Irei falar de tudo e do nada. Histórias e estórias. Coisas pensantes e desconcertantes. Fundado a 30 de Novembro de 2009 numa 2ª Feira
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segunda-feira, 19 de novembro de 2012
19 DE NOVEMBRO: AS HISTÓRIAS DESTE DIA
domingo, 18 de novembro de 2012
A verdade serve-se fria!
A diferença entre Portugal, Grécia, Espanha e Itália.
Por isso se diz: " PORTUGAL NÃO SERÁ A GRÉCIA"
A família do futuro!
Os laços familiares e a tecnologia. A oração a anteceder a refeição como agradecimento a Deus pela fartura alimentar e elevado nível de vida.
Peter Schmeichel nasceu a 18 de Novembro de 1963
Peter Boleslaw Schmeichel (Gladsaxe, 18 de Novembro de 1963) é um guarda-redes dinamarquês aposentado. Defendeu por muitos anos a Seleção Dinamarquesa de Futebol, sendo o que mais atuou, 129 partidas. Jogou no Manchester United durante a década de 90, onde conquistou a Liga dos Campeões, encerrando a carreira justamente no maior rival dos Diabos Vermelhos, o Manchester City . Na época 1999/2000 o país desportivo foi surpreendido com a contratação de Peter Schmeichel pelo Sporting Clube de Portugal. O gigante dinamarquês tinha acabado de conquistar a Liga dos Campeões pelo Manchester United e decidiu desta forma abandonar o clube inglês pela porta grande, igualmente extenuado pelo ritmo de jogos efectuados com uma regularidade de três em três dias. O seu ingresso no Sporting fica incontornavelmente ligado à conquista do campeonato nacional. Jogou 50 partidas de leão ao peito nos dois anos que esteve em alvalade. No Sporing venceu 1 Campeonato de Portugal (1999/2000) e 1 Supertaça de Portugal (2001), foi ainda finalista da Taça de Portugal em (1999/2000)
Rato Mickey foi criado a 18 de Novembro de 1928
Calvin and Hobbes, esta tira de banda desenhada foi criada em 18 de Novembro de 1985
Calvin é um garoto de seis anos de idade cheio de personalidade, que tem como companheiro Hobbes(Haroldo), um tigre sábio e sardónico, que para ele está tão vivo como um amigo verdadeiro, mas para os outros não é mais que um tigre de peluche/pelúcia. De acordo com algumas visões, as fantasias mirabolantes de Calvin constituem frequentemente uma fuga à cruel realidade do mundo moderno para a personagem e uma oportunidade de explorar a natureza humana para Bill Watterson.
O nome de Calvin foi inspirado no reformador religioso do século XVI, João Calvino, que discorreu, entre outros, acerca da depravação total do homem, ou seja, que o homem está naturalmente inclinado para promover o mal a seu próximo.
Hobbes recebeu o nome de Thomas Hobbes, o filósofo inglês do século XVII que tinha aquilo que Watterson chamou de "uma visão obscura da natureza humana", sendo o autor da famosa máxima "O homem é o lobo do homem" — ou seja, cada homem é o predador de seu próximo. De acordo com Watterson, a fonte dos dois nomes é entendida como uma piada para as pessoas que estudam ciência política e filosofia, e que poucas outras pessoas a iriam perceber.
18 DE NOVEMBRO: AS HISTÓRIAS DESTE DIA
Pode ser Portugal a destruir o Euro
Um "default" é acidente. Dois já é uma crise sistémica.
Quem o diz é Matthew Lynn, antigo colunista da Bloomberg News, sublinhando que Portugal voltará a ter um importante papel no palco mundial.
Segundo ele, poderá ser Portugal o responsável pelo colapso do Euro. No seu mais recente artigo de opinião, publicado na "Marked Watch", Lynn começa por relembrar a importância do país para a história mundial, com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo não europeu entre a Espanha e Portugal em1494.
Enquanto consabidamente, a Grécia tem vindo nos últimos anos a "aldrabar" as suas contas com a assessoria técnica, principalmente, dos estafermos que pululam na Goldman Sachs, por outro lado, Portugal esforça-se por ser o aluno aplicado e submisso dos credores internacionais.
Se fosse a Grécia a cair sozinha, os danos seriam contidos com o argumento relativo aos excessos gregos, mas se outro país cair e Portugal está na forja, evidenciaria que o euro na verdade, é uma moeda disfuncional.
Uma moeda cunhada sob regimes fiscais totalmente diferentes, ritmos económicos demasiadamente díspares e sistemas políticos muito diferentes entre si, leva-nos ao imbróglio que actualmente vivemos, donde é evidente, que as instituições europeias completamente atadas nos labirintos legislativos, navegam à vista.
O analista compara a situação de Atenas e de Lisboa, destacando que Portugal - um dos países mais pobres da União Europeia - com um PIB per capita de apenas 21.000 USD, significativamente abaixo dos 26.000 USD da Grécia, fixou metas de redução do seu défice de 4,5% em 2012 e de 3% para 2013.
"Então e como está a sair-se?", questiona-se. E responde: "Quase tão bem como a Grécia, ou seja, nada bem".
