Previsão do Tempo

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Principais acontecimentos registados na História do Mundo no dia 30 de Setembro

Principais acontecimentos registados na História do Mundo no dia 30 de Setembro:

420 - Morre Jerónimo de Stridon (São Jerónimo), tradutor da Bíblia do aramaico para o latim, versão conhecida como Vulgata.

1399 - Henrique Bolingbroke invade Inglaterra, num golpe contra o primo Ricardo II.

1452 - Surge o primeiro livro impresso: a Bíblia de Gutenberg.

1732 - Nasce Jacques Necker, estadista francês de nacionalidade suíça.

1791 - Dissolução da Assembleia Nacional Constituinte da França. Entra em vigor a nova Constituição.

          - Estreia-se a ópera de Mozart, "A Flauta Mágica".

1834 - Num só dia, Jack o Estripador faz duas vítimas fatais

1845 - Pedro Paulo de Figueiredo da Cunha e Mello é designado como Cardeal pelo Papa Pio IX.

1860 - Victor Emanuel conclui derrota dos exércitos papais em Ancona.

1896 - A Rússia e a China assinam um acordo sobre a Manchuria.

1913 - Morre Rudolf Diesel, engenheiro mecânico alemão, inventor do motor cujo combustível é atribuído ao seu sobrenome.

1939 - A Alemanha e a URSS assinam um tratado de amizade, definindo a partilha da Polónia, no início da II Guerra Mundial.

1946 - O Tribunal Militar Internacional de Numemberga (Alemanha) julga vários dirigentes Nazis, considerandos 22 culpados de crimes de guerra, e condenando 11 a morte.

1947 - Paquistão e Iémen são admitidos como Estados Membros da ONU.

1955 - Os delegados franceses a Assembleia-Geral das Nações Unidas abandonam os trabalhos, depois da Assembleia ter decidido abordar a questão dos incidentes e da agitação na Argélia.

1955 - Morre James Dean, actor norte-americano.

1962 - Nasce Frank Rijkaard, jogador de futebol holandês.

1966 - Independência da Botswana.

1970 - Richard Nixon torna-se o primeiro Presidente dos Estados Unidos da América a visitar a Jugoslávia.

1971 - Os Estados Unidos da América e a URSS assinam um acordo para evitar os perigos de um confronto nuclear acidental.

1985 - Morre a actriz francesa Simone Signoret aos 64 anos de idade, que simbolizou o renascimento pós-guerra do cinema francês.

          - Morre, em Pasadena (Califórnia), o norte-americano Charles Richter aos 85 anos de idade, o sismologo que inventou uma escala para medir a magnitude dos tremores de terra, que tem o seu nome.

1987 - A Amnistia Internacional denuncia, em relatório, a tortura, maus tratos, detenção arbitrária e julgamentos injustos de presos políticos como algumas das violações dos direitos humanos praticadas em Timor-Leste, ocupado pela Indonésia.

1988 - O Presidente soviético, Andrei Gromyko, é afastado do politburo do Partido Comunista e do cargo de Chefe de Estado, a seu pedido. Simultaneamente, ocorrem remodelações no Comité Central do Partido Comunista da União Soviética.

1991 - O Presidente do Haiti, o padre Jean-Bertrand Aristide, eleito democraticamente em dezembro de 1990, é derrubado por um golpe militar, dirigido pelo general Raol Cedras, Comandante em Chefe do Exército.

1993 - Um violento sismo abala o Sul da Índia, matando mais de 20 mil pessoas, destruindo, por completo a cidade de Khillari.

          - George Marchais, aos 74 anos de idade, secretário-geral do Partido Comunista francês há  mais de duas decadas, anuncia o abandono do cargo.

1995 - Os ministros das Finanças da UE confirmam o 1 de Janeiro de 1999 como a data da introdução da moeda única na Europa.

1996 - A Presidência colegial da Bósnia reune-se, pela primeira vez, em Sarajevo.

1999 - O escritor alemão Gunter Grass é galardoado com o Prémio Nobel da literatura.

2004 - O governo sudanês recusa retomar as negociações com o Movimento Justiça e Igualdade (MJE), suspeito de estar implicado na tentativa de golpe de estado fracassado.

           - Míssil AIM-54 Phoenix é retirado de serviço.

             Este é o ducentésimo septuagésimo quarto dia do ano. 
Faltam 92 dias para acabar 2010.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sem Eira nem Beira @ Xutos & Pontapés @ TVI 2009

