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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Tauromaquia marcou o final do Benfica-FC Porto

António Borges Coelho, nasceu a 7 de Outubro de 1928



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ANTÓNIO BORGES COELHO (n. 1928)
Nasceu em Murça (Vila Real), a 7 de Outubro de 1928. O seu percurso de vida caracterizou-se, até hoje, por uma intensa actividade política e académica. Antes da vida de académico que actualmente o torna conhecido, teve uma vida de total entrega à luta contra o salazarismo. António Borges Coelho, o historiador com grande prestígio, o antifascista que não abdica do investimento pessoal na preservação da memória da Ditadura, é o professor de quem os alunos ficaram amigos, é o amigo que se admira pelas qualidades raras de coerência de princípios, pela simplicidade e humildade. É um cidadão com uma vida exemplar, que diz de si mesmo:
«Nós vivemos errando, a nossa identidade é forjada pela memória/Sinto-me bem com a minha consciência/ É difícil meterem-me numa forma, política ou não política/ É preciso dizer não para que a água da vida corra limpa/ Viver é uma maravilha, mesmo havendo dias cinzentos»
Foi preso em 1957, como militante e funcionário do Partido Comunista Português na clandestinidade. Saiu da cadeia de Peniche (onde casou com Isaura Borges Coelho) em 1962. Dois anos depois chega às livrarias a primeira grande obra deste historiador: «Raízes da expansão portuguesa». Segue-se «A Revolução de 1383».
Homem com uma vida repleta de experiências e diversas obras de vulto na historiografia nacional, Borges Coelho marcou na docência diversas gerações de alunos.
1. Licenciado em Histórico-filosóficas (1967), é hoje um dos historiadores portugueses mais prestigiados. Catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, participou em numerosos júris de provas de mestrado, de doutoramento e de agregação e orientou inúmeras teses de mestrado e de doutoramento.
Autor de uma vasta e riquíssima bibliografia (em que se incluem também a poesia, o teatro e a ficção), participou em diversos congressos e reuniões científicas, nomeadamente em Espanha e no Brasil. Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e recebeu o Prémio da Fundação Internacional Racionalista. Deu a sua “Última Lição” em 1998, mas continua a dedicar-se com o mesmo entusiasmo à investigação e à divulgação daquilo que não é possível dissociar do seu nome: a História. Nos anos mais recentes, vem publicando uma "História de Portugal": I Donde Viemos; II Portugal Medievo; III Largada das Naus; IV Na Esfera do Mundo; V Os Filipes; VI Da Restauração ao Ouro do Brasil (2017). [ ver obras abaixo]
«Combinação do homem de pensamento com o homem de acção/ Todos o respeitam e respeita todos/ Por onde passa deixa uma chama de Liberdade/ Em História, vai buscar sectores sociais que habitualmente não apareciam, traz a arraia-miúda para a primeira linha da História/ No discurso historiográfico não segue os cânones, persegue o rigor e o prazer da palavra» – dizem alguns colegas e amigos, que enaltecem a sua brilhantíssima inteligência, o grande carácter, a invulgar coerência no seu percurso cívico e político, a grande humildade e a sua afabilidade. Falam do cidadão profundamente livre, da sua coragem e civismo. Admiram-no por, nos seus 80 e alguns anos, não abandonar um mundo de utopia. « Um catedrático verdadeiramente modelar, um homem com uma dimensão humana única, extraordinária/ um humanista no sentido menos abstracto do termo, em contínua luta pelos direitos humanos, sem esmorecimentos, sem amargura, sem desespero» - referem outros.
