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quarta-feira, 31 de março de 2010

No dia 1 de Abril de 1939, termina a Guerra Civil Espanhola


Guerra Civil Espanhola



A Espanha, no início do século XX, era uma monarquia que possuía um grande déficit em sua economia. Nesse mesmo período vários grupos políticos surgiam para fazer oposição ao regime monárquico. Socialistas, anarquistas e comunistas defendiam desde a melhoria das condições de trabalho até a extinção de qualquer forma de governo instituído.

Em meio à violência das manifestações populares, a monarquia tentou contornar a crescente instabilidade com a intervenção militar. Nesse processo, o general Primo de Rivera tornou-se líder máximo do governo espanhol. A repressão do governo militar foi respondida com o repudio violento da população, que em 1930 conseguiu dar fim ao mandato de Primo Rivera.

Percebendo a insustentabilidade da monarquia, o então rei Alfonso XIII deixa o trono dando espaço para a fundação do governo republicano. Sob o comando de Niceto Alcalá Zamora a república espanhola não conseguiu aproximar-se dos diferentes grupos políticos do período. Nos anos 30 observou-se uma divisão dos grupos políticos de direita e esquerda em duas grandes representações: a Frente Popular, comandada pelos comunistas; e a Falange Espanhola Tradicionalista, que agrupava os grupos ultraconservadores facistas espanhóis.

Ao longo dessa época os conflitos entre comunistas e fascistas instalou um clima de guerra civil na Espanha. Aproveitando a guerra civil, o chefe do Estado-Maior e integrante da Falange, Francisco Franco, convocou tropas contra as forças comunistas. No plano exterior, Franco teve apoio militar dos governos nazi-fascistas de Hitler e Mussolini. Do lado dos comunistas, as Brigadas Internacionais lideradas pela Internacional Comunista, formaram exércitos favoráveis aos grupos de esquerda.

Os longos conflitos deixaram o país vivendo uma situação de caos e horror. Cerca de um milhão de espanhóis foram mortos durante as batalhas que se estenderam até 1938. No fim, Francisco Franco subiu ao poder com o apoio dos nazi-fascistas europeus. Além de reprimir os movimentos de esquerda na Europa, o envolvimento da Alemanha e da Itália no conflito servia de preparativo para os vindouros conflitos da Segunda Guerra Mundial.

1 de Abri de 1680, o rei de Portugal aboliu a escravidao dos Indios Brasileiros

O dia um de abril de 1680 e apresentado como o Dia da Abolição da Escravidão Indígena. Historicamente, nesta data, o rei de Portugal publicou mais uma lei que acabava com o cativeiro dos índios no Brasil. 

a 31 de Março de 2009 morreu Raul Alfonsin

O ex-presidente argentino Raúl Alfonsín, símbolo do retorno do país à democracia após uma violenta ditadura militar, morreu nesta terça-feira aos 82 anos em sua casa em Buenos Aires, vítima de um câncer no pulmão, informou um dos médicos que o atendeu.
Advogado de profissão, Alfonsín governou a Argentina entre 1983 e 1989, período conturbado pelos ressentimentos causados por uma ditadura que perseguiu e matou milhares de dissidentes durante os sete anos que esteve no poder.
O ex-presidente e líder da União Cívica Radical, um partido de centro, liderou o histórico julgamento da Junta Militar em 1985, que acabou com a prisão da cúpula da ditadura.
Mas pouco depois, em meio a fortes pressões políticas e de sucessivas tentativas de golpe de Estado, foram promulgadas leis de amnistia que permitiram a centenas de militares de baixo escalão evitar a Justiça.
O governo de Alfonsín terminou prematuramente em meio a uma forte crise economica e violentas greves de sindicatos, maioritariamente de oposição.

A 31 de Março de 1980 morreu Jesse Owens

Jesse Owens,  filho de um agricultor e neto de um escravo, conseguiu o que nenhum atleta olímpico antes tinha conseguido. A suas quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, fazem dele um dos melhores atletas da história do desporto olímpico.
James Cleveland nasceu a 12 de Setembro de 1913 a Alabama e foi um atleta velocista americano.”JC”, como era chamado, tinha nove anos quando a família se mudou para Cleveland, Ohio, onde sua nova professora lhe deu o nome que se tornou conhecida em todo o mundo. James respondeu à professora “J.C.” quando esta lhe perguntou o nome. No entanto a professora não ouviu bem e percebeu “Jesse”. O nome pegou e James passaria a ser conhecido como Jesse Owens para o resto da sua vida.
A sua promissora carreira no atletismo começou em 1928 em Cleveland, onde estabeleceu os recordes do ensino básico ao atingir 6 pés, no salto em altura, e 22 pés e 11 polegadas no salto em comprimento. Enquanto estudava, conseguiu ganhar todas as principais provas de pista, incluindo o campeonato estadual de Ohio por três anos consecutivos.
No encontro Interescolar Nacional, que decorreu em Chicago, no seu último ano de liceu, estabeleceu um novo recorde mundial de escolas, ao percorrer 100 jardas em 9,4 segundos empatando com o recorde do mundo de seniores, e estabeleceu um novo recorde mundial de escolas para as 220 jardas, percurso que fez em 20,7 segundos.
Uma semana antes já tinha estabelecido um novo recorde mundial para o salto em comprimento.
O seu sensacional percurso no atletismo durante o ensino médio fez chover uma montanha de propostas de diversas universidades que procuravam recrutá-lo.
Owens escolheu a Ohio State University, embora na altura a faculdade não tivesse uma bolsa de estudos para o atletismo, e foi obrigado a trabalhar durante a noite para se sustentar a si e à sua jovem esposa, Ruth. Teve inúmeros trabalhos e ao mesmo tempo mantinha registos impressionantes na competição inter-universidades, quebrando os seus próprios recordes.
Em 1935 deu ao mundo uma amostra do que estaria para vir. No Campeonato Big Ten em Ann Arbor, Jesse estabeleceu três novos recordes do mundo e empatou um quarto, tudo num tempo de 45 minutos.
Owens não tinha a certeza de que seria capaz de competir em todas as categorias, especialmente porque tinha algumas dores nas costas em virtude de ter caído de um lance de escadas. No entanto, convenceu o seu treinador a deixá-lo correr as 100 jardas, para testar as suas costas, e Jesse conseguiu fazer 9.4, empatando o seu recorde anterior. Decidiu então participar nas outras três competições e estabeleceu três novos recordes.
O seu sucesso no Camponato Big Ten deu-lhe a confiança de que podia fazer algo de extraordinário nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim. Estes Jogos Olímpicos estavam carregados de simbolismo, porque Hitler acreditava que podia mostrar ao mundo a superioridade da raça ariana. Jesse Owens provou que essa teoria estava errada ao ganhar 4 medalhas de ouro em quatro provas de pista, tornando-se no primeiro americano a conseguir tantas medalhas numa olimpíada, feito que permaneceu inigualável até 1984, quando Carl Lewis conquistou também 4 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
No entanto, apesar de ter havido outros atletas a ganhar tantas ou mais medalhas que Jesse Owens, ele continua a ser, ainda hoje, um dos campeões olímpicos mais memoráveis da história porque conseguiu o que mais nenhum atleta fez: numa época de segregação e ódio provou que a teoria da raça ariana de Hitler estava errada perante todo o mundo, e mostrou que o que distingue os homens não é a raça, nem a origem, mas sim a qualidade individual.
Em Berlim e daí em diante, Jesse Owens revelou-se um sonhador que podia tornar os sonhos de outros em realidade, alguém que captava a atenção do mundo, que o fazia ouvir as suas ideias e a esperança de milhões de jovens. E assim foi, ao longo da sua vida. Trabalhou sempre com jovens, partilhando a sua inspiração e a pouca riqueza que havia acumulado. Além de campeão olímpico, Jesse Owens era também um campeão no recreio dos bairros mais pobres.
Depois de ter ganho os jogos olímpicos, Owens viajou muito. Dava palestras inspiradoras a grupos de jovens, organizações profissionais, banquetes desportivos, associações de pais, organizações religiosas, fraternidades universitárias e a programas de defesa dos direitos dos negros. Tornar-se-ia mais tarde relações públicas ou consultor de muitas empresas ou organizações, como o Comité Olímpico dos Estados Unidos.
A 31 de Março de 1980, Jesse Owens morre em Tucson, Arizona de complicações devido ao cancro do pulmão contra o qual lutava. No dia da sua morte choveram palavras de tristeza, simpatia e admiração, entre elas as do presidente Carter que afirmou: “Talvez nenhum atleta melhor simbolizou a luta humana contra a tirania, a pobreza e o preconceito racial. Os seus triunfos pessoais como um atleta de classe e detentor de inúmeros recordes foram o prelúdio para uma carreira dedicada a ajudar os outros. O seu trabalho com jovens atletas, como embaixador não-oficial no estrangeiro, e um porta-voz da liberdade são um enorme legado para seus compatriotas”.
Feitos e Prémios:
- Jesse definiu ou empatou os recordes nacionais de 100 jardas, 200 jardas e de salto em comprimento.
- Depois de uma carreira escolar em grande, foi recrutado para a Ohio State University (OSU).
- A 25 de Maio de 1935, no Big Ten Conference Championships em Ann Arbor, Michigan, Owens quebrou três recordes mundiais (salto em comprimento, 220 jardas e 220 jardas com barreiras) e empatou um quarto (100 jardas), tudo num intervalo de 45 minutos.
- No seu primeiro ano na OS, Owens competiu em 42 eventos e venceu todos eles, incluindo quatro no Campeonato Big Ten, quatro no Campeonato NCAA, duas no Campeonato AAU e três nas qualificações olímpicas.
- Em 1936, Jesse tornou-se no primeiro americano da história a ganhar quatro medalhas de ouro numa única Olimpíada: 100 metros em 10,3 segundos (igualando o recorde do mundo), salto em comprimento com um salto de 26 jardas, 5 polegadas e um quarto (recorde olímpico), 200 metros em 20,7 segundos (recorde olímpico), e 4×100 metros estafeta em 39,8 segundos (recorde olímpico e mundial).
- Em 1976, Jesse foi condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração concedida a um civil, por Gerald R. Ford.
- Owens recebeu postumamente, a Medalha de Ouro do Congresso em 1990 pelo presidente George HW Bush.