Émile Zola, morreu a 29 de Setembro de 1902



EMILE ZOLA
Émile Zola nasceu em 2 de abril de 1840 em Paris. Filho do engenheiro italiano François Zola e da borgonhesa Émilie Aubert. Em 1852, ganha uma bolsa para estudar no colégio Bourbon e lá conhece o pintor impressionista Paul Cézanne. Em 1858 escreve suas primeiras peças de teatro e poemas. No ano seguinte, publica alguns contos no jornal La Provence. Depois de passar por grandes dificuldades financeiras e uma terrível crise moral, Zola começa a trabalhar, em 1862, na editora Hachette, onde finalmente dá início a um contato mais próximo com o mundo literário e conhecer os escritores de seu tempo. No ano posterior publica seus primeiros artigos de jornal e passa a viver com Gabrielle-Alexandrine Melay. Em 1864, trava contato com Émile Deschanel, autor de Essai de critique naturelle, livro que serviria de inspiração para a teoria dos temperamentos constante na primeira grande obra do romancista: Thérèse Raquin, romance que deu início ao Naturalismo. No mesmo ano é publicado seu primeiro livro, Contos Luminosos, e no próximo ano é a vez da publicação de seu primeiro romance, La Confession de Claude. Deixa a editora Hachette em 1866 para viver exclusivamente de sua literatura. Casa-se com Gabrielle em 1870. Publica, no mesmo ano, artigos polêmicos contra o Império e a guerra que acaba de começar entre a França e a Prússia. Para escapar do cerco de Paris, vai para Marselha e lá funda o jornal popular La Marseillaise. Em 1885 é lançada a obra máxima de Zola, Germinal. Recebe, em 1888, a Légion d’Honneur, importante condecoração francesa. Falece em 1902.

Silvio Berlusconi, nasceu a 29 de Setembro de 1936

Silvio Berlusconi, o poderoso chefão



O premiê italiano oferece a seus eleitores uma retórica e uma cultura política cínicas e anti-institucionais. Os valores que defende são fundamentados em convicções tradicionais anti-intelectuais e pequeno-burguesas. Não aceita nenhum limite ao seu próprio poder. E mesmo assim, continua com altos índices de aprovação

por Carlos Galli





O sucesso político de Silvio Berlusconi não é nada de outro mundo: não se trata de um óvni que de repente aterrissou no seio de uma democracia eficaz e de um mercado transparente. Representa, pelo contrário, a síntese de seu declínio e do imobilismo da Itália. Em outras palavras, esse sucesso político é fruto justamente de uma democracia e de um mercado em decadência.

A partir de 1978, ano em que o ex-primeiro-ministro Aldo Moro foi assassinado pelas Brigadas Vermelhas, o país entrou em um período de falta de objetivos políticos e impulso reformador. Sofreu também com a decadência do senso cívico, diretamente ligada à extinção progressiva da base que legitimou a República: o antifascismo. Em seguida, o papel regulador da política e do direito diminuiu em função das exigências da economia.

A Itália é um país fragmentado em grupos de interesse – dos mais poderosos aos mais miseráveis –, todos alheios à legalidade comum e ao espírito cívico. A sociedade é uma selva, onde não estão presentes de forma plena as lógicas do mercado ou do Estado, mas sim as do privilégio, do ressentimento e do medo.

Não é por acaso que a insegurança caracteriza esse “estado de natureza”, típico de uma organização que percebe cada vez menos a necessidade de regras de convivência. Os italianos sentem intuitivamente que a crise de legalidade penaliza a todos, mas a maior parte prefere se aproveitar da situação e também usar as brechas da lei, sem muito esforço para promover o respeito coletivo pelas regras.

O aumento da corrupção, entranhada no seio da administração, decorre dessa lógica do “particular” e do “familiar amoral”, que hoje constitui a norma1. O espaço público da legalidade, da transparência e da universalidade está reduzido: prevalece o aglomerado de interesses privados e particularismos de influência e peso diversos, que lutam por um equilíbrio precário. A sociedade ainda está estruturada em função de fidelidades pessoais e de clientelismo. Sobre a lei, o direito e o dever, predominam a astúcia e o favoritismo. Desse modo, soma-se à crise econômica, social e política uma crise moral.

A fragmentação da esquerda teve um papel determinante na aventura berlusconiana. Minada por incertezas e contradições após a chegada ao poder, aliou-se a um partido minoritário de católicos e com eles formou um núcleo político de funcionários públicos, aposentados e intelectuais – cada vez menos numerosos. A esquerda é hegemônica apenas em algumas regiões da Itália central, como a Emilia Romagna e a Toscana, enquanto no restante prevalece o sistema clientelista da direita. Essa configuração se deve também ao fato de Berlusconi ter conseguido encarnar os anseios que ecoaram da população após o fim do sistema de partidos da Primeira República, precipitado pelos processos judiciais da operação Mani Pulite (“mãos limpas”)2. Naquele momento, parte da classe política italiana foi dizimada e Berlusconi conseguiu direcionar a indignação popular contra a política, a cultura e a elite que marcaram os anos 1990.

Sua força repousa sobre um populismo plebiscitário nutrido de poder midiático, além do carisma pessoal e de um pacto com os italianos baseado em interesses, medos e paixões. Berlusconi oferece a seus eleitores uma retórica e uma cultura política cínicas e anti-institucionais. Os valores que defende são fundamentados em convicções tradicionais anti-intelectuais e pequeno-burguesas. Não aceita nenhum limite ao seu próprio poder, como provam as polêmicas contra o Parlamento – onde possui maioria – e a magistratura, instância na qual tentou emplacar uma lei que lhe asseguraria imunidade judiciária pessoal.