2. Borges Coelho, em criança, quis ser pastor, guardar cabras da casa da família, o que fazia quando regressava da escola. Marcado pelo sofrimento que via à sua volta e por livros que o fascinaram, - Crónica de D. João I de Fernão Lopes (Insurreição de Lisboa) - escolheu ser padre franciscano e ninguém o demoveu de seguir esse caminho. Entrou para o seminário. Em 1945, no fim do 5º ano, aluno de excelente classificações, muito atraído pela escrita, escreve uma História da Literatura Grega e poemas. Dá-se conta de que aquele mundo não era o seu e tenta fugir, o que determina a sua expulsão do seminário. Essa experiência marca-o muito, pela opressão vivida. A recusa do mal que ali se sentia revolta-o e «contribuiu para a sua insubmissão, qualquer insubmissão política ou não política»
Nos finais dos anos 40 vai para Lisboa, inscreve-se na faculdade, mas influenciado pelo ambiente social de miséria, por leituras e por colegas do MUD Juvenil, sai da faculdade logo no 2º ano, para se dedicar exclusivamente à política. Surge como poeta de grande impacto entre a juventude.Entra para funcionário do MUD Juvenil e, depois, do PCP. Passa fome, vive em condições muito precárias, mantém a ambição literária e da escrita, mas dá prioridade à luta. Anos depois, em 1956, quando chega a dirigente do PCP, é preso, condenado em Tribunal Plenário e fica 6 anos na cadeia, dos quais 6 meses no isolamento. Escreve então um poema à namorada, que é decorado e recitado em todas as festas de jovens antifascistas: «Até logo». A meio da pena, casou-se no Forte de Peniche com a namorada Isaura (até hoje sua grande companheira) - que havendo sido presa em 1953, e ficado vários anos na prisão de Caxias, não tinha autorização para o visitar ou escrever. Um casamento em que esteve separado por um vidro de todos os amigos presentes na “festa” que durou uma hora. Na sequência da fuga de Peniche, em 1960, (fuga em que opta por não entrar porque já decidira vir a retomar a investigação), é castigado e enviado para o Aljube e, então, submetido à tortura de «estátua». Fica numa cela (“curro”) durante 6 meses, em tal solidão (“vivendo apenas com a (sua) memória”) que chega a desejar ir a interrogatório para quebrar o isolamento. Mas, sempre firme no seu comportamento, nunca prestou quaisquer declarações. Regressa a Peniche, onde começa o seu trabalho de escrita como historiador, apesar de um regime apertado de proibições. Libertado, não volta à clandestinidade, decidindo terminar a licenciatura, sem nunca se afastar da luta.
Ouvi-lo é receber uma lição de vida. «Nós vivemos errando, a nossa identidade é forjada pela memória/Sinto-me bem com a minha consciência/ É difícil meterem-me numa forma, política ou não política/ É preciso dizer não para que a água da vida corra limpa/ Viver é uma maravilha, mesmo havendo dias cinzentos»
Afirma que tem paixão pela História, pela Filosofia e pela escrita, mas que a sua vida foi marcada pela História. É sócio fundador do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM). Em 2014, discursou em nome do NAM na sessão de Homenagem aos Advogados dos presos políticos do regime fascista, que foi promovida por esse Movimento na Assembleia da República.
3. Numa homenagem a A. Borges Coelho, em Mértola, em 2007, o historiador José Mattoso fez um discurso que não podia retratá-lo melhor, no seu percurso de vida:
«No princípio da sua vida adulta arriscou a vida e a liberdade lutando contra a ditadura salazarista. Não virou a cara às agressões da tortura, da humilhação, da violência física e da prisão.
