De graça
O nosso filho foi ter com a mãe e entregou-lhe um papel. Depois da mãe limpar as mãos ao avental, leu-o:
Por cortar a relva 5,00 €
Por limpar o quarto esta semana 1,00 €
Por ir fazer um recado à loja 0,50 €
Por tomar conta do meu irmão 0,25 €
Por ir pôr o lixo lá fora 1,00 €
Por trazer boas notas 5,00 €
Por limpar e varrer o quintal 2,00 €
Total em dívida: 14,75 €
A mãe ergueu o olhar e ele ficou ali, à espera. Ela pegou no papel, voltou-o e escreveu:
Nove meses em que te transportei enquanto estavas dentro de mim: de graça.
O tempo em que estive sentada a teu lado a tratar-te, e em que rezei por ti: de graça.
Todas as lágrimas que me fizeste chorar ao longo dos anos: de graça.
Todas as noites povoadas de medo e preocupações que sei que me esperavam: de graça.
Por brinquedos, comida, roupa, e até por te assoar: de graça, meu filho.
E depois de somar tudo, o amor verdadeiro é… de graça!
Quando o nosso filho leu o que a mãe escreveu, os olhos encheram-se-lhe de lágrimas. Olhou então de frente para a mãe e disse: “Mãe, amo-te mesmo muito.”
Depois, pegou na caneta e em grandes letras escreveu: “CONTA SALDADA.”
M. Adams
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