O Citigroup estima que a economia encolha 5,7% em 2012 e mais 3% em 2013. Matthew Lynn recorda o estudo da Universidade do Porto, divulgado recentemente, que diz que a economia paralela aumentou 2,5% no ano passado e que representa agora cerca de 25% da actividade económica portuguesa, de referir, que não existe qualquer expectativa de que estes dados mudem a breve trecho. Salienta o jornalista que " As empresas portuguesas simplesmente não conseguem sobreviver a pagar as taxas de imposto que lhes foram impostas... E que os objectivos de redução do défice não vão ser cumpridos ".
Em resposta, a União Europeia, representada por uns encardidos de fato e gravata, exigem mais e mais austeridade, o que significa, a economia a contrair-se ainda mais. É um círculo vicioso que estas aventesmas (subentenda-se por aventesmas a dupla Coelho e Gaspar) não percebem.
Para "ajudar" ainda mais nesta questão, o governo português apresenta através do OE para 2013, o golpe de misericórdia para a economia lusa.
No total os bancos têm uma exposição de 244 mil milhões de USD a Portugal, contra 204 mil milhões de USD de dívida grega, segundo os dados do Banco de Pagamentos Internacionais. O grosso da dívida é detido pela Alemanha e pela França, na parte da dívida privada, que é bem mais substancial que a pública, é bem provável, que a maior parte seja detida por bancos espanhóis, com a saúde financeira que todos nós conhecemos.
Resumidamente, segundo o ex-colunista da Bloomberg - " Se um país entrar em incumprimento, dentro de uma união monetária, isso pode ser visto como um acidente infeliz. Todas as famílias têm uma ovelha negra. Mas quando um segundo país cai, o caso fica muito mais sério".
É uma questão de tempo... Para o deslize completo.
Publicado em simultâneo no Cheira-me a Revolução!
Quem o diz é Matthew Lynn, antigo colunista da Bloomberg News, sublinhando que Portugal voltará a ter um importante papel no palco mundial.
Segundo ele, poderá ser Portugal o responsável pelo colapso do Euro. No seu mais recente artigo de opinião, publicado na "Marked Watch", Lynn começa por relembrar a importância do país para a história mundial, com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo não europeu entre a Espanha e Portugal em1494.
Enquanto consabidamente, a Grécia tem vindo nos últimos anos a "aldrabar" as suas contas com a assessoria técnica, principalmente, dos estafermos que pululam na Goldman Sachs, por outro lado, Portugal esforça-se por ser o aluno aplicado e submisso dos credores internacionais.
Se fosse a Grécia a cair sozinha, os danos seriam contidos com o argumento relativo aos excessos gregos, mas se outro país cair e Portugal está na forja, evidenciaria que o euro na verdade, é uma moeda disfuncional.
Uma moeda cunhada sob regimes fiscais totalmente diferentes, ritmos económicos demasiadamente díspares e sistemas políticos muito diferentes entre si, leva-nos ao imbróglio que actualmente vivemos, donde é evidente, que as instituições europeias completamente atadas nos labirintos legislativos, navegam à vista.
O analista compara a situação de Atenas e de Lisboa, destacando que Portugal - um dos países mais pobres da União Europeia - com um PIB per capita de apenas 21.000 USD, significativamente abaixo dos 26.000 USD da Grécia, fixou metas de redução do seu défice de 4,5% em 2012 e de 3% para 2013.
"Então e como está a sair-se?", questiona-se. E responde: "Quase tão bem como a Grécia, ou seja, nada bem".
O Citigroup estima que a economia encolha 5,7% em 2012 e mais 3% em 2013. Matthew Lynn recorda o estudo da Universidade do Porto, divulgado recentemente, que diz que a economia paralela aumentou 2,5% no ano passado e que representa agora cerca de 25% da actividade económica portuguesa, de referir, que não existe qualquer expectativa de que estes dados mudem a breve trecho. Salienta o jornalista que " As empresas portuguesas simplesmente não conseguem sobreviver a pagar as taxas de imposto que lhes foram impostas... E que os objectivos de redução do défice não vão ser cumpridos ".
Em resposta, a União Europeia, representada por uns encardidos de fato e gravata, exigem mais e mais austeridade, o que significa, a economia a contrair-se ainda mais. É um círculo vicioso que estas aventesmas (subentenda-se por aventesmas a dupla Coelho e Gaspar) não percebem.
Para "ajudar" ainda mais nesta questão, o governo português apresenta através do OE para 2013, o golpe de misericórdia para a economia lusa.
No total os bancos têm uma exposição de 244 mil milhões de USD a Portugal, contra 204 mil milhões de USD de dívida grega, segundo os dados do Banco de Pagamentos Internacionais. O grosso da dívida é detido pela Alemanha e pela França, na parte da dívida privada, que é bem mais substancial que a pública, é bem provável, que a maior parte seja detida por bancos espanhóis, com a saúde financeira que todos nós conhecemos.