Para Berlusconi, o cargo de primeiro-ministro representa a expressão direta da vontade popular, uma investidura que dá ao feliz eleito a unção do Senhor (como ele mesmo afirmou há alguns anos) e um lugar acima de todas as leis e instituições. Nessa ótica, a delegação do poder não é um processo racional, e sim uma representação simbólica, pessoal e plebiscitária, graças à qual um povo reconhece sua própria identidade no corpo místico do chefe. A população, ainda de acordo com essa visão, ama seu líder porque ele a compreende e passa o sentimento de segurança, pelo menos com relação aos “comunistas”, termo pelo qual a retórica da direita designa os espíritos críticos e, em geral, qualquer um que não se alinhe ao sistema de valores da maioria. Para Berlusconi, a esfera pública não é um espaço crítico: é, antes, o lugar da publicidade – no sentido comercial do termo –, da propaganda e do consenso entusiasta.

Essa política autoritária e carismática é, obviamente, estranha ao antifascismo. Ela não tem nada em comum com a democracia liberal, como confirmam os ataques sucessivos à liberdade de imprensa, o abandono da noção de laicidade na política (vide os privilégios econômicos da Igreja e o respeito dado às diretivas da hierarquia religiosa no que se refere a assuntos de bioética e biopolítica) e a ausência de escrúpulos no incentivo à xenofobia e aos medos sociais3.

Trata-se também da transferência de poder dos partidos a pessoas, ou a uma pessoa, e do “arco constitucional4” a uma política de clivagem vertical do país em dois blocos opostos. A repetição constante da dualidade amigo/inimigo permite forjar uma unidade simbólica num país onde se mantém deliberadamente a fragmentação e as desigualdades econômicas e sociais5.

Para além do “homem que faz” – como ele gosta de se definir, em oposição aos políticos de profissão que “apenas falam” –, Berlusconi é o homem do laisser faire. Sua estratégia consiste em deixar cada grupo de poder conservar seus privilégios ou buscar aumentá-los, em detrimento dos grupos mais fracos e dos interesses coletivos.

O primeiro a se beneficiar é, evidentemente, o próprio Berlusconi, já que os conflitos de interesses não resolvidos parecem pertencer à “paisagem política” e nem sequer chamam a atenção. E mais: a posição anormal do chefe acaba por estender a impunidade a todos os cidadãos, pois o modelo vigente é aquele que prega a quebra das regras, sejam elas pequenas ou grandes. A lei universal da República transformou-se numa anomalia, da qual Berlusconi constitui um ícone: saturar a vida pública com lógicas e práticas privadas representa a força de sua posição e a razão do consenso em torno dele. A única exceção a esse consenso são as medidas em torno do trabalho assalariado. Tanto que os controles do ministro Renato Brunetta provocaram o ressentimento da maioria dos italianos contra a administração6.

Modernização autoritária

O eleitorado de Berlusconi não se reduz aos ricos e poderosos; inclui também a classe média, os trabalhadores e uma parte dos operários, decepcionados com a política de bem-estar coletivo da esquerda, com o Estado provedor e até mesmo com o princípio de igualdade. Preferem acreditar nas esperanças, ilusões e rancores que a direita alimenta. Contam com Berlusconi para ajudá-los.

Por outro lado, entre o discurso e a prática de Berlusconi cresce um abismo mais profundo que o de outros profissionais sem escrúpulos da política. Onde foi parar a promessa eleitoral de 2001 “Menos impostos para todos”? A direita renegou-a: sua política real joga contra os interesses das categorias mais modestas. Lembremos também das medidas contra os trustes e em prol da livre concorrência do mercado, tomadas pelo governo de Romano Prodi, que introduziu com prudência um tipo de class action – a possibilidade de os consumidores recusarem coletivamente uma prática duvidosa de uma empresa privada –: a direita esvaziou-as com emendas destinadas a favorecer as grandes companhias.

Em outras palavras, como de costume, a corrida pela satisfação de interesses a curto prazo beneficia os mais fortes: muitos italianos se creem hábeis, mas na realidade são enganados. Se Berlusconi parece um mago que, ao mesmo tempo, encanta e decepciona, nunca conseguirá modernizar autoritariamente o que for, mesmo de forma indireta. Da velha democracia cristã ele herdou o eleitorado, mas não a política, que consistia em apreender as vozes da direita e reciclá-las na centro-esquerda, a serviço do desenvolvimento da democracia. Berlusconi capta essas vozes vindas das entranhas do país e as utiliza para deixar a Itália como está, a fim de afirmar seu próprio poder.

Talvez a maioria dos italianos acorde do feitiço berlusconiano e rompa o pacto estabelecido com ele no dia em que se der conta de que a política do laisser faire é a do “não fazer nada”. Não admitir a crise, como faz a direita, não é suficiente para superá-la. No entanto, em junho passado, o primeiro-ministro atravessou a turbulência mais grave de sua carreira, que teria destruído qualquer outro homem: o escândalo das festas em suas residências privadas de Roma e da Costa da Esmeralda, com a participação de prostitutas de luxo e o transporte destas em voos fretados do Estado. Apesar disso, os italianos continuam a depositar confiança em Berlusconi. É o que mostram as sondagens eleitorais7, como se a verdadeira essência de sua política e sua função pública estivessem intactas.

Será que Berlusconi adaptou-se aos italianos a ponto de, caso saia de cena, o país não conseguir retomar a prática política há anos deixada de lado?



Carlos Galli professor de história do pensamento político na Universidade de Bolonha e presidente do Instituto Gramsci da Emilia Romagna.

