Previsão do Tempo

domingo, 28 de fevereiro de 2010

FInal da Taça de Portugal - 1992/93 - Benfica 5 - Boavista 2

Faz hoje 44 anos que nasceu Paulo Futre. Vamos vê-lo com a camisola do GLORIOSO.

Pronuncia do Norte

Faz hoje 55 anos que nasceu Rui Reininho. Vamos ouvir uma das sua canções.

Faz hoje 485 anos que Hernan Cortés executou o último imperador Azteca

Hernán Cortés (Fernando Cortês)
"Vim aqui para descobrir ouro, e não para cultivar a terra como um
simples camponês!". Foram estas palavras que proferiu quando
desembarcou no Haiti.
Cortés, nasceu em Medelín, em 1485, e cedo partiu para a América
para fazer fortuna, fosse a que preço fosse.. Em Cuba evidenciou-se
desde logo a dizimar a população indigena. Mas não lhe bastava. Não
tardou a partir para o México. Logo após o desembarque inicia o
massacre das populações locais e nunca mais parou. Sob as ordens
foram destruídas as brilhantes civilizações Olmecas, Toltecas,
Astecas e Maia. Milhões de pessoas foram barbaramente mortas. Em
1540, Carlos V, horrorizado com as descrições dos seus massacres
chama-o a Espanha e exila-o na Extremadura, em Castileja de la
Cuesta, onde morreu em 1547 e de cuja região nunca devia ter saído..

FAFÁ DE BELÉM - VERMELHO - SLB - BENFICA ao Vivo no Casino da Póvoa 2005

Uma prenda para este clube especial, SLB.
Viva o Benfica

Benfica - Hymn / Hino - Ser Benfiquista

No dia de aniversário do SLB não podia faltar o Hino.
Parabéns BENFICA

Benfica 09/10 - Uma Nova Era

FORÇA BENFICA!

Benfica 09/10

ANO APÓS ANO SEMPRE A VOAR.

Sport Lisboa e Benfica - RUMO AO TÍTULO 2009/2010

PARABÉNS BENFICA E MUITOS, MUITOS ANOS DE VIDA.

Faz hoje 106 anos que nasceu o SPORT LISBOA e BENFICA

O Sport Lisboa e Benfica é um clube multidesportivo sediado em Lisboa. O seu eclectismo, historial e forte base de adeptos faz do S.L.Benfica o maior e mais significativo de Portugal e um dos mais prestigiados a nível mundial. As estimativas em relação ao número de adeptos apontam para cerca de 14 milhões espalhados por todo o mundo. Segundo o Guiness, o Benfica é o clube do mundo com mais sócios activos, cerca de 178.000, na altura, atingindo agora os 200.000 sócios. É considerado pela IFFHS como o nono melhor clube do século XX.
Além do futebol, este clube distingue-se também noutras modalidades. Utiliza como cores principais o vermelho e o branco e como símbolo uma águia, chamada Vitória.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Efemérides do dia 28 de Fevereiro de 2010

1525 - América Colonial: o espanhol Hernán Cortés executa último imperador asteca, Cuauhtémoc.
1644 - Brasil Colonial: Holandeses abandonam São Luís do Maranhão, que volta ao domínio português.
1736 - Por decreto, a Coroa portuguesa, obriga a que o transporte de ouro, diamantes e outras pedras preciosas do Brasil, se faça exclusivamente nos cofres das frotas.
1854 - O primeiro desfile de carros alegóricos durante o carnaval aconteceu no Rio de Janeiro.
1904 - Fundado o Sport Lisboa e Benfica, um dos mais importantes clubes de Portugal.
1912 - No Missouri (EUA) Albert Perry, capitão norte-americano realizou o primeiro salto de pára-quedas de um avião.
1922 - A independência do Egito foi reconhecida pelo Reino Unido, que mesmo assim continuou com o controle do Canal de Suez.
1930 - Na Paraíba, Brasil, o coronel José Pereira rebelou-se contra a decisão de João Pessoa, governador do Estado, de desarmar coronéis do sertão, fato que ficou conhecido como o Levante da Princesa.
1964 - Paulínia é emancipada, separando-se de Campinas.
1966 - Foi fechado definitivamente o local das primeiras apresentações dos Beatles, o bar Cavern Club.
1974 - Depois de sete anos de desentendimentos, Estados Unidos e Egito restabelecem relações diplomáticas.
1986 - com medidas para conter a inflação e estabilizar a economia foi decretado no Brasil o Plano Cruzado. A nova moeda substitui o cruzeiro, com o corte de três zeros (mil cruzeiros passaram a valer um cruzado).
1994 - Aviões americanos abateram quatro aviões iugoslavos na Bósnia, na primeira ação militar da OTAN.
1996 - No Reino Unido a princesa Diana concordou em se divorciar do príncipe Charles.
2000 - É publicado o jogo de mais vendas no mundo, The Sims.
2002 - A lira italiana deixa oficialmente de circular, dando lugar ao euro.
2003 - O time de basquete dos EUA New York Knicks aposenta a camisa 33, em homenagem a Patrick Ewing.

Nascimentos

1533 - Michel Eyguem de Montaigne, filósofo francês (m. 1592).
1683 - René-Antoine Ferchault de Réaumur, cientista francês (m. 1757).
1824 - Karl-Maria Kertbeny, escritor e tradutor húngaro (m. 1882).
1846 - Giovanni Marinelli, geógrafo italiano (m. 1900).
1880 - Maria Olívia da Silva, mulher mais velha do mundo na atualidade.
1901 - Linus Pauling, químico norte-americano (m. 1994).
1915 - Peter Brian Medawar, cientista inglês, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina em 1960 (m. 1987).
1921 - Pierre Clostermann, aviador francês (m. 2006).
1929 - Frank Gehry, arquiteto canadense.
1931 - Pietro Armani, político italiano (m. 2009).
1932 - Luis Vinício, ex-futebolista e ex-treinador de futebol brasileiro.
1940 - Mario Andretti, ex-piloto americano de Fórmula 1, campeão em 1978.
1942 - Dino Zoff, ex-goleiro italiano, campeão mundial em 1982.
1943 - António Livramento, ex-jogador português de hóquei em patins.
1944 - Sepp Maier, ex-goleiro alemão, campeão mundial em 1974.
1947 - Włodzimierz Lubański, ex-futebolista polonês.
1948 - Steven Chu, físico norte-americano.
1953
Ingo Hoffmann, ex-piloto brasileiro de automobilismo.
Levir Culpi, treinador brasileiro de futebol.
1955
Rui Reininho, músico português, vocalista do GNR.
Rupert Keegan, ex-piloto inglês de F-1.
Jimmy Calderwood, ex-futebolista e treinador de futebol escocês.
1956 - Tommy Remengesau Jr., político palauano.
1957
John Turturro, ator norte-americano.
Jan Ceulemans, ex-futebolista e treinador de futebol belga.
1961 - Eric Bachelart, ex-piloto belga de corridas.
1963 - Manuel da Fonseca, editor e cineasta português.
1964 - Djamolidine Abdoujaparov, ciclista uzbeque.
1966 - Paulo Futre, ex-futebolista e empresário português.
1968
Teresa Cristina, cantora brasileira.
Eric Van Meir, ex-futebolista belga.
1969 - Patrick Monahan, músico norte-americano.
1973
Amaral, futebolista brasileiro.
Nicolas Minassian, piloto francês de automobilismo.
1974
Lee Carsley, futebolista irlandês.
Alexander Zickler, futebolista alemão.
1976
Ali Larter, atriz e modelo norte-americana.
Rogério, futebolista brasileiro.
1977 - Artur Wichniarek, futebolista polonês.
1978 - Rowen Fernández, goleiro sul-africano.
1979
Andriy Nesmachniy, futebolista ucraniano.
Sébastien Bourdais, piloto francês de automobilismo.
Hélder Rodrigues, motociclista português.
Ivo Karlović, tenista croata.
1980
Christian Poulsen, futebolista dinamarquês.
Piotr Giza, futebolista polonês.
1981
Florent Serra, tenista francês.
Nicolas Puydebois, goleiro francês.
1982 - Jonathan Aspas, futebolista espanhol.
1984
Karolina Kurkova, modelo tcheca.
Fredrik Stoor, futebolista sueco.
1985
Diego, futebolista brasileiro.
Jelena Janković, tenista sérvia.
1986 - Jajá, futebolista brasileiro.
1987
Antonio Candreva, futebolista italiano.
Kerrea Gilbert, futebolista inglês.
Michelle Horn, atriz norte-americana.
1990
Philipp Eng, piloto austríaco de corridas.
Vladislav Ryzhkov, futebolista russo.
Sebastian Rudy, futebolista alemão.

Falecimentos

468 - Papa Hilário
1105 - Raimundo IV de Toulouse, conde de Trípoli e um dos líderes da Primeira Cruzada (n. 1041 ou 1042)
1458 - Isabel, Duquesa da Lorena.
1732 - André-Charles Boulle, mestre de marqueteria do estilo Luís XIV (n. 1642).
1873 - Joaquim Caetano, diplomata e professor brasileiro, patrono da Academia (n. 1810).
1916 - Henry James, escritor estadunidense (n. 1843).
1935 - Chiquinha Gonzaga, compositora brasileira (n. 1847).
1963 - Rajendra Prasad, 1º presidente da Índia (n. 1884)
1975 - Camillo de Jesus Lima, poeta do Brasil (n. 1912)
1989 - Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, lexicógrafo, filólogo e ensaísta brasileiro (n. 1910).
2006 - Owen Chamberlain, prêmio Nobel de física estadunidense (n. 1920).

Nos 500 anos da conquista de Goa pelos Portugueses

BREVE HISTÓRIA DE GOA
O passado histórico de Goa é vastíssimo. Não se resume aos quase 500 anos de permanência portuguesa, mas com ela adquiriu uma especial identificação e como tal distingue-se muito especialmente do resto da Índia.
Goa sempre foi uma "pérola" no Oceano Índico e uma região cobiçada por diferentes povos, devido à sua localização estratégica e prosperidade em recursos naturais e também devido a uma extensa rede de comunicação fluvial com o interior pelos rios Tiracol, Chaporá, Mandovi e Zuari.

Ano Acontecimento
cerca de 2000 anos a.C. Colonos neolíticos estabelecem-se nas zonas costeiras de Goa em grutas. Dedicam-se à agricultura e à criação de gado. Produzem objectos em cerâmica e trabalham com ferramentas em pedra; o metal é-lhes desconhecido.

cerca de 500 anos a.C. As "Purânas" (velhas escritas sagradas) relatam que Vishnu (deus hindu) na sua sexta encarnação teria conquistado a terra Gomanta (Goa) ao mar e a teria colonizado com tribos arianas e brâmanes. Esta descrição mítica não pôde ser provada pela arqueologia.

séc. 3 a.C. Supõe-se que Goa tenha estado integrada no reino do grande Ashoka sob o nome de Aparanta (sign. "para lá das fronteiras"). Interpretando escritas em rochas, chegou-se à conclusão de que dinastias como a dos Bhojas em Chandrapur (hoje Chandor) dominavam a zona costeira do Concão seguindo as regras do rei Ashoka.

séc. 8 - 11 Krishna I entrega ao seu vassalo dos Silharas a região de Goa. Os Silharas tornam em ca. de 250 anos Goa num centro florescente do comércio marítimo com a península arábica.

973-1162 Os Kadambas conquistam Goa. O seu líder Sashtadeva I estabelece-se em Chandrapur (Chandor), a velha capital dos Bhojas. Baptiza o seu novo reino de Gopakkapattana. Pela primeira vez, Goa torna-se numa região politicamente autónoma que é governada separadamente do resto do Konkan.

ca. de 1049 Os filhos de Sashtadeva II (ca. 1008-42) , que tinha consolidado o comércio marítimo com Zanzibar, Bengala e Ceilão, transferem a capital de Chandrapur para Gopaka/Govapuri (hoje Goem/Goa Velha). Govapuri desenvolve-se rapidamente numa cidade próspera com templos, palácios e muitas insituições sociais financiadas pela casa reinante.

