Fui há pouco alertado para uma notícia que realça a genialidade do actual primeiro-ministro. Apesar do muito mal que dele possam dizer, temos de concordar que tem uma esperteza pragmática, que excede a da maioria dos portugueses.
A notícia «Governo demitido faz 156 nomeações e promoções» é de mestre. Não se trata de resolver os problemas do Estado, dos portugueses, porque esses problemas nasceram pelo exagerado número de assessores e outros colaboradores que não carrearam soluções adequadas, apesar de onerarem o erário com gordos salários, carros, mordomias e variadas ajudas e subsídios. Veja-se o quantitativo global gasto em variados estudos encomendados a conceituados gabinetes amigos que aconselhavam a localização do Novo Aeroporto de Lisboa na Ota, que era dada como a localização óptima, mas que depois apesar do «jamé», foi relegado a favor de Alcochete. Tudo gente boa!
Mas, se esses colaboradores não criam soluções para os problemas nacionais, vão solucionar o grande problema de Sócrates. Ele vai candidatar-se nas legislativas com intenção de voltar a formar governo e, para isso, convém que o PS obtenha maioria absoluta, ou seja no mínimo 50% dos votos. Para esse efeito um dos seus assessores mais esperto e mais da sua confiança deve tê-lo convencido de que seria bom arranjar tachos para mais «boys» e «girls» que, com os já existentes, perfaçam metade dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais. Depois disso não restarão dúvidas sobre a vitória incontestada!!!
E, segundo o genial José, isso é uma defesa do interesse nacional, porque segundo o seu pensamento muitas vezes implícito nos seus discursos, não há em Portugal ninguém mais capaz de governar este rectângulo. Por isso, é lógica e inteligente a distribuição de tachos a metade dos eleitores, para criar a maioria absoluta.
E não venham com a história do muito citado humorísta brasileiro Millôr Fernandes que disse «rouba hoje o mais que puderes porque amanhã poderá já não ser possível». Não. Para Sócrates, com a sua genial esperteza, nunca deixará de ser possível, enquanto houver um português com uma moeda no bolso.
A. João Soares
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