Irei falar de tudo e do nada. Histórias e estórias. Coisas pensantes e desconcertantes. Fundado a 30 de Novembro de 2009 numa 2ª Feira
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
A 07 de Dezembro de 2013 - Morreu Édouard Molinaro
Édouard Molinaro, realizador e cenarista francês, morreu em Paris no dia 7 de Dezembro de 2013. Nascera em Bordéus, em 13 de Maio de 1928. Alternando desde bastante cedo cinema e televisão, ele ficou as dever os seus maiores sucessos à realização de comédias. A sua carreira foi marcada por numerosas adaptações teatrais, entre as quais duas escritas por Pierre Richard (“L'Emmerdeur” e “La Cage aux folles”). Esta última teve um enorme êxito, sobretudo em França e nos Estados Unidos.
Na sua juventude, participou em diversos concursos de curtas-metragens, tendo entrado verdadeiramente no mundo do cinema como assistente de realização. Rodou igualmente filmes industriais e curtas-metragens de ficção.
Uma das primeiras longas-metragens de Molinaro foi “Le Dos au Mur”. Depois de ter realizado vários filmes policiais, entre os quais “Un témoin dans la ville” com Lino Ventura, teve os maiores êxitos nos anos 1960 com diversas comédias, onde se salienta “Oscar et Hibernatus” com Louis de Funès. Em 1969, realizou “Mon oncle Benjamin ” com Jacques Brel, que seria de novo vedeta na película “L'Emmerdeur” (1973).
Nos anos 1980/90 continuaram os sucessos, nomeadamente com “Pour cent briques, t'as plus rien... ” e “Beaumarchais, l'insolent”.
Édouard Molinaro adaptou várias obras literárias à televisão. De salientar, um telefilme interpretado por Michel Piccoli e baseado no romamce “A Piedade perigosa” de Stefan Zweig (1979) e “Nana” do romancista Émile Zola (2001).
Contemporâneo da Nova Vaga, não se associou a este movimento cinematográfico, tendo realizado sobretudo filmes populares.
Em 1980, foi nomeado para os Oscars de Melhor Realizador e Melhor Cenário Adaptado. Em 1996, recebeu o Prémio René-Clair que o recompensou pelo conjunto da sua obra. Morreu aos 85 anos de insuficiência pulmonar.
domingo, 6 de dezembro de 2015
Bom domingo e boas melodias!...
Ò LAURINDA, LINDA, LINDA
ÉS MAIS LINDA DO QUE O SOL
DEIXA-ME DORMIR UMA NOITE
NAS DOBRAS DO TEU LENÇOL
SIM, SIM, CAVALHEIRO, SIM
HOJE SIM AMANHÃ NÃO,
MEU MARIDO NÃO ESTÁ CÁ
FOI P´RÁ FEIRA DE GRAVÃO.
ONZE HORAS, MEIA NOITE,
MARIDO À PORTA BATEU,
BATEU UMA, BATEU DUAS,
LAURINDA NÃO RESPONDEU.
(E) OU ELA ESTÁ DOENTINHA,
OU JÁ TEM OUTRO AMORE
OU ENTÃO PRECURA A CHAVE
LÁ NO MEIO DO CORREDOR.
DE QUEM É ESTE CHAPÉU
DEBRUADO A GALÃO?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
QUE FIZ EU POR MINHA MÃO.
- DE QUEM É ESTE CASACO,
QUE EU ALI VEJO PENDURADO?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
QUE O TRAZES BEM GANHADO.
- DE QUEM É ESTE CAVALO,
QUE NA MINHA ESQUADRA ENTROU?
- É PARA TI, MEU MARIDO,
FOI TEU PAI QUEM TO MANDOU.
- DE QUEM É AQUELE SUSPIRO
QUE AO MEU LITO SE ATIROU?
LAURINDA, QUE AQUILO NÃO OUVIU,
CAIU NO CHÃO, DESMAIOU.
- Ò LAURINDA, LINDA, LINDA,
NÃO VALE A PENA DESMAIARES,
TODO O AMOR QUE T´EU TINHA
VAI-SE AGORA ACABAR.