1310-67 Os Iadavas - que tinham invadido Goa em 1237 - são expulsos pelos muçulmanos do sultanato de Deli. Kamadeva, cunhado de um ex-rei Kadamba, consegue a soberania de um parte do ex-reino Kadamba, mas desiste da capital Gopaka/Govapuri que tinha sido destruída pelas forças mouras. Volta então para Chandrapur.

1347 O Afgão Ala-ud-din Hasan cria a dinastia dos Bahmani de Gulbarga (1347-1489). Esta dinastia será a maior oposição ao reino de Vijayanagara no Decano e no Konkan.

1356 O Afgão Ala-ud-din Hasan cerca Goa.

1358-75 Mahmud Shah Bahmani I (muçulmano) persegue a religião hindu. Muitos hindus são obrigados a fugir de Goa.

1370 Os muçulmanos são expulsos de Goa pelo hindu Harihara I do império de Vijayanagar que então dominava a região de Goa.

1380 Madhav, ministro do rei de Vijayanagar, fortalece Goa contra a ameaça muçulmana. Durante quase 100 anos a casa reinante de Vijayanagar nomeia vice-reis para Goa. Os portos, o comércio marítimo e os pólos comerciais de Goa garantem a importação de cavalos árabes, e ao mesmo tempo, estes funcionam sob influência directa da grande dinastia hindu.

1472 Os muçulmanos da dinastia de Bahmani reconquistam Goa ao império hindu de Vijayanagar.

1489 Yusuf Adil Shah de Bijapur cria a casa reinante de Bijapur. A dominância da dinastia dos Bahmani em Goa enfraquece. Belgaum (cidade a noroeste de Goa), Goa e regiões vizinhas caem no poder de Yusuf Adil Shah. Govapuri é feita segunda capital.

1488 Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança

1498 Vasco da Gama chega a Calicut. O monopólio árabe do comércio marítimo sofre um duro golpe.

1502 Segunda expedição de Vasco da Gama para a costa ocidental indiana. Uma feitoria em Cochim e uma fortificação em Cannanore são o resultado de relações diplomáticas com os Rajas. Os Rajas esperavam poder contar com o apoio dos portugueses na luta pela sua independência do soberano de Calicut. Afonso de Albuquerque fica a comandar um dos barcos que são deixados para controlar a costa.

1510 Afonso de Albuquerque alia-se com Krishna Deva Raja de Vijayanagar contra os reinantes muçulmanos de Calicut e Bijapur. Em fins de Fevereiro de 1510 Afonso de Albuquerque conquista a actual Panjim e Ela (hoje Velha-Goa) sem encontrar grande resistência. Depois da morte de Yusuf Adil Shah, é o ministro de estado Kamal Khan que toma conta da casa de Bijapur. Kamal Khan ordena a reconquista de Goa. As suas tropas conseguem fazer retirar os portugueses para os seus barcos, mas com o apoio de novas embarcações chegadas de Portugal, Afonso de Albuquerque consegue depois de alguma luta entrar em Ela (Velha-Goa) no dia de St.ª Catarina, designada a padroeira de Goa (25.11.1510).

1512 Afonso de Albuquerque conquista mais um bastião dos Bijapurs (Banastarim) e reforça a fortaleza existente.

1515 Ormuz passa para os portugueses e consolida-se assim a posição privilegiada de Portugal no Mar Árabe. Depois da sua vitória em Ormuz Afonso de Albuquerque falece em Goa. Em 1556 os seus restos mortais são levados para Lisboa.

1534 Os portugueses conquistam Diu; Goa é feita capital do império português na Ásia.

1542 O co-fundador da Ordem dos Jesuítas, Francisco Xavier, visita Goa por dez meses, antes de partir para outras viagens missionárias para China e outros lugares asiáticos.

1543 Os distritos de Salcete e Bardez passam para os portugueses, depois da derrota infligida a Ibrahim Adil Shah.

1556 Os jesuítas estabelecem a primeira impressora de toda a Índia em Goa. São impressas escritas de Francisco Xavier, obras de Luís Vaz de Camões, uma gramática de Concanim e textos bíblicos traduzido para Marati e Concanim.

1557 Macau entra para o domínio dos portugueses. Goa torna-se arcebispado.

1560 É introduzida a Inquisição em Goa.

1580-1640 Portugal é anexado à Espanha. Os holandeses aliciam diversas possesões portuguesas na Ásia. Em 1603 os holandeses bloqueiam infrutiferamente Goa. Portugal perde diversos pontos comerciais para outras potências europeias. É o início da decadência da "cidade dourada" de Velha-Goa.

1695 Transferência da residência do vice-rei de Velha-Goa para Panelim (entre Velha-Goa e Pangim).

1737-39 Conflito militar com os Maratas. Margão é ocupada pelas tropas maratas. O recuo das forças ocupantes e um acordo de paz são comprados por somas avultadas de dinheiro.

1759 O vice-rei muda-se para o Idalcão em Pangim.

1774 O Marquês de Pombal abole a Inquisição em Goa.

1778 D. Maria I volta a introduzir a Inquisição.

1797-1813 Napoleão planeia ocupar Goa com ajuda do sultão Tipu. Os ingleses ofereçem ajuda às forças portuguesas. Diversos fortes são tomados pelos ingleses.

1814 É reabolida a Inquisição.

1821-35 A monarquia parlamentar permite a Goa que passe a ser representada por seis deputados no parlamento português.

1843 Pangim é declarada capital de Goa.

1881 Começo da construção dos caminhos-de-ferro em Goa, dos primeiros na Índia, ligando a cidade portuária de Mormugão à fronteira do interior com a Índia Inglesa.

1910 Revolução em Portugal (5 de Outubro). É proclamada a República. Estado e Igreja são separados. Também em Goa entra em vigor a liberdade religiosa.

1933 António Oliveira Salazar torna-se chefe-de-estado português. É o Estado Novo.

1947 Independência da Índia.

1961 Em 18/19 de Dezembro tropas indianas invadem os teritórios de Goa, Damão e Diu.

1967 Os goeses votam contra a integração no estado de Maharastra e a favor do estatuto de Território da União.

1986 O Papa João Paulo II visita Goa. Meio milhão de pessoas assistem a este acontecimento.

Efemérides do dia 27 de Fevereiro de 2010

Principais acontecimentos registados a 27 de Fevereiro, na História do Mundo:

1500 - Nasce, em Lisboa, dom João de castro

1510 - Ter-se-à iniciado a conquista de Goa
1560 - Assina-se o Tratado de Berwyck entre a Inglaterra e os lordes escoceses, o qual exige a expulsão dos franceses das terras da Escócia.

1666 - Nasce Luísa de Gusmão, rainha de Portugal.

1700 - O navegador inglês William Dampier descobre a ilha da Nova Bretanha, no Sudoeste do Pacífico.

1801 - Espanha declara guerra a Portugal, no âmbito da aliança com a França de Napoleão Bonaparte.

1814 - Nova vitória de Wellington sobre Soult, durante as invasões francesas, na Guerra de Orthez.

1844 - A República Dominicana consegue a sua independência do Haiti.

1861 - Ocorre o Massacre de Varsóvia, quando tropas russas disparam contra uma multidão que se manifestava contra o governo russo.

1882 - Realiza-se em Londres, (Grã-Bretanha) uma reunião sobre a promoção da emigração das mulheres solteiras ou em condições difíceis para o Canadá.

1900 - Funda-se o Partido Trabalhador britânico. Ramsey MacDonald é nomeado o primeiro secretário-geral.

1906 - Morre Samuel Pierpont Langley, astrónomo e físico norte-americano, pioneiro da aviação.

1928 - Nasce Ariel Sharon, político israelita.

1923 - Nasce Dexter Gordon, músico de jazz norte-americano.

1932 - Nasce Elizabeth Taylor, actriz norte-americana.

1933 - Incêndio no edifício do Reichstag, o parlamento alemão, de origem criminosa, que destrói o edifício. Um holandês, mentalmente desequilibrado, Marius van der Lubbe, foi apontado como culpado do incêndio, tendo sido executado.

1936 - Nasce Ivan Petrovich Pavlov, fisiólogo e psicólogo russo.

1939 - Grã-Bretanha e França reconhecem o governo fascista de Francisco Franco, em Espanha.

1942 - Batalha do Mar de Java com a derrota das Marinhas Americana, Inglesa, Holandesa e Australiana pela Marinha Imperial Japonesa, em que abre o caminho a estes para a invasão das Índias Orientais Holandesas, na II Guerra Mundial.

1945 - Os Fuzileiros dos EUA ocupam a segunda pista de aviação na ilha de Iwo Jima, durante a II Guerra Mundial.

1950 - O general Chiang Kai-Shek é eleito Presidente da República da China, nome oficial da China Nacionalista sediada em Taiwan.

- A Índia apresenta a Oliveira Salazar a primeira proposta de negociação para a reintegração dos territórios de Goa, Damão e Diu na União Indiana. A proposta é recusada.

1951 - A 22ª Emenda da Constituição dos EUA é ratificada, limitando o mandato presidencial a dois mandatos de quatro anos.

1952 - Realiza-se a primeira reunião da ONU na sua sede permanente em Nova Iorque.

1967 - Adopta-se a bandeira de Antigua e Barbuda.

1996 - Lança-se no Japão os primeiros jogos da série multimilionária da Nintendo: Pokémon.

1968 - O parlamento britânico aprova uma lei que visa restringir a entrada de imigrantes de cor no país.

1974 - O governo etíope demite-se na sequência do amotinamento de várias unidades militares, que haviam capturado a cidade de Asmara.

1976 - Após a retirada das tropas espanholas, a Frente Polisário proclama a República Árabe Saharaui Democratica (RASD).

1977 - Morre, em Conacry (Guiné), Diallo Telli, o primeiro secretário-geral da Organização de Unidade Africana (OUA).

1978 - O Egipto restringe os privilégios especiais dos palestinianos que vivem no país.

- A Presidência, a Assembleia e o Governo da República Portuguesa repudiam o pedido do dirigente líbio Mohamar Kadhafipara a independência da ilha da Madeira, considerada pela Organização de Unidade Africana como pertencendo a África.

1980 - A comunidade negra da Rodésia, actual Zimbabwe, inicia a votação de um governo de maioria, que levaria a última colónia britânica a independência.

1986 - O Cruzeiro, moeda brasileira que há 40 anos, é substituida pelo "Cruzado".

1990 - O parlamento da Checoslováquia aprova uma nova lei que possibilita a realizaçao de eleições livres no país, após 40 nos de monopólio do poder do partido comunista.

- Adopta-se a bandeira da Letónia.

1991 - Na alvorada, tropas koweitianas entram na cidade do Koweit, enquanto as forças aliadas anunciam a destruição de 27 das 42 divisões iraquianas e a captura de 45.000 prisioneiro. Bagdad aceita todas as resoluções da ONU. O presidente norte-americano George Bush anuncia o fim da libertação do Kuwait.

1993 - O governo angolano aceita a proposta da representante especial do secretário-geral da ONU em Angola, Margareth Anstee, de uma "trégua" no conflito nacional.

1995 - O chefe da máfia, Salvatore "Toto" Rina e outros 47 suspeitos, membros da organização criminosa, vão a julgamento, sob a acusação de cumplicidade em 48 assassinatos na Sicília.

- O Banco de Inglaterra intervém no Berings, o sexto maior banco inglês de investimento. A instituição encontra-se à beira da falência, devido aos investimentos especulativos de um corretor no mercado de futuros de Singapura.

1996 - O governo angolano protesta formalmente a UNAVEM-III pelo derrube de uma aeronave do tipo Antonov-12, ocorrido na Lunda Norte.

2000 - Termina o XXII Congresso do PSD, com reeleição de Durão Barroso.

2001 - A destruição das estátuas dos Budas, no Afeganistão é defendida pelo líder talibã Muhammad Omar.

2005 - Pela primeira vez em 26 anos de pontificado, João Paulo II, não faz a oração dominical na Praça de São Pedro, no Vaticano.

2006 - O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, ordena a instauração de uma sindicância ao Serviço de Inteligência Externa.

