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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

José Macia, mais conhecido como Pepe nasceu em Santos/Brasil a 25 de fevereiro de 1935



José Macia, mais conhecido como Pepe nasceu em Santos/Brasil a 25 de fevereiro de 1935 é um ex-futebolista brasileiro bi-campeão do Mundo e ex-treinador, que actuou como ponta-esquerda.
Pepe marcou 405 golos em 750 jogos, é o segundo maior marcador da história do Santos, perdendo apenas para Pelé.
Ele alega ser "o maior artilheiro humano da história do Santos - porque Pelé veio de Saturno".
Em 15 anos de clube (1954 a 1969), ganhou o apelido de "Canhão da Vila", por seu fortíssimo pontapé com o pé esquerdo. Também ganhou dois campeonatos do Mundo pela Seleção Brasileira em 1958, na Suécia e 1962, no Chile.
Mesmo jogando com marcadores natos como Pelé e Coutinho, conseguiu marcar muitos golos pelo Santos.
Além de Pelé, apenas dois jogadores marcaram mais golos que Pepe por um único clube: Roberto Dinamite pelo Vasco da Gama marcou 620 golos e Zico pelo Flamengo que marcou 500 golos.
Um dos pontos fortes de Pepe eram suas marcações de faltas. Exímio marcador, ficou conhecido por derrubar os seus adversários que se arriscavam a fazer parte das barreiras. Na Taça Intercontinental de 1963 contra o Milan, marcou duas vezes em livres, no segundo jogo.
Pepe era para ser o titular da Seleção Brasileira nas campanhas de 1958-1962, mas por duas vezes sofreu lesões nas vésperas dos Mundiais e foi substituído por Zagallo.
Da primeira vez, sofreu uma pancada no tornozelo num jogo particular na Itália. Na segunda, teve uma torção no joelho num jogo particular no Morumbi em São Paulo.
Títulos conquistados:
- 13 vezes vencedor do Campeonato Paulista (11 como jogador do Santos, 1 como técnico do Santos e 1 como técnico da Inter de Limeira);
- 7 vezes vencedor do Campeonato Brasileiro (6 como jogador do Santos e 1 como técnico do São Paulo).
- 750 jogos pelo Santos;
- 2º maior marcador do Santos com 405 golos;
- 4º maior marcador dos clubes brasileiros ficando atrás de Pelé com 1091 golos, Roberto Dinamite com 620 golos e Zico com 500 golos.
- 23º maior marcador da Seleção Brasileira de Futebol com 22 golos.
- 15º maior marcador da história do Torneio Rio-São Paulo.
- Jogador que mais títulos venceu pelo Santos com 27 títulos oficiais, um a mais do que Pelé.
- Venceu 2 Taças Intercontinental pelo Santos (1962 e 1963), 2 Taças dos Libertadores da América pelo Santos (1962 e 1963), 1 Recopa Sul-Americana pelo Santos (1968), 1 Recopa Mundial pelo Santos (1968), 5 Taças Brasil pelo Santos, atual Campeonato Brasileiro (1961, 1962, 1963, 1964 e 1965), 1 Torneio Roberto Gomes Pedrosa, atual Campeonato Brasileiro (1968), 4 Torneios Rio-São Paulo pelo Santos (1959, 1963, 1964 e 1966), 11 Campeonatos Paulista de Futebol (1955, 1956, 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968 e 1969), 2 Campeonatos do Mundo pelo Brasil (1958 e 1962), 2 Taças Rocca pelo Brasil (1957 e 1963), 1 Taça Bernardo O'Higgins (1961), 2 Taças do Atlântico pelo Brasil (1956 e 1960) e 2 Taças Oswaldo Cruz pelo Brasil (1961 e 1962).
Pepe possui uma longa carreira como treinador iniciada em 1969 nas categorias de base do Santos, assumindo depois a equipe principal. Comandaria depois o Paulista,Atlético Mineiro, São José, Náutico, Inter de Limeira, Al-Sadd, Fortaleza, São Paulo, Boavista, Seleção Peruana, Verdy Kawasaki, Portuguesa, Guarani, Atlético Paranaense, Coritiba, Criciúma, Portuguesa Santista, Al-Ahli e Ponte Preta.

Lee Edward Evans nasceu em Madera/EUA a 25 de fevereiro de 1947


Lee Edward Evans nasceu em Madera/EUA a 25 de fevereiro de 1947 é um ex-atleta e bicampeão olímpico norte-americano, especialista na prova dos 400 m.
Lee Evans foi velocista desde a adolescência, foi imbatível nas provas de 400 m e 440 jardas na escola e na San Jose State University de 1964 a 1966.
O seu único rival à altura e o único a derrotá-lo nessa época, foi seu companheiro Tommie Smith, futuro campeão olímpico dos 200 m.
A competitividade entre os dois era tão grande, que o técnico Bud Winter os impedia de treinaram um contra o outro.
Evans conquistou o seu primeiro record mundial em 1966, integrando a equipa dos 4X400 m dos Estados Unidos numa prova em Los Angeles, a primeira vez em que a prova foi completada em menos de 3 min (2min59s6).
Em 1967, venceu os 400 m nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, com um tempo de 44s95, a primeira vez que o tempo da prova baixava de 45s com cronometragem eletrónica na era da cronometragem manual.
Em 1968, venceu as provas de seleção dos EUA para os Jogos Olímpicos, batendo novo record mundial (44s) e, na Cidade do México, na final olímpica, conquistou o ouro batendo mais uma vez sua própria marca e estabelecendo novo recorde olímpico e mundial (43s85) que até hoje é a sétima melhor marca para a prova e perdurou por vinte anos.
Ainda nos mesmos Jogos Olímpicos, na altitude mexicana, ele ganhou mais uma medalha de ouro terminando a estafeta dos 4x400 m dos EUA, com novo recorde mundial (2:56.16), tempo que permaneceu imbatível por 24 anos.
Durante a cerimónia de entrega das medalhas desta prova, Evans e seu companheiro Ron Freeman receberam as suas medalhas de ouro usando boinas negras ao estilo dos Panteras Negras.
Durante a mesma cerimónia da prova dos 200 m, realizada anteriormente, seu ex-rival de treinamento Tommie Smith, campeão olímpico dos 200 m e John Carlos, o medalha de bronze, também receberam suas medalhas de boinas e luvas negras com o punho direito fechado e ao alto, o que lhes valeu a suspensão em competições futuras pelo presidente do COI, o norte-americano branco Avery Brundage. Um democrata!
Depois se tornar campeão nacional da AAU (Amateur Athletic Union) em 1969 e 1972, Evans conseguiu apenas o quinto lugar nas provas de seleção para os Jogos de Munique em 1972, o que lhe garantiu um lugar de reserva na estafeta dos 4X400 m, para disputar as preliminares.
Entretanto, com a suspensão de dois integrantes da equipe, Vince Matthews e Wayne Collett, ouro e prata na prova individual dos 400 m, pela mesma demonstração no pódio que a anteriormente feita pelos velocistas negros na Cidade do México 1968, e a lesão de outro atleta, John Smith, os Estados Unidos ficaram sem homens suficientes para formar a estafeta e ele não pode competir nestes Jogos.
Por toda a vida um defensor dos direitos dos negros, fundador do OPHR (Olympic Project for Human Rights), Evans trabalhou por mais de quatro décadas como diretor de programas de atletismo nacionais em seis diferentes nações da África, além de técnico das equipes de atletismo de pista e de cross-country da University of South Alabama.
Em dezembro de 2011, foi diagnosticado com um tumor no cérebro e apesar de todo seu passado como atleta e técnico, sem ter um plano de saúde e condições de tratamento, teve de ser ajudado pelo seu companheiro de equipa em 1968 John Carlos através de uma campanha de de fundos.
Os direitos humanos nos EUA!!!