VAI BUSCAR AS TUAS IRMÃS,
TRAZ A TODAS NUM ANDOR
(E) A MAIS LINDA DELAS TODAS
HÁ-DE SER O MEU AMOR.
A 06 de Dezembro de 1985 - Morreu Maria Lamas
A 06 de Dezembro de 1880 - Nasceu o pintor, Alberto Augusto Sousa
Frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Posteriormente, trabalhou no atelier dirigido por Roque Gameiro. Desenhador, aguarelista e ilustrador, destinguiu-se pelos seus trechos arquitectónicos. Obteve a medalha de honra da Sociedade Nacional de Belas-Artes, o Prémio Roque Gameiro do S.N.I., o oficialato de Sant'Iago da Espada e o Grand Prix em Paris. Está representado no Museu Nacional de Arte Contemporânea e em vários museus regionais e municipais.
Imagem parcial da Vila de Sintra, onde se evidencia, à esquerda e no topo, a figura do Palácio Nacional de Sintra. A seus pés, desenvolve-se o casario circundante, cujos tons claros e "esbatidos" contrastam com o cinzento "sujo" da fachada do palácio (imagem diferente da actualidade, com as paredes recentemente caiadas). A recortar o ambiente, a vegetação numa variada gama de verdes. No casario identifica-se, também, o antigo edifício do mercado, onde se instalará o futuro Museu Municipal de História Natural. Mais à direita, a vegetação desdobra-se num olhar que se estende até à zona rural de Sintra, culminando num traço de horizonte colorido a amarelo.
Uma aguarela ao nível do registo a que Alberto Sousa nos habituou, num belo contraste entre o a arquitectura palaciana e popular, bem como entre estas e a paisagem natural envolvente.
Feira das terrinas
Transmontanas
Rainha Santa Isabel
A 06 de Dezembro de 1923 - Nasceu Urbano Augusto Tavares Rodrigues
Urbano Augusto Tavares Rodrigues nasceu em Lisboa a 6 de dezembro de 1923 e morreu em Lisboa a 9 de agosto de 2013, foi um escritor e jornalista português, militante do PCP.
Há uma biblioteca em Moura com o seu nome.
Nascido em Lisboa, Urbano Tavares Rodrigues foi criado em Moura, no seio de uma família de agricultores, de tradição intelectual e republicana, sendo o seu pai o ilustre jornalista e escritor Urbano Rodrigues. A influência das gentes do campo viria a marcar indelevelmente a sua obra escrita e as suas opções de classe e a sua entrada para o PCP. É irmão do jornalista e comunista Miguel Urbano Rodrigues.
Após os estudos liceais, ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa, mas viria no ano seguinte a optar por Letras.
Licenciado em Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1949, e após isso os fascistas impediram-no de leccionar na Faculdade, pelo facto de ser militante do Partido Comunista Português.
Foi então que se estabeleceu em França, onde foi leitor de português nas universidades de Montpellier, Aix e Paris (Sorbonne), até ao ano de 1955.
Em seguida dedicou-se ao jornalismo e à docência no ensino secundário, nomeadamente no Liceu Camões.
Em 1958 é finalmente admitido como assistente da Faculdade de Letras de Lisboa, porém afastado logo no ano seguinte, em virtude do seu apoio à candidatura presidencial de Humberto Delgado.
Seguir-se-á uma consistente atividade de oposição ao fascismo, que três vezes o leva aos calabouços da PIDE e à prisão, a primeira das quais após ter subscrito o Programa para a Democratização da República, em 1961.
Retomando a sua carreira académica, após o 25 de abril de 1974, obteve dez anos depois (1984) o doutoramento em Literatura, com uma tese sobre a obra de Manuel Teixeira Gomes.
Em 1993 jubilou-se como professor catedrático da Faculdade de Letras. Foi igualmente professor catedrático na Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões. Foi membro efetivo da Academia de Ciências de Lisboa e membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.
Autor prolífico, figura como um dos mais prestigiados escritores da segunda metade do século XX em Portugal, sendo a sua obra marcada pela consciência do indivíduo face a si mesmo e aos outros, até ao reconhecimento de uma identidade social e política.