Resumidamente, segundo o ex-colunista da Bloomberg - " Se um país entrar em incumprimento, dentro de uma união monetária, isso pode ser visto como um acidente infeliz. Todas as famílias têm uma ovelha negra. Mas quando um segundo país cai, o caso fica muito mais sério".
É uma questão de tempo... Para o deslize completo.
Publicado em simultâneo no Cheira-me a Revolução!
sábado, 17 de novembro de 2012
Rem Koolhaas nasceu a 17 de Novembro de 1944
Koolhaas criou em 1975 o OMA (Office for Metropolitan Architecture), em Roterdão, gabinete que, em 199, apresentou a proposta vencedora da Casa da Música do Porto.
Em 2007 foi atribuído à Casa da Música o prémio do Instituto Real dos Arquitectos Britânicos (RIBA), com o júri a classificar o edifício de "intrigante, inquietante e dinâmico".
Joaquim Machado de Castro, faleceu em Lisboa a 17 de Novembro de 1822.
Era filho de Manuel Machado Teixeira, organeiro e escultor, que, segundo dizia Machado de Castro, era dotado dum engenho e habilidade enciclopédica, e de sua primeira mulher, D. Teresa Angélica Taborda. Seu pai, reconhecendo-lhe bastantes aptidões, mandou-o para os gerais chamados do Pátio aprender gramática latina com os padres jesuítas. Ao mesmo tempo que o jovem educando exercitava o espírito com o estudo dos livros, aprendia em casa com o pai os processos de moldar, e exercitava-se na arte de escultura. Foi duplo e poderoso impulso do seu espírito que lhe imprimiu o seu carácter artístico, e produziu esta individualidade da arte nacional. Na escola e na oficina, Machado de Castro assombrava os professores pelos rápidos e prodigiosos progressos que fazia. À medida que a inteligência se ia desenvolvendo, iam crescendo as suas ambições e aspirações. Aos 15 anos já pensava em ir a Roma ver, admirar e estudar os grandes génios artísticos. Falecendo sua mãe, seu pai passou a segundas núpcias com D. Josefa de Cerveira. Machado de Castro começou então a sentir verdadeiramente a falta dos carinhos maternais, porque a madrasta tratava-o com todos os rigores, e tão exagerados se tornaram que Machado de castro ainda mais persistiu na ideia de sair da sua terra, para se aperfeiçoar na sua educação num meio mais desenvolvido que não era Coimbra.
Veio para Lisboa aos quinze anos desejoso de encontrar um artista que o dirigisse e encaminhasse. Encontrando Nicolau Pinto, escultor em madeira, pediu-lhe licença para frequentar o seu atelier, e começou logo a auxiliar o mestre nos seus trabalhos. Nicolau Pinto ficou por tal modo maravilhado da habilidade dessa criança que o acaso lhe trouxera, que não tardou a encarregá-lo de modelar várias imagens. O jovem aprendiz apresentou modelos tão perfeitos, que o mestre não duvidou em tomá-los para si, copiando-os em madeira. Em pouco tempo o discípulo tornou-se superior ao mestre, e por isso procurou encontrar outro com quem pudesse mais adiantar-se. Lembrou-se então do hábil escultor em pedra José de Almeida, que estudara em Roma, protegido e sustentado por D. João V, e que passava por ser o primeiro escultor português dessa época. Resolveu-se a procurá-lo, e José de Almeida recebeu-o atenciosamente. Machado de Castro começou a executar várias obras, que desde logo impressionaram o público. A estátua que existe no pórtico da igreja de S. Pedro de Alcântara, foi um dos primeiros trabalhos, que tornaram conhecido o seu nome. O povo aglomerava-se para admirar a produção artística do notável escultor. Machado de Castro adquiriu tão grande fama que muitos artistas o procuravam congratulando-o pelo seu talento superior, não duvidando em lhe pedirem que compusesse os modelos para as obras de que se haviam encarregado. Machado de Castro satisfazia a todos os pedidos, recebendo muitos louvores pelo desembaraço com que trabalhava, e pela graça que respirava em tudo quanto saía das suas mãos.
Com a consciência do seu valor artístico, intentou ir para as obras da grandiosa basílica de Mafra, onde estavam muitos artistas de merecimento, tendo à frente o professor e ilustre estatuário romano Alexandre Giusti. O seu ardente desejo de se aperfeiçoar na arte, o obrigou a sair de Lisboa, onde auferia bons lucros, e ir encerrar-se naquela vila conseguindo dentro em pouco, em 1756, ser nomeado ajudante do professor romano, situação em que se conservou durante catorze anos, trabalhando sempre assíduo e com o maior aproveitamento, adquirindo cada dia novos conhecimentos, e produzindo trabalhos já de excepcional valor. Mas em Mafra esperava-o um novo futuro. Como ali se tornara um ponto de reunião, não só de viajantes estrangeiros, como de poetas, artistas e sábios portugueses, Machado soube tirar óptimo partido, para se instruir, com a conversação dos homens doutos. Um dos frequentadores era o poeta Cândido Lusitano, que não se cansava de admirar as novas produções dos artistas, que trabalhavam ali. Travou relações com o jovem escultor, e desde logo lhe votou sincera amizade. Reconhecendo o seu desejo de aprender, encarregou-se de lhe dar lições de Retórica, que o nosso artista aceitou gratamente. Mafra foi, por assim dizer, para Machado de Castro, não só um centro de educação artística, como uma espécie de universidade onde se lhe deparavam os melhores livros do seu tempo, como professores que o instruíssem e o iniciassem no movimento intelectual do século. As novas relações com o poeta e pintor Vieira Lusitano, marcaram assim uma época na educação literária de Machado de Castro. As novas teorias que se revoltavam contra a imitação servil dos mestres, contra o fanatismo das regras e que colocava acima de tudo o entusiasmo e espontaneidade da poesia, a imitação da natureza, foram adoptadas para sempre pelo nosso ilustre artista, tornado um entusiasta discípulo delas. Joaquim Machado de Castro caracteriza-se, porém, pelo seu bom senso, pela rectidão dos seus julgamentos e a lucidez das suas ideias.
