Logo Nero entrou em conflito com a mãe, que pretendia dominar Roma por meio do filho. E Agripina passou a preferir Britânico no trono. Mas, para eliminar a concorrência, Sêneca providenciou que Britânico fosse morto. Sêneca e o prefeito de Roma, Sexto Afrânio Burro, foram conselheiros de Nero e os primeiros cinco anos de seu governo foram considerados um dos períodos mais felizes do Império. Os conselheiros deixavam Nero satisfazer todas as suas paixões, desde que se deixasse guiar por eles no governo.
Agripina, ressentida por ser posta de lado, procurava recuperar sua autoridade junto ao filho enviando-lhe belas mulheres: primeiro, a ex-escrava Ate e depois a bela Popéia Sabina. Mas Agripina foi assassinada, em 59, a mando do prórpio Nero que, então, se viu livre: Agripina, aparentemente, era seu único freio moral. Seu governo tornou-se tirânico e ficaria conhecido como um dos mais vergonhosos de Roma.
Casou-se com Popéia, divorciando-se de Otávia, que logo foi assassinada. Nero fez do confisco de propriedades uma fonte renda. Com a morte de Sexto Afrânio, nomeou para seu posto um indivíduo sem escrúpulos, Ofrônio, o que levou Sêneca a renunciar ao cargo de conselheiro.
A paixão de Nero pela arte dramática e pelos espetáculos, unida a um desejo quase infantil de ser famoso e aplaudido, levou-o a atuar como poeta e músico e a participar de corridas de biga.
Em 64 um incêndio destruiu boa parte de Roma. Nero foi acusado de ter mandado atear fogo à cidade, embora não haja provas objetivas disso. Ele pôs a culpa nos cristãos - que já eram odiados e a partir daí começaram a ser perseguidos. Diz a tradição cristã que nesse período Nero mandou crucificar o apóstolo Pedro e decapitar o apóstolo Paulo.
No ano seguinte, Nero matou Popéia, grávida, com um pontapé no ventre. Essa crueldade e o desperdício de dinheiro público deram vida à oposição, principalmente dos oficiais do exército, dos nobres e dos intelectuais, Sêneca entre eles. Por três vezes, essas conspirações foram reprimidas - e os envolvidos receberam a ordem de cometer suicídio.
O pavor de ser assassinado transformou-se em paranóia do Imperador. Assim, Nero instalou um regime de terror e procurou continuar nas graças dos muito pobres, fazendo constantes doações de grandes quantidades de trigo. Em 66, casou-se com Messalina e, para satisfazer a um antigo desejo, viajou em grande estilo para a Grécia, que na época era dominada pelo Império Romano. A final do passeio pelas ilhas gregas, que durou dois anos, Nero libertou a Grécia e tornou-a um estado independente.
Ao voltar para Roma, encontrou uma situação insustentável, com rebeliões nas principais províncias do Império: Gália, Germânia, África, Lusitânia, Síria e Egito. Traído por Ofrónio, Nero perdeu o apoio dos guardas pretorianos, um corpo militar de elite formado para proteger o imperador e sua família.
Declarado inimigo público número um pelo Senado, ele fugiu para uma propriedade no campo, onde se matou com o auxílio de seu secretário. "Qualis ariefix pereo!" (que artista estás [,Roma,] perdendo!) - foram registradas como suas últimas palavras.
Tinha 30 anos e com ele terminou a dinastia descendente de Júlio César, abrindo a primeira grave crise de sucessão no Império.
Nero foi enterrado pela dedicada Ate e continuou a ser querido pelos muito pobres e pelos gregos: por cerca de três vezes estes acreditaram que ele havia reaparecido no Oriente, alimentando a lenda de "Nero redivivo".
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