Além de romances, escreveu em diversas revistas e jornais, como o Bulletin des Études Portugaises, a Colóquio-Letras, o Jornal de Letras, Vértice, Nouvel Observateur, entre outros.
Foi diretor da revista Europa e crítico de teatro d' O Século e do Diário de Lisboa. Enquanto repórter percorreu grande parte do mundo, tendo reunido os seus relatos de viagem nos volumes Santiago de Compostela (1949), Jornadas no Oriente (1956) e Jornadas na Europa (1958).
No Cairo, em 1956, viveu a sua coroa de glória como jornalista, captando em crónicas para o "Diário de Lisboa" toda a complexidade da crise do Suez e das posições de Nasser.
Militante comunista, Urbano afirma que a sua obra foi influenciada pelo existencialismo francês da década de 1950; mais tarde, na sequência da sua prisão no forte de Caxias, durante o fascismo, surge como autor da literatura de resistência, a que se seguiu um novo período, mais optimista, no pós-25 de Abril.
Recebeu variados galardões literários, como o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa, com a obra Uma Pedrada no Charco — é de salientar que o seu pai, Urbano Rodrigues, já tinha vencido este prémio na edição do ano de 1948, com a obra O Castigo de D. João —, o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários, o Prémio da Imprensa Cultural, o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores e o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco.
A 19 de Janeiro de 1994 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a 6 de Junho de 2008 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Em 6 de agosto de 2013 foi internado no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, onde morreu três dias depois.
Intelectual, autor de uma vasta obra literária que abarcou todos os domínios da escrita – romance, novela, conto, teatro, poesia, crónica, ensaio, jornalismo e viagens –, Urbano Tavares Rodrigues é uma das referências mais intensas da literatura portuguesa dos séculos XX e XXI e deixa-nos um legado inestimável para futuras gerações de escritores.
Urbano Tavares Rodrigues possuía um conjunto de qualidades humanas que raramente se observam concentradas numa mesma pessoa, cujos valores sempre nortearam a sua vida – a liberdade, a justiça social, a paz, a solidariedade, a fraternidade –, qualidades que estiveram sempre presentes na sua obra e na sua intervenção social e política, que fizeram dele um resistente e um combatente pela liberdade e por uma sociedade mais justa.
Membro do PCP desde muito cedo, desde logo desenvolveu uma intensa actividade política que se prolongou ao longo de toda a sua vida.
Apesar de preso três vezes pela PIDE, impedido de leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa e noutros estabelecimentos de ensino e de ter sido o escritor português com mais livros apreendidos pela PIDE, Urbano Tavares Rodrigues – como escreveu José Casanova no Avante! do dia 13 de Agosto de 2013 – «nem perseguições, nem ameaças, nem prisões, nem torturas, o fizeram abrandar, sequer, a sua prática de resistência».
Tal como muitas vezes destacou, o Alentejo esteve sempre presente na sua obra literária, mas também nas suas opções política e partidária, numa relação que o próprio confirmou quando escreveu: «Na adolescência comecei a tactear a vida, a dar pelas injustiças sociais mesmo ao meu lado, a crescer entre cheiros e sons, visões, bem diferentes, mas misturados, do paraíso e do inferno. Sentimentos em guerra nasciam dentro de mim e aos meus momentos contemplativos do fim do dia, após as horas de estudo ou os passeios pela beira do Ardila, a pé ou a cavalo, sucediam-se interrogações sem resposta (...). O que é bem certo é que o prazer da escrita tenho-o conhecido sobretudo ao evocar, ao reiventar, ao escrever o Alentejo, o que pode parecer paradoxal, já que algumas destas estórias são negras, dramáticas, como o destino do povo junto ao qual cresci e com quem abri os olhos para a vida.»
No legado de Urbano Tavares Rodrigues encontraremos exemplos suficientes para percebermos que os direitos defendem-se, lutando por eles e exercendo-os, porque não são dados adquiridos.
Urbano acreditava que «não será posta em causa, nem traída, decerto, uma constituição democrática e avançada, que consagra as nacionalizações, a reforma agrária, o controle operário, as liberdades que conquistámos e pelas quais nos bateremos, todos os democratas que lutámos contra o fascismo antes e depois da gloriosa arrancada dos capitães do MFA».