- Guiné-Equatorial e Gabão decidem delimitar as fronteiras, nomeadamente a questão de soberania sobre as Ilhas de Mbanié, Cacotiers e Conga.

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Este é o quinquagésimo oitavo dia do ano. Faltam 307 dias para acabar 2010.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Recriação Histórica das Invasões Francesas

Comemoração dos 200 anos da defesa da ponte de Amarante, durante as invasões francesas, ano de 2009.

As Invasões Francesas em Portugal.

Mariza - Maria Lisboa (Torre de Belém)

Maria Lisboa e a voz de Mariza

Amália Rodrigues - Maria Lisboa (1961)

O poema de David Mourão Ferreira a voz de Amália Rodrigues

Alfama - Igreja de Santo Estêvão

E agora uma outra voz e o mesmo fado. E ouvir e comparar.

Fado, Fernando MaurIcio- Igreja de Santo Estevao

Conferência De Berlim

125 anos depois da assinatura

Faz hoje 58 anos que Winston Churchill anunciou a criação da Bomba Atómica pela Inglaterra

A corrida pela bomba atómica
Nos bastidores da Segunda Guerra Mundial, físicos nucleares a serviço dos Aliados e dos nazistas travaram uma das maiores batalhas científicas da história: a busca pela arma definitiva
por François Kersaudy
© UNIVERSITY OF CHICAGO/AMERICAN INSTITUTE OF PHYSICS/SPL/LATINSTOCK

Enrico Fermi, um dos pais da bomba atômica americana, em seu laboratório na Universidade de Chicago
No início do século XX, a pesquisa atômica era uma aventura emocionante, cuja única finalidade era desvendar os grandes segredos da matéria. Essa nova ciência tinha seus templos e papas: Ernest Rutherford em Cambridge, Niels Bohr em Copenhague, Max Born e Jacob Franck em Göttingen, Marie Curie em Paris e Albert Einstein em Berlim. Seus discípulos constituíam uma espécie de fraternidade poliglota de jovens superdotados: os ingleses John Cockcroft e Ernest Walton; os russos Georgi Gamow e Piotr Kapitza; os alemães Carl Friedrich von Weiszäcker, Otto Hahn e Werner Heisenberg; os austríacos Fritz Houtermans e Lise Meitner; os americanos Linus Pauling e Robert Oppenheimer; os italianos Enrico Fermi e Emilio Segrè, os húngaros Leo Szilard, Edward Teller e Eugene Wigner e os franceses Irene Curie e Frédéric Joliot.

Os pesquisadores mais experientes e ilustres, como Marie Curie, Ernest Rutherford, Niels Bohr e Albert Einstein, haviam aberto o caminho no início do século com a descoberta da radioatividade do rádio, a descrição do núcleo do átomo e do elétron e, evidentemente, a teoria da relatividade. Seus discípulos dariam continuidade aos trabalhos: em 1932, o inglês James Chadwick comprovou a existência do nêutron. Dois anos depois, Frédéric e Irène Joliot-Curie geraram radioatividade artificial bombardeando átomos de alumínio com partículas alfa (ver glossário), enquanto o italiano Enrico Fermi utilizaria os nêutrons descobertos por Chadwick para bombardear o urânio, desencadeando assim uma emissão de energia. Em 1938, os alemães Otto Hahn e Fritz Strassman, com base na experiência de Fermi, provocariam a cisão do núcleo de urânio em duas partes, como conseqüência da emissão de nêutrons desacelerados. Caberia, enfim, à austríaca Lise Meitner e a seu sobrinho Otto Frisch medir a intensidade da energia assim emitida, e dar ao fenômeno um nome: a fissão.

Tudo isso só foi possível graças a uma colaboração exemplar entre os centros de pesquisa do mundo inteiro. Porém, a partir dos anos 30, essa cooperação internacional não conseguiria resistir ao nacional-socialismo. Na Alemanha de Hitler, a economia, a indústria e a pesquisa militarizaram-se progressivamente, isolando-se do mundo exterior.
DIVULGAÇÃO

Niels Bohr (à esq.) e Albert Einstein em 1925. Durante a guerra, os dois papas da física nuclear trabalharam para lados opostos: Einstein para os Aliados e Bohr para os nazistas
As relações com os pesquisadores estrangeiros foram definitivamente cortadas em 1939. Bem antes disso, porém, a pesquisa atômica alemã seria violentamente atingida pelas perseguições anti-semitas, que excluíram os judeus dos serviços públicos na Alemanha a partir de 1933. Inicialmente, o regime evitou perseguir os físicos mais renomados, mas as humilhações e as intimidações organizadas pelos militantes nazistas não os pouparam e, entre 1933 e 1939, os principais pesquisadores alemães partiram para o exílio: Albert Einstein, Max Born, Jacob Franck, Fritz Haber, Leo Szilard, Edward Teller, Eugene Wigner, Hans Bethe, John Von Neumann, Stanislaw Ulman, Lise Meitner, Klaus Fuchs, Otto Frisch, Rudolf Peierls e muitos outros.

A partir de 1938, o regime de Mussolini, imitando servilmente o de Hitler, promulgou suas próprias leis racistas. Como a esposa do maior físico italiano, Enrico Fermi, era judia, ele também emigrou e seus colegas do Grupo de Roma o seguiram.

Muitos desses emigrados foram para os Estados Unidos, pois o país possuía universidades e laboratórios muito bem equipados, permitindo que os cientistas continuassem seus trabalhos em boas condições. Além disso, Albert Einstein havia imigrado para lá em 1933, o que influenciou seus colegas. Assim, Teller, Wigner, Bethe, Franck, Szilard, Fermi, Segrè, Ulman e Von Neumann desembarcaram, um por um, no Novo Mundo.

Esses pesquisadores, no entanto, não deixaram de se interessar pelo que se passava no Velho Continente. Enquanto físicos nucleares compreenderam imediatamente as implicações da descoberta de Hahn e Strassmann: caso essa fissão que gerava uma grande quantidade de energia pudesse ser reproduzida várias vezes por meio de uma reação em cadeia, a tecnologia poderia permitir a fabricação de um potente artefato explosivo. Sendo judeus, sabiam que Hitler não deixaria de utilizar essa descoberta para aniquilar seus adversários.
HAHN-MEITNER-INSTITUT, BERLIM

A física austríaca Lise Meitner (à esq.) e o químico alemão Otto Hahn trabalhando juntos em Berlim nos anos 20
Em março de 1939 surgiu o primeiro indício de que as previsões dos físicos alemães estavam corretas. Ao ocupar a Tchecoslováquia, os nazistas interromperam as exportações de minério de urânio proveniente das minas de Joachimsthal. Até então, esse minério servia apenas para colorir o cristal da Boêmia e fabricar letreiros luminosos. A interrupção das exportações só poderia significar que a Alemanha pretendia utilizar o urânio exclusivamente para a pesquisa atômica.

Nessa época, Szilard e os físicos exilados nos Estados Unidos já estavam convencidos de que os alemães estavam construindo sua própria bomba. Diante disso, o pesquisador se convenceu de que “só nos restava uma coisa a fazer: desenvolvermos a nossa”. O plano, porém, esbarrava no orçamento limitado dos laboratórios nos quais trabalhavam esses refugiados. Era preciso fazer com que o governo americano se interessasse pelo assunto.

O contato entre os físicos e o governo dos Estados Unidos foi um refugiado judeu chamado Alexandre Sachs, que trabalhava como conselheiro econômico do presidente Franklin Roosevelt. Após uma reunião com Szilard no final de julho de 1939, Sachs decidiu preparar uma carta redigida a quatro mãos (por ele, Szilard, Teller e Einstein) que deveria ser entregue ao presidente Roosevelt. O objetivo era convencer as autoridades militares americanas a financiarem as pesquisas atômicas no país.

O documento foi assinado pelo próprio Albert Einstein e entregue a Roosevelt no dia 11 de outubro de 1939, cinco semanas depois do início da guerra na Europa. A carta informava sobre a possibilidade de desenvolver a bomba atômica e alertava sobre o suposto estado adiantado das pesquisas na Alemanha, pedindo, ao final, uma “ação rápida da parte dos poderes públicos”.
DEPARTAMENTO DE ENERGIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Uma das instalações do Projeto Manhattan, a usina de Oak Ridge era responsável pela separação isotópica do urânio 235. Ao lado dos laboratórios de Hanford e Los Alamos, formava o complexo construído para fabricar a bomba atômica nos Estados Unidos
Em resposta à carta, Roosevelt criou um comitê consultivo para o urânio que contaria com representantes do exército e da marinha – todos americanos – e teria Szilard, Fermi, Teller, Wigner e Sachs como membros associados. Seria concedida uma soma de 6 mil dólares para as pesquisas iniciais. Tudo isso era evidentemente simbólico e teria continuado assim se o destino não tivesse seguido por outros caminhos.

ALERTA VERMELHO Enquanto a comunidade de físicos exilados nos Estados Unidos pressionava Roosevelt, um grupo de cientistas também alertava o governo britânico. Em março de 1940, dois físicos nucleares exilados na Inglaterra, Otto Frisch e Rudolf Peierls, enviaram ao conselheiro científico do Ministério da Aviação britânico, sir Henry Tizard, um memorando no qual mencionavam, pela primeira vez, a possibilidade de construir uma super-bomba produzindo uma explosão equivalente a mil toneladas de dinamite.

Diante do alerta, os ingleses também criaram um comitê consultivo, o Maud Committee. Inicialmente céticos quanto à possibilidade de desenvolver a bomba atômica, os britânicos mudaram de opinião depois que os serviços de informação de Sua Majestade detectaram indícios do avanço das pesquisas alemãs: em agosto de 1939, Werner Heisenberg, aluno de Niels Bohr e Prêmio Nobel de Física, foi nomeado diretor do Instituto Kaiser Wilhelm de Berlim, o principal centro de pesquisas nucleares alemão. Ao mesmo tempo, o instituto foi requisitado pelo Hilfswaffenamt, o escritório de armas auxiliares nazista. Também se soube, na primavera de 1940, que agentes alemães haviam tentado comprar dos noruegueses toda sua produção de água pesada (ver glossário), que só poderia servir para a fabricação da bomba.

Em agosto de 1941, Winston Churchill finalmente deu sinal verde ao programa atômico inglês, que a partir de então recebeu o codinome de Tube Alloys. Contudo, a batalha do Atlântico estava no auge, e os meios materiais e financeiros continuavam insuficientes para concluir um projeto de tamanha envergadura.
© RUE DES ARCHIVES/RDA

O físico Robert Oppenheimer (à esq.) e o general Leslie Groves visitam uma área de testes atômicos no deserto do Novo México
A solução viria de um membro do Maud Committee, o professor Marcus Oliphant. Em visita aos Estados Unidos algumas semanas depois, esse físico australiano causou pânico nas altas esferas americanas ao assegurar que os alemães empregavam recursos consideráveis para obter uma reação em cadeia, e que a Inglaterra corria o risco de ser incinerada antes que seus próprios trabalhos pudessem frutificar. Disse-lhes que somente os Estados Unidos, com seus meios consideráveis e seu território a salvo da guerra, seriam capazes de ter êxito. Entre os ouvintes, estava o físico Vannevar Bush, diretor do Escritório de Pesquisa e Desenvolvimento Científico, que supervisionava o comitê consultivo para o urânio.

Bush enviou dois físicos americanos para se informarem do estado dos trabalhos na Grã-Bretanha, e, no dia 9 de outubro de 1941, ele explicou a situação ao presidente americano: “A vitória será de quem tiver a bomba primeiro”. Se fossem os nazistas, a Grã-Bretanha seria riscada do mapa e os Estados Unidos deveriam capitular antes mesmo de entrar na guerra. Desta vez, Roosevelt entendeu: era uma questão de vida ou morte. O presidente decidiu criar imediatamente o Top Policy Group, um comitê restrito composto por ele mesmo, o vice-presidente Henry Wallace, o ministro da Guerra, Henry Stimson, o chefe do estadomaior, George Marshall e os físicos Bush e James Bryant Conant. Nada de fazer economias: o programa gozaria de um fundo ilimitado. Dois dias depois, Roosevelt escrevia para Churchill propondo-lhe “uma ação conjunta”.