Conservava-se no seu retiro de Mafra entregue ao estudo e ao trabalho, e estava concluindo um pequeno baixo relevo, quando em 19 de outubro de 1760 recebeu uma carta de Domingos da Silva Raposo, ajudante de arquitectura na Casa do Risco das Obras Públicas, convidando-o para entrar no concurso para a execução da estátua de D. José. Foi aquele artista o primeiro que lembrou ao marquês de Pombal o nome de Joaquim Machado de Castro. Este não quis partir sem acabar a obra, e por isso só um mês depois é que veio a Lisboa, onde o arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos lhe entregou dois desenho iguais ao que deram ao seu competidor, que era estrangeiro. Machado de Castro dedicou-se ao trabalho, começando a fazer o seu modelo de cera. Mas uma dificuldade se lhe apresentava: os modelos impossíveis que por ordem do governo se davam aos concorrentes. Machado de Castro, artista instruído, consciencioso e correcto, e seguindo, além disso, as suas próprias inspirações e não as alheias, viu-se obrigado a seguir modelos de mau gosto que lhe foram apresentados para se guiar por eles. Entristeceu, pensando que executando-se a obra por eles, nem o artista nem a pátria tirariam glória suficiente, por faltarem na imagem do herói os incidentes e circunstâncias, como ele havia imaginado, um poema épico que pretendia gravar na pedra, que pudesse servir de estímulo à posteridade. O pobre artista inspirado lutava, não só contra o regime político absoluto, mas contra a mesma escola autoritária e dogmática de que era adversário. Ou tinha que abandonar o concurso, o que era desonroso para os seus sentimentos patrióticos, e contrariava as suas ambições de compor uma obra que o imortalizasse; ou sujeitar-se às ordens terminantes, dimanadas da autoridade legítima. No fim de muitas lutas consigo próprio, resolveu dar princípio ao seu primeiro e pequeno modelo nos fins de dezembro de 1770. Logo nos primeiros dias de janeiro de 1771 voltou ao referido modelo de cera, em cuja matéria o fez, por conservar sempre a medida, conforme o petipé, livre das diminuições do barro.
Concluído o primeiro modelo com as alterações que entendeu, e que tinham sido concedidas, como artista de génio mais conhecedor das artes, foi avisado para comparecer no paço no dia 21 de março, juntamente com o seu competidor, que levou dois modelos, um conforme as severas instruções que também lhe haviam sido dadas, e outro da sua lavra. Este concorrente era italiano e dispunha de grandes protecções que foram a causa da guerra de que Machado de Castro foi vítima até à sua morte. O rei, comparando os modelos apresentados, decidiu-se pelo nosso ilustre artista, dirigindo-lhe palavras muito lisonjeiras. No dia seguinte recebeu aviso de que estava encarregado da obra, e que a aprontasse o mais breve possível. Ao começar o segundo modelo em barro, que devia servir de guia ao modelo grande, depararam-se novas dificuldades, oferecidas pelos secretários de estado e o mundo oficial. Machado de Castro, com o talento de que era dotado desejou corrigir algumas coisas do primeiro modelo, afim de que a sua obra ficasse como ele ambicionava. Felizmente encontrou um dos melhores cavalos dessa época, que o marquês de Marialva pôs à sua disposição para servir de modelo. Era um cavalo espanhol de fina raça, que dava pelo nome de Gentil. A 10 de julho do mesmo ano de 1771 recebeu ordem para a execução do modelo em grande. Machado de Castro seguiu neste trabalho um método próprio, e que lhe parecia mais afeiçoado para a obra sair perfeita, afastando-se dos métodos ensinados por outros professores. Começou os trabalhos a 16 de outubro de 1771, e ordenaram-lhe que os acabasse a 10 de março de 1772. Machado cumpriu as ordens recebidas neste curto espaço de cinco meses, tempo verdadeiramente prodigioso, porque no modelo grande foi que o escultor corrigiu e alterou nos salientes e cavados, de modo a produzir o desejado efeito, aumentando ou diminuindo algumas partes, conforme lhe indicavam os seus estudos e observações. A 11 de outubro de 1773 começaram os trabalhos para a fundição, que se completaram a 18 de dezembro do mesmo ano. Nos princípios de abril de 1775 foi perfeitamente concluído o colossal monumento, que ainda hoje se admira na Praça do Comércio, vulgo Terreiro do Paço.