É com mágoa que na Primavera de 1977, ao rever este texto, «constato que o meu optimismo de um ano antes está ser desmentido pela realidade». Afinal, as liberdades de um ano antes não são dados adquiridos, há que lutar por elas constantemente.
sábado, 5 de dezembro de 2015
Morre no Rio a atriz Marília Pera.
05/12/2015
A atriz Marília Pêra morreu na manhã deste sábado aos 72 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada. A informação é da "GloboNews". Em novembro deste ano, foi noticiado que Marília estava com câncer em estágio avançado no pulmão. No último ano, ela passou por tratamento de um desgaste ósseo na região lombar e chegou a ficar afastada da TV por cerca de um ano.
O último trabalho da atriz foi no seriado global "Pé na Cova", ao lado do amigo de longa data Miguel Falabella. No dia 12 de novembro, o ator chegou a fazer um apelo em uma rede social acompanhado por uma foto ao lado de Marília. "Não desista de nós", dizia a legenda.
Marília Soares Pêra nasceu em 22 de janeiro de 1943, no Rio Comprido, na Zona Norte do Rio. Considerada uma artista completa, ela era bailarina, cantora, atriz, diretora, produtora e coreógrafa. Ao longo da carreira, participou de mais de 50 peças e cerca de 40 novelas, além de ter atuado em quase 30 produções para o cinema.
Filha de um casal de atores, Manuel Pêra e Dinorah Marzullo, ela estreou no teatro ainda bebê, com 19 dias de vida e começou a atuar aos 4 anos, ao lado dos pai em "Medeia". Dos 14 aos 21 anos, seguiu carreira no balé, viajando pelo Brasil e Portugal.
A atriz foi casada com o ator Paulo Cesar da Graça Mello (1940-1969), com quem teve o primeiro filho, Ricardo Cesar da Graça Mello. Logo após a separação, em 1965, Marília foi contratada pelo diretor Abdon Torres e passou a integrar o elenco principal da Globo. Na época, ela protagonizou as novela "Rosinha do Sobrado" e em seguida, "Padre Tião" e "A moreninha".
Além da Globo, Marília Pêra passou pela TV Tupi, TV Bandeirantes e Manchete. Entre seus principais trabalhos estão: "Beto Rockefeller", na Tupi, "O Campeão", na Bandeirantes, "Mandacaru", na Manchete, e "O Cafona" (1971), "Uma Rosa com Amor" (1972), "Primo Basílio" (1988), "Rainha da Sucata" (1990), "Meu Bem Querer" (1998), "Os Maias" (2001), “Cobras & Lagartos” (2006), “Duas Caras” (2007) e “Ti Ti Ti” (2010). entre outros, na Globo.
Entre seus trabalhos favoritos na televisão, ela elegeu as minisséries "O primo Basílio”, em que foi a vilã Juliana, e "Os Maias", em que interpretou Maria Monforte.
A veterana Betty Faria lamentou a morte da atriz: "Marília Pêra saiu de cena muito cedo.Uma grande atriz com real conhecimento da profissão.Que tenha muita Paz Sorte".
Camila Pitanga foi outra que expressou o carinho pela artista. "Marilia Pêra. Ela protagonizou inúmeras cenas antológicas do teatro e do cinema brasileiro. Destaco essa do filme Pixote. Sinto um soco no estômago com essa perda. Minha solidariedade com os familiares e amigos próximos"
A 05 de Dezembro de 1930 - Morreu Raul Brandão
Raul Germano Brandão nasceu a 12 de Março de 1867 no nº 12 da Rua da Bela Vista (actual Rua de Raul Brandão), na Foz do Douro, localidade que marcou de forma indelével a sua vida e obra, pelo mar e pelos seus homens. Era filho de pequenos proprietários.
A infância e a adolescência foram passadas no Porto, onde completou os primeiros estudos, nomeadamente no Colégio São Carlos. Aqui colaborou, em 1885, na publicação da revista escolar O Andaluz, criada "a favor das vítimas dos terramotos da Andaluzia", e na qual participaram também João de Lemos, José Leite de Vasconcelos e Trindade Coelho.