A 31 de Março de 1948 nasceu Al Gore

Albert Arnold "Al" Gore Jr. (Washington, 31 de Março de 1948) é um político americano que foi vice-presidente durante a administração de Bill Clinton, entre 1993 e 2001. É membro do Partido Democrata.

Em 2000 concorreu à presidência dos Estados Unidos e perdeu, em uma eleição marcada por contagem polêmica dos votos, para George W. Bush, apesar de ter tido mais votos populares, já que Bush obteve mais delegados no colégio eleitoral..
Em 2006, lançou An Inconvenient Truth (Uma Verdade Inconveniente), documentário sobre mudanças climáticas, mais especificamente sobre o aquecimento global, o qual se sagrou vencedor do oscar de melhor documentário em 2007.
Al Gore é um activista ecológico, tendo escrito dois livros, A Terra em Balanço: Ecologia e o Espírito Humano (Augustus, 1993, 452 páginas) e Uma verdade inconveniente (Manole, 2006, 328 páginas).
Em fevereiro de 2007, Al Gore e o presidente da empresa Virgin, Richard Branson, lançaram uma competição que dará 25 milhões de dólares (cerca de 18 milhões de euros ou R$ 50 milhões) para o cientista que apresentar a melhor proposta para 'limpar o ar' do planeta, ou seja, diminuir as quantidades de dióxido de carbono na atmosfera.

Al Gore recebeu o Nobel da Paz em 2007, junto com o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU, "pelos seus esforços na construção e disseminação de maior conhecimento sobre as alterações climáticas induzidas pelo homem e por lançar as bases necessárias para inverter tais alterações]. Recebeu ainda o Premio Príncipe de Asturias de la Concordia de 2007, galardão concedido pela Fundación Príncipe de Asturias, na cidade de Oviedo (Espanha).

A 31 de Março de 1914 nasceu o escritor mexicano Octavio Paz

Octávio Paz nasceu na cidade do México e nela faleceu aos 84 anos. Era uma noite de domingo, estava em sua casa, após um período de sofrimentos que vinham de doenças do corpo e da alma. Paz recebeu, entre outros, o Prémio da Paz, em Jerusalém, 1977; Cervantes, 1981, e o Prémio Nobel da Literatura, 1990. A sua produção literária está reunida numa publicação de 15 volumes do Fondo de Cultura Económica, do México.Este livro resulta de alguns anos de estudos e pesquisas da obra deste poeta e ensaísta. Aqui é feita uma aproximação entre algumas ideias chave de Octávio Paz e as questões ambientais contemporâneas. O autor tomo como ponto de partida o contexto latino americano e parte em direcção ao mundo globalizado em que vivemos. Desta viagem, do local ao global, resulta um conjunto de reflexões que dão origem a algumas proposições para o trabalho com a educação ambiental no contexto educativo escolar e não escolar. São apresentadas, também, algumas contribuições epistemológicas para a formação docente e para as práticas pedagógicas no quotidiano escolar. As ideias chave pazianas, tomadas como referência para a compreensão dos dilemas ambientais contemporâneos, foram: (1) O mundo como um texto; (2) A construção pelo paradoxo; (3) A ideia do desmascaramento sucessivo.

A 31 de Março deu-se a dissoluçao do Pacto de Varsovia

Em 31 de março de 1991, foi extinto o Pacto de Varsóvia, que havia sido fundado em 1955 pela União Soviética e seus satélites em contraposição à Otan e em resposta à inserção da Alemanha em alianças militares ocidentais.

A 31 de março de 1964 deu-se um movimento da marinha nort-americana em apoio aos militares que depuseram o governo de Joao Goular.

A Operação Brother Sam foi um movimento da Marinha norte-americana em apoio aos militares que depuseram o governo João Goulart, no dia 31 de março de 1964.

Quando as tropas lideradas pelo general Olímpio Mourão Filho se deslocaram de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, na madrugada do dia 31, havia receio, por parte dos Estados Unidos, de que o golpe falhasse ou que as forças que apoiavam Goulart - inclusive militares - ensaiassem algum tipo de resistência.

Nada disso, porém, aconteceu. O golpe foi bem-sucedido e, da parte do governo, não houve qualquer tentativa de opor-se aos participantes do golpe, embora o presidente tivesse sido pressionado por seus apoiantes a ter um papel mais activo em relação ao levante. Jango, contudo, diante da vitória militar, optou pelo exílio no Uruguai.

As versões da história favoráveis ao presidente dão conta, é claro, de que sua saída do país não ocorreu por medo ou fraqueza, mas, sim, por saber que a resistência poderia levar a uma guerra civil - inclusive, com apoio norte-americano às forças insurgentes. Nesse caso, os Estados Unidos estariam prontos a participar no conflito por meio da Operação Brother Sam.

A presença dos EUA na política brasileira

A partir de meados dos anos 1950, o Brasil deu início a uma política externa relativamente independente dos Estados Unidos, o que não significa que o país tenha se afastado dos EUA. A presença norte-americana no Brasil, especialmente na economia, ainda era muito forte. Porém, o governo brasileiro passou a estabelecer contatos também com países que, internacionalmente, eram inimigos declarados dos Estados Unidos - caso de Cuba e da China, ambos comunistas.

Quando pensamos nesses acontecimentos dentro do contexto mais amplo da Guerra Fria, que opôs os Estados Unidos à União Soviética, temos, então, o pano de fundo internacional em que ocorreram os golpes militares na América Latina. Antes de uma intervenção direta, o governo norte-americano optou pela saída diplomática e pelos pesados investimentos na economia de países em que julgava haver perigo de um golpe comunista. Este era o caso do Brasil.

Num segundo momento, mais radicalizado, a opção foi pelo apoio a grupos civis de direita. Nas eleições de 1962, por exemplo, os Estados Unidos financiaram várias campanhas políticas de civis identificados com o governo norte-americano. Entretanto, a vitória de políticos mais à esquerda, somada a questões internas, precipitou o início da terceira e decisiva fase de participação dos Estados Unidos na política brasileira: o apoio à investida militar contra um governo constitucionalmente eleito.


A morte do presidente
John Kennedy, em 1963, também representou uma inflexão na política externa dos Estados Unidos, cujo secretário assistente de Estado para Negócios Interamericanos, Thomas Mann, declararia, já em março de 1964, que "os Estados Unidos não mais procurariam punir as juntas militares por derrubarem regimes democráticos". Estava dada a senha para o golpe contra Goulart.

As articulações para o golpe, contudo, não ocorreram apenas dentro do círculo militar. A perspectiva de intervenção dominava o debate entre políticos civis desde a crise sucessória de 1961, quando à renuncia de Jânio Quadros seguiu-se uma grave crise política contra a posse de Jango.

Diante das eleições presidenciais de 1965 e da impossibilidade constitucional para que Goulart se reelegesse, alguns políticos, temendo que o presidente pudesse dar um golpe de Estado, apoiaram a intervenção. Acreditavam que ela seria curta, como garantiria o futuro presidente Castello Branco. A ditadura, porém, durou bem mais que o planejado pelos insurgentes civis - alguns, inclusive, alcançados pela repressão do próprio regime que haviam defendido.

O deslocamento das tropas norte-americanas

Por uma questão meramente cronológica, a Operação Brother Sam, deflagrada em 31 de março de 1964, nada teve a ver com o golpe contra o governo Jango. Afinal, as tropas norte-americanas não chegariam ao litoral brasileiro a tempo. Serviriam, contudo, para intimidar qualquer forma de resistência e, caso ela de fato ocorresse, aí, sim, apoiar materialmente os militares insurgentes.

A operação consistiu no deslocamento da frota da Marinha norte-americana estacionada na região do Caribe para o litoral brasileiro. O apoio logístico em favor dos golpistas fora solicitado pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, com quem as forças insurgentes já mantinham contatos visando o suporte norte-americano à derrubada do governo Jango.

Os Estados Unidos haviam autorizado o envio de 100 toneladas de armas leves e munições, navios petroleiros, uma esquadrilha de aviões de caça, um navio de transporte de helicópteros com 50 unidades a bordo, tripulação e armamento completo, um porta-aviões, seis destróieres, um encouraçado, um navio de transporte de tropas e 25 aviões para transporte de material bélico.

Nem tudo, porém, chegou a ser enviado para o Brasil; e o que foi, nem mesmo foi utilizado. Afinal, não houve qualquer resistência do governo deposto e o golpe superou em muito as expectativas militares. Diante da radicalização política do país na época, e sobretudo em razão dos acontecimentos imediatamente anteriores à deposição de Jango, esperava-se uma resistência que nunca chegou a se concretizar.

A 31 de Março de 1964 deu-se um golpe militar no Brasil que derrubou o presidente Joao Goulart

Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar. 
O golpe militar de 1964
A crise política arrastava-se desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planeando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil ( Rio de Janeiro ), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, economica e educacional do país.

Seis dias depois,a 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.


O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de Março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de Abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 ( AI-1 ). Este, cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.
GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 de Abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária.
Estabeleceu eleições indirectas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar.
No seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de dois partidos : Movimento Democrático Brasileiro ( MDB ) e a Aliança Renovadora Nacional ( ARENA ). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares.
O governo militar impõe, em Janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de actuação.

A 31 de Março de 1889 Foi inaugurada a Torre Eiffel

31 de Março de 1889 (Inauguração da Torre Eiffel)

A Torre Eiffel (em francês Tour Eiffel, /tuʀ ɛfɛl/) é uma torre de ferro construída no Campo de Marte ao lado do Rio Sena em Paris. A torre tornou-se um ícone mundial da França é uma das mais conhecidas estruturas do mundo.

Foi construída para a Exposição mundial de 1889 a fim de demonstrar toda a tecnologia dominada na época em estruturas metálicas. Originalmente seria apenas uma estrutura temporária, a ser desmontada com o fim da Exposição. Com seus 317 metros de altura, possuía 7300 toneladas quando foi construída, sendo que atualmente deva passar das 10000, já que são abrigados restaurantes, museus, lojas, entre muitas outras estruturas que não possuía na época de sua construção. Os últimos vinte metros desta magnífica torre correspondem a uma antena de rádio que foi adicionada posteriormente. Recebe o nome de seu projetista, o engenheiro Gustave Eiffel (1832-1923).