1 O barômetro da corrupção da Transparência Internacional, Global Corruption Barometer 2009 [Barômetro global da corrupção 2009], coloca a Itália numa posição desonrosa na cadeia global da corrupção – real e percebida.
2 Mani Pulite [Mãos limpas]: investigação empreendida por magistrados milaneses em 17 de fevereiro de 1992, com a finalidade de jogar luz à corrupção generalizada do sistema de partidos.
3 Vide os comentários recentes sobre Milão, que pareceria a uma “cidade africana”. Ver Il Corriere della Sera, 4 de junho de 2009.
4 Expressão utilizada no debate político dos anos de 1960 e 1970 para qualificar os partidos que haviam participado da redação e da aprovação da Constituição de 1948, de comunistas a liberais. O Movimento Social Italiano (MSI) foi excluído por não partilhar os valores antifascistas.
5 Para Berlusconi, a esquerda é o “inimigo da Itália”. Ver La Repubblica, 30 de junho de 2009.
6 Em 25 de junho de 2008, por iniciativa do ministro da Administração Pública, o governo aprovou o decreto-lei 112/2008, conhecido como “decreto anti-inativos”, que sanciona as ausências de funcionários no trabalho e prevê, entre outras coisas, a redução do salário pelos dez primeiros dias de ausência, independentemente da duração da licença médica.
7 Após as eleições europeias e regionais em 20 e 21 de junho de 2009, o partido do primeiro-ministro alcançou um sucesso real, mas sem atender os 40% apresentados como objetivo por Berlusconi.



Jerry Lee Lewis - Great Balls Of Fire (From "Jerry Lee Lewis And Friends...

Jerry Lee Lewis, nasceu a 29 de Setembro de 1935




Jerry Lee Lewis (nascido em 29 de setembro de 1935) é um cantorcompositor e pianista norte-americano de rock and roll, considerado um dos pioneiros do gênero. Esteve no Hall of Fame do Rock And Roll em 1986 e em 2005. Em 2004, a revista Rolling Stone colocou-o em vigésimo quarto lugar no seu ranking dos 100 melhores artistas de todos os tempos.

Samora Moisés Machel nasceu na aldeia de Madragoa, actual Chilembene em 29 de Setembro de 1933




