor de salvamento de quem fugia da repressão golpista na Galiza. A sua população acolheu refugiados, alguns dos quais viriam a enquadrar grupos de guerrilheiros que combatiam o franquismo. Em 1946, depois de um conjunto de peripécias, uma das quais forjada, a aldeia seria cercada por forças repressivas de ambas as ditaduras ibéricas e bombardeada com morteiros, com gente morta, ferida, presa pela PIDE. Sobre o assunto, caiu um ignominioso silêncio.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

O Mapa Cor de Rosa e a criação da marcha "A Portuguesa"

 


A propósito da morte da rainha da Grã Bretanha

Foi este mapa o celebre Mapa Cor de Rosa que inspirou os autores da marcha "A Portuguesa" Henrique Lopes de Mendonça e Alfredo Keil cujos dois primeiros versos se tornaram no Hino Nacional apenas com a alteração na frase "Contra os bretões" trocada por "Contra os canhões" o que até nem faz muito sentido :

I

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memoria,
Oh pátria ergue-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela pátria lutar!
Contra os bretões
marchar, marchar!

II

Desfralda a invicta bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu!
Beija o teu solo jucundo
O Oceano, a rugir de amor;
E o teu braço vencedor
Deu mundos novos ao mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela pátria lutar!
Contra os bretões
marchar, marchar!

III

Saudai o sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injurias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela pátria lutar!
Contra os bretões
marchar, marchar!

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Manuel Maria do Bocage, nasceu a 15 de Setembro de 1765

 



Manuel Maria do Bocage, nasceu a 15 de Setembro de 1765, em Setúbal. Escritor, poeta e tradutor, deixou-nos uma vasta obra literária e foi também o maior representante do Movimento Literário conhecido como "Arcadismo Lusitano".
Entre a sua vasta poesia pode encontrar-se um soneto em que faz o seu Auto-retrato, o qual eu deixo aqui, em jeito de homenagem.

AUTO-RETRATO

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio e não pequeno.
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno.
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.
(Bocage)


sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Orlando de Jesus Machado da Costa, nasceu em Braga a 24 de Dezembro de 1948 e faleceu a 19 de Agosto de 2022

 


Orlando de Jesus Machado da Costa, actor português de teatro, cinema e televisão, nasceu em Braga a 24 de Dezembro de 1948 e faleceu a 19 de Agosto de 2022, com 73 anos. Diplomou-se em Teatro, variante de Formação de Actores, na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, em 1971, e estreou-se como profissional no Teatro Experimental de Cascais, sob a direcção de Carlos Avilez. Em 1973 estava entre os fundadores do Teatro da Cornucópia, com Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo. Nessa companhia participou nas peças O Misantropo de Moliére (1973), Terror e Miséria no III Reich de Bertolt Brecht (1974), Pequenos Burgueses de Máximo Gorki (1975), Auto de Família de Fiama Hasse Pais Brandão (1976), entre outras. Além da Cornucópia, trabalhou também junto de Hélder Costa e Maria do Céu Guerra, Fernanda Lapa, João Lourenço, Glicínia Quartin, Jorge Listopad ou Rui Mendes, interpretando autores como Arthur Miller, Woody Allen, Valle Inclán, Gil Vicente, Marivaux ou Ribeiro Chiado. Em 2007 integrou o elenco de Hamlet de Shakespeare, numa encenação de André Gago, que percorreu o país. Requisitado com frequência pela televisão, participou regularmente em séries, novelas e telefilmes, tendo protagonizado Zé Gato, série de Rogério Ceitil (RTP2, 1979 - 80). Participou também em Contos Mágicos (1985), A Mala de Cartão, ao lado de Irene Papas (1988), A Morgadinha dos Canaviais (1990), Desencontros (1995), Polícias (1996), Ballet Rose de Leonel Vieira (1998), O Fura-Vidas (1999), Capitão Roby (2000), Olhos de Água (2001), João Semana (2005), Quando os Lobos Uivam (2006), ou Malucos do Ris. No cinema salienta os filmes Coisa Ruim de Tiago Guedes e Frederico Serra (2006), A Filha de Solveig Nordlund (2003), A Dupla Viagem de Teresa Garcia (2000), O Anjo da Guarda de Margarida Gil (1999), Sapatos Pretos de João Canijo (1998), Três Irmãos de Teresa Villaverde (1994), Amor e Dedinhos de Pé de Luís Filipe Rocha (1993), Jogo de Mão de Monique Rutler (1984) ou A Santa Aliança de Eduardo Geada (1980).