Nessa nova etapa das pesquisas, os cientistas americanos e imigrados, que até então desenvolviam suas pesquisas de modo isolado, deveriam coordenar seus trabalhos a fim de produzirem uma reação em cadeia controlada até julho de 1942.

No dia 20 de junho de 1942, Roosevelt e Churchill reuniram-se em Hyde Park, Nova York. Os relatórios dos cientistas indicavam que o princípio de uma reação em cadeia controlável estava definitivamente ao alcance dos pesquisadores. Os dois líderes, então, selaram um acordo segundo o qual as usinas de produção seriam construídas nos Estados Unidos e os ingleses instalariam um centro de pesquisas urânio-água pesada perto de Montreal.
NARA

A hora da verdade: os Aliados temiam que os nazistas respondessem ao desembarque na Normandia com um ataque nuclear
AMEAÇA CLARA Os Aliados corriam contra o relógio. Os serviços de informação britânicos haviam descoberto que as forças de ocupação alemãs na Noruega exigiam que a produção de água pesada do complexo hidrelétrico de Vemork, na região de Telemark, passasse de uma e meia para cinco toneladas por ano. A ameaça era clara e os Aliados decidiram destruir a usina de Vemork.

A primeira tentativa, realizada no final de 1942, foi um fracasso. Trinta e seis soldados ingleses foram capturados e executados pelos alemães e o plano de ataque a Vemork foi descoberto pela Gestapo, que encontrou mapas da região com um círculo vermelho em torno da usina junto de um dos cadáveres. O objetivo só seria alcançado em fevereiro de 1943, quando um grupo de seis agentes secretos do Serviço de Operações Especiais inglês na Noruega se infiltrou na usina e plantou uma série de explosivos que destruíram todos os aparelhos da instalação, além de meia tonelada de água pesada.

A notícia foi recebida com entusiasmo em Washington, cujas pesquisas atômicas vinham progredindo a passos largos. O programa agora era supervisionado pelo exército americano e fora batizado com um nome que entraria para a história: Projeto Manhattan. À frente da empreitada estava o general de brigada Leslie Groves, que convenceu os grandes industriais americanos a colaborar com o projeto antes mesmo de as pesquisas apresentarem resultados concretos.

Mas o produto de tamanho esforço científico não demoraria a aparecer. No dia 2 de dezembro de 1942, Enrico Fermi e sua equipe, em seu gigantesco laboratório instalado debaixo do estádio da universidade de Chicago, conseguiram pela primeira vez uma reação em cadeia controlada. O sucesso da experiência não surpreendeu Fermi, mas o efeito que produziu nas altas esferas políticas e militares foi considerável. No fim do mesmo mês, foi dado o sinal verde para a organização de três imensos centros de pesquisa e de produção: “X”, em Oak Ridge, no Tennessee, onde seriam construídas duas usinas de separação isotópica do urânio 235; “W”, em Hanford, no estado de Washington, onde seriam construídas as grandes pilhas de grafite produtoras de plutônio; e “Y”, em Los Alamos, no Novo México, o “campo de concentração dos Prêmios Nobel”, onde um milhão de cientistas trabalhariam no desenvolvimento da bomba em si, sob direção do jovem físico Robert Oppenheimer, que fora aluno de Ernest Rhuterford, Niels Bohr e Jacob Franck.
BIBLIOTECA DO CONGRESSO, WASHINGTON

Após meses de discussão, o governo americano decidiu lançar a bomba atômica sobre o Japão. Acima, o bombardeio de Nagasaki em 9 de agosto de 1945
Toda a operação era coberta por um véu de segredo tão espesso que os próprios cientistas – todos eles usavam pseudônimos – tinham dificuldades para se comunicar entre si. Suas famílias eram isoladas e os parlamentares e a maioria dos membros do governo americano eram mantidos na mais completa ignorância do que se estava tramando.

O clima de segredo absoluto chegou a tal ponto que, em janeiro de 1943, os americanos suspenderam o intercâmbio de informações com os britânicos. A decisão provocou a ira de Churchill e sete meses depois Roosevelt acabaria voltando atrás: o estado adiantado das pesquisas na Alemanha provocava novamente sérias preocupações.

Há algum tempo Hitler referia-se a terríveis armas secretas em seus discursos, e os aviões de reconhecimento aliados haviam detectado instalações equipadas com rampas de lançamento de foguetes na costa báltica e no norte da França. Mais grave ainda: descobriu-se, no começo do verão de 1943, que os alemães haviam reativado a usina de Vemork, que passara a produzir mais água pesada do que antes da sabotagem de fevereiro.

Tudo isso gerou uma onda de pânico em Londres e Washington. O próprio general Groves deduziu que Hitler estava muito próximo de fabricar a bomba e persuadiu os chefes militares americanos a bombardear novamente Vemork. Novo fracasso: as mil toneladas de bombas lançadas sobre a usina, em 16 de novembro de 1943, mataram 22 civis e causaram danos insignificantes à instalação.

O revés na Noruega aumentou a tensão entre os Aliados, e uma descoberta dos serviços secretos britânicos deixou americanos e ingleses ainda mais preocupados: na Copenhague ocupada pelos alemães, o dinamarquês Niels Bohr, Prêmio Nobel e amigo pessoal do rei Cristiano X, levava adiante suas pesquisas sobre a fissão nuclear auxiliado por pesquisadores judeus refugiados que acolhera em seu instituto. A Gestapo o deixava trabalhar em paz, ele tinha discípulos alemães, e físicos como Heisenberg ou Von Weiszäcker, que trabalhavam no programa nuclear alemão, vinham consultá-lo.
A pedido dos serviços secretos britânicos, seu eminente colega, sir James Chadwick conseguiu enviar-lhe um discreto recado para que interrompesse suas atividades na Dinamarca e as continuasse na Grã-Bretanha, mas Bohr recusou o convite, afirmando que seu dever era proteger a liberdade das instituições científicas e garantir a segurança dos cientistas exilados.

Perigosíssimos trabalhos seriam então levados adiante no instituto de pesquisa teórica de Copenhague. Os cientistas do Projeto Manhattan eram alunos do primário em comparação com Niels Bohr, e ninguém duvidava que esse professor dinamarquês seria capaz de dar aos alemães, de forma completamente involuntária, todos os elementos que ainda lhes faltavam para finalizar a arma suprema.

O FATOR BOHR Foi mais uma vez o fanatismo dos nazistas que salvaria os Aliados. Em agosto de 1943, as autoridades da ocupação organizaram um golpe em Copenhague e o próprio rei Cristiano X ordenou a Niels Bohr que deixasse o país. Após uma fuga via Suécia, Bohr chegou a Londres e os britânicos imediatamente encararam a difícil tarefa de convencer esse pacifista irredutível a participar do Projeto Manhattan.

No final de janeiro de 1944, a resistência norueguesa comunicou a Londres uma informação inesperada: após o bombardeio de novembro, os alemães, julgando a usina de Vemork pouco segura, decidiram enviar todo seu equipamento para a Alemanha. Assim, na manhã do dia 20 de fevereiro de 1944, a balsa que transportava para a Alemanha 39 contêineres de água pesada e 184 tubos de eletrólise, foi sacudida por uma gigantesca explosão provocada pelos sabotadores britânicos e afundou em quatro minutos. No dia seguinte, Washington e Londres suspiraram de alívio. Assim como em Oak Ridge e Los Alamos, onde os cientistas americanos trabalhavam em ritmo acelerado, auxiliados por seus colegas britânicos e físicos de 11 outras nacionalidades – entre os quais, um eminente professor dinamarquês dissimulado sob o pseudônimo de Nicolas Baker.

Os Aliados, porém, ainda não estavam tranqüilos. Temiam que os nazistas respondessem ao desembarque na Normandia com um ataque nuclear. Mas suas preocupações eram infundadas: quando as tropas do general George Patton ocuparam Estrasburgo em novembro de 1944, um destacamento responsável por averiguar qual era o real estágio das pesquisas atômicas nazistas descobriu que os alemães estavam muito atrasados em relação aos americanos.
Os militares americanos chegaram a essa conclusão ao confiscar documentos que também indicavam a localização dos centros de pesquisa nuclear alemães: Oranienburg, Heidelberg, Frankfurt e Haigerloch, que seriam todos ocupados entre março e maio de 1945. Em Haigerloch, descobriu-se um reator em um subsolo: só lhe faltavam 700 litros de água pesada para atingir sua massa crítica. Um a um, os físicos alemães foram presos: Hahn, Von Laue, Bethe, Gertner, Guerlach, Diebner, Von Weiszäcker e finalmente Heisenberg. Seu interrogatório confirmaria que a Alemanha nunca esteve em condições de construir a bomba, e isso por pelo menos meia dúzia de razões: rivalidade entre as equipes, falta de água pesada, destruições contínuas devido aos bombardeios, hostilidade tenaz de vários físicos em relação a Hitler e seu regime, orçamento insuficiente, falta de pessoal, e principalmente, desinteresse do Führer, que não tinha entendido nada do problema e mandara concentrar os trabalhos nos foguetes V1 e V2.

A partir de março de 1945, as informações obtidas na Alemanha começaram a se espalhar entre os cientistas de Los Alamos. Alguns ficaram aliviados, outros consternados. Leo Szilard chegou a tentar convencer Roosevelt a desistir do projeto de construir a bomba, mas já era tarde: o presidente morreu no dia 12 de abril de 1945, deixando para seu vice, Harry Truman, o maior segredo dos Estados Unidos.

Quando chegou à Casa Branca,Truman foi surpreendido primeiro pela notícia de que seu país possuía uma bomba de efeitos aterradores e, em seguida, que teria de decidir se ela deveria ou não ser usada na invasão do Japão. O novo presidente ordenou imediatamente a criação de um comitê para discutir a questão, formado pela alta cúpula do governo, das Forças Armadas e por três homens do Projeto Manhattan: Vannevar Bush, Karl Compton e James Conant. Outros quatro físicos seriam consultados: Robert Oppenheimer, Enrico Fermi, Arthur Compton e Ernest Lawrence. No dia 1º de junho de 1945 o comitê finalmente emitiu seu parecer: “A bomba será usada contra o Japão, o mais rapidamente possível”. Sabemos o que veio depois.
GLOSSÁRIO
PARTÍCULAS ALFA: Partículas carregadas positivamente, emitidas pelo núcleo de um átomo

ÁGUA PESADA: A partir da água, a eletrólise permite obter hidrogênio destinado à fabricação de amoníaco. A água pesada é um subproduto desse processo e serve como elemento “moderador” que desacelera os nêutrons emitidos para quebrar o núcleo dos átomos de urânio.
François Kersaudy é professor da Universidade Paris I, especialista em história contemporânea e autor de Stalin pela coleção “2 euros” do Memorial de Caen
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Faz hoje 125 anos que terminou a Conferência de Berlim de 1885

A Conferência de Berlim realizada entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Novembro de 1885 teve como objectivo organizar, na forma de regras, a ocupação de África pelas potências coloniais e resultou numa divisão que não respeitou, nem a história, nem as relações étnicas e mesmo familiares dos povos do Continente.

Na conferência, que foi proposta por Portugal e organizada pelo Chanceler Otto von Bismarck da Alemanha - país anfitrião, que não tinha ainda colónias em África, mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando a administrar o “Sudoeste Africano” (atual Namíbia) e o Tanganhica - participaram ainda a Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-Hungria, Império Otomano.

Os Estados Unidos não possuíam colônias em África, mas eram uma potência em ascensão e tinham passado recentemente por uma guerra civil (1861-1865) relacionada com a abolição da escravatura naquele país; a Grã-Bretanha tinha-a abolido no seu império em 1834. A Turquia também não possuía colónias em África, mas era o centro do Império Otomano, com interesses no norte de África. Os restantes países europeus que não foram “contemplados” na partilha de África, também eram potências comerciais ou industriais, com interesses indirectos naquele continente.