Seguidamente, frequentou a Academia Politécnica do Porto, entrando então em contacto com outros jovens aspirantes a escritores, entre os quais se contavam os amigos da adolescência, António Nobre e Justino de Montalvão.
Em 1888 ingressou na Escola do Exército, em Lisboa, talvez para agradar aos pais ou, mais prosaicamente, em razão da "lei de recrutamento irreversível".
Em 1889 esteve na formação do grupo "Os Insubmissos" e da revista com o mesmo nome, que coordenou.
Em 1890 estreou-se como escritor com a colectânea de contos naturalistas "Impressões e Paisagens". Logo em seguida, participou activamente em vários movimentos de renovação literária. Com Júlio Brandão e D. João de Castro dirigiu a "Revista de Hoje" (1895) e encetou uma notável carreira jornalística no "Correio da Manhã".
Em 1896, depois de concluído o estágio de 10 meses na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, foi colocado em Guimarães, como Alferes no Regimento de Infantaria nº 20. Na cidade berço conheceu Maria Angelina, com quem veio a casar.
Mais tarde, foi transferido para Lisboa. Nesta fase, o jovem escritor dedicou-se a reflexões metafísicas, colaborou na composição do folheto "Nefelibatas" (1893) e aproveitou os escritos no jornal "Correio da Manhã" para publicar, em 1896, o livro "História de um Palhaço – Vida e Diário de K. Maurício", reorganizado em 1926 com o título "A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore".
Em Março de 1897 casou com Maria Angelina, com quem viveu um ano em Guimarães. Seguidamente, transferiu-se para o Porto, voltando ao lugar onde nascera, a Foz do Douro.
A escrita continuou a ocupar lugar importante na sua vida. Em parceria com Júlio Brandão escreveu a peça "Noite de Natal", representada no Teatro D. Maria, em 1899.
Em 1901 pediu nova transferência, desta vez para Lisboa. Na capital contactou com intelectuais e anarquistas e empenhou-se na área do Jornalismo.
Nesta fase, a sua existência dividia-se entre a escrita realizada na capital e a que produzia no recolhimento da sua Casa do Alto, em Nespereira, nas proximidades de Guimarães, a qual adquirira em 1903. Nesta habitação, não se dedicava apenas à escrita, mas também à administração da sua propriedade. Este contacto directo com o mundo rural despertou no escritor e no homem sentimentos de comiseração e de pesar relativamente às agruras que marcavam a condição das comunidades agrícolas.
A partir daí, o tema principal da sua obra literária passou a ser o problema de consciência perante os homens oprimidos e a análise de sentimentos contraditórios (a simpatia pelos explorados e o egoísmo de um pequeno burguês), presente pela primeira vez em "Os Pobres", no início do século XX (1902-1903).
Em 1906 viajou pela Europa, na companhia da esposa.
Por volta de 1910 sofreu uma crise de depressão nervosa.
Em 1911 pôs fim à carreira militar, reformando-se do exército no posto de Major, em 1912.
Com mais tempo para a escrita, começou a interessar-se pela História de Portugal. Compôs a obra "El-rei Junot", em 1912, e redigiu "A Conspiração de Gomes Freire", em 1914. Publicou "O Cerco do Porto" na revista "Renascença", em 1915, uma obra atribuída ao coronel Hugo Owen e Brandão, que este anotou e prefaciou.
Em 1917 deu à estampa a sua aclamada obra-prima, "Húmus", dedicada ao amigo Columbano, que conheceu no final de Oitocentos e que lhe pintou dois retratos.
A partir desses anos começou a passar os Invernos em Lisboa, cidade onde conviveu com os intelectuais do grupo da revista "Seara Nova" (1921), contando-se entre o grupo de fundadores deste movimento, juntamente com Jaime Cortesão, Raul Proença e Aquilino Ribeiro, entre outros.
Neste período, também se dedicou à dramaturgia. Em 1923 publicou o livro "Teatro", no qual compilou "O Gebo e a Sombra" (representado em 1927 no Teatro Nacional), "O Doido e a Morte" (representado em 1926 no Teatro Politeama) e "O Rei Imaginário".
