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sábado, 7 de agosto de 2010

A Cruz Vermelha foi criada a 8 de Agosto de 1864

O acampamento da Cruz Vermelha foi montado em um campo aberto nas vizinhanças de Solferino, no norte da Itália.

Dentro das enormes barracas brancas, jovens de todo o mundo participaram das comemorações dos 150 anos da batalha de Solferino e San Martino della Bataglia, que deram origem à Cruz Vermelha.

O acampamento da Cruz Vermelha foi montado sobre um campo nas vizinhanças de Solferino, no norte da Itália. As enormes tendas, brancas e com o símbolo da maior e mais antiga organização humanitária do planeta, eram vistas de longe. Dentro delas, jovens de todo o mundo participaram das comemorações dos 150 anos da batalha de Solferino e San Martino della Bataglia, palco de uma carnificina entre os exércitos da França, Sardenha e Piemonte, e do Império Austro-Húngaro, responsável, três anos depois, pela ideia da criação da Cruz Vermelha.

Jovens voluntários de 120 países participaram do "Youth on the Move", terceiro encontro mundial da juventude. O lema desta edição "Doing More, Doing Better. Reaching further", era um lema para se fazer mais, melhor e ir além. Durante três dias, todos ouviram o chamado para continuar na luta contra os novos desafios humanitários e a favor do aumento do corpo voluntariado, do reforço aos projetos da juventude e da presença incondicional junto às comunidades mais carentes para melhorar a vida dos seres humanos mais vulneráveis. Nobres ideais que não cessam de ser colocados à prova.

Paralelamente ao Youth on the Move, ocorreu ainda a abertura do Humanitarian Boulevard, uma vasta área dentro do acampamento, disponível para os treinamentos, exibições e exercícios práticos, como atividades físicas, simulações de atendimento e salvamento. "O meu setor foi responsável pela assistência sanitária, principalmente aos participantes do evento. Montamos dois postos médicos para dar apoio a emergências, desde mal-estar provocado pelo calor até feridas ou pequenos traumas. Ao mesmo tempo, oferecemos curso de formação e de agregação", explicou à swissinfo.ch, Matteo Visti, responsável por dois postos de atendimento.

Origem da Cruz Vermelha

A batalha de Matteo Visti e de seus inúmeros companheiros de campo pela melhoria dos serviços ocorria no mesmo cenário da disputa histórica. Entre os dias 24 e 28 de junho de 1859, as verdes colinas e as planícies da região tingiram-se de vermelho sangue. Do campo de base pode-se ver a colina dos Ciprestes, citada por Jean Henry Dunant como gloriosa "testemunha e sanguinoso teatro", no seu livro "Uma Lembrança de Solferino", publicado três anos depois. Uma cópia traduzida para o italiano estava em mostra no castelo ao lado de desenhos dos uniformes antigos e dos mapas militares da época.

Um gigantesco painel fotográfico, pendurado na velha muralha, traz a imagem do criador da organização humanitária. A reprodução foi montada na parede com vista para o Memorial da Cruz Vermelha, instalado numa clareira no topo da colina. Placas de granito com o nome de cada uma das 188 nações integrantes formam um grande mural e marcam aonde tudo começou. E o movimento de voluntários em visita é incessante. Eles são os seguidores dos 6 mil primeiros integrantes da futura Cruz Vermelha que Henry Dunant ajudou a organizar durante a batalha de Solferino, prestando os primeiros socorros na vizinha localidade de Castiglione delle Stiviere, onde hoje está o Museu da Cruz Vermelha

A via de acesso ao local chama-se Napoleão III. Ao longo da rua e de todas as outras vielas, praças da cidade e dos municípios vizinhos, bandeiras da Cruz Vermelha e da Itália enfeitam portas, janelas e muros das fachadas das casas, edifícios e prédios institucionais. Uma homenagem aos mortos, mas também aos camponeses que, heroicamente, ajudavam a tratar os feridos independentemente da qual fileira militar fizessem parte.

E foi este ato de amor a quem sofria dores atrozes, provocadas pelos ferimentos impostos pelas espadas, disparos de arma de fogo e estilhaços de balas de canhão, que serviu de estopim para o nascimento da Cruz Vermelha. Neste campo de batalha, contariam cerca de trinta mil mortos. E quantos poderiam ter sobrevivido se tivessem recebido os primeiros socorros imediatamente?

Representação histórica

Para ensinar às gerações futuras as passagens mais importantes desta história, 16 grupos culturais, dois da Franca e 14 da Itália, reviveram aqueles tempos de glória e de dor. A cavalo ou a pé, armados com velhos mosquetões, baionetas e sabres, além do uniforme completo, incluindo polainas nos pés, patrulhas inteiras batiam as ruas e as casas em busca dos inimigos escondidos. Açougueiros, mecânicos, dentistas, enfim, atores profissionais e/ou amadores, ex-militares, vestidos a caráter, incorporavam os seus respectivos personagens.

Em Rivoltella, um grupamento armado do exército aliado sardo-piemontês patrulhava as vielas da cidade a as margens do lago de Garda. A passagem deles despertava a atenção dos curiosos, dos banhistas a caminho da praia. Durante o percurso até o campo de batalha, na vizinha cidade de San Martino della Bataglia, a poucos quilômetros de marcha, eles rendiam homenagens aos monumentos e aos locais que, de uma forma ou de outra, foram erguidos ou usados pelos verdadeiros pelotões de 1859. Concentrados, eles ignoram a presença de carros e bicicletas ao redor.

A disciplina é militar. "Nós fazemos treinamento ao longo do ano. Nos sentimos realmente parte daquela época. É preciso aprender a manusear bem o mosquetão que dispara de verdade, a baioneta que pode machucar. E durante o período da batalha acampamos de verdade, como se estivéssemos naqueles dias", contou à swissinfo.ch, o lanterneiro Francesco Prestifelippi, integrante do exército aliado de Napoleão III.

As tendas foram montadas em pequenas clareiras esparsas aqui e ali, perto do cenário da batalha, e mostram a vida espartana dos soldados dos imperadores inimigos Napoleão III e de Francisco José. A comemoração do dia D de Solferino foi celebrada com uma representação histórica da batalha, com duzentos figurantes e um público estimado em milhares de pessoas. O terreno escolhido para reviver a batalha foi uma área destinada, hoje, a pic-nics das famílias que vivem nas redondezas, ao lado dos vinhedos, bem embaixo da Torre de San Martino.

A batalha de quatro dias foi resumida em duas horas. Cavalaria, infantaria e artilharia realizaram demonstrações dos combates da época. Golpes de espadas a galope, lutas de baionetas quando a munição chegava ao fim, gritos de guerra aos sons dos tambores e sob as bandeiras dos exércitos, além de barulhentos tiros de canhões, em meio a ajuda das populações locais aos feridos, deram corpo e alma aos fantasmas daquela carnificina e a esperança de que cenas como estas não se repitam nunca mais. E é em nome das vítimas indefesas de ontem, de hoje e de amanhã que a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho unem as forças para uma guerra que não conhece trégua.

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