Num momento desta conferência, Portugal apresentou um projecto, o famoso Mapa cor-de-rosa, que consistia ligar a Angola e Moçambique para haver uma comunicação entre as duas colónias, facilitando o comérico e o transporte de mercadorias. Mas este documento, apesar de todos concordarem com o projecto, Inglaterra, supostamente um antigo aliado dos portugueses, surpreendeu com a negação face ao projecto e fez um ultimato, conhecido como Ultimato britânico de 1890, ameaçando guerra se Portugal não acabasse com o projecto. Portugal, com medo de uma crise, não criou guerra com Inglaterra e todo o projecto foi-se abaixo.

Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a África Austral, com excepção das colónias portuguesas de Angola e Moçambique e o Sudoeste Africano, toda a África Oriental, com excepção do Tanganhica e partilhou a costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau e Cabo Verde); o Congo – que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em alemão é “Conferência do Congo” – continuou como “propriedade” da Companhia Internacional do Congo, cujo principal accionista era o rei Leopoldo II da Bélgica; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o Ruanda e o Burundi.

Faz hoje 26 de Fevereiro de 2010 208 anos que nasceu Victor Hugo

VICTOR HUGO

Besançon, 1802 - Paris, 1885

Escritor francês. Neste escritor, figura máxima do romantismo francês, conjugam-se felizmente uma imaginação rica e poderosa, um domínio perfeito do idioma tanto em prosa como em verso e uma fecunda longevidade. Filho de um militar napoleónico, interessa-se pela literatura desde muito jovem. Entre os vinte e os vinte e quatro anos publica vários volumes de poesia e aborda o género romanesco com Hans da Islândia.

No prefácio do drama Cromwell (1827) expõe uma teoria teatral resolutamente oposta à classicista. Na mesma época instala-se em França a batalha romântica, que é ao mesmo tempo literária e política, dado que os classicistas são liberais e os românticos partidários da monarquia. Em 1830 estreia-se Hernâni, drama anticlássico de ambiente espanhol que dá a vitória à facção romântica e difunde os seus princípios de liberdade formal. Nos anos seguintes Hugo insiste nesta linha teatral (O Rei Diverte-se, Lucrécia Bórgia, Rui Blas).

Ao mesmo tempo que o teatro, cultiva paralelamente a poesia (Orientais, As Folhas de Outono, Os Cânticos do Crepúsculo) e a narrativa. Neste último campo sobressai sobretudo o romance histórico Nossa Senhora de Paris, no qual ressuscita com poderosa imaginação a Paris do século xv; é a obra que mais popularidade lhe dá. Em 1841 é eleito membro da Academia.

Ao chegar ao poder Napoleão III, em 1848, Victor Hugo exila-se e permanece fora de França até à queda do Império, em 1870. Durante estes vinte e dois anos escreve as suas obras-primas. Em 1859 publica a primeira série de A Lenda dos Séculos, em que aborda a poesia épica. Trata-se de um vasto fresco em que descreve toda a história da humanidade; é uma obra titânica e deslumbrante, repleta de imensidade e de caos. Seguem-se três obras importantes no campo do romance: Os Miseráveis, narração de carácter social em que o misticismo, a fantasia e a denúncia das injustiças formam uma trama complexa, Os Trabalhadores do Mar, evocação da trágica luta do homem e do oceano, e O Homem Que Ri, situado na dimensão do horror.

Em 1870, com sessenta e oito anos, inicia um período sumamente produtivo que dura quinze anos. Cabe destacar nele o romance Noventa e Três e a segunda e terceira parte de A Legenda dos Séculos. Após a sua morte, com oitenta e três anos, publica-se toda uma série de obras póstumas. As grandiosas exéquias públicas de Victor Hugo são uma homenagem das gentes do seu século, as quais representa literariamente nas suas contradições, nas suas paixões, nos seus defeitos e na sua grandeza.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Efemérides do dia 26 de Fevereiro de 2010

Principais acontecimentos registados a 26 de Fevereiro na História do Mundo:

1623 - Os holandeses massacram os colonos ingleses em Amboyna, Indonésia.

1802 - Nasce, em Bengancon, França, o escritor Victor Hugo.

1802 - Napoleão Bonaparte escapa da ilha de Elba, para onde fora desterrado.

1832 - O czar Nicolau I, da Rússia, abole a constituição Polaca.

1871 - Morre, em Munique, Alemanha, o inventor da litografia, Aloísio Senefelder.

1885 - Portugal e a Associação Internacional Africana (AIA) assinam a Acta de Berlim, que cria o estado livre do Congo.

- Encerramento da histórica Conferência de Berlim.

1918 - Aviões alemães bombardeiam Veneza, Itália, no decurso da I Guerra Mundial.

1936 - Um golpe militar no Japão substitui o primeiro-ministro Koki Hirota.

1952 - O primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, anuncia a produção da primeira bomba atómica britânica.

1962 - O Palácio Presidencial de Saigão, capital do Vietname do Sul, é bombardeado por dois caças bombardeiros, pilotados por dissidentes da força aérea sul-vietnamita.

1968 – O primeiro-ministro israelita, Abba Eban, anuncia que Israel aceita negociações com os árabes.

1972 - Na sequência de chuvas torrenciais, rebenta um dique no estadonorte-americano de West Virgínia, provocando inundações que matam116 pessoas.

1974 - O exército etíope apodera-se de Asmara, a segunda maior cidadeda Etiópia, e reclama melhores salários e melhores condições de vida.

1976 – O cônsul norte-americano na Argentina, Job Patrick Egan, é sequestrado pelos Montenegros, sendo assassinado dois dias mais tarde.

1978 – O governo israelita decide prosseguir a política de estabelecimento de colonatos em território árabe ocupado.

1980 - Morre, com 72 anos, em Amã (Jordânia), Ahmed Shukeiri, um dos fundadores e primeiro presidente da Organização de Libertação da Palestina (OLP)

1983 - O Papa João Paulo II distribui um documento que estabelece os novos processos para a canonização dos santos.

1985 - A greve dos mineiros britânicos, que dura há quase um ano, entra em declínio, quando 3.800 mineiros regressam ao trabalho quebrando a palavra de ordem dos sindicatos.

- A canção “We are the wolrd”, de Lionel Richie e Michael Jackson,sobre a África, recebe o prémio “grammy” para a canção e disco do ano.

1991 - Os representantes dos seis países membros do Pacto de Varsóvia, reunidos em Budapeste, Hungria, declaram dissolvida a estrutura militar da aliança dos países do leste, criada em 1955.

1992 - Morre Older Cazarré, actor e dublador brasileiro, vítima de uma bala perdida enquanto dormia.

1993 - Um atentado terrorista abala o World Trade Center, em Nova York, EUA.

1996 - O filme “sensibilidade e bom senso”, do realizador Engel Lee, conquista o “urso de ouro” da 46ª edição do festival de cinema de Berlim.

1999 - A Missão de Verificação da ONU em Angola (MONUA) termina a a sua missão

2001 - Os taliban destroem as duas estátuas gigantes Buda de Bamyan.

2004 - O presidente macedónio Boris Trajkovski morre num acidente de aviação perto de Mostar na Bósnia-Herzegovina.

Este é o quinquagésimo sétimo dia do ano. Faltam 308 dias para o termo de 2010.

Neste dia recordemos Cesário Verde

AVE-MARIAS

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.

Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

II

NOITE FECHADA

Toca-se às grades, nas cadeias. Som
Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!
O Aljube, em que hoje estão velhinhas e criancas,
Bem raramente encerra uma mulher de "dom"!

E eu desconfio, até, de um aneurisma
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes;
À vista das prisões, da velha Sé, das Cruzes,
Chora-me o coração que se enche e que se abisma.

A espaços, iluminam-se os andares,
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos
Alastram em lençol os seus reflexos brancos;
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.

Duas igrejas, num saudoso largo,
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo.

Na parte que abateu no terremoto,
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,
E os sinos dum tanger monástico e devoto.

Mas, num recinto público e vulgar,
Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Um épico doutrora ascende, num pilar!

E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Nesta acumulação de corpos enfezados;
Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Inflama-se um palácio em face de um casebre.

Partem patrulhas de cavalaria
Dos arcos dos quartéis que foram já conventos;
Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
Derramam-se por toda a capital, que esfria.

Triste cidade! Eu temo que me avives
Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Curvadas a sorrir às montras dos ourives.

E mais: as costureiras, as floristas
Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;
Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E muitas delas são comparsas ou coristas.

E eu, de luneta de uma lente só,
Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.

Faz hoje 155 anos que nasceu Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde nasceu no ano de 1855, no seio de uma família burguesa. Embora ajudando o pai na quinta de Linda-a-Pastora e na loja de ferragens, cedo o interesse pela literatura se manifestou no poeta. Frequentou o curso superior de Letras da Faculdade de Letras de Lisboa, de que desistiu após o primeiro ano. No entanto, a sua produção literária não cessou, tendo colaborado nos jornais Diário de Notícias, Diário da Tarde, A Tribuna e Renascença.
Pouco aceite no seu tempo, a poesia de Cesário Verde caracteriza-se pela oposição ao lirismo tradicional, seguindo os moldes do realismo e do parnasianismo. O poeta exprime variadas vezes o seu amor pelo campo, onde se sente vivo, pleno e saudável, em oposição à cidade escura, podre, repleta de perigos e doenças, onde se sente mais inseguro e fragilizado.
Em 1866 Cesário Verde morre de tuberculose, a mesma doença que havia vitimado dois dos seus irmãos anos antes (episódio que o poeta verbalizou no poema “Nós”).
O Livro de Cesário Verde foi um projecto levado a cabo por Silva Pinto, amigo dos tempos de faculdade, só disponível ao público a partir de 1901, tendo posteriormente sofrido inúmeras revisões, reorganizações e acrescentos.

Faz hoje 54 anos que Khrushchev denuncia o estalinismo

Nikita Khrushchev

Estadista soviético, nasceu em 1894, em Kalinovka, na Ucrânia, e morreu em 1971, em Moscovo. Exerceu as funções de presidente da URSS entre 1958 e 1964. O seu posicionamento político teve repercussões em todo o mundo comunista. Em matéria de política externa, procurou ter uma conduta de "coexistência pacífica" com os Estados Unidos da América, conseguindo um efectivo desanuviamento das relações internacionais, à parte alguns episódios problemáticos cujos pormenores os historiadores ainda hoje desconhecem.
Antes de atingir o lugar cimeiro na cadeia do poder da URSS, foi combatente na guerra pós-revolucionária que se prolongou até 1920 e participou na Segunda Guerra Mundial. Tornou-se secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética em 1953, ocupando o cargo até 1964. A primeira denúncia do estalinismo aconteceu numa reunião secreta do partido, em 1956, e foi da sua autoria. Em 1958, assumiu o cargo de primeiro-ministro.
O seu programa político de desestalinização teve como consequência revoltas na Polónia e na Hungria (1956), que foram reprimidas, e problemas económicos internos. Nas relações com o exterior, deu-se o corte com a China de Mao Tsé-Tung, em 1960, e a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, teve como resultado o seu afastamento por Leonid Brezhnev e Alexei Kossiguine.
Foi durante o período de governação de Khrushchev que a União Soviética, em competição feroz com os Estados Unidos, enveredou pela exploração do espaço, lançando o primeiro satélite (Sputnik ) em 1957.



Como referenciar este artigo:
Nikita Khrushchev. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010.

Efemérides do dia 25 de Fevereiro de 2010

Principais acontecimentos registados no dia 25 de Fevereiro:

1308 - Eduardo II, um dos responsáveis pela divisão do Parlamento britânico entre a Casa dos Lordes e Casa dos Comuns, é coroado Rei.

1545- Os escoceses derrotam às forças inglesas em Andrum Moor.

1558 - Morre Leonor da Áustria, rainha de Portugal e França.

1570 - O Papa Pio V excomunga a rainha Isabel I de Inglaterra

1577 - Morre Erik XIV, rei da Suécia.

1601 - O conde inglês de Essex é executado por alta traição

1643 - Nasce Ahmed II, sultão otomano.