Em 1927 publicou "Jesus Cristo", em colaboração com Teixeira de Pascoaes. No mesmo ano, Columbano pintou o retrato do casal Raul e Angelina Brandão.
Em 1929 publicou "O Avejão" e o monólogo "Eu sou um Homem de Bem", na "Seara Nova".
Raul Brandão pretendeu tornar públicos quatro livros de trabalho de teatro; no entanto, o projecto ficaria apenas pela publicação de um volume. Planeou, igualmente, escrever "A História Humilde do Povo Português", da qual os "Os Pescadores" constituiria o 1º volume, e ao qual se seguiriam "Os Lavradores", "Os Pastores", "Os Operários". Em 1924 realizou uma viagem aos Açores e à Madeira, que deveria fazer parte desse plano e da qual resultou a edição da obra "As Ilhas Desconhecidas", de 1926.
Em colaboração com a esposa escreveu "Portugal Pequenino", uma narrativa para crianças, editada em 1930.
A morte interrompeu estes projectos. Raul Brandão viria a falecer em Lisboa, no dia 5 de Dezembro de 1930, com 63 anos. Em 1931 foi publicado, postumamente, "O Pobre de Pedir".
Raul Brandão seguiu, como vimos, uma carreira militar. Mas foi, sobretudo, um grande jornalista (no "Correio da Manhã", "Revista de Hoje", "Revista de Portugal", chefe de redacção dos jornais "O Dia" e "A República") e escritor, autor de uma extensa e diferenciada obra literária (ficção, teatro e livros de viagem), marcada pelas vertentes social, ética e religiosa e entrecruzada pelo patético e pelo trágico. Pertenceu ao grupo dos "Nefelibatas" e à "Geração de 90" do século XIX e foi influenciado não só pelas correntes do Realismo, do Naturalismo, mas também pelo Simbolismo e o pelo Decadentismo. Foi um homem imaginativo e talentoso, mas passivo e isolado, características que, no entender de muitos estudiosos da sua vida e obra, acabaram por fazer dele, muitas vezes, um incompreendido.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)
A 05 de Dezembro de 1946 - Nasceu José Carreras
Josep Carreras i Coll, conhecido como José Carreras, nasceu em Barcelona a 5 de dezembro de 1946, é um tenor lírico catalão conhecido em especial pelas suas performances em óperas de Giuseppe Verdi e Giacomo Puccini.
Fez a sua estreia operística com onze anos de idade, como Trujamán em El retablo de Maese Pedro de Manuel de Falla e, durante toda a sua carreira, cantou mais de sessenta papéis diferentes nas maiores e melhores casas de óperas do mundo.
José Carreras é um dos célebres "três tenores", juntamente com Plácido Domingo e Luciano Pavarotti.
Também é conhecido pelos seus trabalhos humanitários como presidente da Fundação Internacional de Leucemia José Carreras (La Fundaciò Internacional Josep Carreras per a la Lluita contra la Leucèmia), que foi criada após o tenor ter descoberto ter a doença, em 1988.
Sempre trabalhou com os melhores regentes entre os quais, Herbert von Karajan, Claudio Abbado, Riccardo Muti, James Levine, Carlo Maria Giulini, Leonard Bernstein, Jesus López-Cobos, Zubin Mehta.
Ao lado das suas atividades operísticas, vem apresentando recitais no Carnegie Hall, Avery Fisher Hall, Royal Festival Hall, Barbican, Royal Albert Hall, Salle Pleyel, Musikverein, Kozenzerthaus de Viena, Philarmonie de Berlin, NHK Hall de Tóquio, Grosses Festspielhaus de Salzburg, Palau de la Música de Barcelona, Teatro Real de Madrid, Academia Santa Cecília de Roma.
O mais novo de três irmãos, José Carreras nasceu em Sants, uma zona industrial de Barcelona.
Em 1951 a sua família emigrou para a Argentina, em mal sucedida busca de uma vida melhor.
Entretanto, com um ano ele regressou a Barcelona, onde passou o resto da sua infância e adolescência.
Mostrou desde cedo talento para a música, particularmente pelo canto, que foi intensificado aos seis anos de idade, quando viu Mario Lanza em O Grande Caruso.