A idéia e o projecto da Torre Eiffel para a exposição universal de 1889 são uma forma de celebração dos cem anos da Revolução Francesa (1789).

A torre é visitada anualmente por 6,9 milhões de pessoas.

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No dia 31 de Março de 1821 foi extinta a Inquisição em Portugal

Revolução liberal portuguesa de 1820

Dificuldades de ordem económica e financeira, agravadas na sequência das invasões francesas, e a conjugação dos interesses da burguesia com os de alguns sectores da nobreza e do exército estiveram na origem da Revolução liberal portuguesa, que eclodiu a 25 de Agosto de 1820. A mesma estalou no Porto e teve como principal dirigente o jurista Manuel Fernandes Tomás, membro de uma associação secreta, o Sinédrio.
 Os revoltosos tomaram o compromisso de elaborar uma Constituição e nomear uma Junta para assegurar os assuntos da administração do Reino.
Em 1821, reuniram-se as Cortes para elaborar uma Constituição, de entre as várias deliberações tomadas pelas Cortes Constituintes salienta-se a extinção da Inquisição, a abolição de certos direitos senhoriais, a transformação dos bens da Coroa em bens nacionais e a liberdade de imprensa.
Em 1822, as Cortes apresentam ao país a primeira Constituição portuguesa. Nela se consagra a soberania popular, a divisão tripartida dos poderes, a liberdade dos cidadãos perante a lei e as liberdades fundamentais do cidadão.
 Entretanto, obrigado a regressar do Brasil, D. João VI assinou a Constituição e comprometeu-se a respeitá-la e deste modo se pôs termo à sociedade do Antigo Regime e se instaurou uma monarquia constitucional.
Teve ainda a Revolução de passar por um período de reacção absolutista, responsável por um período de guerra civil, mas o liberalismo acabaria por triunfar e com ele, embora lenta, a modernização do país.

No dia 31 de Março de 1869 morre Alan Kardec espiritista Françês

ALAN KARDEC

Hyppolyte Leon Denizard Rivail (Allan Kardec), nasceu em 3 de Outubro de 1804, em Lion, França. Ele era filho de um juiz, Jean Baptiste-Antoine Rivail, e sua mãe chamava-se Jeanne Louise Duhamel.

O professor Rivail fez em Lion os seus primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdun (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos, colaborador inteligente e dedicado. Aplicou-se, de todo o coração, à propaganda do sistema de educação que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, para fundar institutos semelhantes ao de
Yverdun, confiava a Denizard Rivail o encargo de o substituir na direcção da sua escola. Linguista insigne, conhecia a fundo e falava correctamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua.

Além das obras didácticas, Rivail também fazia contabilidade de casas comerciais, passando então a ter uma vida tranquila em termos monetários. Seu nome era conhecido e respeitado e muitas de suas obras foram adoptadas pela Universidade de França. No mundo literário, conhece a culta professora Amélia Gabrielle Boudet, com quem contrai matrimónio, no dia 6 de Fevereiro de 1832.


Em 1854, através de um amigo chamado Fortier, o professor Denizard ouve falar pela primeira vez sobre os fenómenos das mesas girantes, em moda nos salões europeus, desde a explosão dos fenómenos espíritas em 1848, na pequena cidade de Hydesville nos Estados Unidos, com as irmãs Fox. No ano seguinte, se interessou mais pelo assunto, pois soube tratar-se de intervenção dos Espíritos, informação dada pelo sr. Carlotti, seu amigo há 25 anos. Depois de algum tempo, em maio de 1855, ele foi convidado para participar de uma dessas reuniões, pelo Sr. Pâtier, um homem muito sério e instruído. O professor era um grande estudioso do magnetismo e aceitou participar, pensando tratar-se de fenómenos ligados ao assunto. Após algumas sessões, começou a questionar para descobrir uma resposta lógica que pudesse explicar o fato de objectos inertes emitirem mensagens inteligentes.

Allan Kardec iniciou sua observação e estudo dos fenómenos espíritas, com o entusiasmo próprio das criaturas amadurecidas e racionais, mas sua primeira atitude é a de cepticismo: ;Eu crerei quando vir, e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, dêem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para provocar o sono;.


O desenvolvimento da Codificação Espírita basicamente teve início na residência da família Baudin, no ano de 1855. Na casa havia duas moças que eram médiuns. Tratava-se de Julie e Caroline Baudin, de 14 e 16 anos, respectivamente. Através da ;cesta-pião;, um mecanismo parecido com as mesas girantes, Kardec fazia perguntas aos Espíritos desencarnados, que as respondiam por meio da escrita mediúnica. À medida que as perguntas do professor iam sendo respondidas, ele percebia que ali se desenhava o corpo de uma doutrina e se preparou para publicar o que mais tarde se transformou na primeira obra da Codificação Espírita.


A partir daí, Allan Kardec dedicou-se intensivamente ao trabalho de expansão e divulgação da Boa Nova. Viajou 693 léguas, visitou vinte cidades e assistiu mais de 50 reuniões doutrinárias de Espiritismo.


Pelo seu profundo e inexcedível amor ao bem e à verdade, Allan Kardec edificou para todo o sempre o maior monumento de sabedoria que a Humanidade poderia ambicionar, desvendando os grandes mistérios da vida, do destino e da dor, pela compreensão racional e positiva das múltiplas existências, tudo à luz meridiana dos postulados do Cristianismo.


O Espiritismo não era, entretanto, criação do homem e sim uma revelação divina à Humanidade para a defesa dos postulados legados pelo Rabi da Galiléia, numa quadra em que o materialismo avassalador conquistava as mais brilhantes inteligências e os cérebros proeminentes da Europa e das Américas.


O seu pseudónimo, Allan Kardec, tem a seguinte origem: Uma noite, o Espírito que se autodenominava Z, deu-lhe, por um médium, uma comunicação toda pessoal, na qual lhe dizia, entre outras coisas, tê-lo conhecido numa precedente existência, quando, ao tempo dos Druidas, viviam juntos nas Gálias. Ele se chamava, então, Allan Kardec, e, como a amizade que lhe havia votado só fazia aumentar, prometia-lhe esse Espírito secundá-lo na tarefa muito importante a que ele era chamado, e que facilmente levaria a termo. No momento de publicar o Livro dos Espíritos, o autor ficou muito embaraçado em resolver como o assinaria, se com o seu nome -Denizard-Hippolyte-Léon Rivail, ou com um pseudónimo. Sendo o seu nome muito conhecido do mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento, ele adoptou o alvitre de o assinar com o nome de Allan Kardec, pseudónimo que adoptou definitivamente.


Livros que escreveu :

O Livro dos Espíritos (1857)
O que é o Espiritismo (1959)
O Livro dos Médiuns (1861)
O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864)
O Céu e o Inferno (1865)
A Gênese (1868)
Obras Póstumas (1890)


Codificador desencarnou em Paris, no dia 31 de Março de 1869, aos 65 anos de idade. No seu  tumulo está escrito : ;Nascer, Morrer, Renascer ainda e Progredir sem cessar, tal é a Lei. ;

A 31 de Março de 1621 morre Filipe III de Espanha II de Portugal

Filipe III de Espanha e II de Portugal.
n.  1578
f. 31 de Março de 1621

O Pio. Nasceu em Madrid em 1578, onde também faleceu em 31 de Março de 1621. Era filho de Filipe II, e de sua quarta mulher, D. Ana de Áustria.
Subiu ao trono em 1598, contando 20 anos de idade. Tinha um carácter fraco, apático e irresoluto, e foi completamente dominado pelo seu ministro duque de Lerma, D. Cristóvão de Moura, que fora elevado a marquês de Castelo Rodrigo, e nomeado vice-rei de Portugal, o que muito indignou os portugueses, apesar da sua administração ser das mais hábeis, segundo consta. O duque de Lerma procurava um pouco favorecer Portugal e cimentar a união dos dois reinos da península, adoptando medidas de grande importância. Assim tratou tanto quanto possível do desenvolvimento da marinha, aboliu os Portos secos, as alfândegas, abriu os Portos de Portugal ao comércio inglês, e por algum tempo também os teve abertos ao comércio holandês, mas essa ultima medida pouco tempo durou, o que prejudicou muito Portugal. Em 1609, vendo que não podia lutar por mais tempo com os estados da Holanda, assinou com eles uma trégua de doze anos, mas tão ineptamente procedeu o marquês de Castelo Rodrigo que, assinando a trégua na Europa, deixou que continuassem as hostilidades nas colonial, onde mais prejudiciais eram ao país. Por essa mesma época publicou Filipe III um edito expulsando definitivamente de Espanha os descendentes dos mouros. Depois da conquista de Granada por Fernando o Católico, esses moiros tinham sido forçados a abraçar o Cristianismo, formavam uma massa de população submissa, industriosa, cultivando admiravelmente a terra e enriquecendo o Estado, mas o fanatismo espanhol não lhes perdoava a sua origem. A sua expulsão foi uma grande fatalidade para a península, que perdeu perto de um milhão doa seus habitantes mais industriosos, e arruinou a sua agricultura e a sua indústria. Desses desgraçados, os que se recusavam a abandonar a pátria, eram perseguidos como feras e assassinados, ficando somente as crianças de menos de 7 anos, que se venderam como escravas, depois de se baptizarem. Esta expulsão dos moiros não foi movida só pelo fanatismo, porque Filipe III tratava ao mesmo tempo com os judeus de Portugal para os proteger contra os rigores da Inquisição, a troco dum subsídio importante. Ao marquês de Castelo Rodrigo sucedera no governo de Portugal o bispo de Coimbra, a este o bispo de Leiria, voltara depois ao marquês, novamente ao bispo de Leiria, ao arcebispo de Braga, ao arcebispo de Lisboa, e finalmente ao marquês de Alenquer, espanhol de origem, e que por conseguinte estava completamente fora das condições estipuladas pelas cortes de Tomar. O descontentamento dos portugueses era geral, e Filipe III, que não o ignorava, empreendeu uma viagem a Portugal, resolução que muito aplaudiu o novo ministro e valido, o duque de Uzeda, filho do duque de Lerma, que descaíra do valimento real, e se havia afastado da corte. A viagem realizou-se em 1619. Dela ficou a interessantíssima narrativa ilustrada de João Baptista Lavanha, e que, embora impressa em Madrid, o foi à custa da cidade de Lisboa. O soberano foi acolhido por toda a parte com o maior entusiasmo, as câmaras e as corporações portuguesas gastaram enormes somas para uma pomposa recepção, esperando grandes proveitos desta viagem, imaginando que o soberano daria providencias contra os danos de que todos se queixavam das arbitrariedades dos governadores. Filipe III, porém, nada fez, nem sequer soube cativar simpatias. Insinuou-se-lhe que fizesse de Lisboa a capital da vasta monarquia espanhola, e Filipe nem se dignou responder; os fidalgos e os jurisconsultos queixaram-se de que nem recebiam mercês, nem eram empregados nos tribunais, nas embaixadas, nas universidades espanholas, e Filipe não fez o mínimo caso destas reclamações. O duque de Uzeda, muito menos hábil que seu pai tratou com aspereza o duque de Bragança, que viera também prestar homenagem à majestade castelhana. Depois de estar alguns mexes em Lisboa, sem fazer mais do que causar grandes despesas aos seus súbditos portugueses, Filipe retirou-se em Outubro do referido ano de 1619, deixando Portugal descontentíssimo, agravando-se ainda mais esse descontentamento, depois da sua saída, com a recondução do marquês de Alenquer no cargo de vice-rei de Portugal. Na Índia, contudo, mantinha-se o nosso domínio, ainda que, a muito custo; os holandeses já tinham tentado tomar-nos as Molucas, Malaca e Moçambique, mas batidos por André Furtado de Mendonça e Estêvão de Ataíde, haviam desistido dessa empresa. Na América também os holandeses ainda não tinham atacado as nossas colónias. Filipe III casou com D. Margarida de Áustria, filha do arquiduque Carlos, no dia 18 de Abril de 1599. Ao sair de Portugal Filipe adoeceu gravemente em Covarrubias, e nunca mais se restabeleceu, falecendo pouco mais dum anuo depois. Diz-se que a sua morte foi devida ao rigor de etiqueta, porque sentindo-se muito incomodado com o calor dum braseiro, teve de o suportar enquanto não apareceu o fidalgo, que pela sua hierarquia, segundo as praxes palacianas, era encarregado de o fazer remover para outro lugar. No Panorama, vol. II da 2.ª série, 1843, a pág. 218, 238 e 253, vem uma narrativa intitulada O Brazeiro, em que se descreve este facto. No seu reinado publicou-se a reforma das Ordenações do reino, que Filipe II tratou logo no começo do seu reinado; apesar de já estar concluída em 1597, só veio a publicar-se em 1603. São as conhecidas ordenações denominadas Filipinas, e que na ordem dos tempos foram precedidas pelas intituladas Afonsinas e Manuelinas.