Samora Moisés Machel nasceu na aldeia de Madragoa, actual Chilembene em 29 de Setembro de 1933.Filho de um agricultor relativamente abastado, Samora entrou na escola primária com 9 anos, quando o governo colonial português entregou a “educação indígena” à Igreja Católica. Quando terminou a escola primária, o jovem de cerca de 18 anos quis continuar a estudar, mas os padres só lhe permitiam estudar teologia e Samora decidiu ir tentar a vida em Lourenço Marques. 
Teve a sorte de encontrar trabalho no principal hospital daquela cidade e, em 1952 começou o curso de enfermagem. Em 1956, foi colocado como enfermeiro na ilha da Inhaca, em frente da cidade de Maputo, onde casou com Sorita Tchaicomo, de quem teve quatro filhos, Joscelina, Edelson, Olívia e Ntewane. 
Samora Machel foi educado como nacionalista e, como estudante, foi sempre um “rebelde” e tomou conhecimento dos importantes acontecimentos que se davam no mundo: a formação da República Popular da China, com Mao Tse-Tung, em 1949 a independência do Gana, com Kwame Nkrumah, em 1957, seguida pela de vários outros países africanos. Mas foi o seu encontro com Eduardo Mondlane de visita a Moçambique, em 1961, que nessa altura trabalhava no Departamento de Curadoria da ONU, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos, que juntamente com a perseguição política de que estava a ser alvo, levou à decisão de Samora de abandonar o país, em 1963 e juntar-se à FRELIMO, na Tanzânia. Para lá chegar, teve a sorte de, no Botswana, encontrar Joe Slovo com um grupo de membros do ANC que ofereceu boleia a Samora num avião que tinham fretado. 
Dado que nessa altura, já a FRELIMO tinha chegado à conclusão que não seria possível conseguir a independência de Moçambique sem uma guerra de libertação, o jovem enfermeiro Samora Machel foi integrado num grupo de recrutas receber treino militar na Argélia. No seu regresso à Tanzânia, ele tornou-se imediatamente num comandante. Em Novembro de 1966, na sequência do assassinato do então Chefe do Departamento de Defesa e Segurança da Frelimo, Filipe Samuel Magaia, Samora foi nomeado chefe do novo Departamento de Defesa, com as mesmas funções do anterior, enquanto Joaquim Chissano foi nomeado chefe do Departamento de Segurança, tratando dos problemas de espionagem que estavam a minar aquele movimento de libertação. 
Em 1967, Samora Machel criou o Destacamento Feminino para envolver as mulheres moçambicanas na luta de libertação e, em 1969 casou-se oficialmente com Josina Muthemba, de quem teve um filho, Samora Machel Jr. Em 1968, foi reaberta a “Frente de Tete”, que foi a forma como Samora respondeu a dissidências que se verificaram dentro do movimento, reforçando a moral dos guerrilheiros. Em 3 de Fevereiro de 1969, Eduardo Mondlane, então Presidente da FRELIMO, foi assassinado. Uria Simango, o Vice-Presidente, assumiu a presidência, mas o Comité Central, reunido em Abril, decidiu rodeá-lo de duas figuras – Machel e Marcelino dos Santos -, formando um triunvirato. 
Simango, em Novembro desse ano, publicou um documento dando apoio aos antigos dissidentes (que não tinham sido ainda afastados do movimento) e acusando Samora e vários outros dirigentes de conspirarem para o matar. Em Maio de 1970, noutra sessão do Comité Central, Simango foi expulso do movimento e Samora Machel foi eleito Presidente da FRELIMO, com Marcelino dos Santos como Vice-Presidente. 
Nos anos seguintes, até 1974, Samora conseguiu organizar a guerrilha de forma, não só a neutralizar a ofensiva militar portuguesa, comandada pelo General Kaúlza de Arriaga, a quem foi dado um enorme exército de 70 000 homens e mais de 15 000 toneladas de bombas, mas também organizar as Zonas Libertadas, que abrangiam cerca de 30 % do território. Para além disso, Samora dirigiu uma ofensiva diplomática, em que granjeou apoios, não só dos tradicionais aliados socialistas, mas inclusivamente do Papa, que era um tradicional aliado de Portugal. 
A seguir ao 25 de Abril, que tinha tido como causa imediata a incapacidade de resolver a questão colonial pela força das armas, o então Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Mário Soares, encabeçou uma delegação a Lusaka, em que propôs à FRELIMO um cessar-fogo e a realização dum referendo para decidir se os moçambicanos (incluindo os moçambicanos de origem portuguesa) queriam a independência. Samora recusou, afirmando que “A Paz é inseparável da independência” e expandiu as operações militares, contando com a fraqueza do exército colonial. Em Julho, cercou um destacamento português que se rendeu; este facto, muito propagandeado pela imprensa, levou Lisboa a mudar de atitude e, em 7 de Setembro de 1974, foram assinados os Acordos de Lusaka entre o governo português (cuja delegação era então dirigida por Melo Antunes, Ministro sem Pasta), em que se decidiu que no mesmo mês se formaria um governo de transição, integrando elementos nomeados por Portugal e pela FRELIMO, e que a independência teria lugar a 25 de Junho de 1975. 
A FRELIMO decidiu que o Primeiro Ministro do governo de transição não devia ser Samora, mas Chissano, ainda chefe do Departamento de Segurança. Entretanto, Samora fez várias viagens aos países socialistas e a países vizinhos de Moçambique, para agradecer o seu apoio durante a luta armada e solicitar apoio para a construção do Moçambique independente. Durante uma sessão do Comité Central, realizada na praia do Tofo (Inhambane) e dirigida por Samora, foi aprovada a Constituição da República Popular de Moçambique e decidido que Samora Machel seria o Presidente da República. 
No plano interno, Samora sempre assumiu uma política populista, tentando utilizar nos meios urbanos os métodos usados na guerrilha e angariar o apoio do povo para o desenvolvimento do país em bases socialistas. Menos de um mês depois da independência, Samora anunciou a nacionalização da saúde, educação e justiça; passado um ano, a nacionalização das casas de rendimento, criando a APIE (Administração do Parque Imobiliário do Estado), que alugava as casas com rendas que estavam de acordo com o rendimento do agregado familiar; lançou grandes programas de socialização do campo, com o apoio dos países socialistas, envolvendo-se pessoalmente numa campanha de colheita do arroz. 
Conseguiu ainda o apoio popular, principalmente dos jovens, para operações de grande vulto, tais como o recenseamento da população, em 1980, e a troca da moeda colonial pela nova moeda, o Metical, no mesmo ano. Outras políticas populares foram as “ofensivas” a favor do aumento da produtividade e contra a corrupção, geralmente anunciadas em grandes comícios, com grande participação da população. 
No entanto, poucas destas campanhas tiveram êxito e, em parte, levaram ao abandono do país de grande número de residentes de origem estrangeira, o que provocou a paralisação temporária de muitas empresas e, mais tarde, por falta de capacidade de gestão, ao colapso de muitos sectores, tais como a indústria têxtil, metalúrgica e química. 
Outras medidas impopulares foram o encarceramento em “campos de reeducação” das Testemunhas de Jeová, dos “improdutivos” e das prostitutas e a colocação em locais remotos de jovens com cursos superiores; estas medidas tinham como alegado objectivo o desenvolvimento de regiões onde havia pouca população. 
Na frente externa, Samora sempre seguiu uma política de angariar amizades e apoio para Moçambique, não só entre os “amigos” tradicionais, os países do “bloco soviético” e unindo os países vizinhos numa frente de integração regional, a SADCC, mas até entre os seus “inimigos”, tendo sido inclusivamente sido recebido (embora com frieza) por Ronald Reagan e assinado um acordo de boa-vizinhança com Pieter Botha, o presidente da África do Sul dos últimos anos do apartheid (o Acordo de Nkomati). Apesar disso, Samora não conseguiu suster a guerra que, iniciada logo a seguir à independência pelos vizinhos regimes racistas (a África do Sul e a Rodésia de Ian Smith, se tornou numa verdadeira guerra civil que durou 16 anos, provocou cerca de um milhão de mortos e cinco milhões de deslocados e destruiu grande parte das infra-estruturas do país. 
O insucesso da sua política de socialização e a guerra levaram a um colapso económico e Samora, nos últimos anos, teve de abrandar a sua política de índole comunista, permitindo que os “quadros” tivessem acesso a bens que o comum dos cidadãos não tinham, encetando conversações com a RENAMO e, finalmente, organizando acordos com o Banco Mundial e FMI, no sentido de estancar a guerra e relançar a economia. 
Não conseguiu, no entanto, ver realizados os seus propósitos, uma vez que, em 19 de Outubro de 1986, quando se encontrava de regresso duma reunião internacional em Lusaka, o Tupolev 134 em que seguia, junto com muitos dos seus colaboradores, se despenhou em Mbuzini, em território sul-africano, mas perto da fronteira com Moçambique. 
O acidente foi atribuído a erros do piloto russo, “a tripulação estava embriagada com Vodka”, disse o ministro dos negócios estrangeiros sul africano, Pik Botha, mas ficou provado que este tinha seguido um radiofarol, cuja origem não foi determinada; isto levou a especulação sobre a possível cumplicidade do governo sul-africano, mas nunca se conseguiu provar. 
Na passagem do vigésimo aniversário da sua morte, que se evoca hoje, , o presidente sul africano, Thabo Mbeki, anunciou que a África do Sul vai reabrir as investigações à morte de Samora Machel. Este compromisso, pretende de uma vez por todas desvendar se o acidente do Tupolev, que vitimou o Presidente Machel, foi causado por erro humano ou foi um atentado. Se foi um atentado, ainda é preciso desvendar, se há a participação do regime de apartheid sul-africano ou se porventura estão implicados os dirigentes da FRELIMO da altura.