Por isso pôde falar, ainda há poucos meses, em nome das vítimas do tribunal da Boa Hora da época salazarista, «gravemente ofendidas na sua dignidade e no seu próprio corpo», e dizer que é preciso avivar a memória e lembrar as «mulheres e homens que nada tinham senão o corpo e a mente, e indicavam, com o seu sacrifício, que há momentos em que é preciso dizer não para que a água da vida corra limpa». Desprezou o cerco das ameaças, da marginalização e da vigilância da PIDE, viveu do seu trabalho como jornalista, e, sem bolsas, sem ajuda de ninguém, fez o seu curso de Histórico-Filosóficas.
Pedimos-lhe, enfim, professor Borges Coelho, que aceite esta homenagem por ter alcançado o mais alto lugar na hierarquia universitária, e por ter, como mestre, orientado, ajudado e encorajado muitos alunos e discípulos a desenvolver as suas capacidades. E ainda que a aceite por não ter esquecido os seus compromissos e o seu respeito pela cultura popular, por ter demonstrado sempre, na vida pública, uma atitude de clara e inteira responsabilidade cívica.
Prestamos-lhe, portanto, uma homenagem. No sentido que a palavra tem actualmente, a homenagem representa o reconhecimento público do mérito de alguém. Os méritos não faltam, na verdade, ao professor Borges Coelho. Enunciei aqueles que parecem mais verdadeiros e mais relevantes a quem se reuniu aqui nesta sala, para nela participar. Reconhecemo-los e proclamamo-los em alta voz, para que aquele a quem se dirigem tenha a certeza de que mereceu a pena enfrentar riscos e humilhações que só lhe fortaleceram a dignidade, mereceu a pena consagrar longas horas à investigação e à docência, mereceu a pena cultivar a força transfiguradora e simbólica da palavra poética e dramática. E, reciprocamente, para que, tendo recolhido os dons que ele com tanta generosidade espalhou no seu caminho, tomemos consciência do que dele recebemos, para medirmos a responsabilidade que da nossa parte devemos assumir, para proteger, cultivar e fazer frutificar a semente que com a sua vida lançou à terra.
O que neste momento fazemos tem alguma coisa de ritual de passagem. A luta, o trabalho e a acção criativa do professor Borges Coelho foram-se desenrolando ao longo de muitos anos. Eu, como menos cinco do que ele, sinto-me já, também, na fase dos balanços e da passagem de testemunho. Dou graças à vida (e creio que ele também), por me ter proporcionado alguns sucessos. Um daqueles que me é mais grato, e creio que a ele também, é o de perceber, em ocasiões como esta, que os nossos valores devem ser entregues a outras mãos, e que quem os percebe e recebe deve, por sua vez, transmiti-los a outros que deles façam semente de vida, de dignidade, de alegria e de liberdade. As palavras de agora destinam-se a conferir a este ritual a intensidade possível, para que ele fique gravado no nosso coração e na nossa memória e sirva de penhor a quem o guarda em si, para escolher, sem medo, o lugar justo nos combates de amanhã.
É neste sentido de ritual de passagem que estamos aqui para lhe prestar homenagem. Ocorre-me lembrar que a palavra, no seu sentido original, significava a cerimónia por meio da qual os cavaleiros se tornavam «homens» de um senhor, ou seja, seus vassalos. Reconheciam a sua condição e prometiam fidelidade. Apesar de esta comparação parecer incompatível com a acepção anterior, creio que afinal serve para reforçar o que com ela queria dizer. Não queremos, evidentemente, ser os vassalos de ninguém. Mas queremos, sem dúvida, ser solidários com o professor Borges Coelho, seguir os seus exemplos, lutar pelos mesmos valores, prolongar a sua obra. Ora ela contrasta de tal modo com os procedimentos que no nosso tempo se impuseram na vida profissional, na política, na vida pública e na educação, que só podemos imaginar uma atitude de combate para quem se sente do mesmo lado que ele. Não somos seus vassalos, nem seus cavaleiros, mas somos da sua família. Prestamos-lhe esta homenagem para afirmar isso mesmo.
