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quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Independência de Portugal


Independência de portugal 

A 23 DE MAIO DE 1179 PORTUGAL ERA RECONHECIDO PELO PAPA ALEXANDRE III COMO REINO INDEPENDENTE

Manifestis probatum foi a bula emitida pelo Papa Alexandre III, datada de 23 Maio de 1179, que declarava o Condado Portucalense independente do Reino de Leão; e Afonso Henriques, seu rei.


D. Afonso Henriques 


A Bula diz assim:
Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo, Afonso, Ilustre Rei dos Portugueses, e a seus herdeiros, in perpetuum. Está claramente demonstrado que, como bom filho e príncipe católico, prestaste inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, exterminando intrepidamente em porfiados trabalhos e proezas militares os inimigos do nome cristão e propagando diligentemente a fé cristã, assim deixaste aos vindouros nome digno de memória e exemplo merecedor de imitação. Deve a Sé Apostólica amar com sincero afecto e procurar atender eficazmente, em suas justas súplicas, os que a Providência divina escolheu para governo e salvação do povo. Por isso, Nós, atendemos às qualidades de prudência, justiça e idoneidade de governo que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob a protecção de S. Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal com inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence, bem como todos os lugares que com o auxílio da graça celeste conquistaste das mãos dos Sarracenos e nos quais não podem reivindicar direitos os vizinhos príncipes cristãos. E para que mais te fervores em devoção e serviço ao príncipe dos apóstolos S. Pedro e à Santa Igreja de Roma, decidimos fazer a mesma concessão a teus herdeiros e, com a ajuda de Deus, prometemos defender-lha, quanto caiba em nosso apóstolico magistério.


Passam hoje 834 anos (23 de Maio de 1179) sobre a bula papal Manifestis Probatum passada pelo Papa Alexandre III pela qual reconhece Portugal como reino independente e D. Afonso Henriques como seu legítimo rei.

Abaciente " O IMPARÁVEL"


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A todos os visitantes muito obrigado.

Morreu o cantor francês Georges Moustaki



Paris, 23 mai (Lusa) - O cantor francês de origem grega Georges Moustaki, um dos reconhecidos nomes da "chanson française", morreu hoje aos 79 anos em Nice, revelou o jornal Le Monde.
Nascido em Alexandria, no Egito, filho de pais gregos, 

tinha-se retirado dos palcos em 2009, por causa de uma doença incurável nos brônquios.
O cantor e compositor, que atuou em Portugal em 2008, teve uma carreira de mais de 50 anos, inicialmente inspirada na figura de George Brassens, marcada por êxitos como "Méteque" e "Milord", interpretada por Edith Piaf.

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/morreu-o-cantor-frances-georges-moustaki=f809005#ixzz2U6bauRj9





Qual a razão de sentir e não agir?

Não percebo porque razão sentimos e não agimos.


Sinto que quase tudo nos escapa das mãos, que continuam a transformar-nos em "nada", que somos empurrados para o "vazio", que tanto pode ser um túnel quase infinito como um precipício.
Sei que a tal desigualdade, tão desejada pela meia dúzia de famílias salazarentas, saudosas do tempo em que tinham "escravos", está quase no "ponto". Talvez voltem a ter fábricas disto e daquilo, quintas a perder de vista no Alentejo, e bancos, para especularem e dominarem o país. E depois entretêm-se a espalhar "migalhas", como fizeram durante tantos anos...
Ainda ontem noticiaram que fomos um dos país europeus onde foram vendidos mais carros da chamada "gama alta".
Eu sabia que não podíamos ser bons apenas no "desemprego" e na "pobreza"...
E é por isso que pergunto: o que foi que fizeram de nós, para sentirmos e não agirmos?
Publicada por Luis Eme

Um pouco de ginástica matinal!...

Tal Grécia, tal Portugal.



