Previsão do Tempo

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ainda as carpideiras



 As carpideiras são personagens reais, assim como os sempre solícitos "curiosos", aqueles que ficam em volta perguntando coisas do tipo "E aí?Já morreu?", "Será que estava bebado?", "Quem tinha razão?".

Eu, pelo contrário, tenho verdadeiro pavor do sofrimento. Se vejo um acidente, viro o rosto, se leio uma notícia ruim no jornal mudo a página, prefiro ver as pessoas no seu estado mais jocoso do que taciturno, coisa minha.

E isso me leva a não entender de forma alguma essa verdadeira obsessão que as pessoas tem pelo desastre, pela desgraça. Junta-se 50 portugueses em 5 minutos para admirar uma chacina, mas é quase impossível fazer o mesmo, no mesmo espaço de tempo, para qualquer outra coisa que não seja um jogo de futebol.

Fora esses amigos que sempre chegam perto de nós quando estamos por baixo. Ficam ali perguntando "O que você tem, conta aí!", "Perdeu o emprego?", "Brigou com a mulher?", "Problemas em casa?", "Diz aí, vai, diz!". A gente fica sem saber se querem ajudar ou se querem, contentíssimos, acender uma vela do nosso lado, agora que estamos ali reduzidos a defuntos vivos. Amigo mesmo fica por perto, esperando quando e se for chamado.

Só sei que, das duas, uma: ou eu sou uma pessoa realmente esquisita por viver quase o tempo todo de mau humor mas ainda assim preferir assistir à felicidade do que à desgraça alheia, ou então o pervertido sou eu.

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