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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Alfredo da Silva, nasceu em Lisboa em 30 de Junho de 1871



Alfredo da Silva

Foi o maior de todos os industriais portugueses. O seu espírito empreendedor levou-o a criar um império que marcou profundamente a economia portuguesa. Alfredo da Silva fundou empresas emblemáticas, como a CUF, a Lisnave e a Carris. A sua investida por novos negócios foi um êxito clamoroso. Alfredo da Silva apoiou a revolução levada a efeito por Sidónio Pais e, mais tarde, o Estado Novo. As suas empresas eram uma montra do que de melhor se fazia no País. Após a sua morte, a maior doca seca do mundo, na Lisnave, foi baptizada com o seu nome.


Se alguma vez existiu um capitão da indústria portuguesa, ele foi Alfredo da Silva. Pertenceu ao grupo restrito de pessoas que marcaram o sentido da história do século XX. Este homem desbravou os caminhos da industrialização e criou, de raiz, a primeira grande concentração industrial portuguesa. Persiste a dúvida se foram os dados que a vida lhe deu ou a maneira como ele os lançou. Seja como for, nunca procurou o campo de travagem da ambição. Para ganhar dinheiro, Alfredo da Silva tinha talento napoleónico. 

O empresário nasceu em Lisboa em 30 de Junho de 1871, filho de Caetano Isidoro da Silva e Emília Augusta Laymée Ferreira. O pai era um pequeno comerciante da capital que tinha prosperado com os seus negócios. Devido à ascendência francesa da mãe, Alfredo da Silva foi estudar para o Liceu Francês. Pouco tempo depois de terminar o liceu, foi confrontado com a morte súbita do pai. Teve de interromper os estudos, matriculando-se, passados dois anos, no Curso Superior de Comércio. 

Em 1890, com apenas 19 anos, Alfredo estreou-se como gestor da herança da família. Três anos mais tarde, já era administrador da Companhia Aliança Fabril (CAF) e do Banco Lusitano. Entretanto, casou com Cristina Dias de Oliveira, com quem teve uma filha, Amélia. 

Aos 26 anos, concebeu um projecto audacioso: a fusão da sua empresa, a CAF, com a Companhia União Fabril (CUF). Era uma questão de sobrevivência: ambas as companhias viviam com severas dificuldades. Em 22 de Abril de 1898 foi formalizada a constituição da nova CUF, que produzia sabões, velas e óleos vegetais e viria a tornar-se um gigante da indústria, ao iniciar em Portugal a produção de adubos em grande escala. Os pessimistas vêem um problema em cada oportunidade. Os optimistas vêem uma oportunidade em cada problema. Foi isso que fez Alfredo da Silva - e como ninguém. 

O empresário não perdeu tempo e começou a diversificar a actividade. Para ele, as empresas deviam estar em constante evolução. “Empanturrado” de projectos, foi, ao mesmo tempo, um concretizador. Para ele as ideias não eram para guardar numa gaveta. Alguma coisa tinha de ser feita com elas. 

Por essa altura, a sua mão direita já segurava as rédeas da banca e de um conjunto influente de empresas. A esquerda, sempre em actividade, puxava os cordelinhos da administração central, de vários ministérios e dos decisores políticos do Estado. Em 1907 a CUF estava em plena expansão e era necessário encontrar um local para instalar novas unidades fabris. Alfredo da Silva escolheu o Barreiro. A pequena vila à beira do Tejo nunca mais viria a ser a mesma. Nos anos 30 a empresa tinha também fábricas em Lisboa, Alferrarede, Soure, Canas de Senhorim e Mirandela. Empregava 16 mil pessoas. 

Em 1917 o empresário apoiou o golpe de Estado encabeçada por Sidónio Pais. Acreditava que esta era a melhor forma de acabar com o caos que vivia o País. Tomou assento, em 1918, no Senado, tornado numa espécie de câmara corporativa. Um ano depois, saiu o decreto-lei que regularizava o horário das oito horas de trabalho, com o qual discordava profundamente e a que se opôs com todas as forças. Apesar disto, Alfredo da Silva não era um mau patrão. Criou condições de trabalho pouco comuns para época. Trabalhar na CUF significava ter melhor salário e usufruir de um sem-número de benefícios sociais. A empresa tinha um lema esclarecedor: "O que o País não tem, a CUF cria." 

Ainda assim, Alfredo da Silva tinha uma legião de inimigos, que atentaram contra a sua vida. Depois de ter visto a proximidade da morte - escapou ileso a dois atentados -, decidiu partir para o exílio em 1921, indo viver para Paris e depois para Madrid. Apesar da distância, nunca deixou de comandar os destinos da CUF. 

Regressando a Portugal em 1927, continuou a diversificar os negócios. Já era proprietário da Carris e do Banco Totta quando decidiu comprar a Tabaqueira, a mais cobiçada das indústrias portuguesas. 

No campo político, Alfredo da Silva defendia os governos capazes de impor ordem nas ruas. Apoiou, por isso, o Estado Novo, numa aliança com interesses mútuos. Mas a confiança entre Alfredo da Silva e Salazar nunca foi total. O empresário era um homem independente demais para o gosto do ditador - Salazar observava-o com receio policial. Mas um dos negócios que contou com o beneplácito do regime foi a adjudicação à CUF da exploração dos Estaleiros de Lisboa. Foi a revolução da construção naval em Portugal e o embrião da Lisnave. 

Alfredo da Silva faleceu, na sua casa de Sintra, em 1942 - no ano em que tinha sido criada a Companhia de Seguros Império, para dar cobertura aos riscos do grupo CUF. O funeral contou com a presença de milhares de operários. O empresário viveu e morreu como um industrial. O seu dinamismo contrastava com o ritmo lento de Portugal. Era um homem de decisão rápida e sem medo de arriscar. A sua visão criou um colosso na indústria que marcou definitivamente o País. Seguindo o lema do sogro, Manuel de Mello e os seus filhos - Jorge de Mello e José Manuel de Mello - prosseguem o caminho, diversificando as actividades da CUF e dando origem a um dos conglomerados nacionais mais poderosos do País: o Grupo Mello. Sem nunca esquecer a velha máxima de Alfredo da Silva: “Os líderes, apesar de naturais, só sobrevivem apoiados.”

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