Carta aberta de um estudante liceal grego
Aos meus professores... e aos outros:


O meu nome é K. M., sou aluno do último ano num liceu em Drapetsona, Pireu.


Decidi escrever este texto porque quero exprimir a minha fúria, a minha revolta pelo atrevimento e pela hipocrisia daqueles que nos governam e daqueles jornalistas e media mainstream que os ajudam a pôr em prática os seus planos ilegais e imorais em detrimento dos alunos, dos estudantes e de todos jovens.
A minha razão para escrever é a intenção dos meus professores de fazer greve durante o período dos exames de admissão à Universidade e os políticos e jornalistas que choram lágrimas de crocodilo sobre o meu futuro, o qual "estaria em causa" devido à greve.*
De que falam vocês? Que espécie de futuro tenho eu devido a vocês? E quem é que verdadeiramente pôs em causa o meu futuro?
Deitemos uma vista de olhos sobre quem, já há muito tempo, constrói o futuro e toda a nossa vida:
- Quem construiu o futuro do meu avô?
- Quem vestiu o seu futuro com as roupas velhas da administração das Nações Unidas para a ajuda de emergência e reconstrução e o obrigou a emigrar para a Alemanha?
- Quem governou mal e estripou este país?
- Quem obrigou a minha mãe a trabalhar do nascer ao pôr-de-sol por 530 euros por mês? Dinheiro que, uma vez paga a comida e as contas, nem chega para um par de sapatos, para já não falar num livro usado que eu queria comprar numa feira de rua.
- Quem reduziu a metade o ordenado do meu pai?
- Quem o caluniou, quem o ameaçou, quem o obrigou a regressar ao trabalho sob a ameaça da requisição civil, quem o ameaçou de despedimento, juntamente com todos os seus colegas dos serviços de transportes públicos quando eles, que apenas queriam viver com dignidade, entraram em greve?
- Quem procurou encerrar a universidade que o meu irmão frequenta para atingir alguns dos seus sonhos?
- Quem me deu fotocópias em vez de manuais escolares?
- Quem me deixa enregelar na minha sala de aula sem aquecimento?
- Quem carrega com a culpa de os alunos das escolas desmaiarem de fome?
- Quem lançou tanta gente no desemprego?
- Quem conduziu 4.000 pessoas ao suicídio?
- Quem manda de volta para casa os nossos avós sem cuidados médicos e sem medicamentos?
Foram os meus professores que fizeram tudo isto? Ou foram VOCÊS que fizeram tudo isto?
Vocês dizem que os meus professores vão destruir os meus sonhos fazendo greve.
Quem vos disse alguma vez que o meu sonho é ser mais um desempregado entre os 67% de jovens que estão no desemprego?
Quem vos disse que o meu sonho é trabalhar sem segurança social e sem horários regulares por 350 euros por mês, como determinam as vossas mais recentes alterações às leis laborais?
Quem vos disse que o meu sonho é emigrar por razões económicas? Quem vos disse que o meu sonho é ser moço de recados?
Gostaria de dirigir algumas palavras aos meus professores e aos professores em toda a Grécia:
Professores, vocês NÃO devem recuar um único passo no vosso compromisso para connosco. Se recuarem agora na vossa luta, então sim, estarão verdadeiramente a pôr em causa o meu futuro. Estarão a hipotecá-lo.
Qualquer recuo vosso, qualquer vitória que o governo obtenha, roubará o meu sorriso, os meus sonhos, a minha esperança numa vida melhor e em combater por uma sociedade mais humana.
Aos meus pais, aos meus colegas e à sociedade em geral tenho a dizer o seguinte:
Quereis verdadeiramente que aqueles que nos ensinam vivam na miséria?
Quereis que sejamos moldados nas salas de aulas como mercadorias de produção maciça?
Quereis que eles fechem cada vez mais escolas e construam cada vez mais prisões?
Ides deixar os nossos professores sozinhos nesta luta? É para isso que nos educais, para que recusemos a nossa solidariedade?
Quereis que os nossos professores sejam para nós um exemplo de respeito por nós próprios, de dignidade e de militância cívica? Ou preferis que nos dêem um exemplo de escravidão consentida?
Finalmente, quereis que vivamos como escravos?
De amanhã em diante, todos os alunos e pais deviam ocupar-se de apoiar os professores com uma palavra de ordem: "Avançar e derrotar a tirania fascista!"
Lutemos juntos por uma educação de qualidade, pública e livre. Lutemos juntos para derrubar aqueles que roubam o nosso riso e o riso dos vossos filhos.