Enrico Caruso nasceu em Nápoles/Itália a 25 de fevereiro de 1873


Enrico Caruso nasceu em Nápoles/Itália a 25 de fevereiro de 1873 e morreu em Nápoles a 2 de agosto de 1921, com 48 anos. Foi um tenor italiano, considerado, inclusivamente pelo ilustre Luciano Pavarotti, o maior intérprete da música erudita de todos os tempos.
Com vasto repertório, Caruso foi o primeiro cantor clássico a atrair as grandes plateias em todo o mundo e ainda hoje figura entre os maiores intérpretes clássicos da história. Sua interpretação de “Vesti la giubba”, da ópera Pagliacci, foi a primeira gravação na história a vender 1 milhão de cópias.
Começou a carreira em 1894, aos 21 anos de idade, na cidade natal. Recebeu as primeiras aulas de canto de Guglielmo Vergine. Actuou, entre outras óperas, na estreia de Fedora e La Fanciulla del West, do compositor italiano Giacomo Puccini.
As mais famosas interpretações foram como Canio na ópera I Pagliacci, de Leoncavallo e como Radamés, em Aida, de Giuseppe Verdi.
Na metade da década de 1910 já era conhecido internacionalmente. Era constantemente contratado pelo Metropolitan de Nova Iorque, relação que persistiu até 1920. Caruso foi eternizado pelo agudo mais potente já conhecido, e por muitos considerado o melhor cantor de ópera de todos os tempos.
O compositor lírico Giacomo Puccini e o compositor de canções populares Paolo Tosti foram seus amigos e compuseram obras especialmente para ele.
Caruso apostou na nova tecnologia de gravação de som em discos de cera e fez as primeiras 20 gravações em Milão, em 1895.
Em 1903, foi para Nova Iorque e, no mesmo ano, deu início a gravações fonográficas pela Victor Talking Machine Company, antecessora da RCA-Victor.
Caruso foi um dos primeiros cantores a gravar discos em grande escala. A indústria fonográfica e o cantor tiveram uma estreita relação, que ajudou a promover comercialmente a ambos, nas duas primeiras décadas do século XX.
As suas gravações foram recuperadas e, remasterizadas, encontraram o meio moderno e duradouro de divulgação de sua arte no disco compacto, CD.
O repertório de Caruso incluía cerca de sessenta óperas, a maioria delas em italiano, embora ele tenha cantado também em francês, inglês, espanhol e latim, além do dialeto napolitano, das canções populares de sua terra natal. Cantou perto de 500 canções, que variaram das tradicionais italianas até as canções populares do momento.
A sua vida foi tema de um filme norte-americano, intitulado O Grande Caruso (The Great Caruso), de 1951, com o cantor lírico Mario Lanza interpretando Caruso. Devido ao seu conteúdo altamente ficcional, o filme foi proibido na Itália.
No filme Fitzcarraldo de Werner Herzog, com Klaus Kinski no papel de Fitzcarraldo, aparece, no início da projeção, uma entrada de Caruso na Ópera de Manaus, no Brasil, onde Caruso de facto nunca se apresentou.
Os últimos dias da sua vida são narrados de forma romantizada na canção Caruso, de Lucio Dalla (1986).

George Harrison nasceu em Liverpool a 25 de fevereiro de 1943



George Harrison nasceu em Liverpool a 25 de fevereiro de 1943 e morreu em Los Angeles a 29 de novembro de 2001,foi um artista inglês cuja carreira abrangeu diversas áreas. Músico, compositor, ator e produtor de cinema, Harrison atingiu fama internacional como guitarrista dos Beatles.
Por vezes referido como "o Beatle quieto", Harrison, com o passar do tempo, tornou-se um admirador do misticismo indiano, introduzindo-o aos Beatles, assim como aos seus fãs do Ocidente.
Após a dissolução da banda, ele teve uma bem-sucedida carreira solo, posteriormente, também obteve sucesso como membro do Traveling Wilburys e como produtor de cinema e musical. Harrison ocupa a 11ª posição da lista "Os 100 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos", da revista Rolling Stone.
Ainda que a maioria das músicas dos Beatles tenham sido compostas por Lennon e McCartney, os álbuns do grupo, a partir de “With the Beatles” (1963), geralmente incluíam uma ou duas músicas de autoria de Harrison.
As suas últimas composições com o grupo incluíram "Here Comes the Sun", "Something" e "While My Guitar Gently Weeps".
À época do fim da banda, Harrison havia acumulado uma grande quantidade de material, lançado em seu aclamado álbum triplo “All Things Must Pass”, de 1970, do qual saíria o single "My Sweet Lord".
Em complemento à sua carreira solo, Harrison co-escreveu, junto de Ringo Starr, duas músicas de sucesso, assim como músicas para os Traveling Wilburys — o supergrupo formado por ele, Bob Dylan, Tom Petty, Jeff Lynne e Roy Orbison, em 1988.
Harrison envolveu-se com a cultura indiana e o hinduísmo no meio dos anos 60, ajudando a expandir e disseminar, pelo Ocidente, instrumentos como o sitar e o movimento Hare Krishna.
Além de músico, Harrison também foi um produtor musical e co-fundador da HandMade Films.
No seu trabalho como produtor de cinema, ele colaborou com artistas como Monty Phyton e Madonna.
Casou-se duas vezes, com a modelo Pattie Boyd, de 1966 a 1974, e por 24 anos com Olivia Trinidad Arias, com quem teve um filho, Dhani Harrison.
Era amigo íntimo de Eric Clapton.
É o único Beatle a ter publicado uma autobiografia, “I Me Mine”, em 1980.
Harrison morreu de cancro do pulmão, em 2001.