A história, que foi contada na sua autobiografia e em inúmeras entrevistas, Carreras cantou incessantemente para a sua família, especialmente "La donna è mobile”.
Nesse período, os seus pais, com o encorajamento do avô paterno de Carreras, Salvador Coll, um barítono amador, arrecadaram dinheiro para proporcionar aulas de música ao garoto.
Ele primeiramente, estudou piano e voz com Magda Prunera, a mãe de um de seus amigos de infância e aos oito anos de idade, começou a ter lições no Conservatório Municipal de Barcelona.
Aos oito anos, apresentou-se pela primeira vez em público, cantando "La Donna è Mobile", na Rádio Nacional Espanhola, acompanhado por Magda Prunera, com quem iniciou seus estudos de música, na Rádio Nacional Espanhola.
Uma gravação dessa apresentação ainda existe e pode ser ouvida numa biografia em vídeo, José Carreras - A Life Story.
No dia 3 de Janeiro de 1958, aos 11 anos de idade, fez a sua estreia numa grande casa de ópera de Barcelona, o Grande Teatro do Liceu, cantando o papel de El Trujiman em El Retablo de Maese Pedro, de Manuel de Falla.
Poucos meses depois cantou pela última vez como soprano, no segundo acto de La Bohème, ópera de Giacomo Puccini.
Na juventude, continuou a estudar música, mudando-se para o Conservatório Superior de Música do Liceu e tendo aulas particulares, primeiro com Francisco Puig e depois com Juan Ruax, que Carreras descreve como "pai artístico".
Seguindo o conselho do seu pai e do seu irmão mais velho, que diziam que Carreras precisava de uma "segurança", ele também ingressou na Universidade de Barcelona, para estudar Química, mas deixou a faculdade dois anos depois, para se concentrar na música.
A voz de Carreras é considerada uma das mais bonitas vozes de tenor da actualiadade.
O crítico espanhol, Fernando Fraga, descreveu-o como um tenor lírico com um generoso tom spinto, tendo "um notável timbre, ricamente colorado e suntuosamente resonante" .
Tal como Giuseppe di Stefano Carreras sempre foi conhecido pela beleza e expressividade de seu fraseado e por sua paixão.
Essas qualidades são bem exemplificadas na sua gravação de Tosca, em 1976, com Montserrat Caballé e Sir Colin Davis conduzindo.
De acordo com alguns críticos, a sua exposição a papéis de spinto, como Andrea Chénier, Don José em Carmen, Don Carlo e Alvaro em La forza del destino, colocaram muita pressão no seu instrumento lírico.
Entretanto, produziu algumas das melhores performances nesses papéis.
É Doutor Honorário da Universidade de Barcelona e da Universidade Miguel Hernández (Espanha); Universidade de Napier, Universidade de Loughborough e Universidade de Sheffield (Reino Unido); Universidade Russa de Química e Técnologia (Rússia); Universidade de Camerino (Itália); Universidade de Rutgers (Estados Unidos); Universidade de Coimbra (Portugal); Universidade Nacional de Música de Bucareste (Romênia); Universidade de Marburg (Alemanha); Universidade de Pécs (Hungria) e mais recentemente, a Universidade Hyunghee (Coreia do Sul) e Universidade do Porto (Portugal).
Na sua infância em Barcelona, o pai de Carreras, Josep Carreras i Soler, trabalhou como policia de trânsito, mas era, originalmente, professor de francês.
Entretanto, ele lutou no lado republicano durante a Guerra Civíl Espanhola, e quando o governo de Franco tomou o poder em 1939, os fascistas já não lhe permitiram que leccionasse. A sua mãe, Antonia Coll i Saigi, trabalhava em um pequeno salão de cabeleireira. Ele foi muito ligado à sua mãe, que o convenceu que ele seria um grande cantor.
Em 1971, Carreras casou-se com Mercedes Pérez. Eles tiveram duas crianças: um filho, Albert (1972) e uma filha, Julia (1978). O casamento terminou em 1992, com um divórcio.
Em 2006, Carreras casou-se com Jutta Jäger.
O sobrinho de Carreras, David Giménez Carreras, é maestro e diretor da Orquestra Sinfónica del Vallès.
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