PS: Menciono as minhas notas do ano lectivo 2011/12, não por vaidade mas para cortar a palavra àqueles que avançarem com o argumento ridículo de que "só quero escapar às aulas": Comportamento do aluno: "Muito Bom". Classificação média: 20 ("Excelente") [a nota mais alta nos liceus gregos].


texto original:  http://enough14.org/2013/05/19/piraus-griechenland-offener-brief-eines-gymnasiasten/

tradução de José Luís Ferreira

Além de músico e revolucionário, o Zeca foi profeta.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

EXTRACTO DO PRÓXIMO ROMANCE DE MANUEL MONTEIRO : O FALCÃO ALBANÊS

(Este romance é a continuação do: SEI ONDE MORA O HERBERTO HELDER)

EXTRACTO DO PRÓXIMO ROMANCE DE MANUEL MONTEIRO : O FALCÃO ALBANÊS


Às 6 da matina, trrrrriiiiiiiiiiiii, terrrrrrriiiiiiiiiiiiii, terrrrrrriiiiiiiiiiii. O malvado despertador foi implacável.
Laura estava habituada a madrugar desde os tempos que, aos 16 anos, entrara na fábrica de lanifícios. Gabriel é que estava treinado num horário mais retardado. Por isso lhe custou um pouco a largar o quente da cama.
-De pé, preguiçoso…
Laura puxou a roupa que cobria o companheiro, que se encontrava nu, e este saltou da cama e correu para a casa de banho.
Depois da toalete a tarefa seguinte foi carregar a carrinha de Gabriel com os sacos de livros. O café já estava aberto e eles beberam o seu cafezinho bem quente, para que o despertar fosse total.
Quando chegaram à feira da Ladra eram cerca de sete horas. A azáfama já era grande. Os feirantes descarregavam toda a espécie de tralha das suas carrinhas e apareciam os primeiros jovens com grandes sacos às costas.
Gabriel dirigiu-se a um velho feirante e perguntou-lhe onde podia instalar a banca. O velho olhou para ele, estranhando a fineza da sua imagem. Depois perguntou-lhe se tinha licença da câmara e lugar marcado.
-Licença, tenho; lugar marcado, não…
-Olhe, o melhor é falar com o fiscal, que deve estar a chegar, porque, até às nove horas, não pode ocupar nenhum lugar marcado. Sei que existem aí alguns lugares disponíveis, mas só o fiscal o pode orientar com segurança.
Gabriel referenciou o fiscal pelo colete fosforescente, de tons amarelos. A licença contemplava um espaço de quatro metros quadrados e Gabriel comprara os cavaletes e as tábuas já a contar com estas medidas.
A feirante do lado refilou, num aviso:
-Eh, nada de instalar a banca para cá do risco branco.
Os leões marcam o seu território mijando, os humanos lançam avisos sonoros. Cada um utiliza as armas que pode.
Laura, com o seu faro de sobrevivência, observou os vizinhos mais chegados. De um lado a velhota com toda a espécie de velharias, estendidas sobre um plástico, no chão. Fôra ela que lançara o aviso sobre os limites do território. Do outro lado estava um jovem com uma tenda que comercializava sacos e malas de senhora.
Depois de montar a banca Gabriel foi arrumar a carrinha. Antes de partir disse a Laura:
-Bom, ainda não está tudo como deve ser, mas vamos aprendendo com a experiência. Vou arrumar a carrinha; se vier alguém para comprar já sabes, o preço está marcado na primeira página e tu procedes como o combinado: se não houver contestação ao preço vendes pela quantia indicada; se houver podes baixar, regra geral, um euro. Entendido, senhora alfarrabista?
Laura sorriu, agradecida por tanta generosidade. Deu um beijo nos lábios do Gabriel. A velha do lado resmungou, entre dentes:
-Já? Estou a ver que vamos ter aqui espectáculo…
Gabriel sorriu ao ouvir o comentário da velha. Laura olhou para ela friamente.
Quando Gabriel regressou de arrumar a carrinha encontrou Laura acabrunhada. Pensou que se tivesse pegado com a velha resmungona. Mas o motivo era outro.
-Vês, Gabriel, eu não te disse que isto não era para mim?
-Mas o que se passou, mulher?
-O que se passou foi que um homenzinho me perguntou se eu tinha o romance a Rosa do Adro. E eu sei lá o que é tal coisa.
A velha do lado, sempre com os radares para os novatos, pensou em voz alta:
-Ai, isto promete, promete…
Laura não se conteve:
-Promete eu dar-lhe com um livro nas trombas, não demora nada!
O jovem das malas para senhora deu uma sonora gargalhada e exclamou:
-E só se perdem as porradas que não acertarem na velha!
-Velha é a vaca da tua mãe, ó drogado…
Levantou-se ali um burburinho dos diabos. Gabriel ficou quase paralisado no meio daquela algazarra toda. O jovem virou-se para ele e disse:
-Não se preocupe, amigo. Isto faz parte da animação da feira. E serve para despertarmos.
O acontecimento fez bem a Laura. Arrancou-a àquela fixação de que não era capaz de desempenhar a sua função de vendedora de livros.
Gabriel aproveitou a calma que se instalou depois da berraria e disse a Laura:
-Querida, não faças de cada dificuldade uma tragédia. Não vês como esta gente enfrenta a vida? Aplica a característica que mais marca os portugueses; o desenrascanço. Foi com ele que nós demos novos mundos ao mundo.
-Mas ainda não me explicaste essa do romance A Rosa do Adro. Ou também nada sabes desse livro, se é que tal livro existe…
-Querida amiga, eu não sei tudo. Não há ninguém, por mais sábio que seja, que tudo saiba. Mas, por acaso, eu conheço a obra em questão. E aqui para nós que ninguém nos ouve: esse livro é um dramalhão de faca e alguidar, mas é já um clássico da literatura portuguesa, com milhares de livros publicados em sucessivas edições e ainda hoje muito procurado, como pudeste constatar. Foi escrito no século XIX por um operário tipógrafo, no tempo em que os operários escreviam, chamado Manuel Rodrigues. Este romance deu origem a um filme, mudo, com o mesmo título.
-Oh, merda, como queres que eu saiba isso tudo?
-Ó santinha, não é necessário,saber isto tudo. Só tens que responder ao cliente se tens ou não tens.
-E como sei eu que o tenho ou não?
-Não tens olhos? Se estivesses numa livraria também ias à prateleira ver se lá estava ou não.Aqui estendes os olhos pela banca, que não é muito extensa, e logo vês se o tens ou não. Com o tempo, vais fixando as obras que tens para venda, pois que todos os dias de feira esses livros te passam pela mão, ao montares e desmontares a banca.
-Para ti é tudo fácil, Gabriel.