Cid Moreira, nasceu a 29 de Setembro de 1927




Cid Moreira (Taubaté29 de setembro de 1927) é um locutor e apresentador de telejornal brasileiro, em atividade desde 1947. Conhecido mundialmente por sua voz grave e singular, que costuma causar a sensação de eco aos espectadores.

Cid Moreira começou na rádio Difusora de Taubaté, como contador. Como sua voz era muito bonita e grave, foi convidado para ser locutor. Foi narrador de documentários para cinema, meio no qual também apresentou o noticiário semanal Canal 100, de produção de Carlos Niemeyer. Em 1955, atuou como ator no filme Angu de caroço, voltando ao cargo de narrador em 1958, no filme Traficantes do crime.
Apresentou, de 1969 a 1996, o Jornal Nacional, na Rede Globo de Televisão, sendo um recordista como locutor que mais tempo esteve à frente de um mesmo telejornal. A estreia do Jornal Nacional em 1 de setembro de 1969 foi apresentada junto com Hilton Gomes, que fez a abertura do telejornal. Curiosamente, três dias depois, o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick foi sequestrado pelo MR8.
Moreira é também célebre pela gravação em áudio da Bíblia na íntegra e em linguagem atual. Os CDs bíblicos com sua locução alcançaram um imenso sucesso de vendas, chegando a 30 milhões de cópias. Recentemente, o locutor atua na narração de matérias para o programa Fantástico, também da Globo.
Aos 82 anos, 63 de carreira, Cid Moreira lança o livro Boa Noite. O nome de sua biografia se deve a uma de suas frases mais famosas: Boa Noite, que Cid diz todas as vezes que encerrava um programa.
Durante a Copa do Mundo de 2010, Cid Moreira foi chamado pela Rede Globo para gravar uma vinheta que seria exibida durante as reportagens do Fantástico e de outros programas esportivos da emissora. A vinheta Jabulaaani, nome da bola Adidas Jabulani, virou sucesso nos sites de carregamento de vídeos. A equipe da Rede Globo provavelmente usará a vinheta somente até a final da Copa de 2010.