1713 - O rei Carlos XII, da Suécia, é feito prisioneiro pelo sultão da Turquia.

1836 - O norte-americano Samuel Colt patentea o primeiro revólver.

1848 - Proclama-se a República em França.

1870 - Nos EUA, Hiram R. Revels, um membro do Partido Republicano, representando o estado do Mississipi, torna-se no primeiro negro a ser eleito para o Senado. Assume o seu posto ao jurar servir no mandato provisório em substituição do Senador Jeffer Son Davis.

1873 - Nasce, em Nápoles, o tenor italiano Enrico Caruso.

1885 - A Alemanha anexa as regiões africanas do Tanganica e Zanzibar.

1888 - Nasce John Foster Dulles, secretário de estado norte-americano e director da CIA.

1943 - O África Korps do general Rommel é obrigado a recuar pelo desfiladeiro de Kassenine, na Tunísia, apenas cinco dias após ter conseguido atravessar o mesmo desfiladeiro, durante a II Guerra Mundial.

1944 - O exército britânico consegue que os japoneses abandonem o desfiladeiro de Ngakyedyauk, na Birmânia, na II Guerra Mundial..

1947 - O Governo português cessa as restrições ao consumo de energia eléctrica, em vigor desde II Guerra Mundial.

1948 - O Partido Comunista checo assume o poder na Checoslováquia.

1954 - Gamal Abdel Nasser torna-se primeiro ministro do Egipto.

1956 - O primeiro-ministro soviético, Nikita Krutschev, denúncia, perante o congresso do partido comunista da URSS, a política de Joseph Estaline.

1961 - O Kuwait ascende a independência.

1971 - O presidente norte-americano, Richard Nixon, termina a visita oficial a Pequim, com a promessa dos dirigentes chineses de serem envidados todos os esforços no sentido do desenvolvimento das relações normais entre os dois países.

1976 - Os EUA vetam a resolução das Nações Unidas de censura à anexação de Jerusalém por Israel.

1977 - O governo português aprova a desvalorização do escudo em 15 por cento.

1979 - O presidente dos EUA, James Carter, convida o presidente egípcio, Anwar Sadat, e o primeiro-ministro israelita, Menahem Begin, para uma ronda de conversações, convite recusado por Sadat.

- A URSS lança para o espaço a nave "Soyuz", com dois cosmonautas a bordo.

1980 - O presidente dos EUA, James Carter, cancela a produção do bombardeiro "B-1" e o desenvolvimentos dos mísseis "cruzeiro" balístico intercontinental "MX".

1981 - O parlamento espanhol empossa o novo governo, chefiado por Leopoldo Calvao Sotelo, depois de retomar a sessão interrompida pelo sequestro dos parlamentares, levado a cabo pelo tenente-coronel Tejero Molina.

1983 - O Escritor norte-americano Tenesse Willians é encontrado morto, num hotel de Nova Iorque.

1986 - Ferdinando Marcos abandona Manila, refugiando-se na ilha norte-americana de Guam, após a líder da oposição, Corazon Aquino, ter tomado posse como presidente das Filipinas e ter formado governo.

1987 - A associação de escritores da União Soviética anula a decisão, tomada há 30 anos, de expulsão do seu seio o escritor Boris Pasternak, falecido em 1960 e prémio Nobel da literatura no ano seguinte.

1990 - Eleições presidenciais na Nicarágua dão vitória a Violeta Chamorro, de 60 anos de idade, da União Nacional da Oposição, derrotando o dirigente sandinista Daniel Ortega.

1991 - Os países do Pacto de Varsóvia aprovam a dissolução da organização militar criada em 1955, em resposta à OTAN.

- Um missil Scud iraquiano atinge uma base militar americana em Dharan na Arábia Saudita provocando a morte 28 marines norte-americanos durante a Guerra do Golfo.

- Saddam Hussein aceita a resolução 660 do Conselho de Segurança da ONU (retirada das tropas iraquianas do Kuwait), mas os combates prosseguem enquanto o comando aliado aguarda que o regime iraquiano aceite a totalidade das doze resoluções emitidas pelas Nações Unidas.

1993 - Kim Yong-sam é eleito presidente da Coreia do Sul, o primeiro civil a ocupar o cargo.

1994 - Um colono israelita dispara contra um grupo de palestinianos em oração numa mesquita de Hebron, na Cisjordânia, provocando a morte de 63 deles.

1996 - O movimento de resistência islâmica Hamas efectua dois atentados bombistas, em Jerusalém e Ashkelon, provocando 27 mortos e 80 feridos.

2003 - A União Europeia chega a acordo sobre "o primeiro instrumento de "imigração legal", projecto de directiva comunitária sobre o direito de reunificação familiar de imigrantes.

2004 - A Líbia começa a destruir cerca de 3.300 bombas preparadas para receberem ogivas químicas.

2005 - Rússia e Irão assinam um acordo de fornecimento de combustível nuclear russo para a futura central nuclear iraniana.

Este é o quinquagésimo sexto dia do ano. Faltam 310 dias acabar 2010.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ameaça Nuclear no Continente Americano

Ameaça Nuclear no Continente Americano


Capitão PilAv Nuno Gonçalo Caseiro Miguel*


Introdução

Com o advento das armas nucleares, a humanidade colocou‑se na posse da sua possível autodestruição. Desta forma, no início deste conturbado séc. XXI, os perigos associados à proliferação nuclear continuam a assombrar as mentes da comunidade internacional.

Num mundo unipolar interessa perceber, antes de mais, quais as dinâmicas regionais que caracterizam o Continente a que pertence a super potência, na área do nuclear?

A problemática do nuclear inicia‑se no final da Segunda Guerra Mundial (2GM), quando o mundo assistiu estarrecido, a 6 de Agosto de 1945, à detonação da primeira bomba atómica na cidade de Hiroshima. Denominada ironicamente de Little Boy, esta bomba foi responsável por um cenário de destruição dantesco: causou instantaneamente a morte a mais de 100 mil pessoas e, nos anos seguintes, a mais 160 mil (devido à “chuva negra” radioactiva); provocou temperaturas na ordem dos 5 000ºC e ventos superiores a 1 600 Km/H; deixou um rasto de destruição até 2 km de distância, devastando toda a vegetação e infra‑estruturas da cidade.

Mais de sessenta anos após esse terrível acto de guerra, verificam‑se grandes transformações no contexto geopolítico da distribuição do poder, e na própria dinâmica da sociedade global.

Em plena era da globalização há, no entanto, um aspecto que se mantém inalterado: o carácter (cada vez mais) destrutivo das armas nucleares. Se a Little Boy tinha uma potência destrutiva da ordem das 20 mil toneladas de TNT, as bombas atómicas dos nossos dias ultrapassam facilmente em 25 vezes essa potência.

É neste contexto que a questão colocada assume relevância.

Como se perceberá, há uma certa tendência para a proliferação nuclear no Continente Americano, a que não são alheios alguns factores tais como o aumento dos níveis de insegurança internacional, o crescimento na procura dos combustíveis fósseis e a falta de seriedade com que é encarada a questão do desarmamento nuclear.

Para demonstrar esta convicção, este diagnóstico (parcial) do nuclear começará por fazer a contextualização do problema, através de um resumo histórico; seguidamente, identificará a realidade que caracteriza actualmente o Continente Americano; posteriormente, fará uma análise prospectiva sobre a ameaça de proliferação no Continente; por último, consignará um espaço exclusivamente dedicado aos Sistemas de Defesa Anti‑Míssil (SDAM), enquanto área do nuclear que mais tem desequilibrado a balança de poderes nos últimos tempos.


O nuclear: perspectiva histórica

A história do nuclear começa na década de 30, do século passado, quando Leo Szilard’s, um Austro‑húngaro Doutorado em Física, se dedica ao estudo da energia produzida pela reacção em cadeia resultante da fissão nuclear. Esse projecto de pesquisa, que envolveu vários investigadores, foi designado por Projecto Manhattan1.

As consequências das pesquisas de Leo Szilard’s e seus pares foram cruelmente reveladas ao mundo, nos fatídicos dias de 6 e 9 de Agosto de 19452.
Nascia o nuclear!

A primeira era nuclear

Dos escombros da 2GM emergiu uma nova era, em que passou a vingar um sistema bipolar de distribuição de poder, denominada por Guerra‑fria.

De um lado estavam os EUA, enquanto super potência com responsabilidades na esfera do mundo ocidental; do outro, surgia a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), enquanto super potência que começava a aumentar a esfera da influência junto das suas fronteiras, avançando e consolidando posições na Europa Central e na Europa Oriental.

No campo da defesa militar conjunta os EUA deram corpo, juntamente com outros onze países3, a uma poderosa aliança militar denominada Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ao assinarem o Tratado do Atlântico Norte em Washington, a 4 de Abril de 1949. Paralelamente a URSS promoveu, a 14 de Maio de 1955, uma coligação de Estados que designou como Pacto de Varsóvia4, e que representava a sua resposta à ameaça da OTAN.

Da lógica belicista verificada durante a Guerra‑fria nasce a corrida ao armamento nuclear, que ocorreu durante o final da década de cinquenta do século passado, por parte das duas superpotências.

Durante a Guerra‑fria, período que configurou a primeira era nuclear, as duas superpotências detinham um número elevadíssimo de armas nucleares5, suficientes para destruir várias vezes a terra.

No entanto, e porque se tratavam de Estados, havia alguma previsibilidade nos seus comportamentos e nunca foi utilizado qualquer tipo de armamento nuclear nos diversos conflitos que opuseram indirectamente os EUA e a URSS.

Desta forma, a Guerra‑fria foi um período caracterizado pelas políticas de dissuasão e de contenção, praticadas pelas duas esferas de influências, e que durou 44 anos, de 1945 até 1989. “Durante a Guerra Fria, e com o advento das armas nucleares, as superpotências confiaram mais no desencorajamento pela ameaça do que na oposição pela defesa após um ataque ter ocorrido.”6

No entanto, “(…) a chegada ao poder de Mikhail Gorbatchov, em Março de 1985, altera profundamente as coisas.

Gorbatchov sabe que tem de acabar a todo o custo com a corrida armamentista. Procura tranquilizar o Ocidente multiplicando iniciativas em matéria de desarmamento. Recorrendo a espectaculares feitos como o plano de eliminação geral de todas as armas nucleares até ao fim do século XX, lançado em Janeiro de 1996.

Em nome da perestroika e do novoie mychlenie (novo pensamento) a URSS alterará profundamente a sua política externa, decidindo‑se mesmo a encaixar alguns recuos históricos.”7

A segunda era nuclear

O final da década de oitenta ficou então marcado pela perda progressiva de influência do comunismo, pela mão de Gorbatchov, que resultou numa série de acontecimentos notáveis, entre os quais se destaca a queda do muro de Berlim a 9 de Novembro de 19898.

É neste quadro que termina a Guerra‑fria, e que passa a vingar o sistema unipolar em que os EUA, vencedores dessa guerra, se afirmam como a principal potência mundial.

A tendência natural, seguida em várias partes do mundo, foi uma aproximação mais ou menos caótica aos ideais defendidos pelas democracias liberais ocidentais, que estimulou um redesenhar do espaço geopolítico europeu e mundial. Nascia a era da globalização, que marca a presente geração.

Com o fim da ordem internacional da Guerra‑fria ampliaram‑se os desafios para a humanidade, na exacta proporção em que aumentaram as ameaças à paz e segurança internacional. Durante esse período o mundo era mais seguro e mais previsível mas, simultaneamente, mais preocupante; hoje em dia vive‑se no extremo oposto, ou seja, as ameaças à paz e segurança internacional, apesar de serem menos preocupantes – uma vez que já não se vive na eminência da destruição mútua total (MAD9) – são bem mais imprevisíveis, gerando níveis de insegurança muito superiores.

Uma das principais preocupações dos líderes mundiais prende‑se agora com a disseminação dos antigos arsenais nucleares soviéticos, que já não estão sob o controlo do executivo e que são um convite ao dinheiro fácil da corrupção.