António Gervásio nasceu a 25 de Fevereiro de 1927



António Gervásio nasceu a 25 de Fevereiro de 1927, em Montemor-o-Novo numa família pobre de operários agrícolas.
Em 1945, aderiu ao PCP, tendo passado à clandestinidade no Verão de 1952.
Em 1963 foi eleito para o Comité Central, onde permaneceu até ao XVII Congresso do Partido, em finais de 2004.
Fez parte da Comissão Política apresentada ao VII Congresso (Extraordinário) do PCP, que se realizou em Outubro de 1974.
Foi preso três vezes, sempre por denúncia: em 1947, em 1960 e em 1971. Desta última prisão saiu na decorrência do 25 de Abril.
Esteve preso cinco anos e meio. Nas prisões de 1960 e 1971 foi brutalmente torturado, com espancamentos até à perda de sentidos. Na última prisão foi impedido de dormir durante 18 dias e 18 noites seguidos, cerca de 400 horas.
Em Maio de 1961, foi espancado em pleno tribunal por denunciar as torturas da PIDE.
No final desse mesmo ano, participou na fuga de Caxias, juntamente com outros militantes comunistas.
António Gervásio participou, do princípio ao fim, na direcção da vitoriosa e heróica luta do proletariado agrícola do sul do País pela jornada de oito horas, em 1962.
Depois da Revolução, foi eleito deputado à Assembleia Constituinte pelo distrito de Portalegre e, em 1979, foi eleito deputado à Assembleia da República pelo distrito de Évora. Participou directamente em todo o processo da Reforma Agrária e na luta pela sua defesa.
Foi membro da Direcção da Organização Regional de Évora do PCP e responsável pela organização concelhia de Montemor.
Samuel , em O Cantigueiro, a 17 de Novembro de 2011, escreveu sobre António Gervásio:
“Sim, amigos, o ambiente que se vive é de chumbo! Todavia, ainda é possível sair à rua e ver abertas de sol... promessas de um tempo melhor que aí vem.
Aconteceu-nos ontem. Saímos à rua no preciso momento em que o António Gervásio depositava na nossa caixa de correio um “Avante!”. É uma das suas ocupações: percorrer energicamente a cidade, a pé, distribuindo informação, propaganda... e estes excedentes do jornal, que sobraram da semana anterior.
O António Gervásio, para quem não souber, é um Homem, um camponês de quase oitenta e cinco anos... mas que continua a achar que a malta nova lhe trava o passo nas muitas iniciativas de rua e porta-a-porta em que faz questão de participar.
Teve uma vida cheia. Uma vida que dava um grande filme sobre a História do Alentejo. Aos dezoito anos de idade entrou para o PCP. Há sessenta anos, percorria ele esta terra grande, de cima abaixo e para todo o lado, fazendo milhares de quilómetros em bicicleta, clandestinamente, reunindo, mobilizando, esclarecendo, lutando com os seus companheiros camponeses, dia a dia, pela dignidade, pelo pão, pela liberdade, pela Reforma Agrária que haveria de chegar um dia...
Antes de Abril sofreu a morte de Catarina Eufémia... mas esteve na vitória que foi a conquista da jornada de trabalho de oito horas. Foi repetidamente preso e torturado... mas participou no momento luminoso da fuga da prisão de Caxias, no automóvel de Salazar, oferecido por Hitler.
Depois de Abril, viveu todos os minutos da mais bonita conquista da Revolução, a Reforma Agrária por que tinha lutado toda a vida. Assistiu ao milagre da produção, da terra partilhada, do pleno emprego...
Até a contra-revolução se abater sobre o Alentejo, ancorada em leis espúrias e decisões criminosas de Barreto e Mário Soares, ofensiva que, para liquidar a Reforma Agrária, viria a servir-se de todos os meios. Até do assassínio de trabalhadores.
Hoje continua, esclarecida e lucidamente a afirmar sem desânimo, que a Reforma Agrária é necessária.
Desculpem-me esta inusitada “aula” de História... mas este post, que aparentemente não servirá para nada, pode muito bem ser lido por algum jovem que, mesmo não deixando de ser quem é, ganhe a vontade de ser também, pelo menos um pouco como o António Gervásio.
Como disse, o ambiente que se vive é de chumbo! Todavia...”

Maria Machado nasceu a 25 de Fevereiro de 1890



Professora primária e funcionária clandestina do PCP entre 1942 e 1945, Maria Machado trabalhava numa tipografia na povoação de Barqueiro, em Alvaiázere, quando a PIDE a assaltou.
Tendo ficado para trás para permitir a fuga aos restantes camaradas tipógrafos, foi presa e torturada e não prestou quaisquer declarações.
Enquanto era arrastada pelos agentes da PIDE, gritou: «Se a liberdade de imprensa não fosse uma farsa, esta tipografia não precisava de ser clandestina. Isto aqui é a tipografia do jornal clandestino Avante!. O Avante! defende os interesses do povo trabalhador de Portugal.»
Para esta pequena homenagem no dia do seu aniversário de nascimento que foi em 25 de fevereiro de 1890, recorro a ao texto de Glória Maria Marreiros “À memória de
Maria Machado”, do Avante nº 1458 de 8 de novembro de 2001:
“Ao recordar-te, com os que te amaram, e ao falar de ti para os mais jovens, começarei com as tuas próprias palavras, ou seja, com o testamento político que deixaste ao Partido Comunista Português, escrito poucos dias antes da tua morte:
«A minha fé nos destinos do Povo trabalhador não morre comigo, perpetua-se em todos vós, queridos irmãos meus. O futuro será vosso. Nenhum sacrifício terá sido inútil, A Humanidade encontrará o seu caminho. Que importa, pois, que eu não assista à apoteose da Humanidade?»
O testamento define-te, Maria Machado.
Foi num Outubro diferente deste Outubro de 2001, que a morte te levou. A repressão seguiu os nossos passos, quando, tristes por te vermos partir te acompanhámos ao cemitério do Lumiar. As máquinas fotográficas, dos agentes da pide mal disfarçados, fixaram a dor dos nossos rostos amalgamada com a decisão que nos deixaste por herança. Vejo-te ainda, Maria, com a morte cingindo precocemente o teu corpo robusto, gritando: Morro, morro feliz, vi o Povo Português na rua. Moravas perto da praça José Fontana e o Povo corria para aclamar e ouvir no Liceu Camões, o General Humberto Delgado, candidato à Presidência da República. Era Maio de 1958. Os cavalos avançavam sobre a multidão e as espadas brilhavam no ar ameaçadoramente. Era um certo Maio, muito antes ABRIL!
A Guarda Nacional Republicana e a Polícia agrediam homens e mulheres, cidadãos que apenas desejavam exercer o direito de ouvir o seu candidato preferido.
Encontravas-te muito doente. A última prisão tinha sido uma machadada na tua débil saúde. Havias saído meses antes de Caxias para onde tinhas sido levada com uma perna fracturada, na companhia de toda a família Almeida que, por amizade e por solidariedade recebera em sua casa situada na rua da Palma. Como não podias caminhar, a polícia arranjou uma padiola e, aos ombros de dois pides, surgiste na rua apinhada de gente: De lá, do alto da padiola, gritavas para a multidão: somos antifascistas! Estamos a ser presos pela pide! Dessa vez - foi a 4.ª prisão - acusaram-te de prestares assistência aos presos políticos e de pertenceres à Comissão de Amnistia. Estiveste presa durante 2 anos e, nesse período ainda sofreste a punição de um mês sem correspondência por, alegadamente, teres dirigido uma carta ao Director do Depósito de Presos de Caxias, em termos injuriosos, que demonstram o propósito de desrespeitar esta polícia (sic). Não desistindo de continuar a perseguir, por todos os meios, quem lhe caísse na alçada, a pide, depois da tua libertação, viria a pressionar a senhoria que te alugara um quarto, para te pôr na rua por seres comunista.
A senhora não tinha nenhum motivo de queixa da tua pessoa mas receava as represálias se não satisfizesse a imposição. Não sabia como dizer-te para saíres sem contar a verdade e então arranjou a seguinte desculpa, à qual, apesar da situação, com o teu sentido de humor, achaste graça: ela era espírita e então resolveu dizer-te que o espírito de António José de Almeida lhe pedira para te avisar de que devias sair daquela casa o mais brevemente possível porque ali corrias perigo. Inteligente, compreendeste a manobra da pide e os receios da senhora. Não te poupando ao sacrifício mudaste de casa. O médico tinha-te recomendado repouso absoluto mas tu, para não incomodares, preparaste os teus haveres e quando os camaradas te foram buscar já se encontrava tudo pronto e tu.. cansadíssima. O teu coração estava muito doente, nós sabíamos. Se a pide, ao menos nessa altura, te tivesse deixado tranquila, quem sabe, Maria... quem sabe? Mas «eles» nunca esqueceram o crime de teres leccionado gratuitamente os filhos dos ferroviários, em Campolide. Nem tão pouco esqueceram o crime maior do teu valioso trabalho na Liga Esperantista Nacional, o que não só levou à tua primeira prisão,como ao encerramento da Liga. E nunca perdoaram, nem compreenderam - como poderiam compreender ?- que te tivesses deixado prender na tipografia clandestina do Avante!, para permitir a fuga de dois camaradas. Não perdoaram igualmente a tua firmeza nos interrogatórios.
Não morrem os companheiros de luta, como tu. No 25 de Abril estiveste inspirando os valorosos militares e acompanhando o Povo que das prisões fez sair os presos políticos por cuja libertação tanto te bateste. No Maio de 74, estiveste connosco de mãos dadas. O sangue derramado noutros Maios sangrentos floria nas tuas (nossas mãos) em cada pétala de cravos rubros. Ao nosso lado estiveste, Maria, no 28 de Setembro, quando a reacção envolvida em manto de hipocrisia, esperava estrangular a vontade nova, que o sacrifício de Homens e Mulheres como tu, fez surgir no Povo e que não permitiu a boicotagem económica nem a chantagem política Passou o tempo. São 27 anos de Democracia, que não conheceste. Pelos teus ideais a luta continua. Quantas vezes, em manifestações de regozijo ou de protesto a tua imagem forte me surge como bandeira, parafraseando-te: Sou feliz porque vejo o Povo na rua. De facto, não morrem os companheiros de luta, nem a luta com eles morre. Ambos renascem em cada comunista e em cada democrata consequente.
Para terminar esta carta, singela homenagem, de ti me despeço Maria, com a recordação do teu maternal sorriso”
A camarada Maria Machado morreu a 4 de Outubro de 1958!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A 24 de Fevereiro de 1927, nasceu David Mourão-Ferreira