A 31 de Março de 1732 nasce Josepf Haydn

Franz Joseph Haydn
(Rohrau an der Leitha, 1732 - Viena, 1809
 
Músico austríaco. Ainda criança canta no coro da Catedral de Viena, onde estuda canto e aprende a tocar o clavecino e o violino. De família humilde, ao mudar-lhe a voz (1748) tem que abandonar o coro e passa uma época difícil. Em 1755 escreve uma série de composições por encomenda de um aristocrata e, em 1761, entra ao serviço dos príncipes Esterhazy. É director musical da sua casa entre 1766 e 1790 e compõe inumeráveis obras. Em 1784, uma loja parisiense encomenda-lhe seis sinfonias, que se contam entre as suas obras mais belas. Poucos anos mais tarde, Salomon, director dos concertos de Hannover Square, chama-o a Londres como director de concertos. Haydn muda-se para ali, onde é recebido com entusiasmo e escreve algumas das suas melhores obras. Viaja para Londres por quatro vezes e nessa cidade compõe não menos de uma dezena de sinfonias. De regresso a Viena, continua a trabalhar até à sua morte. Desta última época datam os seus oratórios mais apreciados: A Criação e As Estações. Nessa época Beethoven, com quem trava conhecimento Bona, é seu aluno.    
A existência de Haydn pressupõe uma época fecunda na história da música, entre Bach e Beethoven. É um grande criador pela forma que sabe dar à sinfonia, forma posteriormente ampliada por Mozart (embora este morra antes dele) e levada ao máximo das suas possibilidades por Beethoven. De inspiração inesgotável, Haydn é dotado de graça, de encanto e de elegância, mas também de grandeza e de vigor. No que à orquestra se refere, pode dizer-se de Haydn que é o primeiro que sabe servir-se dos diferentes instrumentos que a compõem segundo a natureza e o carácter próprio de cada um deles.    
No que à música instrumental se refere, o catálogo das suas obras compreende cerca de uma centena de sinfonias, 77 quartetos de corda, 30 trios para diversas combinações instrumentais, mais de 30 sonatas para piano, 4 sonatas para violino, 20 concertos para piano, 9 concertos para violino, 6 para violoncelo, 16 concertos de flauta, coro, clarinete, órgão, bombardino e contrabaixo, 6 duos para violino e viola, 175 composições para bombardino, etc. Para música vocal compõe 24 óperas, 3 oratórios (A Criação, As Estações e O Regresso de Tobias), diversas cantatas, lieder, canções e peças soltas, missas, vários tedéus, um Stabat mater, ofertórios e diversos motetes e canções religiosas.