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Memórias de outros tempos

 Quando os meninos me pediam "papel macio pró cu e roupa boa prá gente"…

Um dos textos que mais me custou a escrever e por isso tem mais lágrimas do que palavras.
Estávamos ainda no século XX, no longínquo ano de 1968, quando a vida me deu oportunidade de cumprir um dos meus sonhos: ser professora.
Dei comigo numa escola masculina, ali muito pertinho do rio Douro, na primeira freguesia de Penafiel, no lugar de Rio Mau.
Era tão longe, da minha rua do Bonfim, não podia vir para casa no final do dia, não tinha a minha gente, e eu era uma menina da cidade com algum mimo, muitas rosas na alma, e tinha apenas 18 anos.
Nada me fazia pensar que tanta esperança e tanta alegria me trariam tanta vida e tantas lágrimas.
Os meninos afinal eram homens com calos nas mãos, pés descalços e um pedaço de broa no bolso das calças remendadas.
As meninas eram mulheres de tranças feitas ao domingo de manhã antes da missa, de saias de cotim, braços cansados de dar colo aos irmãos mais novos, e de rodilha na cabeça para aguentar o peso dos alguidares de roupa para lavar no rio ou dos molhos de erva para alimentar o gado.
As mães eram mulheres sobretudo boas parideiras, gente que trabalhava de sol a sol e esperava a sorte de alguém levar uma das suas cachopas para a cidade, “servir” para casa de gente de posses.
Seria menos uma malga de caldo para encher e uns tostões que chegavam pelo correio, no final de cada mês.
Os homens eram mineiros no Pejão, traziam horas de sono por cumprir, serviam-se da mulher pela madrugada, mesmo que fosse no aido das vacas enquanto os filhos dormiam (quatro em cada enxerga), cultivavam as leiras que tinham ao redor da casa, ou perto do rio e nos dias de invernia, entre um jogo de sueca e duas malgas de vinho que na venda fiavam até receberem a féria, conseguiam dar ao seu dia mais que as 24
horas que realmente ele tinha. Filhos, eram coisas de mães e quando corriam pró torto era o cinto das calças do pai que “inducava” … e a mãe também “provava da isca” para não dizer amém com eles…
E os filhos faziam-se gente.
E era uma festa quando começavam a ler as letras gordas dum velho pedaço de jornal pendurado no prego da cagadeira da casa…o menino já lia.. ai que ele é tão fino… se deus quiser, vai ser um homem e ter uma profissão!
Ai como a escola e a professora eram coisas tão importantes!
A escola que ia até aos mais remotos lugares, ao encontro das crianças que afinal até nem tinham nascido crianças…eram apenas mais braços para trabalhar, mais futuro para os pais em fim de vida, mais gente para desbravar os socalcos do Douro, mais vozes para cantar em tempo de colheitas.
E os meninos ensinaram-me a ser gente, a lutar por eles, a amanhar a lampreia, a grelhar o sável nas pedras do rio aquecidas pelas brasas, a rir de pequenas coisas, a sonhar com um país diferente, a saber que ler e escrever e pensar não é coisa para ricos mas para todos, para todos.
E por lá vivi e cresci durante três anos e por lá fiz amigos e por lá semeei algumas flores que trazia na alma inquieta de jovem que julgava conseguir fazer um mundo menos desigual.
E foi o padre António Augusto Vasconcelos, de Rio Mau, Sebolido, Penafiel, que me foi casar ao mosteiro de Leça do Balio no ano de 1971 e aí me entregou um envelope com mil oitocentos e três escudos (o meu ordenado mensal) como prenda de casamento conseguida entre todos os meus alunos mais as colegas da escola mais as senhoras da Casa do
Outeiro. E foi na igreja de Sebolido que batizou o meu filho, no dia 1 de janeiro de 1973.
E é deste povo que tenho saudades. O povo que lutou sem armas, que voou sem asas, que escreveu páginas de Portugal sem saber as letras do seu próprio nome.
Hoje, o povo navega na internet, sabe a marca e os preços dos carros topo de gama, sabe os nomes de quem nos saqueia a vida e suga o sangue, mas é neles que vai votando enquanto continua á espera de um milagre de Fátima, duns trocos que os velhos guardaram, do dia das eleições para ir passear e comer fora, de saber se o jogador de futebol se zangou com a gaja que tinha comprado com os seus milhões, e é claro de ver um filmezito escaldante para aquecer a sua relação que
estava há tempos no congelador.
As escolas fecharam-se, os professores foram quase todos trocados por gente que vende aulas aqui, ali e acolá, os papás são todos doutores da mula russa e sabem todas as técnicas de educação mas deseducam os seus génios, os pequenos /grandes ditadores que até são seus filhinhos e o país tornou-se um fabuloso manicómio onde os finórios são felizes e os burros comem palha e esperam pelo dia do abate.
Sabem que mais?!
Ainda vejo as letras enormes escritas no quadro preto da escola
masculina, ao final da tarde de sábado, por moços de doze e treze anos com estes dois pedidos que me faziam: “Professora vá devagar que a estrada é ruim, e não se esqueça de trazer na segunda-feira, papel macio pró cu e roupa boa dos seus sobrinhos prá gente”.
Esta gente foi a gente com quem me fiz gente.
Hoje, não há gente… é tudo transgénico .
O povo adormeceu à sombra do muro da eira que construiu mas os senhores do mundo, estão acordadinhos e atentos, escarrapachados nos seus solários “badalhocamente” ricos e extraordinariamente felizes porque inventaram máquinas e reinventaram novos escravos.
Dizem que já estamos no século XXI...”
Profª. Lourdes dos Anjos