Em 15 de outubro de 1774 fundiu-se a grandiosa estátua, num só jacto e com uma perfeição tanto mais admirável, quanto era este o primeiro trabalho no género que se executava no país. Bartolomeu da Costa, distinto engenheiro, o fundidor da estátua, tornou-se tão célebre como o escultor, pela grande obra patriótica que se erigiu. Os processos por ele empregados foram os mais perfeitos e conhecidos no seu tempo; e quando a estátua saiu dos seus moldes foi tal o entusiasmo do público, que por muitos anos o escultor Machado de Castro foi injustamente esquecido pelo fundidor. A inauguração do colossal monumento realizou-se a 6 de junho do mesmo ano de 1775, aniversário natalício do rei D. José. Na História do Reinado de el-rei D. José, de Luz Soriano, vol. II, e no presente vol. do Portugal, pág. 331 e seguintes, vêm minuciosamente descritos o trabalho que deu a condução da grandiosa estátua para o Terreiro do Paço, as festas pomposas que se fizeram na sua inauguração e a descrição do monumento e dos carros triunfais, que compunham o cortejo cívico, que então se realizou. No Dicionário Universal Português, dirigido por Fernandes Costa, também se encontra um artigo interessante a este respeito e a biografia de Joaquim Machado de Castro, no vol. VI, pág. 140 e seguintes.
Depois desta obra imortal, temos a registar outras do nosso notável artista, como a Fésuplantando a heresia, que se admirava no frontispício do palácio da Inquisição, e que não sabemos onde hoje existe; a estátua de Neptuno do antigo chafariz do Loreto, e que está actualmente no museu arqueológico do Carmo. D. Maria I, quando construiu o convento da Estrela, encarregou-o de todas as esculturas e baixos-relevos. Neste edifício teve a honra de desempenhar o mesmo papel que em Mafra desempenhara o seu professor e amigo Alexandre Giusti. Foi ele o autor do baixo-relevo do frontispício; das duas belas estátuas de Nossa Senhora e de S. José, que se vêem debaixo da arcada da entrada; também são dele as estátuas sobrepostas nas quatro colunas, representando a Fé, a Adoração, a Gratidão e a Liberalidade. Cada uma é um desenho diferente, cada uma tem uma expressão própria e característica. Também são trabalhos seus as estátuas de Santo Elias, S. João da Cruz, Santa Teresa e Santa Maria Madalena de Pazzi. Esta obra foi começada em 1777 e concluída em 1783. Todas as esculturas de madeira e barro que adornam interiormente o edifício, são obras por ele executadas e dirigidas. Na Patriarcal também deixou muitas obras: as imagens de Nossa Senhora e de S. José, as dos santos apóstolos Simão, Judas Tadeu e Matias: dirigiu a escultura do Baldaquino de S. Vicente e a dos modelos da Custódia cravada de pedras preciosas e a Pia Baptismal. Esculpiu em madeira a imagem de S. João Baptista, que foi para Almeirim, e a imagem de Nossa Senhora da Encarnação, que se venera actualmente na paroquial igreja deste nome, e que foi exposta ao público em 24 de março de 1803, depois de se ter reedificado a igreja, que ficara muito danificada pelo incêndio que se deu ali em 18 de junho de 1802. Joaquim Machado de Castro também se revelou na escultura civil. Além da estátua equestre, vêem-se as três belas estátuas no vestíbulo do palácio da Ajuda., que representam a Generosidade, a Gratidão e oConselho; a estátua de D. Maria I, em mármore de Carrara, que existe à entrada da Biblioteca Nacional de Lisboa, a qual foi executada pelos seus discípulos Faustino José Rodrigues e Feliciano José Lopes. São seus trabalhos as estátuas de Alpheu eArethusa, e os bustos de Homero, Virgílio, Camões e Tasso, existentes na casa de Oeiras. Na quinta de Caxias também se encontram muitas estátuas em barro, de tamanho natural; e na quinta de Queluz admiram-se ricos vasos de barro ornados de festões e flores. Foi também o autor de muitos túmulos ricos, como: o da rainha D. Mariana Vitória, que está na igreja de S. Francisco de Paula; o da rainha D. Maria Ana de Áustria, no hospício de S. João Nepomuceno; D. Afonso IV, em bronze, que está na capela-mor da sé de Lisboa; e o do infante D. Pedro Carlos, que foi para o Brasil. Compôs um grande presépio para o convento da Estrela, outro para D. Maria I, outro para D. Carlota Joaquina, outros para os príncipes, e outro que existe na sé de Lisboa.