Konstantin Aleksandrovich Fedin nasceu em Saratov/Rússia, a 24 de fevereiro 1892


Konstantin Aleksandrovich Fedin nasceu em Saratov/Rússia, a 24 de fevereiro 1892 e morreu em Moscovo, a 15 de julho de 1977, foi um importante escritor soviético.
Fedin nasceu em Saratov, de origem humilde, estudou em Moscovo e na Alemanha e foi preso lá durante a I Guerra Mundial .
Após a sua libertação, ele trabalhou como intérprete na primeira embaixada soviética em Berlim .
Ao regressar à Rússia aderiu aos bolcheviques e fez parte do Exército Vermelho.
A seu primeiro texto, "The Orchard", foi publicado em 1922.
Os seus dois primeiros romances são os seus mais importante; Goroda i gody (1924) e Anos, de 1962, "um dos primeiros grandes romances da literatura soviética" e bratya (Brothers, 1928) ambos lidam com o problemas de intelectuais na época da Revolução de Outubro , e incluem "impressões do mundo burguês alemão" com base em sua prisão durante a guerra.
Os seus romances posteriores incluem Pokhishchenie Evropy (O estupro da Europa, 1935), SANATORII Arktur (The Arktur sanatório, 1939), ea trilogia histórica, Pervye radosti (Primeiras alegrias de 1945), Neobyknovennoe leto (Um verão incomum, 1948), e Kostyor (O fogo, 1961-1967).
Ele também escreveu um livro de memórias Gorky (Gorky entre nós, 1943).
Fedin possuía em alto grau talento para comunicar a atmosfera de um determinado tempo e lugar, as suas próprias experiências, com uma memória capaz de selecionar e reter elementos fundamentais de longas cenas do passado.
De 1959 até sua morte, Fedin foi presidente da União dos Escritores Soviéticos.
Fedin foi distinguido como Herói do Trabalho Socialista (1967), recebeu quatro ordens de Lenin, duas Ordens da Bandeira Vermelha do Trabalho, uma Ordem da Revolução de Outubro, o Prêmio Stalin , 1 ª classe (1949) - para as novelas "Primeiro Alegria" (1945) e "No Ordinary Verão" (1947-1948) e duas vezes a Ordem do GDR.

Denis Law nasceu em Aberdeen/Escócia a 24 de Fevereiro de 1940



Denis Law nasceu em Aberdeen/Escócia a 24 de Fevereiro de 1940 e é um ex-futebolista escocês.
Começou em 1956 no Huddersfield Town, indo em 1960 ao Manchester City. Após uma temporada em Maine Road, foi contratado pelo Torino, mas ficou também apenas uma temporada na Itália, regressando a Manchester, como jogador do Manchester United, o grande rival de seu ex-clube.
Na sua primeira temporada do United, ganhou uma FA Cup e tornou-se carrasco do City ao marcar o golo do empate em 1-1 que decretou a despromoção dos azuis na liga inglesa.
Law participou na grande equipa dos Red Devils que dominou o cenário inglês nos anos 1960 e fez do United, até então um clube de média expressão na Inglaterra abalado pelo acidente aéreo que matou promissores jogadores do clube em 1958, numa potência europeia.
Ao lado das estrelas Bobby Charlton (um dos sobreviventes do acidente) e George Best (de quem foi amigo até o fim da vida deste), ajudou o clube a ganhar dois campeonatos ingleses e a primeira conquista de uma equipa inglesa na Taça dos Campeões da UEFA, em 1968, sobre o Benfica. Recebeu a Bola de Ouro da France Football como melhor jogador europeu de 1964. É até hoje o único jogador escocês a receber tal prémio.
Sinais de decadência vieram no início dos anos 1970, no United e em Law, que passou a ter problemas no joelho. Acabou por ser dispensado pelo clube no final da temporada de 1972/73. Como sua família já estava estruturada em Manchester, Law, para continuar na cidade, acertou um retorno ao Manchester City, no que seria sua temporada de despedida.
Na última jornada do campeonato inglês, novamente um golo seu, no dérbi de Manchester decretou a despromoção de seu ex-clube, desta vez o do United (que já não contava também com Best e Charlton). Law não comemorou o golo, na vitória por 1-0 do City no clássico, sem saber que mesmo um empate já despromoveria os vermelhos.
A sua primeira convocação para a Seleção Escocesa foi em 1958, já após o Mundial daquele ano. A convocação foi feita por Matt Busby, que seria seu treinador posteriormente no Manchester United. Busby estava a ocupar provisioramente o cargo de técnico da Seleção Escocesa naquele segundo semestre de 1958.
O seu maior momento com a Escócia foi em 1967. Numa vitória de grande significado nacional para os escoceses, embora pouco considerada externamente, Law marcou o primeiro golo na vitória por 3-2 sobre a campeã do mundo Inglaterra em Wembley, resultado que fez os escoceses se autoproclamarem os novos campeões do mundo, em disputa “oficiosa”.
Law encerrou definitivamente a carreira na seleção após o Mundial de 1974, realizada ao fim de sua derradeira temporada (a de 1973/74, quando jogou pelo Manchester City), no que foi o primeiro mundial para o qual conseguiu classificar-se com a Escócia.
A equipe ficou pela primeira fase, mesmo sem ter perdido um único jogo. Law, aos 34 anos, jogou apenas contra o Zaire, na vitória por 2-0, ficando de fora dos empates contra Brasil e Jugoslávia.
Denis Law vive atualmente nos arredores de Manchester, foi homenageado pelo United com uma estátua no Old Trafford, entre os seus ex-companheiros Best e Bobby Charlton. E, mesmo sem nunca ter actuado por clubes da Escócia, os seus 30 golos em 55 jogos pela Seleção Escocesa e os seus anos de glória em Manchester renderam –lhe o título de melhor jogador escocês dos 50 anos da UEFA, nos Prémios do Jubileu da entidade.