-Como para ti era fácil manobrar a máquina de costura, na fábrica onde trabalhavas. Mas tiveste que praticar, não? Então, minha amiga, faça o que sempre fez: aprenda e pratique.
-Bem, de tudo isto algo aprendi. Sei o que é a Rosa do Adro e isso já não esquecerei…
-Bravo, bravo, Laura! Assim é que é…
-Já estou a ver que o circo veio para ficar – refilou do lado a velha, mas também ela muito interessada em ouvir falar sobre a Rosa do Adro, romance de que já ouvira falar.
Aprendendo com os erros, Gabriel refreava o seu entusiasmo por estar a lidar com matéria que tanto prazer lhe dava, os livros, e por os utilizar para elevar a consciência da mulher que amava.
Sabia agora que não podia forçar nem queimar etapas. A experiência com o livro A Rosa do Adro deu-lhe a pista certa para lidar com a situação. Laura teria que aprender pela prática, lentamente. A teoria, o domínio dos livros, o título da obra e o nome do autor, iriam sendo assimilados à medida que ela os fosse vendendo.
Gabriel aplicou no espaço da venda de livros ao ar livre o que viu nas imensas livrarias que frequentava: deixava os leitores percorrerem a banca e folhear os livros sem intervir. E só o fazia quando era solicitado para isso. Laura observava tudo e seguia o exemplo do companheiro.
-Laura, uma coisa podes fazer, já que temos tanto tempo livre: todos os livros, sobretudo os romances, têm um resumo, quase sempre na contra-capa, do assunto tratado no enredo. E trazem também a biografia do autor. Então tu podes ir conhecendo os autores e um resumo da obra, consultando os livros expostos.
E para exemplificar pediu à Laura para agarrar num dos livros da frente da banca. Laura agarrou naquele que mais próximo da sua mão se encontrava. Quando Gabriel viu o livro que Laura escolhera, exclamou:
-Isto hoje é só para a desgraça! Foste logo escolher um livro fácil como o caraças: a Náusea, do Sartre…
-A quê do quê?
-Bela charada que fizeste com essa pergunta, rapariga…Mas coloca lá esse livro. Isso era como pôr um estudante de medicina do primeiro ano a fazer uma operação complicada a um doente.
Gabriel foi ele próprio buscar um livro.
-Aqui está um que deves conhecer e ao seu autor: Cem Anos de Solidão,Gabriel Garcia Marquez.
-Ah,é por ter o teu nome? Mas o título é bem bonito…Cem Anos de Solidão…
Naquele dia Laura consultou três livros e fixou o seu resumo e a biografia dos autores: o já referido Garcia Marquez e o Cem Dias de Solidão; Manuel da Fonseca e o romance Cerromaior; Jorge Amado e os Capitães da Areia.
Como ia embalada, queria avançar para mais autores. Gabriel refreou-lhe o ímpeto:
-Não, vai com calma. Vinho bom bebido em excesso arruína o organismo. Consolida bem o que estudas-te, se for necessário volta de novo aos livros já consultados, mas não carregues de mais o cérebro. Um passo de cada vez.
O dia estava cheio de sol e movimento. Apesar da crise as pessoas, embora uma minoria, sentia a necessidade de ler os seus autores preferidos. Livros que estavam nas livrarias a 15 euros ali eram vendidos, em bom estado, alguns quase novos, a cinco e seis euros.