Se comecei por enumerar as suas qualidades não foi para fazer o elogio que, na verdade, merece. Foi para dizer que esta cerimónia representa, da nossa parte, um compromisso: o de não nos conformarmos com as injustiças da sociedade em que vivemos, nem com a mediocridade que tantas vezes é garantia de sucesso, nem com as promessas de vantagens que corrompem e escravizam. Para dizer que representa, sobretudo, o compromisso de não ceder ao medo com que o frenesim da acumulação capitalista nos ameaça, ao projectar por todo o lado, não só nas empresas, mas também no sector público, nas escolas, na comunicação social, e até no mundo das artes, o fantasma asfixiante do medo – o medo dos despedimentos, o medo do desemprego, o medo da denúncia, o medo de ser diferente.
Queremos agradecer ao professor Borges Coelho ter-nos mostrado o caminho certo, seja o do combate frontal como o que ele travou na sua juventude, seja o da conquista de uma posição a partir da qual possamos fazer ouvir a nossa voz, como ele fez também, subindo, pela sua competência científica e a sua autoridade moral, ao topo da carreira universitária.
Queremos agradecer-lhe ter tido a coragem de, com risco da própria vida, militar no combate revolucionário de assim contribuir para eliminar um regime opressor e injusto.
Queremos agradecer-lhe ter feito da História uma demonstração de que o destino de Humanidade se decide de muitas e variadas formas, mas sobretudo no campo da luta de classes. Por isso estudou os vestígios concretos da cultura árabe entre nós, e demonstrou que a cultura nacional, longe de ter destruído os seus vestígios, os tinha incorporado sob a forma de técnicas de produção e trabalho próprios das classes trabalhadoras, e que elas representam a resistência popular à dominação aristocrática e burguesa. Por isso disse algures que «a luta social só perde o canto das armas nos braços que empurram a prensa, nos pés que calcam as uvas antes do mosto, nos troncos curvados ceifando as espigas».
Queremos agradecer-lhe ter demonstrado a falsidade da representação da história portuguesa como uma secular cruzada contra o Islão, e ter denunciado a iniquidade dos processos usados pelas instituições eclesiásticas que invocavam a fé para espalhar a destruição e a morte. Foi o que ele exprimiu quando perguntou: «Nas pinturas do Apocalipse de Lorvão, é a espada ou a cruz que corta as cabeças? Símbolo humano de redenção e sacrifício, a cruz virou espada que retalha e sacrifica, que abre os braços e logo crava o ferro». Por isso estudou a Inquisição de Évora, que, em nome da mesma cruz, esmagava o pensamento, espalhava o terror e a delação, e impedia o desenvolvimento cultural e económico.
Queremos, enfim, agradecer-lhe por não ter deixado que as marcas da repressão e tortura de que foi vítima, em vez de se traduzirem em ódio, antes desabrochassem em celebração da vida pela palavra poética, pela amizade do convívio, pela ironia bem humorada, pela disponibilidade e o optimismo. Às vezes, como dizia em nome do movimento Não apaguem a memória!, «é preciso dizer não para que a água da vida corra limpa». Outras vezes, porém, como esta em que estamos aqui e agora, ao celebrar, com toda a alegria e com todo o afecto, este ritual de passagem, queremos dizer «sim», para que a mesma água da vida continue a correr limpa, ainda para além da morte.»