Pina Manique, intendente geral da Polícia, empregou todos os esforços para desenvolver entre nós o gosto pela pintura e escultura, e para isso criou na Casa Pia uma aula de desenho; e como em Portugal não existisse uma aula de nu, resolveu fundar uma sociedade para esse fim. Procurou os melhores artistas para directores desta academia, que se organizou em 16 de maio de 1780, sendo o número de sócios de cinquenta e um, em que figuravam Joaquim Machado de Castro e muitos outros professores, alunos e amadores das artes. Manique desejou que no dia 24 de dezembro de 1787, por meio de uma sessão académica, a que assistisse toda a corte, realizada na Casa Pia, se mostrasse a público as vantagens do desenho. Foi Machado de Castro o encarregado de falar a esse auditório selecto e composto das primeiras celebridades do país, e proferiu um brilhante discurso, em que se revelou também um orador erudito. As suas obras, tanto em prosa como em verso, e os seus variados conhecimentos, o elevaram à honra de ser eleito em 9 de fevereiro de 1814 sócio correspondente da Academia Real das Ciências, e alguns anos depois a mesma academia lhe ofereceu a medalha de ouro com que costumava premiar os homens de mérito. O rei D. José nomeou-o escultor da Casa Real e obras públicas, lugar que exerceu igualmente nos reinados de D. Maria I e D. João VI. Este monarca nomeou-o director de toda a escultura do Palácio da Ajuda e obras reais. Machado de Castro foi lente da aula de escultura em que prestou relevantes serviços à arte nacional.
Era casado com D. Maria Barbosa de Sousa. Possuía o grau de cavaleiro professo da Ordem de Cristo, com que fora agraciado ao terminar todos os trabalhos do monumento da estátua equestre. Faleceu ao noventa e um anos, e foi sepultado na igreja dos Mártires. Para a sua biografia pode ver-se o artigo do director da Academia de Belas Artes Francisco de Assis Rodrigues, que sob o título de "Comemoração" saiu naRevista Universal Lisbonense, de 17 de novembro de 1842, e foi reproduzida no Diário do Governo, de 24 do referido mês; neste artigo vêem apontamentos, em que se fala de Machado com muito louvor. Nas Memórias de Cyrillo Volkmar Machado também se encontram muitos dados biográficos.
O Canal de Suez foi inaugurado oficialmente em 17 de Novembro de 1869
Canal de Suez, uma das mais ousadas obras da humanidade. Inaugurado oficialmente em 17 de novembro de 1869, o canal construído no istmo de Suez, ligando o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, possibilita que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem precisar contornar a África pelo Cabo da Boa Esperança.
Aproximadamente 21 mil navios por ano atravessam o Canal de Suez, representando 14% do transporte mundial de mercadorias. Uma travessia de 11 a 16 horas. Seu idealizador foi o diplomata Ferdinand de Lesseps, também conhecido como "Le grand français".
A 17 de Novembro de 1982 é publicado pela 1º vez o " Memorial do Convento"
Memorial do Convento
LIVRO ROMANCE “MEMORIAL DO CONVENTO”
SARAMAGO, José.
RESENHA DA OBRA
MEMORIAL DO CONVENTO foi publicado inicialmente no ano de 1982, e é por muitos considerado o melhor livro do autor, ao lado de O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO, A CAVERNA e O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS.
A história ocorre no período da construção do riquíssimo convento de Mafra, quando el-rei D. João V cumpre a promessa feita aos franciscanos de que, caso lhe nascesse um herdeiro, mandaria levantar a obra para a congregação. Mas a história não trata apenas desse fato, pois corre paralelo a narrativa da construção duma passarola pelo padre Bartolomeu e a do romance de Baltasar Sete-sóis e Blimunda Sete-luas.
O interessante nesta obra é que o autor não se dispôs a escrever um livro que retratasse puramente fatos históricos, mas sim mescla a ficção com a realidade e cobre tudo com o manto do fantástico, técnica argumentativa que dá ao leitor a sensação de que está dentro daquele episódio da história lusitana.
De fina ironia, satiriza o autor os usos e costumes da Igreja Católica da época, torna os membros da família real caricaturas e exalta os trabalhadores do convento, tornando-os os verdadeiros heróis da trama.
ESTRUTURA DO ROMANCE
Embora não haja nenhuma divisão dos capítulos, podemos dizer que são 25. A história se estende por 22 anos (1717-1739). O narrador é onisciente, ora está no presente com as personagens, ora avança no tempo e nos deixa entrever algum acontecimento por vir. O discurso acontece sem travessão, as falas se dão simplesmente por uma maiúscula após uma vírgula. O foco narrativo do romance é o cambiante (ou múltiplo), oscilando entre a primeira e a terceira pessoa, de acordo com a vontade do narrador.
A grande inovação do romance também está na apresentação das personagens. Enquanto um livro tradicional de romance histórico exalta as façanhas das personagens reais e se esquece das secundárias, SARAMAGO inverte a lógica e cuida bem dos peões que labutaram na construção do Convento de Mafra, mas trata dos reis como caricaturas ridículas.
Entre as personagens reais estão: D. João V, rei de Portugal, apresentado como um molestador de freiras e manipulado pelo clero. D. Ana Maria Josefa, mais tarde rainha, uma mulher submissa que quer dar um herdeiro ao rei. O padre brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão, vulgo O Voador, oposto do clero com mentalidade medieval, e que morre louco. O músico italiano Domênico Scarlatti.