Pablo Milanés Arias nasceu em Bayamo/Cuba a 24 de fevereiro de 1943



Pablo Milanés Arias nasceu em Bayamo/Cuba a 24 de fevereiro de 1943 e é um cantor e guitarrista cubano.
Pablo Milanés estudou música no conservatório da cidade de Havana.
O inicio da sua carreira foi muito influenciado pela música tradicional cubana e pelo feeling. O feeling é um estilo de música que começou em Cuba, na década de 1940, e que representou uma nova forma de abordar a canção, em que o sentido definido na interpretação foi influenciada pelo fluxo de jazz e música romântica americana. O feeling é acompanhado por uma guitarra, para estabelecer a comunicação ou "sentimento" com o público.
Como intérprete, Pablo Milanés aderiu, posteriormente, ao quarteto Los Bucaneros, onde trabalhou nos primeiros trabalhos.
Em 1965 Pablo Milanés publicou os “Meus 22 anos”, considerado por muitos como o elo entre sentimento e a Nueva Trova Cubana, incluindo novos elementos musicais e vocais que seriam precursores da música cubana que viria mais tarde.
A colaboração com os Bucaneros estendeu-se até 1966.
Em 1967 era a época da Guerra do Vietnam e Pablo Milanes posiciona-se contra a guerra.
Em 1968 ocorreu o primeiro concerto com Silvio Rodriguez, na Casa das Américas.
Este seria o primeiro sinal do que mais tarde, em 1972, emergeria como movimento popular musical da Nueva Trova.
Através da Casa das Américas actuou, como muitos artistas que partilhavam preocupações sociais como Violeta Parra, Mercedes Sosa, Daniel Viglietti, Chico Buarque, Simone, Vinicius de Moraes, de Milton Nascimento, Victor Jara e muitos outros.
Através da GESICAIC, Pablo Milanés e outros músicos cubanos, incluindo Silvio Rodriguez, participaram num workshop criativo dedicado a jovens talentos da cinematografia cubana, que contactaram com o melhor da música cubana, que mais tarde iria ser utilizada por uma nova geração de cineastas, fundindo na perfeição a música e o cinema.
No início dos anos oitenta, Pablo Milanés formou o seu próprio grupo, com a ajuda de vários amigos que estavam com ele na GESICAIC. Esta fase caracteriza-se por uma riqueza de recursos musicais utilizados e da variedade de géneros, mas seu conteúdo permanece num forte background social.
Um álbum importante na vida de Pablo Milanés foi ” Caro Paulo”, uma homenagem gravada com alguns de seus grandes amigos, e em que as pessoas da estatura de Victor Manuel e Ana Belen, Luis Eduardo Aute e Mercedes Sosa, entre muitos outros. Vinte anos mais tarde, um punhado de artistas reúnem-se para cantar o filho de Pablo Milanés. Nesta ocasião, além dos amigos "clássicos" Pablo foi unir artistas da nova música pop, como Fher, cantor Mana, Marco Antonio Muniz ou Armando Manzanero.
Em 2005 inclui uma parte da banda sonora do filme “sempre Havana”, liderada por Angel Pelaez.
Muitos artistas têm trabalhado com ele, incluindo Manah, Silvio Rodriguez, Joaquin Sabina, Ana Belen, Joan Manuel Serrat, Victor Manuel, Los Van Van, Lilia Vera, Caco Senante e Hark.
Recentemente, Pablo Milanés deu apoio e aderiu à longa lista de personalidades da América Latina que já manifestaram apoio à independência de Porto Rico através da sua adesão à Proclamação da Panamá aprovada por unanimidade no Congresso Latino-Americano e do Caribe, um congresso que reúne organizações políticas como as FARC, para a Independência de Puerto Rico realizada no Panamá em novembro de 2009.
Entre os autores que deram o seu apoio inequívoco ao direito de Porto Rico para exercer o seu direito à autodeterminação Pablo Armando Fernandez, Gabriel Garcia Marquez, Ernesto Sábato, Eduardo Galeano, Thiago de Mello, Mario Benedetti, Frei Betto Carlos Monsivais, Ana Lydia Vega, Mayra Montero e Luis Rafael Sanchez.
Em 2010, apresentou-se no Brasil, no Festival Música do Mundo, na cidade de Três Pontas (MG), ao lado do amigo Milton Nascimento, onde gravou um DVD de seu concerto.


Alain Marie Pascal Prost nasceu em Loire/França a 24 de fevereiro de 1955



Alain Marie Pascal Prost nasceu em Loire/França a 24 de fevereiro de 1955 e é um ex-automobilista francês, quatro vezes campeão do Mundial de Pilotos da Fórmula 1, considerado um dos mais bem sucedidos pilotos da categoria de todos os tempos.
Durante sua carreira na F1, de 1980 a 1993, Prost venceu 51 Grandes Prémios.
A sua primeira vitória ocorreu no Grande Prémio da França de 1981, com um carro francês, o Renault. Ainda na Renault ele somou mais 8 vitórias ao seu currículum.
Mas divergências com a equipa fizeram-no regressar à McLaren, na qual somaria mais 30 vitórias e ganharia três títulos mundiais.
Numa passagem conturbada pela Ferrari, foi vice-campeão em 1990 e não competiu em 1992.
Regressou em 1993, sagrando-se mais uma vez campeão, agora pela Williams e encerrando no mesmo ano sua carreira.
No seu tempo, Alain Prost tinha um estilo de pilotagem seguro, leve e elegante, em oposição ao maior virtuosismo de outros pilotos com os quais competiu, como Gilles Villeneuve, Nigel Mansell e o próprio Ayrton Senna.
Um dos principais exemplos desse método era a economia dos componentes do carro (motor, gasolina, pneus) durante a maior parte da corrida, para que as grandes acelerações se dessem somente nos momentos de real decisão (como nos instantes de ultrapassagem).
Por adoptar essa forma racional e calculista de competição, Prost ficou conhecido como "O Professor".
De 1997 a 2001 foi proprietário e dirigiu a Prost Grand Prix Racing Team. A equipe faliu no começo de 2002.
Fora das corridas, Prost é um entusiasta pelo ciclismo de estrada e ajudou no design de bicicletas da fábrica francesa Cyfac.
Alain Prost é casado com Anne-Marie Prost e tem três filhos: Nicolas, Sacha e Victoria. Prost reside em Nyon, na Suíça.


Conselho do Dia!...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A Diferença entre Grécia e Portugal



Quem se lembra daquele fofuxo momento em que Vítor Gaspar foi rebaixar-se perante Wolfgang Schäuble, pedindo ao Ministro das Finanças alemão que tivesse pena dos pobrezinhos dos portugueses? Recuperando a informação que trocaram acerca do plano que tinham para Grécia e Portugal, hoje, o vídeo é mais actual que nunca. Então e agora, já se percebe a completa nulidade que temos como Governo?

Conversa informal entre ministros das Finanças antes do Eurogrupo PorRedacção TVI 2012-02-09 20:01

A Alemanha está disponível para flexibilizar as condições do programa de assistência financeira a Portugal, mas só depois de a situação grega estar resolvida, avança a TVI.

Esta é uma das novidades que saiu de uma conversa informal entre o ministro das Finanças português, Vítor Gaspar, e o ministro homólogo alemão, Wolfgang Schauble.

Durante esta conversa, o ministro de Angela Merkel elogia Portugal pela forma como está a executar o programa de ajustamento e diz-se disponível para floexibilizar esse mesmo programa, mas avança que só o pode fazer depois de resolvida a questão da Grécia.

Os ministros das Finanças de Portugal e Alemanha tiveram uma conversa informal esta quinta-feira antes da reunião do Eurogrupo. No encontro, os ministros das Finanças da Zona Euro iam discutir, precisamente, as condições do segundo resgate à Grécia.

A conversa mostra que as posições tomadas pelos políticos alemães em público e em privado nem sempre coincidem.

Cosme Damião - A sua casa cheira

Vai um penalti de Sagres Bruninho? Outros tempos!...

Apresentação de trabalhos de azulejaria de José João M. Gonçalves



























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Hoje está de chuva e vento forte!...