A 29 de Setembro de 1758, nasceu Horatio Nelson

Almirante inglês nascido em Burnham Thorpe, Norfolk, considerado herói nacional do Reino Unido por sua originalidade no campo da estratégia e da tática naval, e com suas vitórias nas batalhas do Nilo e de Trafalgar, que impediram a expansão do poder napoleônico. Órfão de mãe, foi levado à Marinha por um tio. Viajou pelo oceano Índico e participou de uma expedição científica ao Ártico. Desligado temporariamente por doença, voltou à ativa após ser aprovado em um concurso para tenente (1777) e logo foi enviado para lutar contra os rebeldes nas colônias americanas. Voltando a Inglaterra (1783), no ano seguinte foi indicado para impor a lei britânica nos mares das Antilhas. Casou-se na ilha de Nevis (1785) com uma viúva, Frances Nisbet, e, de volta à cidade natal, ficou alguns anos sem trabalho. Porém com o início da guerra com a França (1793), recebeu o comando da belonave Agamemnon, de 64 bocas de fogo e foi encarregado de proteger os aliados britânicos no Mediterrâneo e combater os revolucionários franceses em Toulon, entre eles o jovem oficial Napoleão Bonaparte. Durante essa guerra revelou-se um genial comandante, sendo decisivo para a vitória dos ingleses. Com a queda de Toulon, foi para a Córsega ajudar na tomada de Bástia e Calvi onde, ferido por estilhaços, perdeu a visão do olho direito. Encarregado de vigiar a esquadra francesa em Toulon, perseguiu-a em seu caminho para o Egito e, na baía de Abukir, perto da embocadura do Nilo, submeteu o inimigo a fogo cerrado. Por essa vitória, que cortou a retirada do exército de Napoleão, recebeu o título de barão. Pela vitória sobre a esquadra francesa de Toulon (1798), e pela reposição da família de Ferdinando ao trono de Nápoles, recebeu o título de duque de Bronte. Promovido a vice-almirante (1801) comandou o ataque a Copenhague, destruindo a frota dinamarquesa, o que lhe valeu o título de visconde. Promovido a contra-almirante, foi sagrado cavaleiro e recebeu seu primeiro comando: o da frota do Mediterrâneo. Preparou-se, então, para combater a poderosa esquadra franco-espanhola, a Invencível Armada, ancorada perto do cabo de Trafalgar, que ameaçava atacar a Grã-Bretanha. Planejou um ataque, no qual adotou uma audaciosa tática, fora dos padrões tradicionais, dividindo a frota britânica em duas, uma sob seu comando, na nau capitânia Victory, outra sob as ordens do almirante Collingwood. No dia 21 de outubro (1805) conseguiu romper a linha inimiga e conquistou a vitória, mas morreu em combate. Seus restos mortais foram trans portados e sepultados na catedral de Saint Paul, em Londres. 


A 29 de Setembro de 1547, nasceu Miguel Cervantes

Escritor, dramaturgo e poeta espanhol (1547-1616). É o principal nome da Literatura espanhola. Com Don Quixote de la Mancha, uma sátira aos romances de cavalaria, torna-se o precursor do realismo na Espanha. Nasce em Alcalá de Henares. A partir de 1569, serve como soldado na Itália. Luta contra os turcos na Batalha de Lepanto (1571), na qual perde o movimento da mão esquerda. Em 1575, participa da expedição contra Túnis. É preso por um corsário árabe e passa cinco anos em cativeiro. De volta à Espanha, até 1587, escreve cerca de 30 peças de teatro e seu primeiro livro, A Galatea (1585). Sem êxito na literatura, passa a trabalhar como coletor de impostos. O sucesso chega com Don Quixote de la Mancha (1605), sua principal obra. Conta as aventuras e desventuras de um fidalgo, o personagem-título, e de seu criado, Sancho Pança. Dividido entre a ilusão e a realidade, Don Quixote é considerado o símbolo do espírito idealista e aventureiro do ser humano. Já Sancho Pança é o arquétipo do lado realista e do bom senso. Escreve ainda Novelas Exemplares (1613), uma série de 12 pequenas histórias, e a segunda parte de Don Quixote (1615).

O Infante D. Fernando, nasceu a 29 de Setembro de 1402

 O Senhor D. Fernando, “o Infante Santo”, viu a alva da vida ao nascer em Santarém a 29 de Setembro de 1402, oitavo rebento d’el-rei Dom João I e da rainha D. Filipa de Lancastre. Nascido em berço de oiro, tinha o destino iluminado por arcanjos.
                                                                                    
    Foi Infante de Portugal e 23.º administrador e mestre da Ordem Militar de Avis (1434-1443). Seria por causa da sua vanglória em participar de bravuras militares, mas também a ambição para aumentar o seu património pessoal, que se originou a infeliz expedição de Tânger.
                                                                  
    Por várias vezes, a partir de 1433, demandou licença a fim de sair para o estrangeiro. Carcomia-lhe o espírito o facto dos irmãos mais velhos terem dado umas cutiladas na moirama durante a conquista de Ceuta, eram guerreiros armados cavaleiros de espada, tinham prebendas chorudas e dinheirame de farte.
                                             
    E ele, nada, fervia-lhe o sangue! Para acalmá-lo e alcançar a serenidade, o mano régio cedeu-lhe a administração da Ordem de Avis e os quinhões das terras de Atouguia e Salvaterra do Campo.
                   
    D. Fernando, mal-contente, fez saber em contumácia ao irmão Dom Duarte do desagrado em relação às rendas que usufruía, insuficientes no seu entender.
                                                                                                                   
    Ruminava vontade de ausentar-se para a estranja «onde, pela mais largueza das terras, terei eu em meu acrescentamento, ainda que seja com meu trabalho, maior esperança» de acumular mais riqueza aos escassos recursos.
                                                                                                
    Para impedir que seu irmão saísse a mata-cavalos do Reino, o rei Dom Duarte I, a modo de contrafeito e por proposta do infante D. Henrique datada de finais de 1435, mandou organizar a expedição de conquista em Marrocos. Para tal fim alcançaram a Bula de Cruzada em 1436 e a aprovação das Cortes de Évora a 15 de Abril de 1436.
                                                                                       
    A 22 de Agosto de 1437 levantou ferro da praia do Restelo a expedição comandada pelo infante D. Henrique, coadjuvado pelo infante D. Fernando e pelo Conde de Arraiolos, ao som de trombetas e atroar de bombardas. O ataque à praça de Tânger começou a 13 de Setembro de 1437, porém o desastre foi total, pese embora a bravura manifesta.
                                                                                                                                                        