Obras:

Roseira Verde (1962)
Raízes da Expansão Portuguesa (1964)
O 25 de Abril e o Problema da Independência Portuguesa
A Revolução de 1383 (1965)
Ponte Submersa (1969)
Portugal na Espanha Árabe (1972-1975)
Comunas ou Concelhos? (1973)
Fortaleza (1974)
No Mar Oceano (1981)
Questionar a História (1983)
A Inquisição em Évora (1987)
Os Nomes das Ruas (1993)
Ao Rés da Terra (poesia) (2002)
História de Portugal I - Donde Viemos (2010)
História de Portugal II - Portugal Medievo (2010)
História de Portugal III - Largada das Naus (2011)
História de Portugal IV - Na Esfera do Mundo (2013)
História de Portugal V - Os Filipes (2015)
História de Portugal VI - Da Restauração ao Ouro do Brasil (2017)
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Biografia da autoria de Helena Pato

Juan Domingo Perón, militar e político argentino, nasceu a 8 de Outubro de 1895

José Rodrigues Maio, salva-vidas e pescador português, nasceu a 8 de Outubro de 1817

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José Rodrigues Maio, filho do pescador António Rodrigues Maio e de Ana Rosa Margarida, nasceu na Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim, a 8 de Outubro de 1817. Sessenta e sete anos mais tarde, a 13 de Novembro de 1884, pelas 10 horas da manhã, falecia serenamente rodeado pela família na sua casa, n.º 207, na Rua da Areia (hoje 31 de Janeiro), a cujo último troço (da Igreja da Lapa até ao limite sul do concelho) se chamava, na gíria popular, de Poça da Barca, por analogia com a área de Vila do Conde que se seguia.
A confusão com esse topónimo deu origem a muitas imprecisões sobre a naturalidade do heróico pescador poveiro, induzindo mesmo alguns etnógrafos e historiadores menos criteriosos a erros grosseiros.
Pescador sardinheiro, filho de pescadores, a viver em frente ao mar, observando e dialogando com ele o dia inteiro, José Rodrigues Maio, o “Tio Maio”, como era carinhosamente tratado na comunidade piscatória, conhecia-o como “a palma das suas mãos”. Um mar calmo e bonançoso e, ao mesmo tempo, perigoso e traiçoeiro para as frágeis embarcações de vela e remos que demandavam a praia da Póvoa.
Recordemos que no tempo do “Cego do Maio” não havia porto de abrigo nem embarcações salva-vidas. Tudo o que de trágico acontecesse no mar, o pescador só podia contar com a “Providência Divina” ou a solidariedade dos seus camaradas de classe. Barco em perigo estava entregue ao destino.
José Rodrigues Maio sabia isso. Testemunha de um sem-número de naufrágios, sentia a insegurança do homem do mar como ninguém. Profundamente humano, devoto fervoroso de Nossa Senhora da Assunção, confiando na sua destreza e destemor, ele era o primeiro a saltar para a água tentando salvar vidas em perigo. Para aquele pescador raçudo e possante, o salvamento era cumprimento de dever.
Quando via ou previa algum naufrágio, indiferente ao estado do mar ou do tempo, “Cego do Maio”, acompanhado dos seus filhos Manuel e Francisco, atirava a sua pequena catraia mar dentro, perante o olhar atónito dos seus camaradas e gritos de dor dos familiares. Salvar os náufragos era a sua “cegueira”. Uma aventura que mais nenhum da sua classe se atrevia já que o “mar cão” era prenúncio de morte certa.
Na sua pequena catraia, o tio Maio, arriscando a sua vida e de seus filhos (que sempre o acompanharam), salvou cerca de 100 vidas. Salvamentos só pelo prazer de ser útil, desprezando agradecimentos e honrarias.
Há quem diga que a alcunha “Cego do Maio” está ligada a esse desprezo pela vida, a essa cegueira de ajudar o próximo, atirando-se “às cegas” pelo mar dentro. Há quem defenda, porém, que José Rodrigues Maio teria uma belida num olho, as pálpebras de um olho um pouco descidas, daí a alcunha popular.
Os seus feitos, a quem ele respondia com um encolher de ombros, com uma humildade cativante, enchiam páginas das selectas das escolas (Livros de Leitura para a Instrução Primária), como dos jornais do Porto e de Lisboa.
Pela sua bravura, Pereira Azurar, presidente da Câmara e seu grande amigo pessoal, em 14 de Maio de 1881, nomeia-o patrão do primeiro salva-vidas poveiro. Foi a maior honraria que poderiam ter dado ao heróico homem do mar. [...]
A Câmara da Póvoa de Varzim, na sua sessão de 17 de Novembro de 1884, lançou um voto de pesar pela perda do “Cego do Maio”, chamando-lhe “o maior amigo desta terra, incontestavelmente um dos mais honrados e prestimosos dos seus filhos, não deixando substituto que possa atingir à sua gigantesca altura”.
Na altura a Câmara de Esposende associou-se ao luto da Póvoa “pela perda irreparável do Benemérito da humanidade”.

O Movimento de Unidade Democrática (MUD), foi formado após o final da II Guerra Mundial, em Lisboa, no Centro Republicano Almirante Reis, em 8 de Outubro de 1945