terça-feira, 30 de março de 2010

A 31 de março de 1596 nasceu René Descartes

René Descartes, filósofo e matemático, nasceu em La Haye, conhecida, desde 1802, por "La Haye-Descartes", na Touraine, cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Paris, em 31 de Março de 1596, e veio a falecer em Estocolmo, Suécia, a 11 de Fevereiro de 1650. Pertenceu a uma família de posses, dedicada ao comércio, ao direito e à medicina. O pai, Joachim Descartes, advogado e juiz, possuía terras e o título de escudeiro, primeiro grau de nobreza, e era Conselheiro no Parlamento de Rennes, na vizinha província da Bretanha, que constitui o extremo noroeste da França.
O segundo na família de dois filhos e uma filha, Descartes com um ano de idade perdeu a mãe, Jeanne Brochard, por complicações de seu terceiro parto. Descartes foi criado pela avó e por uma babá à qual ele depois pagou uma pensão até morrer. Seu pai casou novamente, mas não se distanciou. Parte do ano passava em Rennes, atendendo às sessões parlamentares, parte em sua propriedade Les Cartes em La Haye, com a família. Chamava o filho ainda criança de seu "pequeno filósofo", devido à curiosidade demonstrada pela criança, porém. mais tarde aborreceu-se com ele porque não quis ser advogado, como seria do seu gosto.
Aos oito anos, em 1604, Descartes foi matriculado no colégio Real de La Fleche, em Anjou, aberto pelos jesuítas poucos meses antes, emJaneiro daquele mesmo ano, com dotação de Henrique IV. Ele foi recomendado ao padre Charlet, um intelectual reconhecido, parente dos Des-Cartes, e que logo seria o reitor. Descartes, cujas relações familiares seriam um tanto frouxas, mais tarde a ele se refere como "um segundo pai".
Descartes estudou em La Fleche por quase dez anos, até 1614. Foi uma criança e um adolescente frágil, passando a ter boa saúde só depois dos vinte anos. Na escola, um tanto desinteressado dos estudos e muito inclinado a "meditar", tinha por desculpa sua saúde para permanecer na cama até tarde, um hábito que manteve mesmo depois de adulto, e que só no último ano de sua vida foi obrigado a mudar, modificação que lhe foi fatal. Apesar das aulas perdidas todas as manhãs, era inteligente o bastante para acompanhar o curso e concluí-lo sem maiores dificuldades. As disciplinas eram designadas genericamente por "filosofia", contendo física, lógica, metafísica e moral; e "filosofia aplicada", que compreendia medicina e jurisprudência, e também estudou matemática através dos manuais didácticos do monge Clavius, matemático jesuíta que algumas décadas antes havia criado o Calendário Gregoriano. Disse mais tarde que, embora admirasse a disciplina e a educação recebida dos jesuítas em La Fleche, o ensino propriamente era fútil e desinteressante, sem fundamentos racionalmente satisfatórios, e que somente na matemática havia encontrado algum atractivo. Era muito religioso e conservou a fé católica até morrer.
Decidiu deixar os estudos regulares: não queria a vida de um erudito e intelectual. Em lugar disso, queria ganhar experiência directamente, em contacto com o mundo; decidiu viajar e observar. Antes porém, passou um curto período aparentemente sem ocupação, em Paris, e depois, para atender ao pai, ingressou no curso de Direito, de dois anos, na universidade de Poitier onde seu irmão também se formara. Concluído o curso em 1616, não seguiu a tradição da família.
Em 1618 Descartes foi para a Holanda e se alistou, na escola militar de Breda, no Brabante setentrional, como um oficial não pago do exército de Maurício de Nassau, príncipe de Orange que naquele momento estava dispondo suas tropas contra as forças espanholas que tentavam recuperar aquela que fora a província mais rica da Espanha. Estudou arte de fortificações e a língua flamenga.
Amizade com BEECKMAN. O serviço militar era uma escolha convencional da parte de Descartes uma vez que a pratica da guerra era uma complementação da educação dos cavalheiros que não seguiam a carreira eclesiástica, além de que era por excelência o campo de aplicação das matemáticas, tanto no aperfeiçoamento das armas como na construção de fortalezas e edifícios em geral. Não requeria, e é mesmo dado como improvável, que Descartes participasse de alguma luta real.
A vida de campanha o aborreceu. Havia nas suas próprias palavras muita ociosidade e dissipação. Ele continuava a observar e fazer notas e sobretudo a sua fascinação pelas ciências matemáticas ganhou ímpeto por seu conhecimento casual seguido de amizade com o duque filosofo, doutor e físico Isaac Beeckman, em Novembro do mesmo ano, o qual era então um professor distinguido pelos seus conhecimentos de mecânica e matemática e reitor do Colégio Holandês em Dort. Beeckman teria ficado surpreso com a habilidade e pendores matemáticos do jovem oficial francês que era capaz de resolver sozinho, rapidamente, um complicado quebra-cabeça matemático.
A amizade deveria continuar por 20 anos com alguns entreveros. A Beeckman Descartes dedicou o Compendium musicae no qual indaga as relações matemáticas que determinam a ressonância, o tom e a dissonância musical, um tópico evidentemente de acordo com sua inclinação pitagórica de então. Beeckman o actualizou com respeito a vários progressos na matemática incluindo o trabalho do matemático francês Vieta, um dos pioneiros da álgebra moderna por usar letras como símbolos para quantidades constantes e desconhecidas em uma equação. Uma parte importante da fama de Descartes vem justamente de ter aplicado a formulação algébrica para problemas geométricos em lugar de grupos de desenhos geométricas e teoremas separados. O encontro com Beeckman renovou o entusiasmo de Descartes de prosseguir no caminho escolhido para seus estudos, e despertou-lhe a ambição de encontrar uma formula geral, racional, de conhecimento universal.
Dedicação à filosofia. Deixando o exército do príncipe de Orange após dois anos na Holanda, Descartes viajou para a Dinamarca, Dantzig, Polónia e Alemanha. Em Frankfurt assistiu as festas da coroação do imperador Ferdinando II. Em Abril de1619, foi juntar-se ao exército bávaro no seu acampamento de inverno próximo de Ulm, sob as ordens do Conde de Bucquoy. O duque católico da Baviera (Sul da Alemanha), Maximilian, estava se pondo em campo contra o protestante Frederico V o eleitor palatino (Palatinado, Alemanha, fronteira com a França) e rei da Boémia (actual Checoslováquia), nos primeiros estágios da Guerra dos 30 Anos que haveria de arrasar o Sacro Império Germânico. Frederico haveria de perder o trono em 1620 após a batalha decisiva em Monte branco perto de Praga. Sua filha, a princesa Elisabete, tornou-se mais tarde, em 1643, uma das amigas e correspondentes mais próximas de Descartes.
Descartes passou o inverno em Neuburg, no Danúbio sul. Segundo seu próprio relato, dispunha de um compartimento bem aquecido, dormia dez horas toda noite, o que muito apreciava, e se ocupava de seus próprios pensamentos. Disse que teve então uns sonhos que, de acordo com sua interpretação, significavam que ele tinha a missão de reunir todo o conhecimento humano em uma ciência universal única, toda construída de certezas racionais. Certamente ele se referia à física pois era o sonho comum aos sábios da época, encontrar uma fórmula matemática para o universo (também os alquimistas buscavam um fórmula milagrosa), e foi uma esperança ainda mais estimulada pela descoberta da equação da atracção universal feita por Newton, demonstrando, na Física, a possibilidade de reduzir a fórmulas matematicamente exactas as leis fundamentais da natureza. Em Descartes era uma aspiração mais de ordem mística, - embora buscasse uma solução racional -, muito de acordo com seu interesse nessa época, pela filosofia de Pitágoras, com fundamento em números, e pelos segredos dos Rosacruzes.
Vida em Paris. Vivendo de rendas e perseguindo a realização de seu sonho que acreditava profético, viajaria por vários países da Europa. Deixando a Boémia seguiu para a Hungria onde em 1621 ele estava - pela ultima vez - vivendo a vida militar, como um oficial no exército imperial. Vai à Alemanha, Holanda e França (1622-23). É então que renuncia definitivamente à carreira militar para dedicar-se à investigação cientifica e filosófica. Em 1623 voltou à terra natal para vender umas terras em Poitou que herdara da mãe, e também a pequena propriedade de Perron (Era chamado em família "Monsieur du Perron", devido a essa propriedade). Aplicou o dinheiro da venda sob a forma de bónus e com os rendimentos resultantes pôde viver uma vida descompromissada, simples porém sempre confortável. Do outono de 1623 a primavera de 1625, ele vagou pela Itália onde ficou em Veneza. Roma e Florença por algum tempo, retornando depois à França, onde viveu principalmente em Paris.
A França à época de Descartes é a França de Luís XIII e do Cardeal Richelieu. A política de Richelieu gerou grande progresso para a França, porque atribuiu privilégios e monopólios aos negociantes e manufactureiros e ampliou o comércio marítimo. Porém a ciência oficial continuava estagnada em torno dos comentários dos antigos (particularmente de Aristóteles) porque este atraso indirectamente interessava ao absolutismo monárquico.
Discussões com amigos, estudos privados e reflexão eram o padrão da vida de Descartes em Paris. Realiza, com o matemático Mydorge, experiências de óptica. Fez novos amigos entre os sábios e renovou velhos conhecimentos, especialmente com o Padre Marin Mersenne, seu contemporâneo de La Fleche. Mersenne, um grande erudito, seria depois seu conselheiro e correspondente de confiança, e o manteria informado sobre o universo cultural europeu por muitos anos no futuro. Estava em contacto com todos os intelectuais famosos da Europa e assim numa posição única para apresentar os trabalhos de Descartes a eles e relatar de volta seus comentários e críticas.
Em Novembro de 1627 Descartes participa de um debate na residência do núncio papal. Após alguém expor uma nova filosofia, ele fez um aparte em sucinta argumentação, baseada em raciocínio afim com os métodos de prova matemáticos, e confundiu e refutou o postulante. Sua tese causou viva impressão no cardeal De Bérulle, o fundador da congregação do Oratório e que, juntamente com sua prima Madame Acarie, havia introduzido as carmelitas na França, e era o líder da reacção católica contra o Calvinismo, e que estava presente aos debates. O cardeal exorta-o a se consagrar à reforma da filosofia. Insistiu que Descartes assumisse o dever de utilizar seus talentos ao máximo e completasse o desenho que havia alí delineado para sua audiência. Foi incisivo ao ponto de adverti-lo de que responderia perante Deus se não utilizasse os dons Dele recebidos. Todos os presentes ficaram profundamente impressionados: o nome do jovem filósofo começou a ficar conhecido.
O conselho do Cardeal de Bérulle correspondia exatamente aos sentimentos mais íntimos de Descartes. Dedica-se a escrever, em 1628, o Studium bonae mentis ("Regras para a Direcção do Espírito"), obra que se perdeu. Então, convencido de que, para realizar seu trabalho, ele necessitava de paz e quietude, e que Paris era muito agitada, pensa um novo local onde se fixar. As viagens à cata de experiências haviam terminado: era tempo de por em escrito os resultados de seu contacto com o mundo e de suas próprias meditações.