    Pelo acordo de paz imposto a 16 de Outubro de 1437 os portugueses foram obrigados a aceitar as mais duras condições duma rendição humilhante: deixavam a artilharia, armas, cavalos e tudo o que traziam e embarcavam somente com a roupa do corpo, prometiam devolver Ceuta e assinar longuíssimas tréguas de cem anos com os berberes.
                                                                                                                     
    Nesse mesmo dia, o infante D. Fernando e outros sete companheiros de desdita ficaram reféns como garantia, entre os quais mestre Martinho, servindo de médico pessoal, e frei João Álvares, como secretário privativo. Os cativos seriam sucessivamente transferidos a toque de caixa para Arzila e Fez.
                                                                       
    Foram feitas algumas tentativas para resgatar a liberdade do infante a troco de dinheiro, ou por fracassados planos de fuga, mas depressa a promessa de entrega de Ceuta era abandonada e até as Cortes de Leiria, de Janeiro de 1438, foram inconclusivas sobre a eventual devolução da praça de Ceuta.
                                                                                             
    Sobreveio um entrechoque de opiniões. O arcebispo de Braga alevantou o báculo e, altissonante, fulminou os áulicos com severos ditames teológicos: porque torna, porque deixa, Ceuta era terra já cristianizada e não podia ser devolvida aos perros infiéis.
                                                                                                
    A questão era um problema político de monta, como lava de vulcão, quebrantou a sociedade de lés-a-lés. O remorso a açoitar e a infelicidade neurasténica vitimaram o infeliz Dom Duarte em Setembro de 1438, malquisto pelo desventurado penar do irmão.
                                                          
    Em finais de 1440 por resolução da rainha-viúva D. Leonor de Aragão e do infante D. Pedro, o viajante “das Sete Partidas”, regentes na menoridade de Dom Afonso V, foi decidido restituir a praça como condição essencial para a libertação do infante.
                                                                          
    D. Fernando de Castro, fidalgo dos quatro costados, partiu para Marrocos com o encargo de cumprir a determinação, tarefa delicada, mas morreu logo de imediato numa peleja ao largo da costa portuguesa contra piratas genoveses, em Abril de 1441.
                                                                                                                 
    A missão fracassou, pese embora todo empenho de D. Álvaro de Castro, filho daquele e que assumira o encargo da espinhosa tarefa. Em vão, tanto os mouros como os portugueses desconfiavam que a outra parte inculcava traição, e que aquilo tudo era um ardil. A suspeição mútua minara o entendimento, devido a tantas delongas.
                                                                                  
    Persuadidos que a praça não seria devolvida por esta via, voltaram as negociações diplomáticas em vista dum resgate chorudo, lucilavam no céu as estrelas da esperança.
                                                                    
    O montante lusitano atingiu a proposta de 50.000 dobras e mais uns 50 cativos de troca, a moirama, pela voz de Lazaraque, governador de Arzila e Fez, exigia o somatório astronómico de 150 mil dobras e 150 cativos. Em soberba ninguém cedeu, corria o mês de Setembro de 1442, encerraram-se as negociações.
                                              
    Cumpriu-se o fatal e triste destino. O calvário do desventurado D. Fernando prosseguiu, de dia sujeito a trabalhos forçados a toque de caixa, à noite recolhido num enxovia fétida, a pão e água, a palha e baraço, levava a morte na alma, um duro crisol de penitências, e as chagas roxas dos esfaimados.
                                                                                               
    Sobreveio uma fatal forrica e morreu aferrolhado em Fez a 5 de Junho de 1443, com forte cheiro de santidade, pois pagara com língua de palmo a sua antiga avidez. Mesmo morto sofreu tratos de polé e de truz, dependurado nas ameias da muralha durante quatro dias, cabeça para baixo.
                                                                        
    O martirizado corpo seria resgatado em 1471 pelo real sobrinho Dom Afonso V, “o Africano”, que o sepultou no mosteiro da Batalha, onde dorme o justo sono eterno junto dos pais e irmãos, aquela Ínclita Geração.
                                                                          
    E o poviléu, na sua crédula ingenuidade, ergue as mãos ao céu e entoa-lhe loas de santo, ainda chegou a ter umas migalhas de culto na Batalha, na Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira (em Guimarães) e Lisboa.
                                                                                  
    Porém a crença esmoreceu, não passou a barreira do século XVII. Até um bispo de truz, D. Martim Afonso de Mexia, ali ao redor de 1610, interditou o culto público na diocese de Leiria e no mosteiro de Santa Maria da Vitória, com ameaços de excomunhão, por não estar canonicamente beatificado e santificado com bula pontifícia, nem autorizado pelo Pai do Céu.
                                                                        
    Se não arranjou assento na Corte Celeste como singular à face do Pai Divino, foi injustiça de arrepelar o toutiço, porquanto sofreu as mortalhas do martírio e da humilhação.
                                                    
    Contudo teve alma de metafísico, a regar a face com lágrimas, ao suplicar absolvição à hora da morte por todo o infortúnio que tinha originado com a infeliz jornada africana: «Assim se cumpre o exemplo que diz: “Sofrerá o justo pelo pecador”; a vós que sofreis tanto mal e aflição, perdoai-me pelo Amor de Deus».