A 23 de Fevereiro de 532, o Imperador Justiniano mandou construir a Basílca de Santa Sofia em Constantinopla

A 23 de Fevereiro de 1987,morreu o cantor e compositor Zeca Afonso



Poeta, cantor e compositor, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro,e faleceu a 23 de Fevereiro de 1987, em Setúbal. Viveu até aos três anos na cidade onde nasceu, tendo, em1932, viajado para Angola onde passou a viver com os pais e irmãos que aí já se encontravam. Terá sido aqui queo poeta criou uma relação estreita com a Natureza e sobretudo com África que, mais tarde, se reflectiria emmuitos dos seus trabalhos.
Regressado a Portugal, depois de uma breve passagem também por Moçambique, José Afonso foi viver paracasa de familiares em Belmonte, onde completou o Ensino Primário. Estudou, já em Coimbra, no liceu D. João IIIe ingressou, depois, no curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras daquela cidade, tornando-se notado pelas suas interpretações do fado típico coimbrão - não apenas pela qualidade da sua voz mas pelaoriginalidade que emprestava às interpretações.
Em 1955, iniciou uma pequena carreira como professor do Ensino Secundário e leccionou em liceus e colégios delocais tão variados como Mangualde, Aljustrel, Lagos, Faro e Alcobaça. Seis anos mais tarde, partiu paraMoçambique onde voltaria a dar aulas. De volta ao seu país, em 1967, conseguiu uma colocação como professormas, ao ser expulso do Ensino por incompatilidades ideológicas face ao regime ditatorial vigente, começou adedicar-se mais à música e, consequentemente, a gravações mais regulares.
A sua formação musical integrou um processo global de actualização temática e musical da canção e fado deCoimbra. Foi assim que o cancioneiro de Zeca Afonso recriou temas folclóricos e até infantis, reescrevendoformas tradicionais como a "Canção de Embalar", evocando mesmo, neste retomar das mais puras raízesculturais portuguesas, o ambiente lírico dos cancioneiros primitivos (cf. "Cantiga do Monte"), ao mesmo tempoque introduziu no texto temas resultantes de um compromisso histórico, denunciando situações de miséria sociale moral (os meninos pobres, a fome no Alentejo, a ausência de liberdade) e cimentando a crença numa utopiaconcentrada no anseio de "Um novo dia" ("Menino do Bairro Negro").
Reagindo contra a inutilidade de "cantar o cor-de-rosa e o bonitinho, muito em voga nas nossas composiçõesradiofónicas e no nosso music-hall de exportação", partiu da convicção de que "Se lhe déssemos uma certadignidade e lhe atribuíssemos, pela urgência dos temas tratados, um mínimo de valor educativo, conseguiríamostalvez fabricar um novo tipo de canção cuja actualização poderia repercutir-se no espírito narcotizado do público,molestando-lhe a consciência adormecida em vez de o distrair." ("Notas" de José Afonso in Cantares, p. 82).
Canções decoradas por várias gerações de portugueses, filhas da tradição e incorporando, por seu turno, atradição cultural portuguesa, a maior parte dos temas de Zeca Afonso integram, como voz de resistência mastambém como voz pura brotando das raízes do ser português, o imaginário de um povo que durante a ditaduradecorou e entoou intimamente os versos de revolta de "Vampiros" ou de "A Morte Saiu à Rua", ou que fez de"Grândola, Vila Morena" o seu hino de utopia e libertação.
Menos equívoca, no pós-25 de Abril, mas animada pelo mesmo ímpeto de reivindicação de justiça e de apelo àfraternidade, a sua canção, no que perde por vezes de subtil metaforização imposta pela escrita sob censura,ganha em força e engagement, na batalha contra novos fantasmas da alienação humana como o imperialismo, aCIA, o fascismo brasileiro, o novo colonialismo de África, o individualismo europeu. Neste alento, as QuadrasPopulares(1980) constituem uma verdadeira miscelânea sobre os novos desconcertos do mundo, as suas novas erenovadas formas de opressão, enumerando uma por uma as iniquidades, disparates e esperanças frustradas dasociedade saída da revolução de Abril, aspirando, em conclusão, a uma revolução ainda não cumprida ou aindapor fazer.
Apesar de galardoado por três vezes consecutivas (1969, 1970 e 1971) com um prémio oficial, a sua produçãoviria a ser banida dos meios de comunicação, dado o seu conteúdo indesejável para o regime; por essa mesmaordem de razões - talvez mais do que pela inovação musical -, a sua popularidade viria a crescer após areimplantação da democracia.
De toda a sua discografia, destacam-se os seguintes álbuns: Balada do outono(1960), Baladas de Coimbra(1962),Baladas e Canções(1964), Cantares de Andarilho(1968), Traz outro Amigo Também(1970), Venham maisCinco(1973), Coro dos Tribunais(1974), Grândola, Vila Morena(1974), Enquanto há Força(1978), Como se fora seuFilho(1983) e Galinhas do Mato(1985).


Foi a 23 de Fevereiro de 1916 que Portugal apreende os navios alemães nos portos portugueses, iniciava-se assim a participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial.



A salva de 21 tiros dada no rio Tejo pelo navio Vasco da Gama, da Marinha de Guerra, marcou o final da tarde de 23 de Fevereiro de 1916, altura em que Portugal tomou posse dos 38 navios alemães ancorados em Lisboa. O primeiro foi o Santa Úrsula, depois rebaptizado deEstremadura, com 3771 toneladas brutas. O acto, com pormenores beligerantes, foi seguido depois em outros portos, e conduziu à declaração de guerra por parte da Alemanha.
O primeiro passo para o envolvimento oficial de Portugal na I Guerra Mundial, envolvendo num conflito directo com as forças do Kaiser e com o Império Austro-Húngaro, tinha sido dado no início de Fevereiro de 1916. No dia sete desse mês, o Governo republicano publicou uma lei onde, entre outros aspectos, ficava estabelecido que poderia requisitar, “em qualquer ocasião”, as “matérias-primas e os meios de transporte que forem indispensáveis à defesa ou economia nacional, que se encontrem nos domínios da República”.
No dia 23 foi dado o segundo passo, com a entrada a bordo nos navios alemães ancorados em Lisboa. Na mão, os emissários portugueses levavam uma carta pró-forma de notificação da requisição dos navios, com base numa lei publicada nesse mesmo dia. Esta alegava que a requisição se tornara necessária devido à falta de navios para transporte marítimo, o que dificultava o acesso do país a muitos produtos indispensáveis para a subsistência da população (facto que já dera origem a vários distúrbios em diversas localidades). De acordo com nova lei, que conta com a assinatura de Bernardino Machado (presidente) e Afonso Costa (chefe do Governo), caberia ao Ministério da Marinha avaliar os navios e todos os seus pertences.
Ao todo, foram apreendidos 72 navios e respectivas cargas, espalhados por todos os territórios portugueses, como Angola e Moçambique , mas com destaque para Lisboa (onde estavam mais de metade). No Porto, por exemplo, estava apenas uma embarcação, o Vesta. Diversos vapores precisaram de reparações, já que, embora sem incidentes, o processo de requisição confrontou-se com peças escondidas ou danificadas pelas tripulações alemãs.
As relações comerciais entre Portugal e a Alemanha tinham-se intensificado no virar do século, à medida que o Kaiser tentava ganhar espaço no palco europeu e mundial.
Em 1910, dois anos após a assinatura de um acordo comercial entre os dois países, os alemães ultrapassam os ingleses. Nesse ano, conforme destaca Sacuntala de Miranda, “para 906 navios britânicos, com tonelagem de 1.594.969, entram em Portugal 723 navios alemães, com tonelagem de 1.598.449”. Por essa altura, a Alemanha tinha doze linhas de navegação comercial a fazer escala regular em Lisboa, e vários cidadãos alemães viviam na capital portuguesa e na cidade do Porto.
Quando se dá a requisição dos navios, que tinham ficado estacionados nos portos portugueses com o eclodir da guerra, a decisão já estava mais do que tomada ao nível do governo de Afonso Costa, em articulação com os ingleses. Era só uma questão de saber quando é que se avançava. Publicamente, numa entrevista ao jornal O Século, a 10 de Fevereiro, o deputado Leote do Rego defende de forma vincada o “aproveitamento temporário” dos vapores alemães. “O governo não deve hesitar em fazê-lo, embora preze aos germanófilos, aos seus falsos medos de zeppelins, de complicações, de açoites de qualquer Von, medos que se escondem atrás das lamúrias de certos loiros Falstaffs, sobre a sorte dos pobres soldadinhos, que terão de deixar o amanho das suas vinhas.”