A grande diferença entre esta era do nuclear e a que a precedeu é a seguinte: no passado, só as duas superpotências, e alguns Estados mais evoluídos tecnologicamente, é que detinham armas nucleares; hoje em dia, tanto Estados falhados, como actores não estatais, potencialmente imprevisíveis e irresponsáveis, poderão ter acesso à arma mais destruidora que existe. Desta forma, não é possível confiar nas valências da detenção e da contenção.

A actualidade

O Tratado de Não Proliferação10 (TNP) identifica cinco países que pertencem ao chamado clube do nuclear11, respectivamente a China, os EUA, a França, o Reino Unido e a Rússia, ou seja, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Contudo, há mais países que já fizeram testes com armamento nuclear12, tais como a Índia (1974), o Paquistão (1998), Israel13 (1979) e, mais recentemente, a Coreia do Norte14 (2006). Por conseguinte, é assumido que todos detêm armas nucleares exceptuando a Coreia do Norte, cujas informações sobre essa matéria ainda são inconclusivas.

Em condições normais, quando um país pretende implementar o nuclear alega que tem intenções de desenvolver um programa para utilização da energia nuclear com fins pacíficos15.

Acontece que, se por um lado os EUA e seus aliados se resignaram, com aparente benevolência, quando a Índia e o Paquistão se tornaram potências com armas nucleares, e inclusivamente apadrinharam o desenvolvimento da tecnologia nuclear para fins militares de Israel, por outro, mostram muita renitência em permitir que outros países desenvolvam tecnologia nuclear para fins pacíficos, um dos objectivos do TNP16 e uma das razões da existência da Agência Internacional de Energia Atómica (AEIA).

Nesta área, como noutras, parece imperar a lógica dos dois pesos e duas medidas associados à frieza da Realpolitik.


A realidade actual do Continente Americano

Como se deduz do que atrás ficou exposto, só há uma potência com armamento nuclear neste Continente, ou seja, os EUA.
Apesar disso, “durante os anos 70, a crise do petróleo levou muitos países a equiparem‑se com instalações nucleares para produzir electricidade, receando‑se que desviem esta tecnologia para fins militares (…).”17 Entre esses países encontravam‑se a Argentina, o Brasil e o Chile.

Assim sendo, percebe‑se que há outros países (para lá dos EUA) que, ao abrigo do TNP e de vários acordos internacionais, ambicionam dominar a tecnologia nuclear para fins não militares. Neste momento, os países que já utilizam esta tecnologia no Continente Americano são18: a Argentina, o Brasil, o Canadá, o Chile, os EUA, a Jamaica, e o México. A Venezuela encontra‑se em fase de preparação para passar a integrar este grupo.

Relativamente ao armamento nuclear norte‑americano, ele divide‑se entre estratégico e táctico. De acordo com informações19 recolhidas referentes a dados de 2002, eram estes os quantitativos das armas nucleares dos EUA:

1. Armas Estratégicas

• Bombas

Arma Dta da 1ª Produção Potência (Kton) Número de cabeças
B61-7 IHE Out-66 10 a 350 470
B61-11 Nov-97 10 a 350 55
B83/b83-1 Jun-83 Baixa até 1200 620


• Mísseis lançados por submarinos


Arma Data da 1ª Produção Potência (Kton) Número de cabeças
W76/ Trident I C4 Jun-78 100 3 200
W88/ Trident II D5 Set-88 475 400


• Mísseis balísticos intercontinentais

Arma Data da 1ª Produção Potência (Kton) Número de cabeças
W62/ Minuteman III Mar-70 170 615
W78/ Minuteman III Ago-79 335 920
W87-o/ MX Abr-86 300 550


• Mísseis de cruzeiro lançados por via aérea

Arma Data da 1ª Produção Potência (Kton) Número de cabeças
W80-1/ ALCM Dez-81 5 a 150 1 400
W80-1/ ACM ?/90 5 a 150 400

2. Armas Tácticas


Arma Data da 1ª Produção Potência (Kton) Número de cabeças
B61 IHE Mar-75 0,3 a 170 1 290
W80-0/SLCM Dez-83 5 a 150 320

Legenda: ACM – Advanced Cruise Missile; ALCM – Air‑Launched Cruise Missile; SLCM – Sea‑Launched Cruise Missile; IHE – Insensitive High Explosive.


É de notar que, quanto aos valores totais das armas estratégicas nucleares dos EUA, houve uma clara diminuição na quantidade de ogivas armazenadas, entre 1987 (Guerra‑fria) e 1998 (Segunda era nuclear), nomeadamente de:
• Bombas – de 2 999 para 1 000;
• Mísseis lançados por submarinos – de 5 632 para 3 456;
• Mísseis balísticos intercontinentais – de 2 300 para 2 000;
• Mísseis de cruzeiro lançados por via aérea – de 2 754 para 800.


A ameaça de proliferação no Continente Americano

Segundo vários autores, há dois tipos de proliferação: a vertical e a horizontal. A primeira, diz respeito ao aumento de quantitativos de armas nucleares por parte de um Estado; a segunda tem a ver com o aumento do número de Estados que detém este tipo de armas. No âmbito deste ensaio, será dado ênfase ao problema da proliferação horizontal.

A AIEA acredita que há cerca de trinta países com capacidade, alguns com vontade, para desenvolver armamento nuclear num curto período de tempo.

Uma das razões apontadas por esta agência, como justificação para esta realidade, prende‑se com a diminuição da segurança internacional característica deste início de séc. XXI.

Mas a razão principal, que motiva os países a aderirem ao nuclear, tem a ver com o facto dos países com armamento nuclear não demonstrarem vontade em desmantelar por completo os seus arsenais20.

Se o objectivo apregoado pelos mais altos responsáveis políticos dos EUA e Rússia, entre outros, é ter um mundo livre de armamento nuclear, e aproveitar apenas os benefícios energéticos facultados pelo nuclear, então os cinco países do clube nuclear21, juntamente com os outros três que também detêm este tipo de armas, devem dar o exemplo.

Isto implica que estes oito países (assim como a Coreia do Norte) devem fornecer informações exactas sobre o que realmente possuem a nível nuclear22 e adoptar medidas reais no sentido do desarmamento.

Uma característica da globalização, a chamada era da informação, tem a ver com a dificuldade em restringir o acesso à tecnologia nuclear.

Se ao grupo dos oito países, que detêm actualmente armamento nuclear, se juntarem outros trinta, ou mais, todos os esforços de não proliferação cairão por terra.

Quantos mais países dominarem a tecnologia, maior será a tendência para que outros países também a queiram dominar. Esta realidade está directa mente relacionada com a dificuldade acrescida de evitar a fuga de informações. Por outro lado, se países pequenos conseguirem ter a bomba atómica, os seus vizinhos não terão outra alternativa que não seja seguir‑lhes o exemplo. Como é natural, quanto maior o número de países com armamento nuclear, maior é a probabilidade dele poder vir a ser utilizado, e menores as hipóteses de sobrevivência da humanidade no decurso dessa utilização.

Por outro lado, o aumento da procura de combustíveis fósseis, nomeadamente por países como a China e a Índia, vai conduzir a uma alteração dos nossos hábitos energéticos. A diminuição progressiva das quantidades existentes na terra destes recursos naturais, em paralelo com o aumento dos seus preços no mercado global, implicará que os responsáveis políticos de países sem esses recursos se virem para a alternativa do nuclear. Parece inevitável que a energia nuclear volte a ganhar popularidade!

Apesar de não ser possível prever com rigor quantos Estados Americanos irão ter armas nucleares durante as próximas décadas, é natural assumir que esse número irá aumentar.

Neste contexto pode afirmar‑se que, de acordo com informações actualmente disponíveis, e tendo em conta que as ameaças são função das possibilidades de um actor e das suas intenções, é provável que, num futuro próximo, os seguintes países queiram vir a utilizar o nuclear para fins militares:

1. Argentina – porque apesar de utilizar a energia nuclear para fins pacíficos, tem receio de se atrasar nessa corrida face ao seu vizinho brasileiro;

2. Brasil – uma vez que não só utiliza este tipo de energia para fins energéticos, como também já iniciou um programa de enriquecimento de Urânio. O Brasil, que já tem assistido às reuniões do G8, vem demonstrando vontade de assumir um maior protagonismo regional, e é um dos candidatos mais fortes à posição de novo membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas;

3. Venezuela – que apesar de ainda não dominar esta área do conheci mento, pretende alterar essa condição. Esta opinião é reforçada pelo facto da Venezuela ter excelentes relações com o Irão, país que provavelmente já se encontra a desenvolver a tecnologia necessária para construir armas nucleares.

Por último, desenquadrado propositadamente do cenário prospectivo anteriormente traçado, dedica‑se uma palavra de atenção às outras potências deste Continente que já utilizam o nuclear para fins pacíficos.

Quanto ao Chile, Jamaica e México não há indícios que demonstrem que estes Estados pretendam, para já, vir a utilizar o nuclear para fins militares.

Relativamente ao Canadá, face à sua condição de país com um dos mais altos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), com sólidas instituições democráticas e que confia na protecção nuclear facultada pelo seu vizinho Norte‑americano, não parece verosímil que este país venha novamente a utilizar o nuclear para fins militares.


Sistemas de Defesa Anti‑Míssil (SDAM)

Outra variável importante quando se fala na problemática do nuclear, diz respeito à implementação de SDAM, com capacidade para destruir mísseis balísticos que transportem ogivas nucleares. Esta é, historicamente, uma área importante a considerar quando se aborda a questão do nuclear.

Mais uma vez, no Continente Americano (e, neste caso, em todo o mundo), só os EUA é que falam esta linguagem.

Resumo histórico

A história dos SDAM começou em plena Guerra‑fria, quando a corrida ao nuclear conhecia o seu pico. Assim sendo, a lógica destes sistemas surgiu no contexto do mundo bipolar. Contudo, em plena era da globalização, conti nuam a ser os mesmos actores (EUA e Rússia, enquanto herdeira da URSS) os mais interessados nesta matéria.

No início da década de 60 do séc. XX, o Secretário da Defesa dos EUA, Robert McNamara, rejeitou um primeiro projecto de defesa anti‑míssil, uma vez que ele iria pôr em causa o conceito estratégico existente da destruição mútua assegurada.

Os dois argumentos utilizados por McNamara, para inviabilizar a implementação desse projecto, foram os seguintes: em primeiro lugar, o facto de uma das duas potências possuir um SDAM, iria estimular a outra parte a enveredar por uma nova corrida ao armamento, para atenuar as diferenças; em segundo lugar, e numa situação de crise, a potência que não tivesse esse sistema de defesa iria provavelmente atacar em primeiro lugar. A dissuasão assente na destruição mútua preservava, de acordo com esta lógica, a estabilidade na corrida ao armamento e a estabilidade em situação de crise.

É neste contexto que as duas superpotências assinam, em 1972, e após o ciclo de negociações conhecido como Strategic Arms Limitation Talks (SALT I), o Tratado Anti‑Mísseis Balísticos (ABM), que limitava os SDAM de ambas as partes.

É de salientar o facto de este Tratado estar na base de vários acordos internacionais de controlo de armamento subsequentes, nomeadamente do Tratado INF23 (Intermediate‑Range Nuclear Forces Treaty) e dos START I e II24 (Strategic Arms Reduction Treaty). Graças ao Tratado ABM, foi possível atingir um equilíbrio na balança de poderes, entre as duas superpotências, crucial para impedir o despontar de uma Guerra Quente.

O novo paradigma

A chegada de Ronald Reagan à presidência dos EUA, em 1981, ditou, no entanto, uma mudança de paradigma.

Essa transformação na área da defesa militar originou o eclodir de um ambicioso projecto de implementação de um SDAM, intitulado Strategic Defense Initiative (SDI), mais conhecido por “Guerra das Estrelas”. Muitos dos apoiantes de Reagan consideraram que essa política do Presidente, embora se tenha revelado inconsequente, conduziu ao colapso da URSS e ao fim da Guerra‑fria.