Já as personagens da ficção são delicadas e corajosas, e ao contrário do reis, apresentam-se como seres humanos comuns lidando com os reais problemas do cotidiano – dinheiro para comida, assistir missas para escapar dos olhos da Inquisição. Assim é Blimunda Sete-Luas, que tem o dom de, ao se manter em jejum, ver as pessoas por dentro; apaixona-se por Baltasar, com que convive maritalmente e contra os preceitos religiosos. Outra grande personagem é Baltasar Sete-Sóis, ex-soldado que perdeu a mão esquerda na guerra mas mandou fabricar um gancho que serve tanto para comer quando para matar. As outras personagens menos importantes são Inês Antônia (irmã de Baltazar), Marta Maria (mãe de Baltazar) e João Francisco (pai de Baltazar), João Elvas, Manuel Milho, José pequeno e Álvaro Diogo.
TRECHO: “D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou. Já se murmura na corte, dentro e fora do palácio, que a rainha, provavelmente, tem a madre seca, insinuação muito resguardada de orelhas e bocas delatoras e que só entre íntimos se confia. que caiba a culpa ao rei, nem pensar, primeiro porque a esterilidade não é mal dos homens, das mulheres sim, por isso são repudiadas tantas vezes, e segundo, material prova, se necessária ela fosse, porque abundam no reino bastardos da real semente e ainda agora a procissão vai na praça”.
CRÍTICA: MEMORIAL DO CONVENTO é muito bem escrito. JOSÉ SARAMAGO consegue criar uma prosa de ficção tão real que prende o leitor até a última página da obra. Ora está ele no tempo presente e ora passa sem aviso algum para o passado ou avança no futuro, mas essa técnica narrativa dá ritmo à leitura e alcança o objetivo de aproximar ficção e realidade. Ao mesclar personagens reais com outras criadas, SARAMAGO nos transporta para dentro do fato histórico, conduz-no por passeios interessantíssimos pela Portugal do século XVIII, pouco antes do terrível terremoto que devastou Lisboa. Acompanhando a saga de Baltasar Sete-sóis somos levados aos labirintos do poder real da época, constituído de soberanos fracos e imbecis, mas também conhecemos os verdadeiros heróis portugueses, que é seu povo. O clero atormenta a vida de todo mundo, obriga os reis a comer em sua mesa, ameaça o progresso do intelecto humano e volta e meia manda um popular para a fogueira. Basta apenas cismar com alguém.
SARAMAGO, José.
RESENHA DA OBRA
MEMORIAL DO CONVENTO foi publicado inicialmente no ano de 1982, e é por muitos considerado o melhor livro do autor, ao lado de O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO, A CAVERNA e O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS.
A história ocorre no período da construção do riquíssimo convento de Mafra, quando el-rei D. João V cumpre a promessa feita aos franciscanos de que, caso lhe nascesse um herdeiro, mandaria levantar a obra para a congregação. Mas a história não trata apenas desse fato, pois corre paralelo a narrativa da construção duma passarola pelo padre Bartolomeu e a do romance de Baltasar Sete-sóis e Blimunda Sete-luas.
O interessante nesta obra é que o autor não se dispôs a escrever um livro que retratasse puramente fatos históricos, mas sim mescla a ficção com a realidade e cobre tudo com o manto do fantástico, técnica argumentativa que dá ao leitor a sensação de que está dentro daquele episódio da história lusitana.
De fina ironia, satiriza o autor os usos e costumes da Igreja Católica da época, torna os membros da família real caricaturas e exalta os trabalhadores do convento, tornando-os os verdadeiros heróis da trama.
ESTRUTURA DO ROMANCE
Embora não haja nenhuma divisão dos capítulos, podemos dizer que são 25. A história se estende por 22 anos (1717-1739). O narrador é onisciente, ora está no presente com as personagens, ora avança no tempo e nos deixa entrever algum acontecimento por vir. O discurso acontece sem travessão, as falas se dão simplesmente por uma maiúscula após uma vírgula. O foco narrativo do romance é o cambiante (ou múltiplo), oscilando entre a primeira e a terceira pessoa, de acordo com a vontade do narrador.
A grande inovação do romance também está na apresentação das personagens. Enquanto um livro tradicional de romance histórico exalta as façanhas das personagens reais e se esquece das secundárias, SARAMAGO inverte a lógica e cuida bem dos peões que labutaram na construção do Convento de Mafra, mas trata dos reis como caricaturas ridículas.
Entre as personagens reais estão: D. João V, rei de Portugal, apresentado como um molestador de freiras e manipulado pelo clero. D. Ana Maria Josefa, mais tarde rainha, uma mulher submissa que quer dar um herdeiro ao rei. O padre brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão, vulgo O Voador, oposto do clero com mentalidade medieval, e que morre louco. O músico italiano Domênico Scarlatti.