Retiro na Holanda. No outono de 1628 ele foi por uns poucos meses ao norte da França, mas, no balanço das opções, decidiu-se pela Holanda como a terra que melhor se adaptava à realização de seus planos. Aparentemente nunca se arrependeu. Na Holanda Encontrou uma elite que vivia pelos padrões sociais mais altos da época, uma política intensa e aventureira, e a liberdade para escrever, desde que cuidasse de sua própria vida e não se metesse com os calvinistas dominantes. Essa liberdade atraia cientistas e filósofos de toda a Europa. Avistou-se com Beeckman em Dordrecht e depois se instalou em Franeker, no litoral da Friesland; fez prontamente vários amigos, particularmente Constantyn Huygens, pai do futuro cientista Christian Huygens (1629-1695). Continuou seus contactos com Mersenne e Mydorge, e sua amizade com Beeckman. Manteve contacto também com Hortensius e Van Schooten (o velho). Lá podia gozar períodos de trabalho solitário e ainda, mas somente por sua livre escolha, manter contacto com amigos por meio de visitas e correspondência.
Por quatro anos, de 1629 para a frente, Descartes gastou seu tempo primeiro buscando a consolidação de um método que, partindo da dúvida absoluta, pudesse chegar à mais absoluta certeza, e depois no estudo de diferentes ciências que unificadas pelo novo método, levariam a um esquema universal de conhecimento. Escreveu inicialmente um tratado não publicado, sobre metodologia chamado "Regras para a Direcção do Espírito" (abreviado geralmente como o Regulae). Este tratado incompleto e apenas rascunhado com repetições e inconsistências, foi composto por Descartes durante os meses de inverno de 1629 e no ano seguinte. Possivelmente nunca pretendido para publicação ele pode ter sido usado por Descartes como caderno de notas para futuras referências.
Leva avante sua pesquisa em ciências físicas e matemáticas trocando informações com amigos, frequentemente através de cartas, especialmente com o padre Mersenne. Mas principalmente sozinho, nos diferentes endereços que teve na Holanda. A pesquisa cobria muitos campos: óptica, a natureza da luz, as leis da refracção e meteorologia (explicação do arco-íris), a natureza e estrutura dos corpos materiais, o ar a água a terra, matemática especialmente geometria. Fez estudos de anatomia e de fisiologia dissecando diferentes órgãos que obtinha nos açougues locais. Inventou o termo embriogenia para o que agora é chamado embriologia.
Era ambição de Descartes publicar um trabalho abrangente que ele intitula o "Mundo" (Le Monde, ou Traité de la Lumière). Por volta de 1633 ele tinha quase completado o rascunho quando então soube, por uma carta de Mersenne, que o astrónomo Galileu tinha sido condenado em Roma pela igreja católica por advogar o sistema de Copérnico. Beeckman lhe passou um livro de Galileu, no qual ele reconheceu muitas de suas próprias conclusões, particularmente seu apoio à teoria de Copérnico do movimento da terra ao redor do sol. Apesar de que não arriscava nenhum perigo físico na Holanda, ele foi suficientemente prudente para não publicar seu trabalho. Nem sequer mandou o manuscrito para Mersenne. Mas continuou com uma inabalável convicção a respeito da verdade de suas conclusões.
Descartes foi, no entanto, pressionado pelos seus amigos para publicar suas ideias. Escreveu um tratado de ciência expondo um método de se chegar à verdade e decidiu publicá-lo anonimamente. Na obra, o novo método, é exposto em termos simples, com menos ênfase matemática, com o título Discours de la méthod pour bien conduire sa raison et chercher la vérité dans les sciences ("Discurso sobre o Método para Bem Conduzir a Razão a Buscar a Verdade Através da Ciência") que se tornou sua mais famosa obra. Incluiu na introdução alguns traços autobiográficos, relatando seu método e doutrina filosófica e acrescentou ao texto três apêndices: La Dioptrique, Les Météores, e La Géométrie. O tratado foi publicado em Leyden em 1637 e Descartes escreveu para Mersenne dizendo que havia buscado no seu La Dioptrique e no seu Les Météores mostrar que o seu método era melhor que o vulgar, e no seu La Géométrie havia demonstrado isso. A obra descreve o que Descartes considerava um meio mais satisfatório de adquirir o conhecimento, que o representado pela lógica aristotélica. Somente a matemática, Descartes sente, está certa; assim tudo deve ser baseado na matemática.
O La Dioptrique é um trabalho no sistema óptico e nele trata da lei da refracção. Embora Descartes não cite cientistas precedentes para as ideias que apresenta; os fatos que apresenta não são novos. Entretanto sua aproximação através da observação e da experiência era uma contribuição nova muito importante.
Les Météores é um trabalho de meteorologia e é importante por ser o primeiro trabalho que tenta colocar o estudo do tempo em bases científicas; busca uma explicação científica sobre o tempo, e inclui uma explicação do arco ires. Entretanto, muitas das colocações científicas de Descartes estão não somente erradas como também poderiam ser evitadas se ele tivesse feito algumas experiências simples. Por exemplo, Roger Bacon, o monge franciscano inventor da pólvora estável, já havia demonstrado o erro da crença de que a água fervida congela mais rapidamente. Entretanto Descartes reivindica ter comprovado, pela experiência que a água que foi levada ao fogo por algumas horas se congela mais rapidamente do que de outra maneira e dá a razão: suas partículas que podem ser mais facilmente dobradas são expulsas durante o aquecimento, deixando somente aquelas que são rígidos e facilitarão o congelamento. Após a publicação do Les Météores a obras de Boyle, Hooke e Halley se encarregaram de contestar e corrigir suas postulações falsas.
O terceiro, La Geometrie, talvez cientifica e historicamente o mais importante, introduz as famosas "coordenadas cartesianas", - que teriam sido assim baptizadas por G. W. Leibniz -, e lança os fundamentos da moderna geometria analítica usando a notação algébrica para tratar os problemas geométricos.
Obra escrita em francês, o que era pouco comum, pois tudo era escrito em Latim, a língua comum de todos os trabalhos eruditos, O "Discurso" visava, evidentemente, ter sua divulgação circunscrita ao mundo cultural francês. Segundo ele, o raciocínio silogístico no qual a filosofia escolástica está baseada pode ser rejeitado como inútil para a descoberta da verdade. Todo homem que é são tem a habilidade natural de discernir o verdadeiro do falso, uma luz natural da razão. Somente descobrindo a natureza e o limite desse poder pode alguém determinar o modo correto de usar essa habilidade.
Isso implica, em primeiro lugar, a eliminação de qualquer factor que possa constituir um estorvo tal como a opinião preconcebida de qualquer tipo e, segundo, a prática estrita de um método ordenado como é encontrado por exemplo nas ciências matemáticas. Assim deve-se começar de dados auto evidentes que são sabidos ser claros e distintamente verdade e fazer duplamente seguro e certo que cada passo no processo dedutivo deste dado seja ele próprio auto evidente.
A despeito da anonimidade do "Discurso", o nome do autor e suas teorias logo se tornaram conhecidos nos círculos ilustrados da Europa. Seu dito "Penso, logo existo" tornou-se prontamente popular entre os franceses, uma gente nacionalmente amante de frases de efeito. Porém foram os ensaios científicos, constituintes das três partes que atrairiam a atenção dos matemáticos e provocaram muita controvérsia. Ainda em 1637 Descartes começa a preparar o "Meditações sobre a filosofia primeira", uma versão pouco modificada do "Discurso" escrita em latim, que vai explorar o êxito da parte filosófica do Discurso, visando aos filósofos e teólogos. Por isso o "Meditações" constitui a principal exposição da doutrina filosófica de Descarte.
A diferença mais notável é da dúvida metodológica que é levada ainda mais longe para incluir a hipótese de um demónio, maligno e omnipotente, que poderia fazer com que todas as coisas que alguém pensasse existir fossem apenas ilusão. Consistia de seis meditações: Das coisas de que podemos duvidar, Da Natureza do Espírito Humano, De Deus, que Ele existe; Da verdade e do Erro, Da Essência das coisas materiais, Da existência das coisas materiais e da verdadeira distinção entre o espírito e o corpo do homem. O manuscrito final foi enviado ao seu correspondente Mersenne, com o encargo de conseguir a aprovação formal da Sorbone e também "as opiniões dos eruditos". Muitos cientistas se opuseram às ideias de Descartes, inclusive o teólogo Arnauld, o filósofo inglês Hobbes e o matemático e filósofo francês Gassendi. Mersenne reuniu essas opiniões críticas e enviou-as a Descartes que rascunhou respostas de certo modo irritada e relutantemente. Finalmente em 1640 o "Respostas" com as objecções e réplicas foi publicado em Paris.
Entre 1638 a 1640 Descartes vive na pequena cidade de Santpoort, com sua amante holandesa, Helen, e sua filha havida em 1635 com essa mulher, antes simplesmente sua empregada doméstica. Para sua grande mágoa, a criança faleceu em 1640.
Se a publicação das "Meditações" trouxe para Descartes renome como um dos mais famosos filósofos também o envolveu directa ou indirectamente em amargas controvérsias de conotações teológicas. Na própria Holanda, o presidente da Universidade de Utrecht (ao sul de Amesterdão) acusou-o de ateísmo e Descarte foi, de fato, condenado pelas autoridades locais em 1642 e novamente em 1643. Descartes pediu o apoio de Huygens e, através dele e do embaixador francês, obteve a protecção do Príncipe de Orange, o que evitou consequências piores.
Em 1644 aparece em Amesterdão o Principia Philosophiae ("Princípios da Filosofia"), um livro em grande parte dedicado à física, especialmente às leis do movimento e à teoria dos vórtices, o qual ele ofereceu à princesa Elizabete da Boêmia, com quem Descartes mantinha assídua correspondência. Eles haviam se encontrado em 1643 e uma amizade afectuosa havia se desenvolvido entre Descartes e a jovem mulher inteligente. É de então o início de seu trabalho no futuro "Tratado das Paixões".
O reboliço causado pelo "Princípios" foi tão grande que, em 1645, a universidade de Utrecht criou um armistício proibindo a publicação de qualquer trabalho a favor ou contra a doutrina cartesiana.
Em Leyden, em 1647, outro ataque incluindo uma acusação de pelagianismo - a crença de que a vontade é igualmente livre para escolher fazer o bem ou o mal - produz um decreto semelhante de censura neutra. Na França os jesuítas, algumas excepções entre os padres mais jovens, deram acolhimento frio ao trabalho do antigo aluno.
"Princípios de Filosofia" apareceu traduzido do latim para o francês em 1647, enquanto Descartes estava numa visita curta à França, Ele esperava que um relato mais formalizado da totalidade do seu pensamento científico poderia receber o apoio dos círculos católicos especialmente entre os jesuítas. Mas sua esperança foi vã. Os jesuítas inicialmente rejeitaram o cartesianismo. Seu trabalho foi colocado no índex, lista católica dos livros proibidos. Apesar de tudo recebeu do rei, por iniciativa do ministro Mazarino, regente na menoridade de Luís XIII, uma pensão vitalícia em honra de suas descobertas matemáticas, a qual ele não se empenhou em receber.
O mais abrangente dos trabalhos de Descartes, Principia Philosophiae, foi publicado em quatro partes: As suas doutrinas filosóficas são formalmente repetidas na primeira parte, "Os princípios do conhecimento humano". As outras três partes são uma ampla tentativa de dar uma explicação lógica dos fenómenos naturais em um único sistema de princípios mecânicos, através de todo o campo da física, da química, e da fisiologia: "Os princípios das coisas materiais", "Do mundo visível" e "A Terra", como tentativa de, finalmente, por todo o universo sobre fundamentos matemáticos reduzindo o seu estudo à Mecânica.