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A vitória aliada na Europa (Maio de 1945 - 2ª Guerra Mundial) foi pretexto para manifestações pro-democráticas e pro-socialistas em todo o País. Sobretudo para os opositores ao Regime, o triunfo das democracias teria como resultado drásticas mudanças adentro do "Estado Novo", senão mesmo o retorno às antigas instituições parlamentares, convicção que se arreigou nas principais cidades, gerando uma vasta corrente de opinião pública que punha em xeque as realizações de Salazar e a sua permanência no poder. A Grã-Bretanha e os EUA parecem ter pressionado Salazar nesse sentido, e, com efeito, em 1945, a Assembleia Nacional era dissolvida, anunciando o Governo eleições livres para Novembro, com a possibilidade de participação de outros grupos políticos, o que suscitou grande agitação em todo o País. Dezenas de milhar de pessoas aderiram ao recém-criado M.U.D., espécie de Frente Popular contra o Estado Novo. Durante a campanha eleitoral, a censura à imprensa foi grandemente aliviada, o que revelou descontentamento generalizado a várias camadas da população e um desejo de modificações revolucionárias nas estruturas.
Mas a Oposição depressa se deu conta de que a liberdade concedida não permitia ir muito além das declarações na imprensa, e nem ela própria se sentiu suficientemente organizada para lutar contra um regime tão solidamente construído : os antigos partidos haviam praticamente desaparecido (à excepção do PC, na clandestinidade), a Maçonaria fora extinta...Quando Salazar recusou o pedido de adiamento da Oposição, esta acabou por abster-se de participar, e todos os candidatos da União Nacional foram eleitos sem contestação, como antes. Seguiu-se ainda uma vasta perseguição aos aderentes ao M.U.D., com prisões, demissões de cargos públicos, e vigilância militar apertada (através da Polícia Internacional de Defesa do Estado - P.I.D.E.).
Por outro lado, isto ainda veio fortalecer a Oposição., que passou a constituir um verdadeiro pesadelo para o regime : revolta militar do Norte (1946), inúmeras conspirações e tentativas de revolta (como a de 1947, com o possível apoio do próprio Carmona, cansado da Ditadura opressiva de Salazar), que se revelavam sobretudo por altura das eleições legislativas de quatro em quatro anos, ou nos períodos de escolha do chefe de Estado, onde a liberdade de voto não era garantida, nem se alargava o recenseamento, acabando os candidatos oposicionistas (que a ditadura deixava existir para convencer as nações estrangeiras de que a situação política nada tinha de fascista, e contava com o apoio popular), ou a desistirem nas vésperas do acto, ou a aceitarem concorrer nas condições desiguais que lhes eram permitidas, perdendo.
Até 1949 o regime passou uma grave crise: pensava-se que os Aliados iriam adoptar uma política de boicote a Portugal (como tinham feito com a Espanha); as Nações Unidas opuseram-se à admissão do País nas Nações Unidas; demitiam-se muitos cargos, o número de presos políticos do Tarrafal aumentava consideravelmente (na maioria comunistas ou simpatizantes),...

Nas eleições de 1949 o M.U.D. propôs o idoso general Norton de Matos como candidato oposicionista, que desenvolveu uma campanha vigorosa, mas, sem garantias de liberdade, o general acabou por se retirar.
Com o fortalecimento do PC, começam a surgir dissenções na própria oposição, e o M.U.D. vai-se fraccionando pregressivamente, deixando o PC praticamente a actuar sozinho em função daquilo que julgava serem os interesses do País.

domingo, 7 de outubro de 2018

Vladimir Putin, político russo, nasceu a 7 de Outubro de 1952

Ulrike Meinhof, jornalista e guerrilheira alemã, nasceu a 7 de Outubro de 1934

Desmond Tutu, bispo sul-africano, nasceu a 7 de Outubro de 1931

Heinrich Luitpold Himmler,um dos homens mais poderosos da Alemanha Nazi e um dos principais responsáveis directos pelo Holocausto., nasceu a 7 de Outubro de 1900

A 1ª linha de montagem industrial criada por Henry Ford foi a 7 de Outubro de 1913

A Batalha de Saratoga deu-se a 7 de Outubro de 1777

Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas, jornalista e escritora portuguesa, nasceu a 6 de Outubro de 1893

