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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A 29 de Setembro de 1941, deu-se o Massacre de Babi Yar e Odessa






A guerra total contra a URSS foi o contexto em que as circunstâncias se fundiram com a ideologia anti-semita para levar a Alemanha nazi a precipitar-se na «solução final». Circunstâncias que, segundo alguns historiadores, se prenderam com os erros e revezes militares imprevistos sofridos pelos alemães nos campos de batalha da Rússia, e possibilitaram a escalada fatal da guerra contra os judeus. O fracasso da ofensiva alemã na URSS, no Outono de 1941, criou dificuldades aos oficiais SS nos territórios ocupados, especialmente na Polónia, e eles começaram a tomar a iniciativa do assassinato em massa. A travagem dos avanços da Wehrmacht, devido à resistência encontrada na URSS coincidiu com os massacres, perpetrados pelos exércitos regulares alemães e as forças SS, de 34.000 judeus - mulheres, crianças e velhos -, em Babi Yar e Odessa, em 29 de Setembro de 1941.
Há porém quem assinale que, em 19 de Setembro, dez dias antes do massacre de Babi Yar, o Einsatzgruppe A relatou ter morto 85.000 judeus e quem considere que foi logo em meados de Junho de 1941 que a máquina de extermínio nazi se pôs em marcha, ou seja, ainda num período em que as tropas alemãs estavam a sair vitoriosas na URSS. Foi logo em Junho que os Einsatzgruppen tomaram o controlo das unidades anticomunistas, encorajando e incitando aos «pogroms» “espontâneos” de judeus, praticados, nas primeiras semanas da invasão da URSS, por milícias, compostas por nacionais dos países bálticos e da Europa oriental, simpatizantes do nazismo.
Nesse mês, Himmler colocou brigadas SS junto dos Einsatzgruppen, para ajudá-los nos massacres, e estes, só no mês de Agosto, chacinaram 44.000 judeus. Neste mês, o chefe supremo das SS empreendeu uma digressão pela frente leste, para encorajar os seus homens. Confrontado com as queixas dos terríveis custos psicológicos que o massacre de mulheres e crianças estavam a causar entre os SS, ordenou aos seus cientistas experiências para encontrarem métodos de morte «mais humanos». Foi assim que começou a ser utilizado o Ziklon B, nas câmaras de gás.
No prazo de três meses a partir da invasão da Rússia, Heydrich informou Eichmann da decisão do extermínio de todos os judeus europeus. O uso da estrela pelos judeus foi imposto em 1 de Setembro de 1941 em todo o território alemão, e, em 14 de Outubro, foi ordenada a deportação dos judeus do território do Reich para os guetos de leste. Em Chelmno, iniciou-se o assassinato de muitos deles, pelo gás (ainda dos tubos de escape), em camiões e, no final do Outono, a «Solução Final» já estava em completo andamento. Durante o cerco nazi vitorioso de Vyasma e Bryansk, chegaram, em 1 de Novembro, oficiaisSS a Belzec, para aqui instalarem um campo de extermínio.
Em 20 de Janeiro de 1942, Heydrich convocou a conferência de Wannsee, perto de Berlim, na qual foi programada, por diversos dignitários nazis, a «solução final». Embora, 3.000 portugueses constassem na lista dos judeus existentes na Europa, estabelecida na conferência de Wannsee, que determinou a «solução final», houve, anteriormente, entre os dirigentes e burocratas nazis, um debate acerca da aplicação das medidas anti-semitas, questionando se deviam ser aplicadas aos judeus de outras nacionalidades, ou se eram de admitir excepções relativamente aos de determinados países.
Em Wannsee, ficou então decidida a «evacuação dos judeus em direcção a leste, com a autorização do Führer, em substituição da «emigração», sendo afirmado que, embora provisório, aquela opção já constituía «uma experiência prática muito significativa para a próxima solução final da questão judaica» europeia. Esta abrangeria «mais ou menos 11 milhões de judeus de diversos países». Em Março, iniciaram-se, em toda a Europa ocupada pela Alemanha, as operações genocidas e, no Verão, a terrível máquina de extermínio foi posta em marcha.
Na Polónia, os guetos foram dissolvidos e os seus ocupantes, tal como os judeus, de França – tanto a ocupada como a «livre» de Vichy -, da Bélgica e da Holanda, começaram a ser deportados para os campos de extermínio da Polónia. Em Chelmno e Maidanek, os motores «a diesel» dos camiões, que haviam servido para assassinar milhares de judeus, foram substituídos pelo gás Zyklon B, que permitiu a «industrialização» da morte, levada a cabo nos campos de extermínio de Belzec, Sobibor e Treblinka.
Com o início do funcionamento das câmaras de gás do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, em Junho de 1942, os nazis passaram à fase aberta do genocídio planificado e sistemático. Em 5 de Outubro, Himmler ordenou a deportação de todos os judeus nos territórios sob ocupação alemã para Auschwitz. Em Dezembro desse ano, cerca de 75% das vítimas do Holocausto já tinham sido mortas. Raul Hillberg chamou a atenção para o facto de, entre a tomada do poder, em 1933, e o final de 1940, os nazis terem assassinado cerca de 100.000 judeus. No ano seguinte, foram mortos 1.100.000 judeus, em resultado da guetização, dos massacres periódicos na Polónia e dos assassinatos perpetrados pelos Einsatzgruppen e por outras unidades alemãs, no leste.
Em 1942, foram assassinados mais judeus - 2.700.000 - do que em todos o período anterior da vigência do nacional-socialismo no poder. No Verão desse ano, foram assassinados os judeus da Sérbia capturados pelos alemães e iniciou-se a deportação dos judeus que ainda permaneciam no «Grande Reich» alemão, no Protectorado da Boémia e Morávia, nos Países Baixos, na Bélgica e em França. No Outono, começaram, por seu turno, as deportações para os campos de extermínio dos judeus da Noruega ocupada. Em 19 de Março de 1944, a Alemanha ocupou Hungria e forçou à formação de um governo germanófilo, encabeçado por Dome Sztojay, que colaborou em toda a linha com os mandatários de Eichmann. Este foi enviado a Budapeste para dirigir as deportações de cerca de meio milhão de judeus húngaros destinados a Auschwitz, onde foram exterminados, entre 2 de Maio e 21 de Setembro de 1944. Só no mês de Agosto de 1944, 10.000 da Hungria foram diariamente massacrados nas câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau.

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