Previsão do Tempo

domingo, 27 de outubro de 2013

Excelente análise da política actual . Ora agora bailas tu ora agora bailo eu, ora agora bailas tu mais eu.


Eleições antecipadas


por PAULO BALDAIA

PAULO BALDAIA

Por cautela, vamos admitir que António José Seguro e Pedro Passos Coelho falam os dois verdade quando nos dizem coisas contraditórias sobre a mesma coisa. Vamos admitir que um programa cautelar e um segundo resgate são a mesma coisa, admitindo igualmente que são coisas muito diferentes. Ficou confuso? Não fique, só tem de se lembrar que está no domínio da política onde raramente dois e dois são quatro.

Passos diz que um programa cautelar é diferente de um resgate porque nos permite regressar aos mercados, mesmo que por cautela a ida a jogo seja feita com assistência europeia. Seguro diz que é a mesma coisa porque haverá sempre um novo pacote de medidas que implicam perda de soberania, mesmo que no caso de um segundo resgate essa perda seja maior.

Poderíamos estar apenas no domínio da semântica utilizada como arma política para ganhar um debate quinzenal, mas preparem-se os portugueses para uma coisa mais séria. Foi dado o tiro de partida para mais um debate sobre as eleições antecipadas.

Por cautela, o Presidente da República já deve estar a tentar desarmadilhar a bomba que ameaça estourar-lhe nas mãos. O líder do PS sabe bem que há uma grande diferença entre um programa cautelar e um segundo resgate, mas sabe igualmente que em qualquer dos cenários será precisa a sua assinatura. Seguro vai exigir eleições antecipadas como preço a pagar para ficar amarrado a um compromisso.

Quando falharam as negociações pedidas por Cavaco Silva, o Presidente bem se lamentou pela falta de visão dos líderes partidários e avisou que mais cedo ou mais tarde teriam de se entender, coisa que rapidamente se vai confirmar. Tinha oferecido ao Governo um alargamento do apoio parlamentar para as reformas que é preciso fazer e ao PS eleições antecipadas com a saída da troika. Seguro não aceitou a oferta e percebe-se agora porquê. Está em condições de ter o mesmo por sua exigência e não por especial clemência presidencial.

Passos deverá avisar Cavaco quando se preparar para iniciar as negociações para um programa cautelar e o líder da oposição terá de ser envolvido também nessa altura. Aí ficaremos a saber que o PS quer que as eleições de 2015 sejam antecipadas para 2014. Os socialistas dirão que o Governo falhou, que há uma alteração profunda no contexto em que o centro-direita conseguiu uma maioria absoluta e que a questão política só se resolve com o voto do povo.

Estaremos todos mais bem informados para votar em consciência. Saberemos o que distingue PS, PSD e CDS, mas também o que os une no compromisso assinado com a Europa. E haverá, como sempre, um alargado leque de partidos que ficarão fora do compromisso para ir a votos com outras políticas.

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