Já as personagens da ficção são delicadas e corajosas, e ao contrário do reis, apresentam-se como seres humanos comuns lidando com os reais problemas do cotidiano – dinheiro para comida, assistir missas para escapar dos olhos da Inquisição. Assim é Blimunda Sete-Luas, que tem o dom de, ao se manter em jejum, ver as pessoas por dentro; apaixona-se por Baltasar, com que convive maritalmente e contra os preceitos religiosos. Outra grande personagem é Baltasar Sete-Sóis, ex-soldado que perdeu a mão esquerda na guerra mas mandou fabricar um gancho que serve tanto para comer quando para matar. As outras personagens menos importantes são Inês Antônia (irmã de Baltazar), Marta Maria (mãe de Baltazar) e João Francisco (pai de Baltazar), João Elvas, Manuel Milho, José pequeno e Álvaro Diogo.
TRECHO: “D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou. Já se murmura na corte, dentro e fora do palácio, que a rainha, provavelmente, tem a madre seca, insinuação muito resguardada de orelhas e bocas delatoras e que só entre íntimos se confia. que caiba a culpa ao rei, nem pensar, primeiro porque a esterilidade não é mal dos homens, das mulheres sim, por isso são repudiadas tantas vezes, e segundo, material prova, se necessária ela fosse, porque abundam no reino bastardos da real semente e ainda agora a procissão vai na praça”.
CRÍTICA: MEMORIAL DO CONVENTO é muito bem escrito. JOSÉ SARAMAGO consegue criar uma prosa de ficção tão real que prende o leitor até a última página da obra. Ora está ele no tempo presente e ora passa sem aviso algum para o passado ou avança no futuro, mas essa técnica narrativa dá ritmo à leitura e alcança o objetivo de aproximar ficção e realidade. Ao mesclar personagens reais com outras criadas, SARAMAGO nos transporta para dentro do fato histórico, conduz-no por passeios interessantíssimos pela Portugal do século XVIII, pouco antes do terrível terremoto que devastou Lisboa. Acompanhando a saga de Baltasar Sete-sóis somos levados aos labirintos do poder real da época, constituído de soberanos fracos e imbecis, mas também conhecemos os verdadeiros heróis portugueses, que é seu povo. O clero atormenta a vida de todo mundo, obriga os reis a comer em sua mesa, ameaça o progresso do intelecto humano e volta e meia manda um popular para a fogueira. Basta apenas cismar com alguém.
A 17 de Novembro de 1717 iniciaram-se as obras da construção do Convento de Mafra
È o mais significativo monumento do barroco em Portugal, integrando um Paço Real, uma Basílica, um Convento Franciscano e uma importante Biblioteca, síntese do saber enciclopédico do séc. XVIII.
A construção, que chegou a envolver mais de 50 mil homens, só terminou, oficialmente, em 1750, com a morte do rei,embora muitos pormenores só viessem a ser concluídos nos três reinados seguintes.
As dificuldades para manter os trabalhadores foram enormes chegando a ser tomadas medidas drásticas, para castigar os fugitivos. Os que fossem apanhados teriam de trabalhar 3 meses sem receber pagamento e se fossem reincidentes, esperava-os as galés e açoites.
Acomodaram-se nesta obra as pessoas em casas de madeira que se construíram e foram abatidas depois da obra concluída, numa área superior ao Terreiro do Paço.
Da enorme massa de trabalhadores envolvida, muito adoeceram e morreram, tendo D.João V determinado que ás famílias de cada um dos mortos de desse uma esmola de 3 mil réis, um hábito para ser amortalhado, uma cova e cinco missas por alma.
Foram realmente tempos de trabalhos forçados, muitos homens reduzidos á condição de escravos, obrigados a deixar as suas terras e famílias para trabalharem numa obra, que apenas era do gosto do rei.
Imensos problemas com demoras nos pagamento aos trabalhadores e ajustamento de trabalho com mestres de ofício, fizeram atrasar a obra que afinal não agradava a ninguém para além do próprio rei.
Os religiosos do convento também se queixavam, do sítio onde foi edificado, que nem agradava á família real, que o rei tinha dificuldade em conseguir que o acompanhassem a Mafra. Transferência de festas importantes para Mafra foi outro dos subterfúgios a que D.João V se socorreu para tentar tornar Mafra um local bem querido e importante.
Mesmo com a construção por acabar em 1733 resolveu ali festejar o seu aniversário, que habitualmente se festejava no Paço da Ribeira, o que igualmente havia acontecido no ano anterior, quando em meados de Outubro uma grande tormenta quebrou os vidros do convento, logo o rei mandou para Mafra, oficiais e vidraceiros, para que sob pena de prisão, tivessem tudo pronto na véspera do seu aniversário em 22 de Outubro, nessa altura só os camaristas o acompanharam, permanecendo os demais cortesãos em Lisboa.
Quando o rei adoeceu em 1742, Mafra ainda não estava totalmente concluído, mandando el-rei arrematar a obra por 625.000 cruzados , com um prazo de 8 anos para a sua finalização.
Em 1744 decidiu mandar comprar as quintas e casais num perímetro de 3 léguas em torno do edifício, para fazer uma cerca para os padres do convento e para mandar fazer uma tapada, para onde o príncipe D.José pudesse ir a caça, para "o ver mais vezes naquele sítio".
Parece que o príncipe herdeiro contudo, preferia caçar coelhos na real tapada de Alcântara.
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