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MARIA LAMAS
Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas, jornalista e escritora portuguesa que se notabilizou por ter sido uma combatente de primeira linha na defesa dos direitos humanos, nasceu em Torres Novas a 6 de Outubro de 1893 e faleceu em Lisboa a 6 de Dezembro de 1983, com 90 anos.
Aderiu, após o 25 de Abril de 1974, ao Partido Comunista Português.
Aos 76 anos de idade, quando regressa a Portugal, após um longo exílio a que se viu forçada por questões políticas, concede uma entrevista ao Diário Popular na qual afirma: «Deixei de ter problemas pessoais. Ultrapassei-os. Mesmo a saúde só me interessa porque quero viver para actuar, para participar no esclarecimento das pessoas e, sobretudo, da Mulher».
Maria Lamas, escritora, tradutora, jornalista e defensora dos direitos cívicos de homens e mulheres, destacou-se em vários domínios da defesa dos direitos humanos e foi uma figura ímpar da cultura portuguesa.
Militou cívica e determinadamente, em pleno Estado Novo, por uma plena igualdade entre homens e mulheres, que preconizava fosse ancorada na educação e na independência económica.
Foi uma das primeiras mulheres jornalistas profissionais, com salário e horário fixos, mãe e mulher.
Lutou abnegadamente por valores como a verdade, a igualdade, a liberdade, falando insistentemente num direito fundamental “à felicidade”, no quadro de uma sociedade justa, plenamente democrática, de concretização do que chamou uma “política humana”.
Humanista convicta, Maria Lamas lutou sobretudo, e muito pelo seu exemplo, pela dignificação e a emancipação das mulheres “escravas milenares de erros milenares”, tendo presidido ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e produzido, como jornalista, a obra “As Mulheres do meu País”.
A sua densa e numerosa produção literária, também no domínio da tradução, aliam-se a uma intensa intervenção cívica, que justificam plenamente que a História a tenha inscrito no catálogo dos lutadores pelos direitos humanos, o que a Assembleia hoje vem reconhecer com a atribuição da Medalha do Cinquentenário: aderiu ao MUD, participou activamente na campanha à presidência de Norton de Matos, foi presa por três vezes por actividades políticas contra a ditadura, apoiou, visitou e foi esteio de presos políticos, partiu para o exílio em Paris, onde sempre acolhia, participava e intervinha nas actividades da oposição portuguesa e de onde partia para inúmeros Congressos pela Paz, como Membro do Conselho Mundial da Paz.

sábado, 6 de outubro de 2018

Abaças - Vila Real, vista do ar.

Cuide dos seus alimentos



Hotel Vidago Palace foi inaugurado a 6 de Outubro de 1910



Perfaz 108 anos de idade (inaugurado em 06OUT10) a unidade hoteleira mais sonante de todo o Norte de Portugal. O famoso arquitecto Ventura Terra foi o seu criador e a, então, Empresa Construtora do Porto edificou o Palace Hotel. Dois anos e meio foi o tempo que demorou a construção de uma obra ímpar em Portugal, no seu tempo. Numa época em que os meios de produção eram, ainda, muito rudimentares e as tecnologias existentes nada tinham a ver com a realidade de hoje. Muita mão-de-obra disponível, em tempos muito difíceis, foi factor determinante para que uma obra desta envergadura fosse concluída em dois anos e meio. Centenas de trabalhadores com vários ofícios (muitos deles oriundos do litoral do País) ficaram ligados à história desta notável construção. Alguns desses trabalhadores deixaram que os seus corações se prendessem em Vidago e aqui fizessem nascer novas gerações.
Acho relevante recordar que a inauguração do Palace Hotel já foi servida pelo transporte ferroviário. Ou seja, o comboio tinha chegado a Vidago em Março desse ano de 1910. Não terá, certamente, sido por acaso. A linha férrea ia substituir as carruagens de tracção animal que, até ali, traziam com muita morosidade e grande desconforto os aquistas à nossa Estância Termal.
O Palace Hotel de Vidago nasceu com interessantes particularidades: foi o primeiro hotel do País a ser equipado com elevador e foi concebido com tantas janelas e portas como dias tem um ano (365).
Hoje, o sumptuoso hotel é, inquestionavelmente, a sala de visitas de Trás-Os-Montes. É, ainda, consensualmente considerado o melhor hotel do Mundo para casar, pasme-se. Esta fama tem-lhe conferido, também, o merecido proveito nesse aspecto. Gente da classe média/alta vem procurando o Palace Hotel para enlaces matrimoniais. O hotel, a nossa Estância Termal e, porque não, Vidago têm beneficiado da sua fama. Todos quantos por aqui vivem e, também, os que se encontram lá longe, mas têm Vidago no coração, sentem um enorme orgulho do Palace Hotel possuir a projecção nacional e internacional que todos conhecemos.
O ano de 1910 foi um ano marcante para esta Vila: chegou o comboio a Vidago (MARÇO); faleceu Bonifácio Alves Teixeira (Julho) e foi inaugurado o Palace Hotel (Outubro), o nosso ex-líbris, sem dúvida!




Montserrat Caballé morreu a 6 de Outubro de 2018

Valesca Reis Santos, cantora, compositora, apresentadora e dançarina brasileira, nasceu a 6 de Outubro de 1978