No período que decorreu durante as duas administrações Norte‑Americanas que sucederam a Ronald Reagan, ou seja, as que foram presididas por George H. W. Bush (1989‑1993) e Bill Clinton (1993‑2001), foram dados alguns passos no sentido de reaproximar a Rússia, enquanto legítima herdeira do legado da URSS, ao Ocidente. De facto, e apesar desses Presidentes se terem mantido fiéis à doutrina de Reagan, relativamente à importância dos SDAM, nunca comprometeram o Tratado ABM.

Contudo, este cenário de cooperação estratégica e de aproximação entre os EUA e a Rússia parece ter sofrido uma contrariedade, quando a actual administração Norte Americana, presidida por George W. Bush, entrou em funções, a 20 de Janeiro de 2001.

Com base em relatórios de intelligence que apontavam para o perigo de alguns actores estatais, como a Coreia do Norte e o Irão, poderem vir a representar uma ameaça para os EUA – na medida em que iriam ter, num curto espaço de tempo, capacidade para atacar o país com mísseis – e sob o escudo dos terríveis atentados do 11 de Setembro de 2001, que revelaram que os inimigos dos EUA eram capazes de tudo para atacar esse país, Bush entendeu elevar a doutrina Reagan dos SDAM a novos patamares.

Estes desenvolvimentos motivaram o anunciar da retirada Norte‑Americana do Tratado ABM, a 13 de Dezembro de 2001. Bush entendeu ser uma prioridade nacional combater a vulnerabilidade do seu país face à ameaça dos mísseis balísticos e, para tal, admitiu a hipótese de abordar esse assunto de uma forma não convencional, tal como os seus inimigos certamente o fariam.

Características do SDAM Norte‑Americano

Para os decisores políticos da administração Bush, é necessário garantir a protecção integral do território dos EUA contra a ameaça de eventuais lançamentos de mísseis balísticos provenientes do Nordeste da Ásia (numa primeira fase), ou do Médio Oriente (numa segunda fase), através da promoção de um SDAM que reúna valências de sistemas existentes, como o National Missile Defense (NMD) e o Theater Missile Defense (TMD).

Os componentes necessários para a implementação deste sistema deverão ser os seguintes:

• Ground Based Interceptor (GBI) – esta componente é a arma do SDAM, ou seja, trata‑se da plataforma de lançamento dos mísseis inertes, e respectivos mísseis, que farão a intercepção do míssil balístico inimigo;

• Ground Based Radar (GBR), Upgraded Early Warning Radar (UEWR) e X‑Band Radar (XBR) – a componente dos radares terrestres do SDAM é a responsável pela detecção (modo radar de search) e seguimento (modo radar de track) dos mísseis balísticos inimigos, dentro da atmosfera. O princípio de funcionamento dos radares baseia‑se na exploração do espectro electromagnético: o radar emite um sinal para o espaço que, ao embater num alvo (como é o caso dos mísseis) é reflectido novamente para o radar que emitiu o sinal, permitindo desta forma a localização desse alvo. Todos os alvos têm uma assinatura radar própria, função da sua radar cross section, possibilitando desta forma a identificação do alvo captado;

• Defense Support Program (DSP) or Space‑Based Infrared System (SBIRS) Geosynchronous and High Elliptical Earth Orbit (GEO), e SBIRS Low Earth Orbit (LEO) – Estes sistemas integram‑se no princípio anterior mente explicado, isto é, no contexto da guerra electrónica, mas fora da atmosfera. No espaço será feito o seguimento e a iluminação (modo illuminator) do míssil balístico inimigo, para que os mísseis de intercepção possam atingir o alvo;

• Communication Link – O sucesso do SDAM passa, obrigatoriamente, por um bom sistema de comunicações, que possibilite a troca de informações entre os diversos componentes do sistema (este conceito é normalmente designado por sistema data link);

• Battle Management, Command, Control and Communications (BMC3) – Este é o núcleo do SDAM, ou seja, o centro nevrálgico das operações. No centro BMC3 recolhe‑se a informação disponível, por meio do sistema data link, e reenviam‑se parcelas de informação recolhida por um elemento, para um outro que delas necessite. Paralelamente, é feito o processamento e análise de toda a informação recolhida. Com base neste cruzamento de dados, o processo de decisão fica simplificado, tornando‑se possível dar as ordens adequadas para a gestão eficaz de todo o sistema e para o sucesso no cumprimento da missão.

Este sistema deverá ter a capacidade de destruição dos mísseis durante a primeira e a segunda fase do lançamento, ou seja, durante a fase inicial de propulsão (boost) e a fase intermédia de voo (mid‑course). Apesar disso, a preferência será dada à intercepção do míssil na sua fase inicial do lança mento, por várias razões: é mais fácil detectar a ameaça por parte dos radares de search, de fazer o guiamento por parte dos radares de track e de conduzir à intercepção por parte dos illuminators; o interceptor destrói a totalidade do míssil, incluindo engodos (decoys), sub munições e ogivas; e é possível defender uma enorme variedade de potenciais alvos.

Para tal, os EUA necessitarão de, no mínimo, quatro diferentes infra‑estruturas: duas dessas infra‑estruturas deverão ser implementadas internamente, nos Estados do Alasca e do Maine; as outras duas deverão ser instaladas fora dos EUA, concretamente na Ásia e na Europa.

Acontece que, aparentemente, e tal como McNamara temia, as iniciativas deste tipo só servem para destabilizar ainda mais o frágil equilíbrio existente entra os EUA, a Rússia e, hoje em dia, o resto do mundo. Ao tornar obsoletos os mísseis intercontinentais Russos, arrasando o conceito estratégico de destruição mútua assegurada, os SDAM geram novas dinâmicas de corrida ao armamento e de proliferação global do nuclear.


Conclusão

Num futuro próximo, as armas nucleares vão continuar a ser o principal motor de destruição possuído pelos seres humanos.

Assim, é extraordinariamente importante continuar os esforços diplomá ticos, por parte de toda a comunidade internacional em conjunto, para evitar a proliferação nuclear. Se, por um lado, a proliferação vertical não parece, para já, constituir um motivo de preocupação, o mesmo já não se pode dizer quanto à proliferação horizontal. É imperioso impedir que o clube do nuclear aumente!

A humanidade não está certamente disposta a assistir às terríveis consequências que as Little Boy dos tempos modernos poderiam causar.

Em plena era da globalização, segunda era do nuclear, é essencial manter um esforço contínuo de monitorização das intenções de determinados actores. Tem de se promover uma fiscalização cada vez mais apertada e atenta, do único organismo com competências internacionais legítimas na matéria do nuclear, ou seja, a AIEA. É crucial promover uma rede de Intelligence eficaz, para se poder aspirar a viver num mundo que não esteja à beira do abismo. Há que saber antes de actuar!

E perante a tentativa de violação por parte de um Estado, ou de um actor não estatal, das normas e do direito internacional, a comunidade internacional deverá agir com firmeza. Se é certo que o uso do nuclear para fins pacíficos é normalmente aceite25 e até promovido pela AIEA, o mesmo não se passa com o uso do nuclear para fins militares. E claro que, depois de estar dado o primeiro passo, torna‑se mais fácil dar o segundo.

Por outro lado, e de forma a persuadir os outros Estados, deve‑se reiniciar um esforço real para o desarmamento nuclear. De que outro modo se poderá impedir os Estados de procurem este armamento, se só para uma minoria é que é legítima a sua detenção?

Neste ensaio deu‑se uma panorâmica histórica geral sobre o nuclear, enfatizando a realidade actual do Continente Americano, e fazendo uma análise prospectiva da ameaça da proliferação horizontal nesse Continente. Por último, fez‑se uma abordagem a um dos temas na área do nuclear que mais celeuma e divergências tem levantado na comunidade internacional, ou seja, a implementação de SDAM.

É convicção do autor deste ensaio que, para minorar a corrida armamentista e atenuar os conflitos existentes nesta matéria, não há pois outra solução que não seja o desarmamento total.


Bibliografia
ENSAIOS
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LIVROS
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NYE JR., Joseph, Understanding International Conflicts, s.l., Joseph Nye Jr., 2000. Tradução portuguesa de Tiago Araújo, Compreender os Conflitos Internacionais, Lisboa, Gradiva, 2002.
PEREIRA, Carlos Santos, Os Novos Muros da Europa, Lisboa, Edições Cotovia, 2001.

INTERNET
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http://www.carnegieendowment.org/ (acedido a 19 de Fevereiro de 2008)
http://www.basicint.org/ (acedido a 20 de Fevereiro de 2008)
http://www.acronym.org.uk (acedido a 20 de Fevereiro de 2008)
http://www.world‑nuclear.org/info/inf61.htm (acedido a 21 de Fevereiro de 2008)

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* Mestrando em Ciência Política e Relações Internacionais: Segurança e Defesa, na Universidade Católica Portuguesa. Actualmente colocado na BA Nº 6.

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1 Este projecto foi promovido pelos Estados Unidos da América (EUA), em conjunto com o Canadá e a Grã‑Bretanha.
2 Em que as cidades Japonesas de Hiroxima e Nagasáqui foram arrasadas.
3 Os doze Estados fundadores da OTAN foram a Bélgica, o Canadá, a Dinamarca, os EUA, a França, a Holanda, a Islândia, a Itália, o Luxemburgo, a Noruega, Portugal e o Reino Unido.
4 Inicialmente formado pela Albânia, a Bulgária, a Checoslováquia, a Hungria, a Polónia, a República Democrática Alemã, a Roménia, e, naturalmente, a URSS.
5 Então, tal como agora, a quantidade de ogivas nucleares detidas por cada uma dessas potências ultrapassava em muito a soma de todas as ogivas nucleares dos outros Estados nucleares.
6 Joseph Nye Jr., Understanding International Conflicts, s.l., Joseph Nye Jr., 2000. Trad. portuguesa de Tiago Araújo, Compreender os Conflitos Internacionais, Lisboa, Gradiva, 2002, p. 136.
7 Carlos Santos Pereira, Os Novos Muros da Europa, Lisboa, Edições Cotovia, 2001, p. 55.
8 Seguido da reunificação das duas Alemanhas a 3 de Outubro de 1990, da dissolução do Pacto de Varsóvia a 25 de Fevereiro de 1991 e que culmina com a dissolução da União Soviética em Dezembro desse ano.
9 MAD – Mutual Assured Destruction.
10 Que entrou em vigor em 1970 e tem por objectivos prevenir a proliferação de armas nucleares, promover o uso pacífico da energia nuclear e atingir o desmantelamento total dos arsenais militares nucleares.
11 Grupo de países que reconhecidamente detêm armas nucleares, ao abrigo do TNP.
12 Exclui‑se deste registo a África do Sul e o Canadá que, apesar de terem conduzido com sucesso testes com armamento nuclear, abandonaram os respectivos projectos.
13 Israel recusa‑se a dar qualquer tipo de informação à comunidade internacional sobre esta matéria.
14 Apesar desse teste, ainda não é assumido que a Coreia do Norte tenha armas nucleares, contrariamente ao que acontece com a Índia, o Paquistão e Israel.
15 Há vários países que utilizam o nuclear apenas para fins pacíficos, pelo que não têm armas nucleares.
16 Acrescente‑se que a Índia, o Paquistão e Israel nunca ratificaram o TNP, alegando que este tratado só servia os interesses das potências que tinham armas nucleares em detrimento das que não tinham e que nas suas bases não existia nenhuma justificação ética credível para a obediência a essa cláusula.
17 Pascal Boniface, Les Guerres de Demain, s.l., Editions du Seuil, 2002. Tradução portuguesa de António Manuel Lopes Rodrigues, Guerras do amanhã, Mem Martins, Editorial Inquérito, 2003, p. 44.
18 Fonte, http://www.world‑nuclear.org/info/inf61.htm
19 Fonte, http://www.nrdc.org/nuclear
20 Apesar dos quantitativos de armas nucleares terem diminuído bastante tanto nos EUA, como na Rússia, desde a Guerra‑fria até à actualidade.
21 Sobretudo os EUA e a Rússia.
22 Algo que sobretudo a Índia, Israel e Paquistão dificilmente farão.
23 Que visou banir os mísseis nucleares de curto e médio alcance.
24 De redução das ogivas nucleares.
25 Mas sempre com reservas.