As doutrinas do Principia foram recebidas com desconfiança. Mesmo os adeptos de sua filosofia natural, como o metafísico e teólogo Henry More, encontraram objecções. Certamente More admirava Descartes. Entretanto, entre 1648 e 1649 trocaram um certo número de cartas em que More fez várias objecções a suas afirmações. Descartes entretanto, não fez nenhuma concessão aos pontos de vista de More em suas respostas.
Historicamente, a importância do "Princípios de Filosofia" está na total rejeição de toda noção qualitativa ou espiritual nas explanações científicas. A determinação expressa de explicar todo fenómeno físico em termos mecânicos e relacionar esses termos a ideias geométricas e o uso de hipóteses para ajudar generalizações, abriu caminho para a abordagem moderna da teoria científica.
Últimos anos. Enquanto na França em 1647, Descartes se encontrou com o Pascal e discutiram sobre o vácuo, cuja existência era necessária ao postulado da influência à distância. Resultou a famosa experiência de Pascal provando que o ar exerce pressão sobre todos os objectos. Sua última visita a Paris, em 1648, permitiu-lhe rever ainda uma vez alguns de seus famosos contemporâneos, entre eles Gassendi e Hobbes, este exilado em Paris desde 1640, e, é claro, Mersenne, que haveria de morrer em breve. Montmor ofereceu-lhe uma casa nas proximidades de Paris e uma pensão valiosa que ele recusou, e que mais tarde Montmor transferiu para Gassendi que, por não dispor de rendas pessoais como Descartes, aceitou para poder se manter.
Uma cópia manuscrita do "Paixões" foi para a Raínha Cristina da Suécia, quem, desde 1647, através do embaixador francês, tinha obtido os trabalhos de Descartes e começou a escrever para ele.
Uma ambiciosa patronesse das artes e colectora de homens instruídos para sua corte, ela estava ansiosa para conhecer "o celebrado M. Descartes", com o plano de naturaliza-lo sueco, introduzi-lo na aristocracia sueca e dar-lhe uma propriedade em terras que havia tomado à Alemanha. Mas, a despeito de pressionantes convites, inclusive o envio de um almirante em seu vaso de guerra para busca-lo, Descartes estava extremamente relutante em deixar Egmond uma vila um pouco a noroeste de Amesterdão onde residia então, e ofereceu desculpas de todo tipo, sugerindo que era suficiente ler seus livros. Finalmente ele aceitou e, como ele escreveu, nascido nos jardins da Touraine, ele foi para a terra dos ursos entre rochas e gelo.
Chegando em Estocolmo em Outubro de 1649, Descartes foi recebido com grande cerimónia e ficou impressionado pela determinação e energia da rainha de 23 anos de idade e sua devoção aos estudos clássicos. Dispensado da maior parte do cerimonial da corte, excepto de escrever versos franceses para um ballet, sua obrigação principal era instruir a rainha em matemática e filosofia. O horário da aula era cinco horas da manhã, o que o obrigou a quebrar o hábito de se levantar diariamente por volta das 11 horas. No clima rigoroso, onde, nas palavras de Descartes, os pensamentos do homem congelam-se durante os meses de inverno, sua saúde deteriorou. Em Fevereiro de 1650, ele pegou um resfriado que transformou-se em pneumonia. Dez dias depois, após receber os últimos sacramentos, faleceu.
Descartes foi, como um católico, enterrado em cemitério reservado para crianças não baptizadas. Em 1667, seus restos foram trasladados para Paris e enterrados na igreja de Santa Genieve-du-Mont. Desenterrado durante a Revolução francesa para enterro entre os pensadores franceses ilustres no Panteón, seu túmulo esta hoje na igreja de St. Germain-des-Près.
Além de seus escritos publicados ou apenas rascunhados, Descartes deixou uma correspondência volumosa, com grande valor documental, principalmente a correspondência com Mersenne e com Antoine Arnauld. Ela cobre uma variedade de campos, desde a geometria às ciências políticas, medicina e à metafísica, mas ocupava-se principalmente com os problemas da interacção do corpo com o espírito, buscando aspectos mecânicos e fisiológicos que pudessem explica-la.
PENSAMENTO
As ideias. A maior parte da obra de Descartes é consagrada às ciências (domínios da matemática e da óptica) mas o que ele mais quer é conseguir um modo de chegar a verdades concretas. Sua filosofia, exposta principalmente em o "Discurso sobre o Método", o mais amplamente lido de todos os seus trabalhos, é a proposta de meios para tal.
Descartes parte da dúvida chamada metódica, porque ela é proposta como uma via para se chegar à certeza e não é dúvida sistemática, sem outro fim que o próprio duvidar, como para os cépticos. Argumenta que as ideias em geral são incertas e instáveis, sujeitas à imperfeição dos sentidos. Algumas, porém, se apresentam ao espírito com nitidez e estabilidade, e ocorrem a todas as pessoas da mesma maneira, independentes das experiências dos sentidos, e isto significa que residem na mente de todas as pessoas e são inatas. Descartes vai, por etapas, nomear as ideias que ele inclui nessa categoria de claras, distintas, e inatas e vai demonstrar que essas são ideias verdadeiras, não podem ser ideias falsas.
A primeira ideia que examina é a do próprio Eu. Desta ideia, diz êle que não pode duvidar. É a ideia do próprio Eu pensante, enquanto pensante. E então conclui com sua célebre frase: "Penso, logo existo". Este dito, talvez o mais famoso na história da filosofia, aparece primeiro na quarta secção do "Discurso sobre o método", de 1637, em francês, Je pense donc je suis, e depois na primeira parte do "Princípios de Filosofia" (1644) que é praticamente a versão latina do "Discurso", Cogito ergo sum.
É considerado muito provável que Campanella tenha inspirado a Descartes sua célebre frase. Campanella foi o primeiro filósofo moderno a estabelecer a dúvida universal como ponto de partida de todo pensar verdadeiro, e a tomar a autoconsciência como base do conhecimento e da certeza. Apesar de que a Metafísica de Campanella saiu em 1638, e o Discurso sobre o método saiu antes, o próprio Descartes diz em sua correspondência que havia lido obras de Campanella nas quais este deduzira da autoconsciência a certeza da própria realidade: De sensu rerum (1623), por exemplo. Mas, Descartes pondera, a ideia de minha existência "como coisa pensante" ("Penso, logo existo") não me traz nenhuma certeza sobre qualquer ideia do mundo físico.
Mas, de todo esse raciocínio Descartes saiu com apenas uma única verdade, a de que ele existe, e isto não basta para encontrar a verdade sobre o universo. O mundo existe ou é uma ilusão, apenas imaginação? Tenho várias ideias com grande nitidez e estabilidade, e delas compartilho com muitas pessoas, mas nada me garante que não estejamos todos enganados. Uma delas é a ideia da "extensão". Esta é uma ideia que Descartes considera inata, clara e evidente, e que é exigida pelo mundo físico. Essa ideia existe no espírito humano como a ideia de algo dotado de grandeza e forma: é fundamental à geometria e torna provável a existência dos corpos, a existência dos objectos e do mundo. Porém, apesar de clara e distinta, a ideia de extensão não é garantia de que os objectos correspondam às ideias que deles fazemos.
Deus verdadeiro. O problema está em encontrar uma garantia de que a tais ideias de objectos correspondam efectivamente algo real.. Tenho também a ideia de Deus. Mas agora sim, tenho uma garantia. Não é a mesma garantia que me dá o pensar, do qual concluo que se penso, então existo com certeza. A garantia que Descartes dá para a existência de Deus é que nenhum ser imperfeito ou finito, sendo igual ao homem, poderia ter produzido a ideia de um ser infinito e perfeito; somente Deus poderia ter revelado isto ao homem, como "a marca do artista impressa em sua obra". Portanto, conclui no "Discurso sobre o Método", a ideia de Deus implica a real existência de Deus.
Voltemos então à ideia clara, distinta e inata da extensão. Se a percepção que tenho da extensão não correspondesse a uma realidade extensa, isso significaria que o espírito humano estaria sempre errado, e então essa ideia de extensão seria obra de um génio maligno, incompatível com a ideia de um Deus bom e verdadeiro. Se Deus existe como ser perfeitíssimo, Ele é bom e verdadeiro; não pode permitir o erro sistemático do espírito humano. Porque Deus é perfeito, Ele é bom, e então a imagem do mundo exterior não é uma ficção. Eu tenho a certeza de que penso, e de que indubitavelmente existo porque sou essa coisa que pensa e Deus é a garantia de que aquilo que penso deveras existe como coisa física. Portanto, as ideias claras e distintas correspondem de fato à realidade - elas não são a armadilha de um génio enganador e perverso
Dualismo. Outro aspecto importante da filosofia de Descartes é sua concepção do homem em uma dualidade corpo-espírito. O universo consiste de duas diferentes substâncias: as mentes, ou substância pensante, e a matéria, a última sendo basicamente quantitativa, teorecticamente explicável em leis científicas e fórmulas matemáticas. Só no homem as duas substâncias se juntaram em uma união substancial, unidas porém delimitadas, e assim Descartes inaugura um dualismo radical, oposto da consubstancialidade ensinada pela escolástica tomista.
Ele também rejeita a visão escolástica de que existe uma distinção entre vários tipos de conhecimento baseados na diversidade dos objectos conhecíveis, cada um com seu conceito fixo. Para ele o "poder de conhecer" é sempre o mesmo, qualquer que seja o objecto ao qual seja aplicado. Bem aplicado pode chegar à verdade e à certeza, mal aplicado vai cair no erro ou dúvida. A mente, em muitas de suas actividades, é dependente do corpo: a paixão, ou seja, aquilo que é sentido, é uma acção sobre o corpo. Fisiologicamente, Descartes colocou o centro da interacção entre as duas substâncias na glândula pineal, convencido de que o aspecto geométrico de sua posição anatómica, - um pequeno corpo localizado centralmente na base do cérebro -, indicava uma função nobre, porém sem nada saber de sua actividade fisiológica por muito tempo desconhecida pela ciência.
Alguns dão a Descartes a distinção de haver fundado a psicologia fisiológica, porque foi ele que explicou o comportamento de animais inteiramente em bases de funções mecânicas do sistema nervoso, negando que tivessem "almas". Ele também propôs uma teoria que explicava a percepção visual de distancia, forma e tamanho, em termos de indicações secundárias.
Ética. Descartes reconhece o corpo humano como a mais perfeita das máquinas; trabalha por impulsos naturais, - o que é hoje chamado reflexos condicionados -, mas os efeitos destes instintos automáticos e desejos podem ser controlados ou modificados pela mente, pelo poder da vontade racional. A higiene do corpo é importante, mas há igualmente a necessidade de uma higiene mental, a qual é baseada no conhecimento verdadeiro dos factores psicológicos que condicionam o comportamento. A mente necessita do treinamento do "bom senso" e a aquisição de sabedoria, o que por sua vez depende do conhecimento das verdades da metafísica a qual, a metafísica, por seu turno, inclui o conhecimento de Deus. Descartes assim conclui que a actividade moral está baseada no conhecimento verdadeiro dos valores, ou seja, em ideias claras e distintas garantidas por Deus, do valor relativo das coisas.
O método. O seu Método para o raciocínio correto é principalmente "nunca aceitar qualquer coisa como verdade se essa coisa não pode ser vista clara e distintamente como tal. Descartes assim implica a rejeição de todas as ideias e opiniões aceitas, a determinação a duvidar até ser convencido do contrario por fatos auto evidentes. Outro preceito é "Conduzir os pensamentos em ordem, começando com os objectos que são os mais simples e fáceis de saber e assim procedendo, gradualmente, ao conhecimento dos mais complexos.