Os receios ingleses

O governo de Afonso Costa, formado nos finais de 1915, queria entrar no conflito ao lado dos aliados, promovendo assim o regime republicano e protegendo os territórios em África. A falta de navios por parte dos ingleses acabou por proporcionar essa intervenção. O historiador Luís Alves de Fraga refere que, após várias negociações, o gabinete de guerra britânico invocou, a 16 de Fevereiro, de modo formal, a aliança com Portugal para requisitar os navios alemães.
Existiam no entanto, vários receios por parte do gabinete de guerra britânico. Num relatório classificado como “secreto”, datado de dia 12 de Fevereiro e onde se analisam as possíveis consequências da iniciativa portuguesa, refere-se ser provável que tal acto justifique a declaração de guerra por parte da Alemanha. Esta, por sua vez, poderia levar a confrontos em Moçambique (como aconteceu) mas poderia também levar Espanha a apoiar a Alemanha e o Império Austro-Húngaro.
O clero espanhol, constatava o relatório, era fortemente pró-alemão, e esta poderia ser uma ocasião para a Espanha tentar voltar a deter o domínio da Península Ibérica. “Se o exército espanhol é mau, o português é certamente muito pior”, sublinhava-se, realçando que, com a requisição dos navios, a Inglaterra ficava moralmente responsável por apoiar Portugal, o que poderia implicar o envio de “uma considerável força expedicionária para Portugal”, numa nova frente de combate.
A requisição dos navios poderia “envolver a Grã-Bretanha em pesadas responsabilidades militares”, e proporcionar a Portugal a justificação para pedir empréstimos de grande dimensão. “Se os navios em questão são tão essenciais para o esforço de guerra de modo a justificar o preço que poderá ter de ser pago é uma questão para ser decidida pelo governo de sua majestade”. A Espanha acabou por se manter neutral, aliviando assim o nível de risco.
A falta de navios de transporte era encarada como um grave problema pelo lado inglês. Um outro documento do gabinete de guerra, este classificado de “muito secreto” e datado de 11 de Fevereiro, alertava para o facto de o Almirantado ter informado que havia sérios atrasos no programa de construção naval, devido, nomeadamente, à falta de pessoal qualificado. “Tendo em conta a actual insuficiência de tonelagem disponível e a probabilidade de maior actividade por parte dos submarinos inimigos no curto prazo”, o gabinete de guerra defende que a resolução deste problema é de “importância primordial”.
Conforme refere Luís Alves de Fraga, a apreensão dos navios alemães fornece a Portugal uma tonelagem bruta superior à da marinha mercante nacional. No entanto, o acordo com a Inglaterra pressupunha a passagem para os britânicos da maior parte dos navios, embora navegassem com bandeira portuguesa. Foi, aliás, a passagem de muitos das embarcações para as mãos inglesas que levou Portugal ao estado de guerra com a Alemanha. A 2 de Março de 1916, Sidónio Pais, então responsável da República portuguesa junto do governo do Kaiser, enviou um telegrama para Lisboa onde sustentava que ainda se podia chegar a uma solução pacífica caso fosse “assegurado que navios não se destinam a inimigos da Alemanha”. Uma semana depois, no dia 9, o ministro plenipotenciário alemão em Portugal, o barão Otto Karl Von Rosen, entregou finalmente a declaração de guerra do seu país.

Diferentes destinos

Depois de ter cedido os navios à Grã-Bretanha, como estava estipulado, à disposição do governo republicano ficaram embarcações que somavam 85.208 toneladas, o equivalente a 35% do total. Em troca, Portugal entraria na Guerra com o apoio inglês, o que significava apoiar a formação e manutenção de um corpo expedicionário e um empréstimo financeiro, 25 anos após a bancarrota do país.

Vários dos navios apreendidos sofreram um destino algo irónico, afundados por submarinos alemães. Foi o caso do Leça e do Cascais, alvos, em Dezembro de 1916, dos torpedos lançados pelo UC 18, comandado por Wilhelm Kiel, perto da costa francesa.
Entre os navios que acabaram por ficar em mãos portuguesas houve destinos diversos. Alguns, poucos, serviram de apoio à Armada portuguesa, como o cruzador auxiliar Gil Eanes. Vários entraram para a empresa de Transportes Marítimos do Estado. Há, ainda, casos especiais, como o do Flores, que após ter sido devolvido pelos ingleses foi utilizado pela Marinha Portuguesa como navio-escola com o nome de Sagres (o actual navio foi construído também na Alemanha, mas em 1937).
Após a declaração de guerra da Alemanha o Governo republicano muda, inevitavelmente, de tom. A 20 de Abril são banidos os súbditos alemães de ambos os sexos, aos quais são dados cinco dias para saírem do país. A excepção são os homens entre 16 e 45 anos, que, para não poderem participar no esforço de guerra, “serão conduzidos para o lugar que for designado pelo Governo”. Ou seja, são aprisionados.
Proíbe-se todo o comércio com o inimigo e inicia-se uma intervenção sobre os bens dos cidadãos tidos como súbditos da Alemanha. Quanto à carga dos navios apreendidos, estabelece-se que “as mercadorias sujeitas a deterioração, ou de difícil guarda e conservação, podem ser vendidas em hasta pública por intermédio das alfândegas”, com o respectivo encaixe financeiro a ficar depositado na Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Embora fosse difícil perceber quem eram os verdadeiros proprietários das mercadorias (se alemães ou se estas tinham sido pagas por um outro país, aliado ou neutral), foram vendidos diversos produtos que estavam nos navios, como aveia, sacas de café, placas fotográficas, barricas com anilina ou cimento, tabaco e tanques com ferro galvanizado.
Pelo meio, houve uma carga mais preciosa: a bordo do Cheruskia (depois Leixões), um dos navios apreendidos em Lisboa, estavam diversas peças arqueológicas de Assur, antiga Mesopotâmia, como uma estátua suméria e pequenas placas com inscrições cuneiformes e um cofre com mais de 3000 anos. O espólio, reencaminhado para a Universidade do Porto, era suficientemente importante para, após o final da guerra, em 1926, as autoridades alemãs o quererem reaver. Em troca, deram cerca de 600 várias outras peças de valor histórico, com destaque para o espólio egípcio. Hoje, parte dessas peças estão expostas no Museu Natural da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O ataque aos “bens dos inimigos”

A necessidade de organizar o que eram os bens de cidadãos residentes em Portugal considerados agora adversários, levou, a 4 de Maio de 1917, à criação da Intendência dos bens dos inimigos. A este organismo, que funcionou no âmbito do Ministério das Finanças, cabia “superintender a administração dos bens arrolados” e “promover a liquidação dos bens dos inimigos sempre que dela não resulte inconveniente”.