Gabriel era um exímio vendedor porque dominava quase todos os livros em exposição. Ele não se limitava a falar na obra que o possível cliente tinha na mão. Aconselhava outras obras, e o leitor, que só pensava comprar um, por influência da argumentação de Gabriel, levava dois ou três livros.
Havia clientes, sobretudo mulheres, para quem não era necessário grande, ou nenhuma, argumentação. As leitoras do Paulo Coelho, da Danielle Sttil, do Nicholas Sparkes, da Margarida Rebelo Pinto e outros autores da chamada literatura ligt sabiam, quase todas, a obra completa dos seus escritores favoritos e compravam, sem grande regateio, as obras que lhe interessavam.
Quando ao fim do dia começaram a arrumar a banca, verificaram que os livros arranjados pelo Silvério tinham sido os mais vendidos.
-Gabriel, o Silvério tinha razão: os livros dele foram os que mais se venderam…mas não lhe vamos dizer senão não há quem o cale.
E os dois riram com gosto. E com mais gosto riu Laura quando Gabriel contou os euros que fizeram com a venda dos livros: 136 euros!
-Porra, muito mais do que andasse a limpar casas.
-Calma, isto não é tudo lucro: tens que contar com as licenças, o gasóleo e quando tiveres que comprar livros para vender a margem de lucro será menor. E não esqueças as despesas com a carrinha, que agora correm por minha conta.
-Mesmo assim, querido Gabriel, é muito bom. E estou a gostar muito.
Estavam os dois felizes.
Laura aproxima-se de Gabriel e diz-lhe ao ouvido, baixinho, para que a cusca da velha do lado não ouvisse:
-Para comemorar, logo dás-me uma foda à canzana.
A velha, apesar do seu ouvido de tísica, não conseguiu ouvir a frase obscena. Gabriel é que estragou tudo porque, com o entusiasmo, disse alto:
-Ah, se tiver tesão dou…
A velha viu confirmada a sua suspeita da depravação do casal:
-Nojentos!
O rapaz das malas para senhora, que adorava libertinagens, e muito mais de por a velha em brasa, gritou:
-Ah velha do caralho, o que tu tens é inveja de não poderes tirar as teias de aranha da cona. Ou pensas que eu não sei que tu eras uma fodilhona de marca?
A velha atirou-lhe com um galo de Barcelos que se escaqueirou ao embater na estrutura de metal da tenda do rapaz. Ele ria-se, ria-se que nem um perdido, enquanto dava mais uma chupadela no charro.

