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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A 22 de Outubro de 1906 - Morre o pintor francês Paul Cézanne, nome determinante no pós-impressionismo.



Paul Cézanne, pintor pós-impressionista francês, cuja obra forneceu as bases para a transição das artes plásticas do século XIX para o século XX, pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo e o cubismo, morreu em 22 de outubro de 1906 em Aix-en-Provence. A frase atribuída a Matisse e Picasso de que Cézanne é “o paí de todos nós”, consagrou-o como um dos mais importantes e influentes mestres da pintura.
Paul Cézanne nasceu no seio de uma família burguesa da província. O seu pai, era proprietário em Aix-en-Provence de uma próspera fábrica de chapéu. Paul, filho ilegítimo com uma das trabalhadoras da fábrica, nasceu em 19 de Janeiro de 1839 e teve o seu registo legalizado somente 5 anos depois. Fez todos os seus estudos em Aix, adquirindo uma sólida cultura clássica, tornando-se amigo de Émile Zola, seu confidente mais íntimo.
A vocação artística já estava definida quando decide estudar pintura em Paris. Frequenta a Academia Suíça na Pimavera e Verão de 1861, onde conhece Pissarro e Guillaumin. Fracassa, porém, no concurso para ingresso na Escola de Belas Artes.
Nos anos seguintes, alterna estadias em Paris, retornos a Aix e viagens pela Provence. Trabalha com modelos na Academia Suíça, frequenta o Louvre e obtém autorização para copiar numerosos quadros dos grandes mestres. Continua a encontrar-se com Zola, que o apoia intelectual, moral e até financeiramente e conhece Bazille, Renoir, Monet, Sisley e Manet.
As primeiras telas de Cézanne não tinham muito a ver com as dos seus amigos impressionistas. Ele não partilhava do desejo de novidade nem da revolta contra as normas académicas. A violência dramática dos seus temas é marcada por cores sombrias como em "L'enlèvement" (O Rapto- 1867). Pinta também numerosas paisagens e retratos num estilo realista inspirado em Courbet.
A partir de 1863, Cézanne envia regularmente os seus quadros ao júri do Salão Oficial de Paris. As obras seriam invariavelmente recusadas, com excepção de um retrato em 1882, embora já denotassem uma grande diversidade temática: retratos, cenas históricas ou religiosas, naturezas mortas, paisagens.
Em 1869, o artista conhece Hortense Fiquet, uma modelo, que seria sua companheira. O casal passa a guerra de 1870-1871 na Provence. Dessa união, nasce um filho em 1872. Pai de família e não recebendo mais a ajuda do pai, ele instala-se em Paris em 1872, às instâncias de Pissarro.
Cézanne só havia trabalhado em atelier e resolve seguir o exemplo de Pissarro e dedicar-se às paisagens como motivo. É fortemente influenciado pelo estilo impressionista do amigo de uma composição espacial mais elaborada. As obras de Cézanne na primeira participação na colectiva dos impressionistas em 1874 foram mal recebidas pela crítica. Recusa-se a enviar as suas telas à segunda exposição em 1876. Volta atrás na terceira exposição em 1877, quando os seus quadros são de novo mal acolhidos pelo público, que os julga pesados e grosseiramente acabados. A crítica, por sua vez, volta-se com uma virulência particular contra as suas telas.
Desgostoso e mortificado, Cézanne cessaria qualquer participação nas exposições impressionistas e tomaria distância dos amigos. No final dos anos 1870, ele encontraria o seu estilo pessoal. Não queria fixar-se somente na impressão. “Eu quero fazer do impressionismo algo sólido e duradouro como a arte dos museus”, dizia. "A Ponte de Maincy" (1882) encontra-se entre as primeiras obras-primas desse estilo pessoal. O tratamento das cores das árvores, um verde profundo aplicado ligeiramente, sem separação nítida entre as pequenas partículas de cores vizinhas, é parte da visão do conjunto. A organização pictórica do quadro resulta bem marcada.
Ao lado dos retratos, das naturezas mortas, Cézanne vai interessar-se pelo nu . Os anos 1880 marcariam uma viragem na sua vida pessoal. Rompe com Zola em 1886, aquando da aprsentação de “A Obra” em que se viu reconhecido no personagem do pintor fracassado Claude Lantier. A morte do pai no mesmo ano deixa-o numa situação financeira folgada.
As suas pinturas seriam raramente mostradas ao público: em 1889 na Exposição Universal; em 1890 com o grupo dos 20 em Bruxelas. Em 1895, uma retrospectiva onde 150 das suas obras são expostas assinala uma viragem para Cézanne, até então recusado nos Salões e pouco apreciado nas exposições impressionistas. Havia sido descoberto, pelos seus antigos amigos que desconheciam a sua evolução, mas também pelos jovens artistas para quem Cézanne era uma referência imediata.

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