O processo foi tudo menos simples e rápido e marcou fortemente, pela negativa, diversas famílias enraizadas no país, algumas das quais com grande peso na sociedade portuguesa, como os Burmester e os d’Orey. Neste último caso, os membros da família eram descendentes de um exilado alemão que se instalara em Portugal 65 anos antes. Logo no dia em que foi publicada a lei que estabeleceu quem era considerado súbdito inimigo, três membros da família d’Orey, Rui, Waldemar e Guilherme (irmãos), apresentaram, como refere Maria João da Câmara, autora de um livro sobre os Orey, um requerimento no Ministério dos Negócios Estrangeiros no qual reafirmam a nacionalidade portuguesa. No entanto, não há resposta, e têm de sair do país. Estes responsáveis pela empresa de transportes de pessoas e mercadorias, que estavam ligados também ao comércio de ferro, “vêem-se obrigados a partir para Espanha, a 10 de Maio de 1916, rumo a Pontevedra”. A firma, que mantém a sua actividade, fica então nas mãos de um depositário-administrador, José Augusto Prestes, ficando José Antunes dos Santos como gerente.
Um documento da Intendência dos bens dos inimigos, cujo arquivo está hoje na Torre do Tombo (mas ainda em fase de tratamento), demonstra que, no início de Junho, Waldemar d’Orey e outro membro da família entregam um pedido de subsídios de alimento. A análise do valor a atribuir ficava a cargo de José Augusto Prestes. Pelo meio, e segundo Maria João da Câmara (que é também bisneta do fundador da firma), José Antunes dos Santos tentava “adquirir a empresa através de manobras pouco edificantes”.
Após uma recolha de assinaturas onde se pedia a revogação da expulsão dos membros desta família, “com dezenas de carimbos de firmas lisboetas”, a interdição acaba por ser retirada a 20 de Outubro. É o regresso dos Orey, cerca de seis meses depois. Diferente destino tiveram várias outras empresas.

Evitar especulações

Ao todo, foram abertas 1148 cadernetas individuais na CGD, ligadas a contas bancárias de pessoas identificadas como inimigas do Estado (incluindo pessoas e empresas portuguesas que tinham relações próximas com os indivíduos referenciados pelas autoridades). Nessas contas constam valores em numerário, títulos e objectos preciosos arrolados e depositados no banco público pelos respectivos depositários-administradores. No arquivo da Intendência dos bens dos inimigos estão também cerca de 890 processos ligados aos arrolamentos dos bens. Entre as empresas e instituições afectadas, além da família Burmester, estão o Clube Alemão de Lisboa, o Deutsche Bank, a Igreja Evangélica Alemã, a Bayer, a Siemens, o Colégio Alemão e o Consulado Alemão, apenas para dar alguns exemplos. São vendidos móveis e imóveis, além de diversos produtos (como sal, vinhos em pipas e garrafas, cortiça, produtos químicos, couros e automóveis). Aos antigos donos eram devolvidos objectos como roupas, retratos e quadros de família.

As hastas públicas devem ter sido aproveitadas por algumas pessoas em negócios pouco claros, já que, no final de Setembro de 1917, são dadas indicações para que uma venda de activos de uma empresa fosse feita em bloco para evitar conluios e especulações que resultassem “na adjudicação dos bens do inimigo por preço diminuto ou muito inferior ao seu valor”.
Pelo meio houve casos em que os antigos proprietários tentaram passar a tempo a propriedade, no papel, para cidadãos não conotados com o inimigo, colocando assim os seus bens a salvo. No arquivo da Intendência dos bens inimigos é relatado um caso, da firma Wimmer, na qual, segundo o documento enviado ao Tribunal do Comércio de Lisboa, se recorreu a “verdadeiras manigâncias para simular passagens de negócios a outras entidades”.
Neste processo, nem a CUF, um dos maiores grupos empresariais naquela época, ficou imune. A Inglaterra suspeitava das simpatias alemãs de Alfredo da Silva, e já tinha congelado as importações de produtos do patrão da CUF. A pressão aumentou com a declaração de guerra da Alemanha. Foi exigido o afastamento do alemão Martin Weinstein, sócio e amigo de longa data de Alfredo da Silva. Weinstein vende as suas acções a Alfredo da Silva e parte para Madrid onde virá a falecer.
A contra-gosto, o empresário português acede a uma análise do seu grupo, que conta com a participação do presidente da Câmara do Comércio Inglês, Garland Jayne. No dia 10 de Março de 1916, fica inscrito nas actas da empresa que “o Sr. Garland Jayne (...) disse que quer pela inspecção do perito contabilista, quer pelo que ele estava vendo agora, reconhecia que na CUF havia e há sempre a maior correcção, não tendo ela feito coisa alguma contrária aos interesses da Grã-Bretanha e dos seus aliados”. O perigo fora afastado.

Pagar no futuro

Pesando apenas as questões económicas do impacto e do envolvimento de Portugal na 1ª Guerra Mundial, fica evidente que as contas do país ficaram a perder.
Com a requisição dos navios alemães ficou aberta uma linha de crédito inglesa para o esforço de guerra, cuja soma, em 1918, segundo o historiador António José Telo, era de 15,6 milhões de libras. Sete anos depois, esse valor subira para 22,7 milhões de libras, devido aos juros acumulados e ausência de amortizações. Ou seja, um aumento de 45,5%.
Os encargos começaram logo em 1914-1915, com a inscrição de despesas extraordinárias para “material de preparação para a guerra”. O Orçamento do Estado para 1916-1917, datado de 26 de Maio de 1916, refere a abertura de uma conta especial, no Ministério das Finanças, de 75 milhões de escudos. Esta, denominada de “despesas excepcionais resultantes da guerra”, era a conta à qual seriam deduzidas “todas as despesas de carácter militar, económico e financeiro, não compreendidas no orçamento normal do Estado”. As despesas ordinárias para 1916-1917 estimadas para a Metrópole eram de 77,7 milhões de escudos. A dívida pública era então de 30,6 milhões. Dos 75 milhões disponíveis para a guerra, as principais fatias cabiam ao Ministério da Guerra (40 milhões), ao Ministério da Marinha (12 milhões) e ao Ministério das Colónias (10 milhões).
No orçamento do ano seguinte (1917-1918), datado de 6 de Setembro de 1917, as “despesas excepcionais”, “durante o estado de guerra e por motivo de guerra”, eram já de 150 milhões de escudos, cabendo ao Ministério da Guerra 100 milhões. As colónias ficavam agora com 20 milhões e a Marinha com outros 8 milhões (parte dos quais seria para pagar o início da construção de três submarinos). Para tal, o governo ficava autorizado a realizar “empréstimos e outras operações de crédito”.
Em 1918-1919 (já com o conflito terminado), o valor das despesas extraordinárias com a guerra é de 100 milhões de escudos. Nesta altura era já Sidónio Pais quem governava, ficando o Ministério da Guerra com 59,6 milhões, o das Colónias com 15 milhões e, em terceiro lugar, no lugar da Marinha, vinha o Ministério das Finanças, com 10,3 milhões de escudos. Entre as suas despesas inscritas estava a contabilização dos “juros e amortizações da dívida de guerra”. A dívida pública era agora contabilizada em 31,6 milhões de escudos, pouco mais do que em 1916-1917. Que as contas ligadas à guerra ficaram algo descontroladas é evidenciado por uma lei de 7 de Janeiro de 1924, onde se estipulava que, a partir da publicação desse decreto, passava a ser “absolutamente proibido requisitar ao Ministério das Finanças (...) quaisquer importâncias em conta da verba descrita no Orçamento do Estado, sob a rubrica ‘despesas excepcionais resultantes da guerra’”. De acordo com a nova lei, ficavam “civil e criminalmente responsáveis os organismos do Estado e respectivos funcionários que procederem em contrário”.