Manuel Monteiro

terça-feira, 21 de maio de 2013

Miguel Gameiro - Dá-me um abraço (com letra)




ESTES SÃO OS GRANDES CULPADOS DA SITUAÇÃO A QUE O PAÍS CHEGOU.



QUE CONSELHOS PODEM DAR SE ESTES SÃO OS CULPADOS DA SITUAÇÃO EM QUE VIVEMOS?

Campeões 2012/13 da corrupção


Campeões 2012/13 da corrupção por HugoGill

Como não deve ouvir alguém do governo!

Imagens impressionantes mostram tornado gigante atingindo Oklahoma, nos EUA






segunda-feira, 20 de maio de 2013

Touro de raça galega que continua à solta passou entre o jogador do Paços e o do Porto



O árbitro que apitou este domingo o jogo entre o Paços de Ferreira e o Futebol Clube do Porto viu uma falta de um jogador do Paços sobre um jogador do Porto que deu origem a um penálti, mas na verdade os jogadores não só não se tocaram, como inclusivamente o touro de raça galega que fugiu de Viana passou entre os dois atletas naquele momento.
No entanto, ninguém no estádio viu o bicho. Mesmo o árbitro, que acabou por ser colhido, afirmou depois que tinha caído sozinho.

domingo, 19 de maio de 2013

Extrato do romance "O QUE EU ANDEI PARA AQUI CHEGAR" de Manuel Monteiro



Maria a minha impetuosa namorada nunca saiu do meu pensamento e do meu desgosto. Um dia disse-me:
– Não posso ir mais ao palheiro contigo. O meu pai quer que namore com o filho do morgado.
O pai de Maria era o regedor e queria casar a filha bem.
– Avó, fale com a Maria! Não deixe que ela se case com o filho do morgado!
– Meu pobre Pardalito: aí está uma coisa que não posso fazer. Somos pobres e a Maria, embora goste de ti, tem que obedecer ao pai.
Nem para o casamento fomos convidados. A avó foi quase às escondidas até ao largo da igreja para ver a Maria toda vestida de branco. Eu fugi para o rio. Tentei provocar um latagão que andava a guardar as vacas num lameiro próximo, mas ele, como se dava bem comigo, não ligou às minhas provocações verbais. Então, espantei-lhe as vacas e ele teve que correr montes e vales para as trazer de volta. Chegou ao pé de mim, deu-me um murro e afastou-se. Corri atrás dele, saltei-lhe para as costas, esmurrei-o na nuca, enquanto lhe chamava filho da puta. O calmeirão achou que já era provocação a mais. Deu-me tanta pancada que eu gritei que nem um desalmado. Mas aquela porrada atenuava a dor que eu sentia por ter perdido para sempre a Maria.
Quando a avó ouviu os meus gritos, foi ao meu encontro:
– Quem te fez isto?
– Fui eu próprio...
A avó entendeu tudo. Abraçou-me e chorou comigo.
Decidi abandonar de vez a aldeia. No dia anterior à partida fui, à noitinha, até à fonte onde as raparigas enchiam os cântaros de água para as lides domésticas. Ajudei algumas delas a colocarem o cântaro à cabeça. Quando chegou a vez da Maria, disse-me baixinho:
– Logo, por volta das onze horas, no palheiro...
Cheguei a casa, lavei-me e perfumei-me. A avó percebeu tudo, mas só me disse:
– Cuidado...
Cheguei mais cedo ao palheiro e deitei-me no mesmo sítio onde sempre me deitara com a Maria. Deram as onze e meia na sé de Vila Real e da Maria nada. Até que um vulto caiu sobre mim. Ah, aquele cheiro de fêmea impetuosa, aquele corpo que eu conhecia até ao mínimo pormenor...ali estava ao alcance do meu desejo!
– Só agora me pude despachar – disse ofegante. – E temos pouco tempo.
Tirou o vestido e por baixo não trazia mais nada. E ali estava a minha amada, nua, esplendorosamente nua. Deitou-se na palha e puxou-me para si. Eu também já me tinha despido.
– Fode-me! Fode-me toda!
Para além da habitual impetuosidade, eu sentia na Maria uma raiva e até um desespero que me retraiu um pouco. Ela não esteve com muitas cerimónias: agarrou no meu sexo e levou-o para dentro de si.
Depois de me sentir dentro daquele vulcão esqueci-me de tudo e procurei usufruir daquele momento, porque sentia que seria o último. Foi a própria Maria que o disse:
– Nunca mais nos encontraremos. Só espero que a tua semente germine em mim.
Não percebi o sentido daquela última frase, mas também não tive muito tempo para matutar nela. No fim, Maria beijou-me com toda a doçura:
– Adeus, meu amor...
Eu não disse nada. Absorvi apenas as suas lágrimas. Não lhe disse adeus. Não se diz adeus ao primeiro amor...
(Extrato do romance O QUE EU ANDEI PARA AQUI CHEGAR)

Manuel Monteiro
Manuel Monteiro

O romance abarca três momentos fundamentais na vida de um homem: a sua infância em Trás-os-Montes, a participação na guerra colonial e a sua acção militante na revolução de 25 de Abril de 1974. Ao sentir a morte aproximar-se, decide recordar o seu passado e, sobretudo, o período exaltante da sua vida, que vai desde o nascimento numa remota aldeia transmontana até ao final da revolução. O romance não segue uma ordem cronológica. Vão sendo entrelaçados os acontecimentos da vivência na aldeia, da violência da guerra colonial, da exaltação dos momentos únicos da revolução.


QUE GRANDE LIÇÃO DE MORAL!...

BANIF - Onde é que já vimos isto?



Banqueiros e Governo dizem que o Banif não é o novo BPN. Mas as semelhanças estão à vista: o banco foi sempre um instrumento para financiar o PSD/Madeira, enquanto acolhia ex-governantes do PSD, mas também do PS. Veja aqui as ligações entre políticos e o banco que acaba de ser salvo com o dinheiro dos contribuintes.

Santuário dos Remédios - Lamego



Amor de mãe!