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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Hakim Omar Khayyám morreu a 4 de Dezembro de 1131




  

Hakim Omar Khayyám nasceu em Naishápúr (Nishapur), cidade do nordeste da Pérsia, no Khorassán, na segunda metade do século XI, em 18 de maio de 1048, e morreu em 4 de dezembro de 1131. Durante sua vida tornou-se famoso por suas contribuições à matemática e astronomia, reputação esta que provavelmente serviu para eclipsar seu talento para a poesia. Além de poeta, Khayyám foi matemático e astrónomo, hoje reconhecido em seu próprio país e internacionalmente por seus trabalhos na literatura e na ciência de seu tempo.
No ocidente, ficou conhecido nos países de língua Inglesa devido à tradução realizada por Edward FitzGerald de sua obra principal, o Rubaiyát, publicado em 1859. Os trabalhos de Khayyám em álgebra foram difundidos na Europa durante a Idade Média; nas ciências astronómicas, ficou conhecido por ter contribuído para a reforma do calendário Persa e numerosas tabelas astronómicas.
O pesquisador Edward B. Cowell cita, no Calcuttá Review No. 59:
Quando Malik Shah determinou a reforma do calendário Persa, Omar era um dos oito homens de ciência designados para fazê-la; o resultado foi a Era Jalali (assim chamada devido a um dos nomes do rei, Jalal-ud-din).
O cômputo realizado, cita outro eminente pesquisador, Edward Gibbon, ultrapassa a precisão do Calendário Juliano, e se aproxima da precisão do Calendário Gregoriano.
Khayyám mediu o comprimento do ano em 365,24211958156 dias. Se levarmos em conta esta medida ter sido feita em plena Idade Média e sem os avançados recursos da tecnologia atual, este valor mostra uma incrível precisão relativamente aos valores atualmente conhecidos. Atualmente sabemos que o comprimento dos dias, durante o período da vida de uma pessoa, varia após a sexta casa decimal. A precisão alcançada por Khayyám é fenomenal: para comparação, devemos citar que o comprimento do ano ao final do século XIX era de 365,242196 dias, sendo hoje de 365, 242190 dias.
No seu livro de álgebra, Khayyám se refere a outros trabalhos seus que, por infelicidade, estão hoje perdidos. Nestes trabalhos ele discutia o Triângulo de Pascal, mas não foi o primeiro a fazê-lo: já em tempos anteriores, os Chineses o haviam feito. A álgebra de Khayyám é de natureza geométrica, tendo resolvido equações lineares e quadráticas por métodos que estão presentes na Geometria de Euclides. Entretanto, ele descobriu um método para resolução de equações cúbicas, por meio da intersecção de uma parábola com um circulo mas, pelo menos em parte, este método já havia sido descrito por outros autores como Abud al-Jud.
Khayyám contribuiu com importantes resultados no estudo das relações e razões entre raios na Geometria de Euclides, incluindo o problema de sua multiplicação. O nome Khayyám é proveniente do termo "fabricante de tendas", ofício que aprendeu com seu pai.
Neychabur, sua terra natal, situa-se 115 kms à oeste de Mashad, na província do Khorasan. Esta antiga cidade, além de ter sido a terra natal de Khayyám, foi também onde nasceu outro grande poeta Persa, o místico Attar-e Neyshabury. Neyshabur é conhecida desde a alta antiguidade como um centro mundial exportador de turquesas (Firouz-e). Omar Khayyám recebeu uma boa educação em ciências e filosofia em sua terra natal, Nayshabur, e em Balk, outra cidade do Iran.
Após se formar, seguiu para Samarkand, onde completou importante tratado em álgebra. De tal modo tornou-se conhecido que foi convidado pelo sultão Seljuq Malik-Shah para realizar as observações astronômicas citadas, e para a reforma do calendário. Khayyám foi também comissionado para construir um observatório astronômico na cidade de Esfahan em colaboração com outros astrônomos. Após a morte de seu patrono em 1092, realizou uma peregrinação a Meca.
Retornando a Neyshapur, passou a ensinar e dar aulas na corte de tempos em tempos, realizando predições astronómicas e astrológicas.
Entre os campos do conhecimento por ele dominado achavam-se a filosofia, a matemática, astronomia, jurisprudência, história e medicina. De sua prosa, infelizmente sobreviveu muito pouco; de seus trabalhos restam apenas alguns sobre metafísica e sobre os teoremas de Euclides. Khayyám destacou-se por seu extraodinário senso poético, expresso no O Rubaiyát. O lado poético do Persa, desde que foi redescoberto por Edward FitzGerald por volta de 1859, é o mais conhecido hoje em dia, tendo sido objeto de inspiração para muitos poetas de nossa época, dentre os quais Jorge Luiz Borges e Fernando Pessoa. Ao trabalhar com conceitos relacionados às profundezas da alma e da psique humanas, Khayyám escreveu as mais belas páginas da literatura universal.
A filosofia de Omar Khayyám impressiona-nos até hoje, lembrando-nos de Epicuro, sendo no entanto profundamente Persa em sua audácia e resignação. A poesia de Khayyám incorpora opiniões filosóficas que sobrevivem até os nossos dias, e dizem respeito a ontologia, a conceitos universais, ao livre arbítrio, à predestinação e às obrigações morais. Também nela se percebem claras referências às relações do ser humano para com o Criador e deste para com o Homem, em uma reciprocidade de responsabilidades e cuidados. Segundo E. FitzGerald, é interessante notar que o poeta, assim como outros proeminentes pensadores Islâmicos, embora tenha sofrido influências da filosofia Grega, especialmente Aristóteles, não absorveu os aspectos mais abstratos daquele modo de pensar. Khayyám preferiu expressar-se mediante figuras de uma retórica epicureana que, embora audaciosa para o seu tempo, o fez tornar-se obscuro em vida e esquecido, anos após sua morte, em sua própria terra.

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