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

A propósito de factos, História e impérios

 A propósito de factos, História e impérios

Os E U A têm 742 bases militares espalhadas pelo Mundo, fora as que têm na América do Norte. É sabido que têm procurado o controlo militar, económico e político mundial, pelo que têm provocado recorrentemente incidentes, atritos e conflitos um pouco por todo o lado. Nestas condições, é justo dizer-se que não vivem sem inimigos. Ou que possam apresentar aos amigos como tal.
Shaka Zulu era um chefe tribal da África austral, zulu, que mostrou uma capacidade militar e política fora do comum, sobretudo para quem nunca teve contactos com outras gentes para além das da sua região, nomeadamente com ocidentais, e que construiu, com base num exército organizado praticamente como os nossos, um verdadeiro império, com vitórias até sobre os britânicos.
Foi por isso entrevistado por um grupo de ingleses que conseguiu chegar até ele, a quem, a certa altura, declarou que o objectivo da sua vida era dominar e matar todos os seus inimigos, conquistando assim território e aumentando o império. Os entrevistadores colocaram-lhe uma questão sobre o futuro: “E quando já não tiver mais inimigos vivos, o que fará?...” Resposta dele: “Invento-os!”.

sábado, 6 de agosto de 2022

Como surgiu a expressão "Estar a fazer tijolo"

 "Estar a fazer tijolo" - Expressão usada para descrever a situação de alguém que morreu e foi enterrado.


Esta expressão remonta à época da reconstrução de Lisboa. Após o Terramoto de 1755, Lisboa ficou quase completamente em ruínas e foi necessário fazer a reconstrução sobretudo reconstruir as muitas casas que tinham caído. Para isso, eram necessários muitos tijolos e, houve necessidade de construir um forno onde os tijolos pudessem ser cozidos e ficar capazes de ser empregues na reconstrução das habitações. O barro era o melhor material para realizar essa tarefa e encontrava-se num campo de terra argilosa que tinha início num espaço onde hoje fica uma parte da Av: Almirante Reis assim como em várias artérias que subiam até à Graça. Porém, esse espaço, tinha sido, muitos anos antes, um cemitério mouro mas ninguém sabia disso. Só quando os operários começaram a cavar a terra para retirar o barro, e constataram que aquele espaço estava cheio de ossadas, se soube da existência do cemitério. Mas ... aconteceu uma coisa muito bizarra: como o barro era muito pouco e não chegava para fazer todos os tijolos necessários para as obras, tiveram a ideia "luminosa" de utilizar os ossos dos mouros como "material de construção" e, se bem o pensaram, melhor o fizeram. Os ossos eram partidos em bocadinhos e misturados com o barro, obtendo-se, assim, muito mais massa para fazer os tijolos. Segundo se consta, foi com esta terra barrenta misturada com ossadas que, grande parte de Lisboa foi reconstruída. A partir daí, quando alguém morria, dizia-se que "já estava a fazer tijolo".

Mais tarde a expressão alargou-se a todo o país e, ainda hoje, quando se fala de alguém que morreu e está enterrado, se diz que "já lá está...a fazer tijolo".
Em Lisboa, ainda existe a Rua do Forno do Tijolo (uma das artérias que vai sair na Av: Almirante Reis) onde, se situava o tal forno em que os tijolos eram cozidos com uma mistura de argila e ossos.