Uma possível explicação para o silêncio de Cavaco Silva sobre o negócio das acções da SLN, pode ser a que se deduz destes diálogos trazidos a lume por
João Pedro Henriques (e a que acedi via
Porfírio Silva):
"Importa ler o que Nicolau Santos, do Expresso, jornal que, em Maio de 2009, contou a história das acções de Cavaco & filha, escreveu há minutos na página dos Jornalistas do Facebook: "Meu caro Joaquim [Vieira], perguntar como é que o PR comprou e vendeu as acções de uma sociedade não cotada perguntámos (como se verá este sábado ao republicarmos as perguntas que na altura enviámos para a Presidência). Cavaco Silva é que nunca respondeu. Mas como é óbvio foi Oliveira Costa que lhe propôs o negócio, porque lhe interessava apregoar junto de outros potenciais investidores que até Cavaco era accionista; e foi Oliveira Costa que lhe vendeu pelo preço que entendeu, porque era ele (Oliveira Costa) que decidia tudo dentro do banco. O que não se entende é o lamentável comunicado da PR de 23 de Novembro de 2008 onde Cavaco nega peremptoriamente qualquer relação com o BPN... sabendo ele, tão bem como nós, que as acções que tinha eram da SLN, sociedade que controlava o BPN. Esse é o pecado de Cavaco em todo este processo."
Na sequência, perguntei-lhe: Ou seja: lucrando 140%, Cavaco deixou-se usar por Oliveira e Costa na tentativa de credibilização do BPN enquanto projecto bancário. É isto, Nicolau?
E Nicolau Santos já respondeu: "Meu caro João Pedro, não sei se se pode dizer isso. Imagina que um tipo que conheces diz que tem um banco e que te dá a possibilidade de comprares umas quantas acções a um euro, garantindo-te que, quando quiseres, tas recomprará por dois ou mais euros. É um negócio simpático, sem risco, tu conheces o tipo que te está a propor o dito cujo, aceitas. É claro que poderias supor vagamente que iam utilizar o teu nome para arregimentar novos accionistas. Ou talvez não. Não foi Cavaco que disse que não sabia que os hackers podiam entrar nos computadores da Presidência?"
Admitindo que esta versão corresponde ao que efectivamente se passou, Cavaco Silva poderia ser visto como mais um chico-esperto que aproveitou a ocasião. Tal visão até poderia contribuir para o fazer descer do andor onde se passeia e para empalidecer a auréola com que se enfeita, mas não creio que o fizesse perder votos, se da sua boca saísse a confirmação.
Por acaso, não é português o dito de que "no aproveitar é que está o ganho"?
Ora, o dito significa alguma coisa. E não é coisa boa.