Recomenda recapitular a "cadeia de raciocínio" para se estar certo de que não há omissões. Propõe também preceitos metodológicos complementares ou preparatórios da evidência: o preceito da análise (dividir as dificuldades que se apresentem em tantas parcelas quantas sejam necessárias para serem resolvidas), o da síntese (conduzir com ordem os pensamentos, começando dos objectos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para depois tentar gradativamente o conhecimento dos mais complexos) e o da enumeração (realizar enumerações de modo a verificar que nada foi omitido).
Revolução científica. Quanto à filosofia e à ciência, Descartes viveu no início da revolução científica. Seu importante trabalho, Meditações sobre a Filosofia Primeira, foi publicado em 1641, o ano anterior a morte de Galileu e nascimento de Newton. Deste período é a obra de Francis Bacon Instauratio Magna, publicada em 1623; é a "A Cidade do Sol", de Campanella, publicada em 1623, é Il Sagiatore Celeste, de Galileu, em 1623, são as obras de Kepler e de vários outros cientistas, filósofos e matemáticos, com suas invenções e descobertas. A grande preocupação na virada do século XVI para o século XVII: encontrar um caminho novo. "As múltiplas opiniões eram caminhos vários e inseguros que não levavam a qualquer meta definitiva e estável. "Precisava-se achar o método para a ciência. Francis Bacon (156l-1626) e Galileu haviam deixado bem claro o novo caminho do método experimental, indutivo, que formularia suas leis, partindo da consideração dos casos particulares.. Alguns, como eles próprios, Bacon e Galileu, enfrentam a hegemonia do pensamento lógico dedutivo dos aristotélicos até então predominante e apoiado pelas forças do Estado e da Igreja. Constituem com Hobbes, Locke, Berkeley e Hume a chamada corrente empirista, que, de um golpe irá devastar o território da alquimia, da astrologia, da cabala, e constrói pacientemente a ciência moderna. Outros reconhecem o valor do método indutivo, mas compreendem que ele é apenas o complemento novo que possibilitou a descoberta do método experimental e que o único instrumento com respeito às causas e aos fins últimos inatingíveis pela experimentação, será sempre a dedução lógica, e se arrojam por essa estrada. Formam a corrente racionalista moderna: Campanella, Descartes, Malebranche, Spinoza, Leibniz, e Kant.
Classificação das ciências. No "Princípios da Filosofia", Descartes classifica as ciências quanto à sabedoria ou grau de clareza e nitidez de ideias que é possível atingir em cada uma. A ciência, ele diz, pode ser comparada a uma árvore; a metafísica é a raiz, a física é o tronco, e os três principais ramos são a mecânica, a medicina, e a moral, estes formando as três aplicações do nosso conhecimento, que são, o mundo externo, o corpo humano, e a conduta da vida. Mas os conhecimentos científicos não bastam a si mesmos: o tronco da física sustenta-se em raízes metafísicas. É o Bom Deus quem garante o conhecimento científico, porque garante as ideias claras. A física cartesiana resulta, assim, de deduções racionais abstractas: Deus existe e serve de apoio para retirar do domínio da dúvida o conhecimento que é claro e evidente. O mundo físico está de antemão provado por uma ideia inata, a de extensão, que é a essência da corporeidade. Deus garante que ideias claras da realidade têm correspondência na realidade, Deus torna os objectos inteligíveis e os sujeitos capazes de intelecção, mas há que vencer a imperfeição do homem, cujas impressões sensíveis vem de fora e são deformadas.
Geometria. O La Géométrie é a parte mais importante do "Discurso". Ele representa o primeiro passo para uma teoria dos invariantes, que em estágios posteriores desrelativisa o sistema de referencia e remove arbitrariedades; a álgebra faz possível reconhecer os problemas típicos na geometria e trazer junto os problemas que na roupagem geométrica não pareceriam de nenhum modo estarem relacionados. A álgebra introduz na geometria os princípios mais naturais da divisão e a mais natural hierarquia do método. Com ela as questões de solvabilidade e possibilidade geométricas podem ser resolvidas elegantemente, rapidamente e inteiramente da álgebra paralela; e sem ela não podem ser decididas de modo algum.
Realmente, o grande avanço feito por Descartes foi criar uma fórmula algébrica para representar o fato trivial e então já conhecido de que um ponto em uma folha de papel rectangular está infalivelmente, como é evidente, onde as duas linhas de suas duas distancias medidas perpendicularmente a duas margens adjacentes da folha, se encontram. Em linguagem geométrica, isto quer dizer que um ponto em um plano pode ser representado pelos valores (hoje chamados "coordenadas cartesianas") das suas duas distâncias (x, y) tomadas perpendicularmente a dois eixos que se cruzam em ângulo recto nesse plano, com a convenção de lado positivo e negativo para um e outro lado do ponto de cruzamento dos eixos. Então uma equação f(x,y)=0 pode ser satisfeita por um infinito número de valores de x e y. O importante é que esses valores de x e y podem representar as coordenadas de vários pontos de uma curva, da qual a equação f(x,y)=0 expressa alguma propriedade geométrica, isto é, a propriedade verdadeira da curva em cada ponto dela. Por exemplo, o gráfico da função f(x)=x2 consiste de todos os pares (x, y) tais que y=x2, ou seja, é a colecção de todos os pares (x, x2), como (1,1), (2, 4), (-1, 1), (-3, 9), etc. A curva resulta ser uma parábola. Qualquer propriedade particular desta curva pode ser deduzida da equação, sem necessidade de se fazer o desenho da curva para encontrar os pontos graficamente, e duas ou mais curvas podem ser referidas a um e mesmo sistema de coordenadas; o ponto no qual duas curvas intersectam é determinado pela raiz comum às suas duas equações. E isto é geometria analítica, sua invenção.
Um de seus críticos diz que algumas ideias no La Géométrie podem ter vindo de um trabalho anterior de Oresme mas reconhece que no trabalho de Oresme não há nenhuma evidência de ligar a álgebra e a geometria. Wallis, um contemporâneo de Descartes, argumenta em sua "Álgebra" (1685) que as ideias do La Géométrie foram copiadas do trabalho de Harriot sobre equações. Isto é considerado possível pelos historiadores da matemática, apesar de que Descartes sempre alegou que nada em sua obra era influência do trabalho de outros.
Óptica e Universo. Dos dois restantes apêndices do Discours um era devotado à ótppica, outro a natureza. Seu maior interesse está nas leis da refracção, coincidentes no entanto com os achados de Snell, cujos experimentos originais Descartes deve ter repetido em Paris, em 1626 e 1627, e provavelmente se esqueceu de mencionar. Grande parte da óptpica está dedicada a determinar a melhor forma para as lentes de um telescópio, mas as dificuldades mecânicas para polir uma superfície de vidro até uma forma requerida eram tão grandes naquela época que tornavam essas pesquisas de pouca utilidade prática. Mas revelam que Descartes estava em dúvida se os raios de luz procediam do olho e tocavam os objetcos, como supunham os gregos, ou se, ao contrário, procediam do objecto e afectavam o olho. Porém, como ele considerava a velocidade da luz ser infinita, ele não considerou esse ponto particularmente importante.
No Meteoros Descartes discute numerosos fenómenos atmosféricos, inclusive o arco-íris, que não explica correctamente por ignorar fatos importantes relativos ao índice de refracção das substâncias para diferentes cores de luz.. Sua física do universo, de base metafísica, reunindo muito do que havia preparado para o não publicado Le Monde, encontra-se exposta no seu Principia, de 1644.
Descartes não acredita em acção à distância. Consequentemente, não podia admitir haver vácuo em torno da terra e sim alguma matéria que seria o meio pelo qual as forças poderiam ser transferidas. A mecânica de Descartes supõe o universo cheio com a matéria que, devido a algum movimento inicial, se estabeleceu como um sistema de vórtices que carregam o sol, as estrelas, os planetas e seus satélites, e os cometas em seus trajectos.
Por muitas razões a teoria de Descartes, é mais satisfatória do que o efeito misterioso da gravidade agindo a distância. Ele assume que a matéria do universo tem que estar em movimento, e que o movimento deve resultar em diversos vórtices. Sustenta que o sol está no centro de um imenso redemoinho de matéria, no qual os planetas flutuam e são arrastados em círculo como palhas em um redemoinho de água. Supõe que cada planeta está, por sua vez, no centro de um redemoinho secundário no qual os seus satélites são carregados em órbita. Estes redemoinhos secundários supostamente produzem variações de densidade no meio que os circunda e assim afectam o redemoinho primário principal, fazendo os planetas se moverem em elipses e não em círculos.
De acordo com essa concepção o sol estaria no centro das elipses planetárias e não em um de seus focos, como Kepler havia demonstrado. Newton, em 1687, examinou sua teoria e verificou que não apenas estava em desacordo com as leis de Kepler mas também com as leis fundamentais da mecânica. No entanto, apesar de seus defeitos, a teoria dos vórtices marca um momento na astronomia, porque foi uma tentativa feita, antes de Newton, de explicar todo o universo por leis mecânicas conhecidas na terra e não milagres do céu.
More perguntou a Descartes: "Por que os seus vórtices não são em forma de coluna ou cilindro (como um ciclone) em vez de elipses, desde que, tanto quanto eu entendo, qualquer ponto do eixo de um vortex é como se fosse o centro do qual a matéria celestial se afasta com um ímpeto inteiramente constante?" Mas Descartes não lhe deu resposta.
Apesar dos problemas com a teoria dos vórtices, ela dominou na França por quase cem anos, mesmo depois que Newton mostrou que ela era impossível como um sistema dinâmico. Embora não aplicável ao sistema planetário, provou ser verdadeira quando se descobriu a forma das galáxias que revolvem ao redor de um buraco negro que é um vórtice.
Influência. A Física de Descartes tem, como é salientado geralmente, raízes metafísicas, isto é, a certeza depende, em ultima análise, da fé em Deus. Neste sentido, não deixou de representar um certo retrocesso, se consideramos quanto todos os eruditos de então, incluídos aqueles seus contemporâneos que vieram a ser mártires do saber, estavam empenhados em abrir o caminho oposto, suplicando a seus algozes a separação entre filosofia e religião. Mas aconteceu que a filosofia de Descartes, em lugar de por esse motivo precipitar-se no esquecimento, projectou-se para o alto, e isto aconteceu graças à oportunidade e ao soar sedutor de uma frase: "Penso, logo existo". Além de agradável como uma goma de mascar, essa frase também representou, na época, um desafio à ditadura dos intelectuais escolásticos. Deixava claro que só existe um ponto de partida verdadeiro, mesmo na dúvida, que sou eu e meu pensamento: se duvido, penso, e se penso, existo. Ela foi prontamente interpretada com sentido de liberdade e emulação de coragem para a busca da verdade, e não o de apenas indicar, como seu autor pretendia, a tábua rasa jacente sob as ideias inatas garantidas por Deus. Portanto esta frase na verdade está, no seu sentido mais revolucionário, divorciada do próprio pensamento de Descartes. Porém, graças a ela Descartes, embora não tenha sido o primeiro a tentar, na verdade foi o primeiro a conseguir libertar o pensamento filosófico de suas peias escolásticas e assim inaugurar definitivamente a filosofia moderna.